Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Bucci deixa a Radiobrás
e Garzez assume o posto


Leia abaixo os textos de quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Comunique-se


Quinta-feira, 19 de abril de 2007


GOVERNO LULA
Tiago Cordeiro


Garcez substitui Bucci na Radiobrás


‘Julgando como uma ‘continuidade do projeto que administrou’, o presidente da Radiobrás, Eugenio Bucci, passará o cargo para José Roberto Garcez, até então diretor de jornalismo da Agência Brasil, nesta sexta-feira. ‘Quando enviei a carta [de demissão] para o presidente da República, já julgava que o meu ciclo havia se encerrado, mas me comprometi a permanecer o tempo que fosse necessário para a transição’, afirmou Bucci ao Comunique-se. O jornalista explicou que aguardou até que o ministro da secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, ‘amadurecesse’ sua escolha.


Sobre o futuro, Bucci negou qualquer possibilidade de assumir a Fundação Padre Anchieta, considerando os boatos que o colocam no páreo como ‘infundados’. ‘Nunca recebi nenhum convite nesse sentido’. O jornalista afirmou que pretende manter um período de quarentena ‘embora a lei não exija’.


O substituto


Já falando como sucessor, José Roberto Garcez disse que sua escolha não é uma novidade, mas sim a confirmação do projeto que a Radiobrás formulou nos últimos anos. ‘Verdadeira, apartidária e que foi confirmada pelo convite do ministro Franklin Martins’. Garcez lembrou que a sua gestão será uma das protagonistas da formulação da rede pública de TV, que tem levantado polêmica na mídia.


‘A TV Pública precisa responder três perguntas: como será o seu processo de gestão, seu financiamento e a estrutura das suas emissoras. Não temos que inventar e sim responder estes desafios nos próximos quatro anos’, explicou o sucessor de Bucci.


Garcez negou que exista qualquer idéia concreta sobre o financiamento da emissora, mas descartou a idéia do ministro Hélio Costa de que anunciantes pudessem descontar seu valor no Imposto de Renda, como ocorre na lei Rouanet. ‘Já existe uma determinação de que a televisão pública não deve concorrer com as emissoras comerciais. Nós temos que encontrar outros mecanismos de financiamento’, afirmou.


Sobre os gastos que a TV Pública deve gerar, Garcez confirmou que uma das etapas do projeto será a redução de despesas buscando aproveitar melhor a infra-estrutura pública.’


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 19 de abril de 2007


JABÁ NA CÂMARA
Ranier Bragon


Câmara oferece plano de saúde a jornalistas


‘A Câmara oferece há pelo menos 15 anos uma espécie de ‘plano de saúde’ gratuito para os jornalistas credenciados a fazer a cobertura noticiosa da Casa. Eles têm à disposição cerca de 20 das principais especialidades médicas, além de exames clínicos, benesse que é estendida aos seus dependentes e a pais e mães, caso eles não tenham ‘economia própria’.


Só em 2006, jornalistas ou seus familiares usufruíram de 1.874 consultas ambulatoriais, uma média de sete por dia útil. Levando-se em conta que dificilmente uma consulta particular em Brasília sai por menos de R$ 100, a conta ficou em ao menos R$ 187 mil no ano passado.


Em dezembro, havia 476 jornalistas, repórteres-fotográficos, cinegrafistas e auxiliares de órgãos de comunicação privados e públicos credenciados pela Câmara para fazer a cobertura jornalística da Casa.


A Câmara, alegando razões de sigilo médico, não divulgou o nome de nenhum dos atendidos. O levantamento inclui apenas consultas, e não atendimentos de emergência.


Embora vários não usem ou tenham conhecimento do privilégio, os credenciados, além de familiares, têm direito à mordomia graças ao Ato da Mesa 44, de 1992, que regulamenta ‘a prestação de assistência médica e social pelo Departamento Médico da Câmara’. Antes disso, o ‘plano de saúde’ para os jornalistas já funcionava, mas de maneira informal.


A credencial que a Câmara distribui à imprensa é usada para a identificação do profissional e para que ele tenha livre acesso a locais como o plenário.


Um grupo de trabalho formado para rediscutir os critérios de credenciamento da imprensa na Câmara deve sugerir o fim do privilégio. A decisão final depende da Mesa, comandada por Arlindo Chinaglia (PT-SP).


‘Apóio essa medida, tem que cortar mesmo. Jornalista não pode ter esse tipo de regalia’, disse o correspondente da rádio Jovem Pan José Maria Trindade, presidente do chamado ‘comitê de imprensa’ da Câmara, agremiação dos jornalistas que fazem a cobertura noticiosa no local.


Trindade está em Brasília desde 1986 e disse nunca ter usado o ‘plano de saúde’ nem conhecer quem o use.


Em quase todos os órgãos públicos importantes de Brasília -como o Palácio do Planalto, o Senado, o Supremo Tribunal Federal e o Banco Central- há comitês de imprensa.


No caso da Câmara, ele é composto por um espaço físico, mesas, cadeiras e armários, além de computadores conectados à internet e linhas telefônicas. O objetivo é montar uma infra-estrutura para que os jornalistas consigam repassar às suas sedes, no menor tempo possível, os acontecimentos que surgem ao longo do dia.


Os principais órgãos de comunicação possuem computadores e linhas telefônicas próprios instalados nos comitês.


O atendimento médico gratuito não é a única benesse oferecida pela Câmara a jornalistas ao longo dos anos. Na década passada, era comum a Casa bancar viagens internacionais de repórteres para que eles acompanhassem deputados ou participassem de eventos. Além das passagens, a Câmara pagava uma diária de US$ 200.’


CRÔNICA
Carlos Heitor Cony


Papa Uva Tango Alfa


‘Ainda não entendi por que, mas reclamam da mania que os cariocas cultivam: a de citar Nelson Rodrigues para explicar ou complicar mais ainda as coisas que acontecem por aí. Pode haver exagero, mas oportunidade é o que não falta. Uma das histórias inventadas por ele é a do marido que descobriu a traição da mulher. Com a certeza de que ganhara os respectivos chifres, comprou um revólver e dois quilos de milho. Não estou certo se foram dois ou cinco quilos de milho. Revólver foi um só.


Chegou em casa e obrigou a mulher a ficar de quatro. Começou a jogar o milho, em gestos circulares, dizendo: ‘Come, galinha, come seu milho, galinha, come!’.


Lembrei dessa história quando soube que a mulher de um amigo, ao chegar em casa, encontrou um enorme cartaz em sua cama com esta enigmática frase: ‘Papa uva tango alfa’.


Ela esperou o marido chegar, mas o marido nunca mais chegou. Foi àquele lugar que, antigamente, se dizia ‘às vilas de Diogo’. Sumiu, deixando como legado aquele cartaz e aquela misteriosa frase.


A mulher foi à polícia comunicar que o marido sumira. Investiga daqui, investiga dali, um detetive que já trabalhara numa companhia aérea lembrou-se que ‘papa’ e ‘tango’ eram palavras que serviam de código para as letras ‘p’ e ‘t’.


Para evitar confusões, os aeroviários usam letras em código. Assim sendo, o detetive descobriu que ‘papa uva tango alfa’ significava o que o marido pensava da mulher. O alfa equivalia ao ‘a’, e uva, embora fora do código aeronáutico, devia valer pelo ‘u’. Decifrado o enigma, ele teve de se explicar com a mulher abandonada.


‘Então, já sabe o recado que o meu marido deixou escrito para mim?’ ‘Sei’, respondeu o detetive.


‘O que foi?’ ‘Exatamente isso: papa uva tango alfa.’’


MORTES NA VIRGÍNIA
Janio de Freitas


Assunto do dia


‘O ASSASSINATO DOS 32 jovens nos Estados Unidos está sujeito a tornar-se o ponto inicial de uma tragédia mais numerosa e longa no tempo. O século 20 deixou sobre os americanos o estigma das ondas de assassinatos em massa, a partir de um caso com projeções mais perturbadoras para a sociedade. Por isso mesmo, a imprensa dos Estados Unidos tem um modo particular de agir nesse assunto. Durante alguns dias, explora com intensidade a nova comoção, mas logo devolve o assunto ao sepulcro dos temas inconvenientes, a ponto de omitir os casos semelhantes em que a força da comoção imediata não tenha maior extensão pública.


Seja por uma concepção muito discutível de responsabilidade social da imprensa, seja por algum dos tantos motivos menores e ridículos que freqüentam também as Redações, aos americanos não é dado o conhecimento devido, por exemplo, de que nos últimos dez a 15 anos voltou a crescer, quase com regularidade anual, o número de assassinatos em massa ou em série. Os efeitos positivos e negativos desse conhecimento são incertos, mas, em favor da informação plena, há pelo menos o direito da sociedade de ter conhecimento da realidade a que pertence e que condiciona cada cidadão, seja ela qual for. (Se estou enganado, isso já vem de longe e não quero mudar).


Nos 15 anos entre 1970 e o início dos anos 90, os estudos da violência letal em massa estimam a ocorrência de cerca de 150 vitimados anuais. Média de quase 25 crimes em massa ano a ano. Os americanos, porém, não têm a devida informação geral de que os estudos já constatam o aumento do número de mortos, nos assassinatos em massa, para duas centenas a cada ano. O equivalente numérico a seis massacres, a cada ano, como o ocorrido em Virgínia nesta semana.


Os assassinatos em massa ou em série são tão aleatórios quanto os assaltos seguidos de morte nas cidades brasileiras em que, pedestre ou instalado no carro ou fechado em sua casa, ninguém sabe o que a violência lhe reserva, ou não, no próximo minuto. A diferença entre as duas criminalidades parece ser contrária à população americana: os matadores em massa ou em série são portadores de problemas mentais nem sempre perceptíveis pelos circunstantes ou pelas autoridades de segurança. E, quando os problemas são suspeitados, nem por isso são inspiradores do receio de tragédias.


O criminoso da violência urbana brasileira é prévia e facilmente identificável, localizável e anulável por prevenção (social ou policial) e, se necessário, por repressão. Seu êxito não se deve às particularidades que tenha, mas às deficiências da ação social do Estado, ou seja, dos governantes, e do organismo de segurança pública.


Lá como cá, imprensa há. Quer dizer, na imprensa o crime é visto, sobretudo, como assunto jornalístico.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


O massacre multimídia


‘‘Isso não tinha que acontecer’ foi a primeira frase do autor do massacre editada pela NBC, do pacote ou ‘manifesto multimídia’, como a emissora descreveu.


Mas foi a imagem que iniciou o espetáculo. Depois dos primeiros vídeos e textos postados no site de seu canal de notícias, com o agradecimento do FBI pela forma como a NBC tratou a divulgação, a rede abriu a foto do estudante com as armas. Seguiram-se debates sobre ‘a imagem que parece tirada de filme’, no dizer do âncora do canal/site. E amontoaram-se promessas de mais revelações no jornal da NBC, ‘Nightly News’. Mais algum tempo e toda a reportagem do telejornal apareceu on-line, com as fotos, trechos dos vídeos etc.


Entre avisos aos espectadores, cortando palavrões e dizendo saber da controvérsia de estar ‘transmitindo palavras de um assassino’, a rede usou o quanto pôde.


A imagem, lançada com celeridade pela NBC, logo seguida por CNN e demais e, no Brasil, por ‘Jornal Nacional’ e demais, demorou para ganhar os sites de jornais, Brasil inclusive. Não é difícil arriscar por quê.


Cho Seung-Hoi fez questão de dirigir, ele próprio, a cobertura de suas motivações e ações, chegou a parar tudo para enviar o seu pacote multimídia à televisão. E foi o terceiro dia de um momento de inflexão para a mídia, a reproduzir, passiva, desde os primeiros tiros.


SEM EXCEÇÃO


Diante da busca flagrante de publicidade pelo assassino, ‘NYT’ e outros, nas primeiras horas, optaram por cobertura fria, sem espetacularização. Depois, com as imagens por todo lado, também cederam.


É DO BRASIL


Em meio à cobertura, um despacho da AP destacou que, segundo levantamento de uma ONG, a lista dos países com mais homicídio por arma tem o Brasil de líder e os EUA num distante terceiro lugar.


A SUPERPOTÊNCIA


Em semana marcada pelo avanço da internet como alternativa para a convergência de televisão, rádio, imprensa, a ‘Economist’ adiantou ontem um texto anunciando a Google como ‘a superpotência emergente da internet’ (ilustração acima). Deixou para trás as antes concorrentes diretas Yahoo e Microsoft e acaba de levar a Double-Click por US$ 3,1 bi, o dobro do que gastou com o YouTube, como destacaram nos últimos dias tanto o ‘Wall Street Journal’ como o ‘Financial Times’. A gigante passou a deter o que já se aproxima do monopólio na publicidade on-line, também avançando pelas outras mídias. A Microsoft, em resposta, pediu intervenção do controle de concorrência dos EUA, o que foi recebido com ironia por blogs em todo o mundo.


UMA TRÉGUA


De uma pequena nota no ‘Washington Post’ aos sites do ‘WSJ’ e do ‘FT’, o recuo de Hugo Chávez em relação ao etanol, pelo menos no discurso, foi recebido como uma acomodação com seu ‘amigo’ Lula. Mas também não faltaram avisos de que é temporária -e o conflito, real, prossegue nos bastidores da América do Sul e Central.


O espanhol ‘El País’ e o francês ‘Le Monde’ foram um pouco mais otimistas com o ‘consenso básico’ fechado pelos sul-americanos, que venceram ‘suas dificuldades e harmonizaram as políticas’.


SEM ESPERANÇA


O ‘WSJ’ se somou à revista ‘Economist’ e outros para avisar que vem diminuindo ‘a esperança’ de que o Brasil empreenda reformas para estimular o crescimento da economia. Cita Carlos Lupi e outros ministros contrários.


O DÓLAR FURADO


‘NYT’ e ‘FT’ destacavam ontem os efeitos do dólar cada vez mais fraco, que permite à China depender menos dos EUA e avançar sobre países como o Brasil. Na Europa, o temor é com a valorização da libra e de outras moedas, diante da derrocada do dólar.’


TURQUIA
Folha de S. Paulo


Ataque a editora cristã deixa três pessoas mortas


‘Três pessoas morreram e uma ficou gravemente ferida em um ataque armado contra a editora ‘Zirve’, na Turquia, que publica Bíblias e livros de temática cristã. As vítimas -dois turcos e possivelmente um alemão- foram amarrados e degolados no escritório da editora. A quarta pessoa -que está hospitalizada- pulou da janela para escapar dos agressores.


A editora, fundada por protestantes, havia recebido ameaças de ultranacionalistas. No país vivem cerca de 3.500 protestantes, em geral muçulmanos convertidos -o que é mal visto pela sociedade.’


ARGENTINA
Bruno Lima


Piqueteira é atração de reality show argentino


‘Cerca de 200 piqueteiros tomaram um estúdio de TV anteontem à noite em Buenos Aires. Não era um protesto. Era apenas a torcida de Saturnina Peloso, 45, uma líder piqueteira argentina que, dançando, fazia sua estréia como estrela de TV.


Representante do mais combativo grupo piqueteiro contrário ao presidente Néstor Kirchner, Nina é uma das concorrentes do ‘Bailando por un sueño’, a versão argentina do reality show que foi batizado no Brasil como ‘Dança dos Famosos’ (Globo) ou ‘Dançando por um sonho’ (SBT).


Prometendo usar a mídia para difundir as ‘lutas do movimento’, a piqueteira, que ganha US$ 2.000 para dançar, desembarcou num dos programas de maior audiência do país. A atração compete com o ‘Gran Hermano’, ‘Big Brother’ local.


Na primeira vez no palco, Nina, que já foi chamada de ‘Evita piqueteira’, exibiu um cartaz lembrando o professor argentino morto neste mês em um protesto. Sua participação no show, porém, foi apontada como mais um sinal da inconsistência do atual movimento piqueteiro, quase todo alinhado a Kirchner.


O convite da TV veio em dezembro, mas só foi aceito depois de ser discutido em assembléia do Movimento Independente de Aposentados e Desempregados, que diz ter 40 mil membros.


Poucos dias antes, o marido de Nina, Raúl Castells, 53, líder do grupo, havia saído de uma marcha com 20% do corpo queimado. Na época, Castells disse que um policial, a mando do ‘kirchnerismo’, tinha tentado matá-lo com um lança-chamas. A polícia negou possuir o equipamento e afirmou ter ocorrido um acidente com uma bomba usada pelos próprios piqueteiros.


Em outubro do ano passado, durante uma festa de grifes internacionais na avenida Alvear, na Recoleta, o movimento encabeçado pelo casal convocou um ‘protesto do contraste’. Foi distribuir comida ao lado dos tapetes vermelhos do evento e atraiu grande quantidade de mendigos para o local. Reprimidos, os piqueteiros atiraram comida nos policiais.’


TELECOMUNICAÇÕES
Elvira Lobato


Liminar protege venda da TVA à Telefônica


‘O grupo Abril obteve, ontem, liminar da 40ª Vara Cível de São Paulo que suspende, pelo menos temporariamente, a deliberação do Conselho Diretor da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura) de contestar a compra de parte do capital da TVA pelo grupo Telefônica.


A ABTA, orientada pelo conselho diretor, pediu ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica, do Ministério da Justiça) que impeça a associação das duas empresas. A entidade argumenta que a tele é monopolista em telefonia fixa no Estado e a operação aumentaria ainda mais a concentração na oferta dos serviços de transmissão de voz, internet e TV paga, impedindo a entrada de novos competidores.


Segundo Arnaldo Tibyriçá, diretor jurídico do grupo Abril, a liminar impede que a ABTA faça qualquer manifestação pública sobre a parceria entre a Telefônica e a TVA, além de suspender os efeitos das deliberações do conselho diretor.


A ABTA vem criticando em tom contundente a proposta de compra de parte das operações da TVA pelo grupo Telefônica.


A oposição exercida pela entidade acabou gerando forte conflito com o grupo Abril, porque a TVA é uma das associadas da entidade e, inclusive, ocupa duas vice-presidências.


O diretor-executivo da ABTA, Alexandre Annemberg, disse, ontem à noite, que desconhecia a liminar expedida pela juíza Jane Franco Serra.


Segundo Annemberg, a iniciativa de recorrer ao Cade foi aprovada por todos os integrantes do conselho diretor, à exceção da TVA.


Mostrar a cara


Tibyriçá disse o grupo Abril tentou, pela negociação, que a ABTA se mantivesse neutra em relação à associação da Telefônica com a TVA. ‘Esgotamos o caminho da negociação. Não fugimos da discussão pública sobre a associação, mas queremos que os opositores se apresentem com seus próprios nomes’, afirmou.


No entendimento do grupo Abril, a ABTA estaria refletindo os interesses do grupo Net, maior empresa de TV a cabo do país, controlada pelas Organizações Globo, que está associada ao grupo mexicano Telmex (controlador da Embratel) desde 2005.


O diretor jurídico do grupo Abril diz que em termos de concentração de mercado, o grupo Telmex supera a Telefônica em número de licenças, pois controla a Claro (empresa de telefonia celular), a Embratel e a Vésper (telefonia fixa), entre outras.


Tibyriçá disse que a associação da Telmex com a Net selou o destino das demais empresas de TV paga no Brasil. ‘Se a TVA não fizesse a parceria com a Telefônica, não sobreviveria ou acabaria sendo engolida pela Telmex. Isso não é jogo para grupos de mídia’, resumiu.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Globo inaugura estúdio panorâmico em SP


‘Os telejornais ‘Bom Dia São Paulo’ e ‘SP TV’ passarão a ser ancorados de um estúdio com vista panorâmica de São Paulo. O estúdio, que aguarda equipamentos importados para ficar pronto, fica na cobertura do novo prédio da Globo, de 15 pavimentos (incluindo subsolos), no Brooklin (zona sul de SP), que será inaugurado dia 26.


Toda a área comercial (que ficava na alameda Santos) e a administrativa já estão se mudando para o novo endereço.


A princípio, apenas parte desses dois telejornais serão apresentados do estúdio. Mas futuramente um ou os dois telejornais poderão ser totalmente feitos do local.


Eventualmente, parte do ‘Jornal Nacional’ também será apresentado do novo estúdio. Com freqüência, repórteres entrarão ao vivo do local nos jornais de rede, como o ‘Hoje’. O estúdio também ficará à disposição de programas de variedades (como o ‘Mais Você’).


O novo estúdio tem 70 m2 e três paredes de vidro. A principal delas oferece uma vista da marginal Pinheiros com o Real Park ao fundo. O estúdio terá um sofisticado sistema de iluminação, computadorizado, para equilibrar a luz interna com a externa. Suas três câmeras serão ligadas por fibra ótica à redação, no prédio ao lado.


Na torre de transmissões instalada no topo do novo edifício, haverá uma câmera, controlada remotamente, que gerará tomadas de 360º.


AGENDA CULTURAL Depois de Vinicius, tema do primeiro ‘Som Brasil’, Caetano Veloso e Milton Nascimento serão os homenageados do novo programa da Globo, que será escondido nas madrugadas de sexta para sábado. A atração reunirá artistas distintos (como medalhões da MPB com rapper) em releituras de hits.


ATRAÇÃO MASCULINA Das novelas que estão no ar, ‘Vidas Opostas’, da Record, é a que tem maior participação masculina (44%) em sua audiência. Sua abordagem da violência e as cenas de ação explicam essa atração. Novelas normalmente possuem menos de 40% de homens no seu público.


HOMENAGEM Autor de ‘Pé na Jaca’, Carlos Lombardi estuda forma de homenagear Nair Bello na trama.


ALÔ, PRODUÇÃO Depois de demitir Orlando Macrini, fiel diretor de seus programas, Silvio Santos continua a surpreender. Ele tem telefonado pessoalmente para as produções de programas do SBT e dado ordens a quem atender a ligação.


INTERNACIONAL 1 A Globo vai hospedar, em maio do ano que vem, o terceiro International Academy Day, da academia internacional do Emmy (que entrega anualmente o principal prêmio de TV no mundo). O ‘Emmy Day’, na verdade, dura uma semana.


INTERNACIONAL 2 O evento vai receber executivos de TV do mundo todo. Para a Globo, será uma grande oportunidade de mostrar suas instalações e ampliar exportações. A agenda terá vários workshops.’


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 19 de abril de 2007


TELECOMUNICAÇÕES
Nilson Brandão Junior


Guerreiro quer nova meta para teles


‘O ex-presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) Renato Guerreiro defendeu, ontem, a criação de um novo modelo para o setor no País, com metas para os próximos dez anos. Segundo ele, o modelo anterior, feito em meados da década passada, previa a universalização da telefonia fixa, o que já foi atingido. Falta agora definir novos objetivos e direções de crescimento do setor, o que poderia incluir a universalização da banda larga.


Guerreiro, que participou ontem do evento Rio Wireless, exemplifica que uma das perspectivas, conforme a discussão entre o Executivo e a sociedade, é a adoção de metas de universalização da banda larga. ‘Hoje já se questiona, com muito razão, se não devemos buscar outra universalização. Se a universalização necessária para a evolução da sociedade não passa pelos serviços de banda larga. Isso não está definido na regulamentação brasileira.’


Ele afirma que já foi alcançada a universalização dos serviços de telefonia fixa e pode haver novos caminhos a seguir. ‘Isso foi alcançado. E então? Qual é o novo modelo? O que nós queremos agora? Não temos essa definição.’ Guerreiro pondera que o assunto precisa ser debatido. ‘Estou colocando o exemplo da banda larga porque é tudo o que se cogita atualmente. Pode até nem ser a banda larga. Mas o fato de muita gente achar que a banda larga é o novo serviço que se deva universalizar já justifica.’


Questionado sobre a possibilidade de fusão entre os grupos Oi e Brasil Telecom, não confirmada pelas empresas, o consultor diz que isso não está previsto no modelo atual. ‘Você tem de avaliar esses movimentos cotejando um modelo que esteja concebido. No atual modelo, algumas dessas consolidações não seriam recepcionadas. Agora, não significa que consolidação prevista não seja adequada. É que talvez em alguma situação o modelo esteja inadequado, porque o mundo mudou’, comentou.


‘Defendo que haja uma modernização do modelo em função daquilo que o Estado acha que o setor deve oferecer para a sociedade. Se dentro disso couber e for desejado ter uma consolidação, que ela se faça. Mas a direção alavancadora tem de ser o interesse da sociedade e do País, e não o interesse das empresas’, afirmou o ex-presidente da Anatel.


Segundo Guerreiro, a manutenção de um mesmo controlador em mais de uma área de concessão não foi prevista pelo atual modelo, concebido em 1996, com o objetivo de atrair maior volume ao Brasil de capitais para alcançar a universalização do serviço. ‘Isso foi feito. Se tivesse grupos distintos, eles poderiam investir mais em cada uma das regiões. Se tivesse um único grupo, seria o mesmo volume para distribuir no Brasil inteiro.’’


TELEVISÃO
Renato Cruz


TVA consegue liminar contra associação das TVs pagas


‘A TVA conseguiu ontem uma liminar contra a Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) para que a entidade deixe de se posicionar contra a venda de participação na empresa para a Telefônica. A associação chegou a entrar com uma medida cautelar contra o negócio no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). ‘A ABTA precisa deixar de proferir palavras que não são delas’, disse Arnaldo Tibyriçá, diretor-jurídico do Grupo Abril, que controla a TVA.


A liminar foi obtida na 40ª Vara Cível de São Paulo, e suspende a validade das deliberações aprovadas nas reuniões do Conselho Diretor da ABTA, realizadas em 8 de novembro e 19 de dezembro de 2006, quando decidiu ir contra o negócio. ‘A associação sempre se absteve de tomar posição em matérias em que não há consenso entre os associados’, disse o advogado.


Segundo a TVA, a ABTA hoje defende os interesses da Net, que tem em seu controle a mexicana Telmex, dona da Embratel. ‘Eles têm o monopólio do triple play’, afirmou Tibyriçá, referindo-se aos pacotes que incluem TV, internet rápida e telefonia. Hoje, a TVA tem oferta conjunta com a Telefônica de banda larga nos lugares onde o Ajato, serviço de internet da TVA, não está disponível.


No dia em que o acordo entre a TVA e a Telefônica foi anunciado, o diretor-executivo da ABTA, Alexandre Annenberg, chegou a dizer que tudo estava dentro da regulamentação. Nos dias seguintes, mudou de posição. A Telmex é a principal concorrente da Telefônica na América Latina.’


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Ongs X estereótipo


‘Na segunda-feira, às 14h, haverá uma audiência pública na sede do Ministério Público Federal, em São Paulo, para discutir propostas sobre como melhorar a imagem da mulher na televisão.


A audiência A Mulher na Televisão Brasileira é resultado de uma representação enviada ao MPF no dia 29 de março por integrantes de ONGs que defendem os direitos da mulher. O propósito da audiência é estabelecer um diálogo maior entre os movimentos de defesa da mulher, as emissoras de televisão e as agências de publicidade.


Os integrantes das ONGs argumentam que a mídia tem criado estereótipos femininos, incentivado a violência doméstica, a submissão feminina, e criado padrões de comportamento destrutivos e que prejudicam a auto-estima das adolescentes. Entre as entidades que participam da audiência estão a ONG Observatório da Mulher, a Secretaria das Mulheres do Partido Comunista Brasileiro e a Marcha Municipal das Mulheres.


‘A Mulher na Televisão Brasileira’.Dia 23 de abril, das 14h às 18h. Auditório da Procuradoria da República em São Paulo. Rua Peixoto Gomide, nº 768 – térreo – Cerqueira César – São Paulo


entre-linhas


Sônia Braga enfim assinou contrato com a RedeTV! para participar de Donas de Casa Desesperadas, a versão brasileira de Desperate Housewives. Ela será Mary-Alice Young, aqui batizada como Alice Monteiro, a narradora da série, que se mata no primeiro episódio.


Vera Gimenez é mais um nome certo para Donas de Casa Desesperadas. A mãe de Luciana, sogra do sócio-proprietário da RedeTV!, Marcelo Carvalho, viverá Marta Ramos, no original, Martha Huber.


Cássio Scapin está na mira da Record para a novela Caminhos do Coração. Patrícia Travassos já é nome certo para o enredo de Tiago Santiago, próxima novela das 10 da noite.


Expresso da Bola, programa do SporTV2, vai à Itália para conversar com Júlio Cesar, um dos destaques da Internazionale de Milão e ex-goleiro do Flamengo. No ar dia 26, às 2h15.


O Universal Channel exibe, a partir do dia 25, episódios inéditos da quinta temporada de Monk. No ar às quartas-feiras, às 23 horas.


A Globo inaugura na próxima quinta-feira o novo prédio de sua sede no Brooklin, batizado como ‘Jornalista Roberto Marinho’, como o patriarca sempre fez questão de ser anunciado. E o jornalista Evandro Carlos de Andrade, que por anos a fio serviu as Organizações Globo, é homenageado com o batismo da rua que dá acesso ao prédio. Ao contrário do edifício, o nome da rua dispensa apresentação profissional.’


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