Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Bia Abramo

‘Quando se pensar na história da telenovela dos anos 2000, digamos numa perspectiva de dez anos, vai ser ainda mais notável como as noções convencionais da narrativa estão sendo implodidas. Não em nome de experimentalismo, como algumas novelas tentaram nos anos 70, mas por um afrouxamento cada vez mais radical das noções de história, personagens etc.

As novelas de Glória Perez, nesse sentido, são a vanguarda desse processo. É notável a liberdade com que ela tece e esgarça as próprias tramas, e, em ‘América’, mais uma vez, se pode observar como a autora é uma espécie de mestre às avessas. Que Sol e Tião, que nada! O casal começou errado e nunca se acertou. Os atores também não ajudaram e o descaso de Perez com a idéia de protagonistas fez o resto.

A novela virou de cabeça para baixo, subverteu expectativas e, voilá, recuperou audiência e, agora, está em patamares que a classificam como a segunda novela de maior audiência da história. Ou seja, de um gênero aparentado com o folhetim, que está na origem da idéia moderna de romance e que ganhou tons realistas ao longo das décadas de 70/ 80. A novela com o aval do público está abandonando a narrativa mais literária e se reinventando num formato menos linear, mas ainda mais sensacionalista.

Ou seja, desde que provoque a sensação certa e a adesão do público, passa a valer tudo na novela. Perez já havia percebido isso na ‘novela dos ciganos’, mas vem se aperfeiçoando. ‘América’, nesse sentido, por seu absoluto desprendimento de qualquer regra narrativa, é sua obra-prima, e o que aconteceu com idéias muito fundamentais da telenovela até agora, como a necessidade de tudo organizar diante de uma história de amor modelar, é o sintoma mais eloqüente.

E a pá de cal, no entanto, chama-se Cléo Pires. Numa combinação de sorte, talento e formosura, a moça está roubando a novela. A sorte é que, diante de uma heroína ambígua e mal definida, sua Lurdinha falsamente ingênua, uma sedutora a um tempo calculista e de uma irreverência invejável, se destacou imensamente. O talento responde pelas inflexões doce-amargas, pela inconseqüência juvenil combinada à sensualidade segura que soube imprimir à personagem e, não é demais assinalar, contrasta e muito com a atuação monótona de Deborah Secco. E, digamos, formosura é auto-explicativo.

Além disso, a alta voltagem erótica do caso Lurdinha-Glauco é, evidentemente, muito mais divertida do que o drama (?!?) de Sol como imigrante, que tem algo de anacrônico e deslocado, e a obsessão fantasmagórica de Tião com o tal Boi Bandido. Há outras subtramas que também roubam tempo e espaço que seria do casal central, há ‘factóides ficcionais’ como a questão da pedofilia e da inclusão de deficientes, mas novela ainda é fantasia, e, nesse quesito, não há nada como uma história de amor.’



Daniel Castro

‘Novela derruba ‘América’ em Portugal’, copyright Folha de S. Paulo, 29/08/05

‘A novela ‘América’ não está repetindo em Portugal o mesmo sucesso de audiência de sua antecessora, ‘Senhora do Destino’. Exibida desde junho pela SIC, parceira da Globo no país, a trama vem sendo superada por uma novela portuguesa, ‘Ninguém como Tu’, da TVI, considerada ousada para os padrões locais. Assim como ‘América’, ‘Ninguém como Tu’ tem um personagem ‘jovem à descoberta de sua sexualidade’ (ele é gay) e uma cleptomaníaca.

‘Senhora do Destino’ foi líder de audiência em Portugal, com quase 40% da sintonia dos televisores ligados no horário de exibição. Enquanto esteve no ar, ‘Ninguém como Tu’ não conseguiu superá-la. Com a chegada de ‘América’, a novela portuguesa tomou a liderança e não largou mais. No ranking dos programas mais vistos em Portugal, ‘América’ oscila entre a segunda e a sétima colocação, com quase 30% da sintonia dos televisores ligados. A Globo, no entanto, diz que o desempenho de ‘América’ é semelhante ao de ‘Senhora do Destino’ nos primeiros dois meses de exibição.

Possíveis explicações para o relativo fracasso de ‘América’ em Portugal são a saturação das novelas brasileiras no país (as tramas da Globo dominaram a audiência local até o início desta década) e o fato de temas como rodeios e imigração para os Estados Unidos não dizerem nada para a cultura portuguesa.

OUTRO CANAL

Música 1

Emissora que pretende concorrer com a MTV, a Mix TV (canal 16 UHF de São Paulo) ultrapassou a ‘rival’ no Ibope já em seu primeiro mês de programação para o público jovem, ainda limitada a quatro horas diárias (das 17h às 21h). Nesse horário, entre 1 e 23 de agosto, a Mix TV teve média de 37.531 telespectadores na Grande São Paulo, contra 23.884 da MTV, segundo o Ibope.

Música 2

A MTV (canal 32 UHF) não perde a pose. Diz que a Mix TV já tinha essa audiência com programas de televendas, antes de estrear a faixa jovem. Alega que seu público é mais qualificado, que tem alcance nacional, que é muito vista no cabo (não incluído nesses números) e que tem, quase o dobro da Mix TV no segmento jovem (15 a 29 anos), que é o que realmente importa.

Música 3

Segundo Fernando Di Gênio Barbosa, diretor da Mix TV, a emissora terá 24 horas de programação até março de 2006. Investirá também em esportes radicais e em programas para vestibulandos.

Fonte

Em busca de idéias para suas novelas, a Record lançou um concurso de novos roteiristas, que promete pagar R$ 20 mil. Pelo regulamento, o vencedor cede sua criação em caráter vitalício, aceita termo em que jamais processará a emissora e assume responsabilidade por ‘eventuais danos físicos ou morais’ causados durante a apresentação do projeto.’



TV RECORD
Daniel Castro

‘Filme ‘Avassaladoras’ vira série na Record’, copyright Folha de S. Paulo, 28/08/05

‘Detestado pela crítica, o filme ‘Avassaladoras’ (2002), em que Giovanna Antonelli interpretava uma trintona desesperada por um novo amor, vai virar série na Record. A emissora fechou contrato com a produtora Total Entertainment, que em outubro começa a rodar no Rio os 22 episódios de 40 minutos cada. A estréia está prevista para janeiro.

O elenco da série não será o mesmo do filme, repleto de ‘globais’ _além de Giovanna, tinha Reynaldo Gianecchini, Caco Ciocler e Ingrid Guimarães. Contratado da Record, Márcio Garcia substituirá Gianecchini, que no filme era disputado por Laura (Giovanna) e suas amigas. A série terá o mesmo nome e a mesma diretora (Mara Mourão) do filme.

No longa-metragem, Laura, após terminar um relacionamento de sete anos, passa 12 meses tentando arrumar namorado. Recorre a uma agência matrimonial, onde conhece Miguel (Ciocler), um divertido árabe que se interessa por sua melhor amiga. Vai para a cama com Thiago (Gianecchini), que a troca por outra.

Segundo Hélio Vargas, diretor artístico da Record, a série manterá o enredo do filme, mas haverá uma personagem nova, Silvinha, adolescente. ‘Será um seriado sobre três mulheres de mais de 30 anos, bonitas, modernas. Um ‘Sex & the City’ light, voltado para a carreira e a busca de namorado. Terá humor mas também comportamento feminino’, afirma.

OUTRO CANAL

Urgente Boa notícia para os fãs de Gilberto Braga. O autor, cujo último trabalho foi ‘Celebridade’ (2003/04), deve voltar a escrever antes do que ele planejava. Braga está cotado para criar a trama que substituirá, no final de 2006, a novela de Manoel Carlos que entrará no lugar de ‘Belíssima’ (que estréia em novembro). A ‘vaga’ seria de Benedito Ruy Barbosa, deslocado para a próxima novela das seis.

Posto Alessandra Negrini ficou com a personagem que seria de Ana Paula Arósio em ‘JK’, próxima minissérie da Globo. Ana Paula acabou sendo escalada para a novela de Manoel Carlos, que vai ao ar em meados de 2006. E Mariana Ximenes interpretará Lilian Gonçalves (que nos anos 70 viraria a ‘rainha’ da noite paulistana). O papel seria de Leandra Leal, também escalada para a obra de Manoel Carlos.

Finais O elenco de ‘JK’, que começa a ser gravada em outubro, já está praticamente fechado. Mas falta ainda, por exemplo, encontrar um ator para interpretar o presidente Getúlio Vargas.

Reconhecimento Heroína de novelas da Globo nos anos 70, hoje em novelas das seis (está em ‘Alma Gêmea’), Elizabeth Savalla vai ganhar uma biografia, escrita por Mauro Alencar (doutor em teledramaturgia) e por Eliana Pace (jornalista). O livro integrará a coleção ‘Aplauso’, da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.’



TV / MAKING OF
Daniel Castro

‘Como nasce um programa’, copyright Folha de S. Paulo, 28/08/05

‘Na TV, nem tudo se copia, algo se cria. As criaturas podem ser apenas variações de formato e temas manjados, mas, justiça seja feita, há sim esforço para se criar algo novo na televisão brasileira.

Emissoras como Globo, Bandeirantes e Record mantêm estruturas internas criativas. A Globo, desde 2003, vem aperfeiçoando um processo de criação inédito no país. Desse processo, saíram cinco séries e um programa infantil que serão testados como especiais de fim de ano. Há boas chances de duas séries virarem programas fixos no ano que vem, às sextas (após ‘Globo Repórter’) e aos domingos (em eventual vaga de ‘Sob Nova Direção’, que surgiu em seleção semelhante, em 2003).

Serão avaliados pela audiência os projetos ‘Os Amadores’ (drama com humor), ‘Tocando a Vida’ (série romântica protagonizada por um motoboy) e ‘Cá Entre Nós’ (um novo ‘Sai de Baixo’), além de ‘Quem Vai Ficar com Mário?’ e ‘Correndo Atrás’, já apresentados no final de 2004. O infantil, ‘Clara e o Chuveiro do Tempo’, terá quatro episódios, aos domingos, às 13h.

Esses projetos passaram por um funil que reunia em junho 54 propostas. O ciclo começou em janeiro. Em fevereiro e março, parte dos projetos foi encomendada pela direção artística da Globo a autores e diretores. Outra grande parte foi criação livre, espontânea.

Dos 54 projetos inscritos, foram pré-selecionados 16 (11 séries e cinco infantis). Esses 16 foram apresentados e defendidos por seus responsáveis durante dois dias, no início de agosto, em um hotel em Angra dos Reis (RJ). Participaram da convenção, que a Globo chama de ‘Encontro de Criação’, cerca de 80 profissionais, incluindo a cúpula da emissora (diretores de centrais, de todas as áreas), diretores de núcleos de produção (o segundo escalão da área artística), diretores de programas, autores e roteiristas.

Nos encontros de 2003 e 2004, os projetos eram analisados por comissões, num ‘brainstorm’ coletivo. Em 2005, houve algo parecido como os ‘pitchings’ (processo em que o autor tem que vender seu projeto), comuns nos EUA e usado pelo canal GNT.

‘Neste ano a disputa foi maior e houve uma profissionalização das apresentações’, diz o roteirista Mauro Wilson, 47, co-criador de ‘Quem Vai Ficar com Mário?’ e autor-solo de ‘Os Amadores’.

Para ‘vender’ bem suas propostas, diretores como Denise Saraceni (que defendeu ‘Primo Prima’, sobre dois primos negros, com Taís Araújo e Lázaro Ramos) e Márcio Trigo (‘Clara e o Chuveiro do Tempo’) recorreram a recursos de animação. José Alvarenga Jr., diretor de ‘Os Amadores’, levou uma espécie de ‘making of de algo que não existe’, com os atores do projeto apresentando seus personagens. Roteiristas de ‘Zorra Total’ apresentaram um projeto, com a maquete do cenário, sobre casal separado que continua morando junto. E José Lavigne (diretor de ‘Casseta & Planeta’) usou fotonovela para defender ‘Levando a Vida’.

No ano que vem, a direção da Globo deve conceder uma verba a cada um dos projetos pré-selecionados para que seus responsáveis façam uma boa apresentação.

‘Acho fantástico ter esse espaço. Os encontros de criação democratizam o acesso de autores e diretores. Antes, tínhamos que apresentar nossos projetos aos diretores de núcleo, que podiam gostar ou não. Agora, temos a chance de mostrar para os principais executivos’, afirma Alvarenga Jr., que dirigiu ‘Os Normais’.

No encontro de criação de 2005, o quinto, surgiu outra novidade: cada um dos participantes recebeu uma cédula para votar se cada projeto deveria ou não ter uma chance. O resultado não foi divulgado, até porque a escolha dos projetos cabe à direção artística, que leva em consideração fatores como o ‘fôlego’ (se ele rende oito episódios, por exemplo) e a agenda de autores e diretores -’Primo Prima’ foi bem recebido, mas não foi aprovado porque Saraceni está no comando da próxima novela das oito, ‘Belíssima’.

O fato de ter boa audiência no final do ano não significa que o projeto será aproveitado em 2006. Primeiro, é preciso ter vaga (em 2005, não houve, e ‘Quem Vai Ficar com Mário?’, que deu 41 pontos em 2004, não emplacou). Ainda não é oficial que ‘Carga Pesada’ e ‘Sob Nova Direção’ sairão do ar. Havendo vagas, o programa passará por novas avaliações da cúpula da Globo e por pesquisas com grupos de telespectadores -como ocorreu com ‘A Diarista’, revelado em 2003.

A predominância de projetos de humor tem uma explicação econômica: séries de ação custam até o triplo (R$ 500 mil por episódio) do que humorísticos, mas nem sempre dão mais audiência.

O processo tem seus críticos. Ex-vice-presidente de operações da Globo, José de Oliveira Sobrinho, o Boni, duvida de sua eficiência. ‘O modelo é empírico. O sujeito tem uma idéia, e resolvem testá-la. Isso não funciona, tem de haver embasamento científico. Programas se criam com pesquisa e sob encomenda, sabendo-se qual público, audiência e objetivos quer atingir.’

Para José Lavigne, 18 anos de Globo, o sistema é uma evolução. ‘Antes, você tinha que ser amigo de alguém para aprovar um projeto. Hoje, há concorrência.’’



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‘Novos projetos vão de motoboy a quarentões’, copyright Folha de S. Paulo, 28/08/05

‘O fato de ser protagonizado por um motoboy não significa que ‘Levando a Vida’ será uma série de ação. ‘Não quero fazer um seriado de aventuras sobre motocicletas’, afirma José Lavigne, também escalado para dirigir o segundo ‘piloto’ de ‘Correndo Atrás’ no final deste ano.

Lavigne define ‘Levando a Vida’ como uma série romântica. Trata de um motoboy, Formiga, e de Grace Kelly, sua namorada. ‘Vamos trabalhar com valores de pessoas que ganham de R$ 350 a R$ 600 por mês, cujos problemas não passam de R$ 15’, diz.

‘Eles passam por dificuldades, não conseguem comprar um anel de R$ 70, mas não abrem mão dos grandes valores. Vivem com muito pouco, mas são felizes, vão levando a vida’, conta Lavigne.

O diretor fará ‘jogos de linguagem da televisão’. Formiga, por exemplo, poderá parecer estar no ‘Domingão do Faustão’. ‘A história é contada como se eles estivessem na televisão, mas não estão’, diz. Lázaro Ramos e Leandra Leal devem ser os protagonistas.

‘Correndo Atrás’, sobre um grupo de jovens recém-formados que criam uma empresa que topa qualquer ‘roubada’, deve ter o mesmo elenco do ‘piloto’ exibido em 2004. Luana Piovani, diz Lavigne, já confirmou.

Amadores

‘Os Amadores’ nasceu em janeiro, logo após a exibição do piloto de ‘Quem Vai Ficar com Mário?’, que terá nova edição em 2005. ‘Fui co-autor de ‘Mário’, sobre um cara [Thiago Lacerda] que aos 35 anos resolve trocar todas as mulheres do mundo por uma só [Camila Pitanga]. Decidi então escrever sobre homens de 40 anos’, diz o roteirista Mauro Wilson.

‘Quando era criança, achava meu pai, com 40 anos, muito velho. Eu passei dos 40 e descobri que tinha muita vida pela frente. A série é sobre isso’, conta.

‘Os Anormais’ reúne quatro homens (Murilo Benício, Cássio Gabus Mendes, Otávio Muller e Diogo Vilella) que, por motivos diferentes, se encontram em um hospital. Ficam amigos e decidem ajudar um ao outro a recomeçar a vida depois dos 40, com mulheres, filhos e empregos diferentes. São ‘amadores’ porque estão reaprendendo tudo.

‘Sai de Baixo’

Criação de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa, ‘Cá Entre Nós’ é comparada ao extinto ‘Sai de Baixo’. Deverá ser gravada em São Paulo, em teatro com platéia. Trata de dois casais que trocam de parceiros: o marido de A se casa com a mulher de B, que fica com A. Para aumentar a ‘confusão’, eles têm filhos e vão morar no mesmo prédio.

O infantil ‘Clara e o Chuveiro do Tempo’ é sobre a neta de um inventor. ‘O avô dela cria um chuveiro do tempo e se perde nele. Clara tenta resgatá-lo, mas só traz figuras como Elvis Presley, Santos-Dumont, Napoleão e Cleópatra, que movimentam a cidade em que ela mora’, adianta o diretor Márcio Trigo.’



Laura Mattos e Thiago Ney

‘‘Realities’ confinam crianças e criminosos’, copyright Folha de S. Paulo, 28/08/05

‘Numa ilha deserta, 12 criminosos são confinados e usam suas ‘mentes brilhantes’ para disputar um prêmio de US$ 1 milhão. O dinheiro não vai para o vencedor, mas para a última de suas vítimas.

O projeto de ‘reality show’ foi ‘descoberto’ por J.B. de Oliveira, o Boninho, diretor do ‘Big Brother Brasil’. Calma, calma, ele não pretende levar a idéia à Globo. Longe disso, considera ‘Danger Island’ (ilha perigosa) o ‘mais bizarro de todos no momento’.

A nova safra de esquisitices nos ‘reality shows’ não pára por aí. No próximo ‘Big Brother’ da Holanda, haverá uma grávida e a possibilidade de exibir o parto. A produtora Endemol se justifica afirmando que no país a maioria das mulheres dá à luz em casa e que haverá assistência de parteira.

John de Mol, criador do ‘Big Brother’ que saiu da Endemol, exibirá em sua recém-comprada estação de TV, a Talpa, competição entre doadores de esperma. A escolha será da mulher que se submeterá a inseminação artificial. ‘Quero um Filho Seu… E Nada Mais’ é o nome do programa.

Por último, mas não menos absurdo, há um programa inglês que explorará a convivência de crianças e jovens com Síndrome de Tourette -uma doença neurológica rara, caracterizada por tiques e outros problemas motores e vocais, além de compulsão, impulsividade e déficit visual.

A emissora inglesa ITV levará cinco participantes, entre 12 e 18 anos, para conviver com outros cinco num campo norte-americano de portadores de Tourette.

Produtores negam que irão explorar a dificuldade dos jovens e que a idéia seja desumana. ‘É um documentário sobre o campo, dedicado a promover oportunidades a crianças com a síndrome. Elas têm a chance de dividir experiências semelhantes e aprender num ambiente divertido, seguro e positivo’, disse à Folha Gary Carpenter, pesquisador da Shine Limited, produtora do programa.

Para Boninho, é ‘muito difícil’ que um programa nesses moldes venha a ganhar espaço no Brasil.

‘Esse tipo de produto geralmente só encontra espaço nas TVs a cabo. Como custam caro e o domínio das TVs no Brasil é dos canais abertos, esse tipo de radicalização não tem muita chance.’

Dá como exemplo o ‘Jogo da Vida’, de Márcia Goldschmidt (Band), que tem quadro de transformação semelhante ao ‘Extreame Makeover’ (Endemol). ‘Enquanto no Brasil a transformação não passa de maquiagem e um pouquinho de botox, o ‘reality’ original pega pesado, com cirurgia plástica, muito sangue e um resultado final radical.’’