Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

BBC cancela filme
sobre caso Jean Charles


Leia abaixo os textos de segunda-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Ricos e pobres


‘Segundo editorial do ‘Financial Times’ sobre aquecimento, ‘é essencial o avanço nas negociações entre os maiores países ricos e cinco significativos países em desenvolvimento (Brasil, China, Índia, México e África do Sul)’, para um acordo que tome o lugar do protocolo de Kyoto em 2012. Segundo o ‘Guardian’, a Grã-Bretanha quer ‘persuadir EUA, Índia, China e Brasil a assinar’ o quanto antes o esqueleto do acordo.


Do Brasil, falou Marina Silva, ouvida pela Reuters. Também para ela, ‘os ricos estão culpando os pobres, e os pobres, os ricos’, quando ‘todos’ precisam agir.


E mais, ‘num momento como este, não é pertinente opor preocupações ambientais e desenvolvimento’.


CLARÃO NA FLORESTA


Em jornais brasileiros desde o início de janeiro, a história de Eldorado do Juma, na Amazônia, espalhou-se ontem pelo mundo em reportagem da Associated Press, sob o título ‘Corrida do ouro à moda antiga rasga um clarão na floresta amazônica do Brasil’. A cidade é descrita como ‘melhor que Serra Pelada’.


O despacho coincide com o relatório sobre aquecimento.


OUTROS PARCEIROS


Segundo o ‘Miami Herald’ de ontem, ‘EUA e Brasil vão lançar ofensiva pelo etanol na América Latina’. Nos próximos meses, ‘Washington desenrola a parceria estratégica com o Brasil para expandir o uso de etanol e outros biocombustíveis no hemisfério’.


A informação é do próprio Departamento de Estado. E um objetivo seria ‘enfraquecer a influência de Chávez’.


‘VISÃO SOMBRIA’


O ‘Observer’ adiantou relatório do governo britânico a ser divulgado hoje, com ‘uma visão sombria da próxima década’ em suprimento de energia, doenças, terror etc.


São previsões tipo: a produção de petróleo e gás se concentrará mais em ‘regiões instáveis’; o aquecimento global causará ‘revoltas’ em países como China e Rússia; e os dois, mais Índia e Brasil, ‘devem emergir como mais assertivos e influentes, ao lado de Alemanha e Japão, em uma grande mudança na balança de poder mundial’.


Nas cenas que divulgam e preparam o Carnaval, o Olodum


SALVADOR VS. RIO VS. IRAQUE


À esq, o site riobodycount.com.br que conta os mortos do Rio, inspirado no iraqbodycount.com (à dir) que conta os iraquianos


De um lado, a ‘Roma negra’ do Carnaval, em reportagem especial da AP desde Salvador. Cidade onde ‘o ritmo é rei’, entre cenas dos festivais de verão e do Olodum.


De outro, uma cidade nada maravilhosa, nas manchetes da Folha Online à tarde, ‘Militar dos EUA faz turismo sexual no Rio’, e à noite, ‘Confronto entre traficantes mata quatro no Rio’. Ou no Globo Online, ‘Guerra entre milícias e traficantes deixa cinco mortos no Rio’. Daí para a Reuters, que ontem espalhou ao mundo o site que, desde o último dia 1º, conta os mortos civis da guerra do Rio.


Enquanto isso, o ‘Fantástico’ abriu ao vivo com Juliana Paes e Grazielli Massafera, no ‘duelo das rainhas’ do Rio.


SLIM E A IGUALDADE


O site do ‘Washington Post’ destacou ontem a criação de uma nova fundação, Alas, por ‘notáveis’ como o escritor colombiano Gabriel García Márquez e ‘o terceiro homem mais rico do mundo’, o mexicano Carlos Slim, da Net. O propósito é ‘ajudar num salto formidável na direção de uma América Latina de iguais’, palavras do escritor.


Entre outros membros do grupo, o banqueiro brasileiro Joseph Safra e o cantor por- to-riquenho Ricky Martin.


GATES E A EDUCAÇÃO


Segundo os sites do ‘New York Times’ e da BBC Brasil, Bill Gates, o segundo mais rico do mundo, anunciou que vai trazer seu programa de aparelhamento de ‘escolas inovadoras’ ao Brasil. Em São Paulo, escolheu o Instituto Lumiar; em Santo Antônio do Pinhal, a municipal Lageado.


Em tempo, foram ações assim, segundo pesquisa do ‘Wall Street Journal’ divulgada dias atrás, que levaram a Microsoft à melhor ‘reputação corporativa’ de 2006.’


 


INGLATERRA
Marco Aurélio Canônico


BBC cancela filme sobre Jean Charles


‘A rede estatal britânica BBC acrescentou polêmica ao controverso assassinato do brasileiro Jean Charles de Menezes ao cancelar a produção de um filme que ela mesma havia encomendado sobre o episódio.


A obra, uma ficção baseada na história real, estava sob a direção do brasileiro Henrique Goldman, radicado em Londres, e seria exibida na TV em julho passado, aniversário de um ano da morte de Menezes.


Mas, depois de gastar mais de US$ 500 mil (cerca de R$ 1 milhão) na pré-produção do filme, a BBC cancelou o projeto por uma mistura de conflitos editoriais, divergências com o diretor e questões legais. O cancelamento ocorreu no ano passado, mas a história só chegou ao público inglês em reportagem recente do jornal ‘Guardian’.


‘A BBC nos disse que o filme seria a principal produção do canal para o ano’, explica a produtora britânica Katy Jones, da MMA/Maverick, empresa que produz filmes para a rede. ‘Mas a editora que encomendou o projeto se afastou do trabalho por motivos de saúde e os substitutos acharam que a história ficaria melhor como documentário do que como ficção.’


Jones aponta ainda eventuais empecilhos legais que colaboraram para a desistência da BBC. ‘Haveria problemas em exibir o filme no Reino Unido, porque o processo judicial ainda está em andamento.’


O diretor Goldman diz que percebeu ‘de cara’ que fazer o filme seria problemático. ‘Foi uma relação muito difícil porque eu sempre olhava do ponto de vista brasileiro, e eles queriam algo com a visão inglesa.’


Ele afirma que não houve censura por parte do canal nem pressão para atenuar os erros da polícia britânica no episódio. ‘Muito pelo contrário, eles queriam enfocar as mazelas policiais, e eu estava interessado no aspecto brasileiro do caso.’


A Folha tentou ouvir a BBC, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.


A partir da desistência da rede britânica, Goldman decidiu recomeçar o projeto do zero, escrevendo novo roteiro. O diretor está atualmente no Brasil, em pesquisa -vai a Gonzaga (MG), cidade natal de Menezes, visitar os pais do eletricista. Goldman já conseguiu atrair para o projeto o célebre diretor britânico Stephen Frears (de ‘A Rainha’), que será produtor-executivo. A brasileira TV Zero está co-produzindo.


O elenco ainda não foi definido. Para a produção da BBC, Wagner Moura havia aceitado fazer o papel principal, mas, segundo o diretor, problemas de agenda devem impedi-lo de participar no novo filme.


O britânico Kenneth Branagh havia sido proposto para o papel do comissário de polícia Ian Blair, mas Goldman decidiu não dar destaque a personagens estrangeiros na nova obra. ‘Vai ser um filme em português, com atores brasileiros, filmado em Londres’, diz.


Com título provisório de ‘Jean Charles’, o filme vai retratar a vida do mineiro e de seus primos em Londres, de março de 2005 até a metade de 2006. O destaque é o mês de julho de 2005, quando houve os atentados terroristas em Londres (no dia 7) e o assassinato de Menezes (no dia 22), com sete tiros na cabeça, dentro de um metrô na estação de Stockwell, após ser confundido com um terrorista. As filmagens estão previstas para agosto. O orçamento é de R$ 6 milhões.


NA MÚSICA E NA TV


MORRISSEY


Em show na Wembley Arena, em dezembro passado, o cantor dedicou a música ‘Ganglord’, ‘com amor’, a Jean Charles


GUILLEMOTS


A banda britânica, que tem entre seus integrantes o brasileiro MC Lord Magrão, nomeou uma de suas músicas, ‘Trains to Brazil’, em memória do mineiro


CAETANO VELOSO


Em show em Londres, no ano passado, Caetano dedicou ‘London, London’ a Jean Charles


BBC


Antes de cancelar o filme sobre o assassinato do brasileiro, a rede britânica já havia dedicado ao caso uma edição de seu famoso programa investigativo ‘Panorama’, em março de 2006.’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Fábrica de novelas da Globo crescerá 30%


‘Proclamado pela TV Globo o maior centro de produção de televisão ‘das Américas’, com 1,65 milhão de m2 de área total, o Projac, no Rio, será ampliado em 30% de 2007 a 2010, informa Octávio Florisbal, diretor-geral da emissora.


Inaugurada em 1995, a ‘usina de sonhos’, como também é chamado o Projac, vai ganhar novos estúdios, um teatro, um prédio central (que abrigará áreas como vendas, recursos humanos e comunicação) e novos postos de apoio às cidades cenográficas. Atualmente, esses postos, que servem para os atores se maquiarem e descansarem, são contêineres.


Outra novidade será a construção de um domo, semelhante ao usado para a gravação da microssérie ‘Hoje É Dia de Maria’, mas desta vez permanente. A principal vantagem é que ele permite tomadas de câmera de 360 graus. O centro de pós-produção, que ganha importância com a adoção da TV digital, também será ampliado.


De acordo com Florisbal, os dez estúdios do Projac estão ‘100% ocupados’. Segundo o executivo, além de abrigar as tradicionais produções da Globo, os novos espaços serão usados para a geração de conteúdo para os canais pagos do grupo e para celulares -mídia que a Globo começará a explorar neste ano. A ampliação do Projac também alimenta um sonho mais ousado: ‘Queremos nos capacitar para produzir fora do Brasil’, afirma Florisbal.


BASE ALIADA


O jornalista Rodrigo Vianna, que deixou a Globo em dezembro acusando a emissora de manipulação na cobertura das eleições de 2006, assina hoje contrato de três anos com a Record. Na nova emissora (ligada à Igreja Universal, cujo partido político integra a base aliada do governo Lula), ele será repórter especial, atuando principalmente no ‘Jornal da Record’.


NOTÍCIA QUENTE


O ‘Jornal da Record’, que há um ano trocou o âncora Boris Casoy por uma linguagem idêntica à do ‘Jornal Nacional’, fechou janeiro com sua melhor média mensal no Ibope, de 11 pontos -o dobro do que tinha em janeiro de 2006. Na Globo, o ‘JN’ também teve um bom janeiro, com 34 pontos de média. A cratera do metrô ajudou a ambos os telejornais.


JORNAL DO TELEFONE


Silvio Santos vem acompanhando as gravações de pilotos do ‘novo’ ‘SBT Brasil’. Ele quer juntar na mesma bancada a ex-’Casa dos Artistas’ Cinthia Benini e Carlos Nascimento, que será obrigado a atender a telefonemas de telespectadores. Na semana passada, Silvio Santos ameaçou ir pessoalmente ao estúdio mostrar como queria que o jornal fosse apresentado.


ADEUS, VIDEOCLIPE


A MTV comemora os resultados das mudanças em sua programação, que praticamente aboliu o videoclipe. Sua antiga faixa de videoclipes, das 15h30 às 19h, teve um crescimento de 24% no Ibope em janeiro. O faturamento no horário (em que agora são exibidos programas como ‘Covernation’), também subiu 25%.’


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007


 


SP SEM PUBLICIDADE
Marili Ribeiro


Empresas trocam de fachada


‘Boa parte da verba antes destinada à mídia exterior deixará de ser investida no meio publicitário este ano – mesmo que fosse revertida para outras iniciativas – para virar simplesmente obra física.


Explica-se. O maior anunciante do País, as Casas Bahia, terá de alterar a fachada de 98 lojas situadas na cidade de São Paulo por conta da Lei Cidade Limpa, que, além da retirada de painéis publicitários, delimita o tamanho das placas indicativas de logomarca das empresas.


O Bradesco, e suas 320 agências no município, também terão de enfrentar a mesma maratona para se enquadrar até 1º de abril. ‘É possível aplicarmos parte da verba publicitária que destinaríamos para anúncios nesses espaços, para promovermos os ajustes necessários’, explica o diretor de marketing do banco, Luca Cavalcanti.


As instituições financeiras estão negociando com a prefeitura, através da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), um prazo mais flexível para todo o enquadramento necessário. ‘Concordamos que de imediato vamos acertar a situação das agências situadas em sete dos principais corredores de trânsito da cidade’, conta Cavalcanti. Entre eles, estão a extensa Avenida Santo Amaro, a Brigadeiro Luís Antônio e a Avenida Paes de Barros.


No caso do Bradesco, escritórios de design se juntaram ao departamento de engenharia da instituição para a tarefa. O banco não revela custos.


‘Estamos ainda conversando em defesa da manutenção de outdoors que oferecem informação , como é o caso de temperatura e horas’, explica Cavalcanti.


Nas Casas Bahia, o primeiro endereço adaptado é o da Rua 12 de Outubro, no bairro da Lapa. Ficou a cargo da empresa Duarte Luminosos Ltda, que trabalha para a rede varejista há 12 anos. ‘Resolvemos explorar as cores que caracterizam a logomarca’, explica o dono da empresa, Marcos Antonio Pereira Duarte, ‘assim, expandimos o azul, o vermelho e o branco para toda a fachada’.


A empresa não comenta e informa apenas que não sabe se estenderá a nova fachada para as 540 lojas em todo o País.


A determinação municipal exige que a placa indicativa não ultrapasse quatro metros quadrados, desde que a área em que está inserida tenha, pelo menos, dez metros de área. A solução encontrada pelas Casas Bahia foi capaz até de ampliar o efeito atingido pela antiga placa. O custo médio da reforma, pelos cálculos de Duarte, deve chegar a R$ 40 mil por loja. Ou seja, a rede deve desembolsar cerca de R$ 4 milhões para atender à nova legislação.


Cada subprefeitura da cidade assumiu a tarefa de negociar com os comerciantes da sua região os prazos para a renovação das fachadas. ‘Não tivemos grandes problemas nas reuniões que realizamos’, garante o arquiteto Celso Arruda, que acompanhou a adaptação da primeira loja das Casas Bahia e gostou do resultado.


GUERRA DE LIMINARES


Enquanto algumas empresas ajustam-se às normas, a guerra das liminares prossegue na tentativa de preservar alguns pontos e também alguns empregos. Empresas do segmento de mídia exterior, como a Meta Painéis, Eletromídia e Publitas, praticamente desativaram suas equipes, demitindo até 80% dos funcionários.


A guerra declarada pela prefeitura à poluição visual, que incluiu os cartazes, outdoors e back lights regulares, surte efeito mesmo contra as liminares obtidas na Justiça por empresas, Sindicato das Empresas de Publicidade Exterior (Sepex) e a Central de Outdoor. Isso acontece já que os anunciantes estão suspendendo investimentos na mídia exterior para evitar o desgaste de batalhas judiciais.


Após um mês de vigência da Lei, a prefeitura retirou uma parte ínfima, menos de 400 das 7.000 peças publicitárias espalhadas pela cidade em todo o tipo de suporte externo.


Dos 30 front lights instalados ao longo do muro que separa o Jóquei Club de São Paulo da Avenida Marginal, ponto mais nobre da mídia exterior do município, apenas quatro ainda contém mensagens publicitárias.


A substituição dessa forma de comunicação deverá começar a ocorrer quando a prefeitura promover licitação para comercializar o mobiliário urbano, única possibilidade de mídia exterior permitida pela nova lei. Cemusa, JC Decaux e Clear Channel, as multinacionais do setor, devem se habilitar e disputar pontos de ônibus, relógios e outros locais disponibilizados pela administração.’


 


PUBLICIDADE
O Estado de S. Paulo


Presidente do Festival de Cannes virá ao Brasil


‘O novo presidente de Cannes Lions, Philip Thomas, que assumiu em outubro o posto, virá ao Brasil para conversar com o mercado publicitário antes ainda da realização do Festival Internacional de Publicidade de Cannes, que acontecerá entre 17 e 23 de outubro, na França. É a primeira vez que um dos organizadores vem ao País antes do evento.


Em 2006, o Brasil registrou aumento de inscrições de 12,5% em relação ao ano anterior, com total de 2.537 peças em disputa. Ao todo o festival recebeu cerca de 25 mil anúncios de 81 países, e o País foi segundo colocado no ranking de peças inscritas. ‘A presença do CEO do Festival de Cannes no Brasil demonstra o prestígio e a importância dos profissionais brasileiros no festival’, diz o diretor corporativo de Publicidade do Grupo Estado, Cláudio Santos. O jornal O Estado de S. Paulo é o representante oficial do Festival.


Com 45 anos, Thomas tem um histórico profissional com passagens por várias funções no Grupo EMAP Media, ocupando o cargo de diretor-gerente, responsável pelo gerenciamento de publicações como Shots, Screen e Broadcast.


BRASILEIRO


Outra novidade, anunciada na semana passada, foi a convocação do primeiro representante brasileiro para presidir uma das categorias da 54ª edição do Festival. Geraldo Rocha Azevedo, presidente de Soluções Integradas da Neogama/BBH, vai comandar o julgamento do júri de Promo Lions.


Com mais de 20 anos de experiência em áreas multidisciplinares, Rocha construiu uma carreira repleta de prêmios, como o título de ‘Homem de Comunicação do Ano’ por seis vezes.


O Festival de Cannes consolida-se não só como um importante encontro de tendências da criação, mas também uma vitrine de negócios. Entre as novidades de 2007 estão a criação do espaço para criadores e provedores de conteúdo mostrar seus produtos , o Titanium and Integrated Lions, e o Prêmio Network do Ano, além da maior participação de estudantes.’


 


EUA / MERCADO EDITORIAL
Katharine Seelye


Demitido do ‘Los Angeles Times’, editor vai para o ‘NYT’


‘Dean Baquet, editor do The Los Angeles Times que foi demitido em novembro por se recusar a cortar funcionários de sua redação, volta ao The New York Times como chefe do escritório de Washington e editor- assistente, a partir de 5 de março.


Baquet, que ganhou o prêmio Pulitzer de reportagem investigativa em 1988, quando trabalhava para o The Chicago Tribune, se mudou para o The New York Times em 1990, e então deixou o posto de editor nacional em 2000 para se tornar editor do The Los Angeles Times, que é controlado pela Tribune Company. Sua nomeação para editor- chefe em 2005 fez dele um dos pouco afro-americanos a liderar um grande diário e foi visto como um marco na indústria.


Neste período, o jornal ganhou 14 prêmios Pulitzer, incluindo 5 só em 2004. Mas seu mandato teve vida curta. Em setembro passado, Baquet e Jeffrey Johnson, publisher do The Los Angeles Times, desafiaram publicamente ordens da Tribune Company para fazer mais cortes entre os jornalistas da redação.


Dias depois, após meses de pressões do conselho de administração, a companhia foi colocada à venda, em um leilão que ainda não terminou. Em 5 de outubro, Johnson foi forçado a sair, e em 7 de novembro, foi a vez de Baquet. A demissão de Baquet, em particular, o elevou à condição de herói popular na indústria de jornais e causou tumulto no The Los Angeles Times.


Quando Baquet foi demitido, houve muita especulação sobre seu destino. ‘É bom tê-lo de volta, no lugar que ele pertence, a um jornal onde ele devotou seu talento e entusiasmo plenamente na prática do jornalismo, em um escritório que pode crescer além de suas expectativas’, disse Bill Keller, editor executivo do The New York Times, em uma nota ao quadro de funcionários, no momento em que ele e Baquet se encontraram no escritório de Washington.’


 


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


Cocoricó vai a NY


‘O time de bonecos do Cocoricó chega esta semana a Nova York com episódio de demonstração dublado em espanhol. Simão, produção do núcleo de animação da TV Rá-Tim-Bum, canal pago da Fundação Padre Anchieta, segue na mesma bagagem, dublado em inglês. O destino de ambos é a Kidscreen, feira de TV mundial que começa quarta-feira em NY e reúne interessados em vender e comprar.


A TV Cultura, que sempre freqüentou as feiras de TV com perspectivas de importação, agora cobiça a condição de exportadora. O primeiro registro no passaporte do Cocoricó já está feito: o Vive, canal público da Venezuela, levará ao país de Hugo Chávez as aventuras da turma de Júlio. São duas temporadas de 52 episódios cada. Os venezuelanos se responsabilizam pela dublagem, mas os direitos de licenciamento dos produtos da marca Cocoricó ficam nas mãos dos brasileiros.


Na trilha do licenciamento, o diretor de programação da Cultura, Mauro Garcia, conta que uma outra feira, de brinquedos, oportunamente sucede a feira de TV, a partir do dia 14, em Nova York. Assim, Júlio & cia. ficam na Grande Maçã até o fim dessa temporada comercial.


entre-linhas


Luciana Cardoso, senhora Fausto Silva, já gravou dois pilotos na bem equipada produtora Casablanca como apresentadora de um programa que reúne convidados variados a cada edição. Dois canais abertos manifestam interesse no produto.


O programa de Luciana Cardoso junta personalidades diversas em uma mesma roda. Na semana passada, por exemplo, a gravação uniu a cantora Wanessa Camargo, a publicitária Cristina Carvalho Pinto, o ator Fúlvio Stefanini e o professor Mário Sérgio Cortella. Quem já viu o cenário relata que a obra é biscoito fino.


Ana Paula Padrão já viajou um bocado para fazer a bagagem do programa semanal que comandará a partir de março no SBT – ou assim está previsto. Há material gravado para pelo menos três edições do SBT Realidade.


Estréia em 6 de março, no canal FX, as segundas temporadas das séries My Name is Earl e The Office – a versão americana.


A Nickelodeon exibe, a partir de hoje, programetes sobre o Verão Nick, evento infantil que foi realizado em Juqueí, litoral norte de São Paulo, durante as férias escolares.


O Multishow anuncia que o Big Brother Brasil 7, pelo menos na sua seara, vai muito bem de audiência. Nas duas primeiras semanas da atual versão, o canal ganhou 15% de audiência em relação a 2006. Desde a estréia, durante os 20 minutos ao vivo, após a edição diária da Globo, o Multishow é líder na TV paga.’


 


WEBTV
Filipe Serrano


Casamento de internet e TV é o futuro


‘Nem imagens em altíssima definição, nem fazer compras diretamente pela televisão vão provocar grandes mudanças na forma de assistir à TV segundo o criador e diretor do programa sobre tecnologia, Olhar Digital.


Para Wharrysson Lacerda, é a internet que tem provocado uma revolução na maneira em que as pessoas utilizam a TV e não a TV Digital.


É uma evolução do zapping (trocar de canais com o controle remoto infinitas vezes)’, diz Wharrysson. ‘Em vez de zapear entre canais, as pessoas vão zapear entre televisão e internet para se aprofundar sobre o assunto de um documentário, por exemplo. É inevitável que o modelo mude, simplesmente porque é mais legal assistir a televisão assim’, afirma.


Wharrysson também acredita que a TV precisa dar mais liberdade para as pessoas. Dessa maneira, elas assistiriam a qualquer programa na hora que quisessem. ‘Muita gente não pode mais acompanhar um seriado toda semana no mesmo horário. Se você tivesse a oportunidade de assistir no momento que desejar, sem precisar pagar mais por isso, ficaria muito mais atrativo’, afirma.


Apesar de antenado na mudança de comportamento, o diretor já foi pego de surpresa pela tecnologia. Antes do Olhar Digital ir ao ar, ele não pensava em criar um site para o programa. Depois, nas reuniões, se deu conta da necessidade de uma página na internet, que hoje está em Olhar Digital.


Todas as reportagens do programa migraram para a web e, segundo Wharrysson, já contam uma audiência equivalente a um ponto do Ibope da grande São Paulo. ‘Eu não tinha noção da força do mundo online dos vídeos na internet’.


Ele também não fazia idéia da importância da informática quando, na faculdade de jornalismo, colocaram sua turma para aprender linguagem de programação de softwares. Superada a dificuldade para se habituar aos primeiros computadores, agora o diretor enfrenta outro desafio: adaptar a tecnologia à linguagem da televisão.


Wharrysson se arriscou a fazer um programa de TV sobre tecnologia, assunto que nunca rendeu grandes sucessos de público televisivo na última década. Há 2 anos no ar, Wharrysson juntou no Olhar Digital o gosto pessoal pela tecnologia e a necessidade de informar um público, cada vez maior, interessado em computadores, internet ou qualquer novidade eletrônica.


‘No Brasil, as pessoas têm dificuldade de acesso à informação sobre novas tecnologias e, ao mesmo tempo, têm muita curiosidade para conhecê-las’, afirma. O diretor percebeu que a classe média tinha poucos meios para interagir com o mercado de eletrônicos e precisava entender todos termos novos dos aparelhos nas lojas.


Wharrysson reconhece que um programa sobre tecnologia se encaixaria melhor na programação das emissoras de TV por assinatura, mas preferiu levar o Olhar Digital para a TV aberta. Ele vai ao ar todos os domingos na RedeTV às 15h30 e na PlayTV às 22h, aos sábados. ‘A grande maioria das pessoas discute a tecnologia de um jeito meio distante. Mas elas conseguem entender quando você mostra qual diferença isso faz na vida delas’, diz.


Wharrysson explica que a idéia não é fazer um programa completamente didático para não afastar o público que já tem um certo conhecimento na área. O diretor dá como exemplo uma reportagem sobre câmeras digitais. ‘O que adianta você saber que uma câmera digital tem 7.2 megapixels ou 10.5. O que a gente tenta dizer é: que diferença isso vai fazer pra o cidadão comum? Tudo isso é necessário? Você pode ter menos? Ou é legal ter o mais avançado?’


Para superar a dificuldade de fazer as pessoas entenderem tecnologias, como os microprocessadores de dois núcleos, Wharrysson usa efeitos de computação gráfica. Já para mostrar como um software é instalado ou como funciona um site, ele reproduz imagens das telas do PC na televisão. ‘Assim fica mais fácil para aprender. Algumas universidades já até pediram cópias de uma reportagem sobre televisores para usar nas aulas’, afirma.’


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TV aberta é fechada para novos temas


‘A dificuldade para fazer deslanchar um programa de TV sobre tecnologia não é só a falta de grandes audiências. Wharrysson afirma que o modelo de produção e distribuição presente na TV aberta privilegia a televisão de entretenimento e não abre as portas para novos assuntos, como a tecnologia.


‘Dificilmente há espaço na TV aberta para algum outro tipo de iniciativa diferente. A televisão é muito versátil, ela serve como entretenimento, mas mas não precisa ser necessariamente apenas diversão’, diz.


Apesar disso, Wharrysson acredita que mesmo um programa informativo precisa de um componente de entretenimento. No Olhar Digital, o diretor deixa o programa mais leve usando trilhas sonoras, efeitos gráficos e imagens de filmes. ‘É um jeito legal de mostrar como funcionam as tecnologias que não são palpáveis e, ao mesmo tempo, desperta a atenção de quem assiste’, diz.


A interação com os telespectadores também é importante para o diretor. Para isso, o site do Olhar Digital tem uma boletim semanal com notícias e sobre a próxima edição do programa. ‘Já temos 30 mil assinantes’, diz.


A partir de uma sugestão de um internauta, o Olhar Digital criou um concurso de vídeos caseiros para aproveitar a febre de filminhos pela internet. ‘Ao mesmo tempo, vamos ter reportagens ensinando a filmar, a editar e a colocar na web’, afirma.


O Orkut também funciona para ter um retorno do público. Em uma comunidade não oficial do programa, Wharrysson confere as opiniões dos internautas. ‘Vejo que estamos falando com quem gosta de tecnologia. É revigorante’.’


 


INTERNET
Pedro Doria


Nem tão liberal assim…


‘Há um livro novo badalando. Chama-se Who controls the internet? – Quem controla a internet? – e foi escrito por dois professores de direito, um da Universidade de Harvard, o outro de Columbia. São, ambas, excelentes escolas – e Jack Goldsmith e Tim Wu são sujeitos para lá de respeitados.


O que eles dizem vai contra aquilo no qual acreditam praticamente todos os teóricos da rede. Para eles, não está lá uma utopia eletrônica na qual qualquer um manda e tudo pode ser conhecido. Diferentemente do discurso habitual, eles argumentam, os governos têm, sim, o poder e os meios para fazer com que, para seus cidadãos, só aquilo considerado legal entre as fronteiras nacionais.


Aliás, dizem Goldsmith e Wu, a internet já é assim e começará a ficar mais. Uma diferente em cada país.


E é num dos poucos países que simbolizam a liberdade, a França, que nasceu esta internet obediente. Foi num caso para o qual ninguém deu muita importância à época.


Em 2000, Marc Knobel, um ativista francês da luta contra o anti-semitismo e o neo-nazismo, descobriu no Yahoo! um conjunto rico de memorabilia hitlerista. Havia uniformes da SS, quepes, braçadeiras, suásticas várias espalhadas por metal, tecido ou papel. Pela legislação francesa, é ilegal.


Só que os servidores do Yahoo! não estavam na França e sim na Califórnia. A lei francesa, diriam muitos, não chega tão longe. A princípio, a empresa norte-americana achou o processo para tirar o material do ar um quê bizarro e não ligou muito. Então, seus advogados lutaram, e arduamente.


Aí perderam.


Se é verdade que Paris não podia obrigá-los a tirar qualquer coisa de computadores norte-americanos, se o material era ilegal na França, a empresa tinha a obrigação de censurar tudo. Aquiesceu. Assim, uma cultura de medo nasceu no Yahoo! – uma cultura que, no limite, terminou por entregar a identidade de um dissidente ao governo chinês.


Os dois teóricos do direito afirmam que a questão não é como a internet vai afetar a China. É mais, tipo, como a China afetará a internet.


A idéia de que a internet é livre e que sua arquitetura, no fim das contas, impede qualquer tentativa de censura ao usuário ligeiramente mais hábil não é nova, sequer original. Ela nasceu porque a rede é norte-americana e o conceito de liberdade de expressão total está encravado – cortesia de Thomas Jefferson – na alma dos EUA.


Lá, tudo pode ser dito, qualquer idéia expressa por voz, por gesto, desde que não passe à agressão física. Pode queimar bandeira de quem for, pode dizer desaforo para gente doutra etnia – pode marchar na rua com uniforme pardo e braçadeira de suástica. O produto tecnológico de uma cultura assim tende a obedecer estas regras. Um mecanismo de censura simplesmente não foi imaginado.


Só que a internet, sempre conforme argumentam os professores, também é composta de empresas multinacionais. Como o Yahoo! Ou como o Google. Ou a Microsoft, a Cisco – empresas que provêm o conteúdo que nela buscam, os softwares que a sustentam, as máquinas que conduzem sua informação.


Essas empresas são evidentemente chaves, aí. Afinal, vivem no mundo e, neste mundo, precisam ter escritórios onde é interessante, em países com interesses legais distintos. Daí, são frágeis e é bom obedecer.


Dado esse conjunto de interesses, a rede já é , hoje, menos livre e, paulatinamente, tudo vai piorar.


Mas há uma chance, aí, de os professores estarem errados. Empresas com filial em Paris são frágeis. O mesmo não pode ser dito de indivíduos, de gente comum no YouTube – só para usar o exemplo da moda. E, se acaso o YouTube for frágil, com banda larga e um servidor potente funcionando da sala de estar, você está exposto apenas às leis de seu país, não às dos outros.’


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