Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Carlos Franco


‘Os canais de televisão paga, como AXN, Disney Channel, Fox, MGM, National Geographic, Discovery, CNN International, MGM, Warner, TNT e ESPN, vão brigar, com estatísticas e análises socioeconômicas, por uma fatia maior do bolo publicitário brasileiro. Em comum, esses canais têm o fato de estar entre os 30 integrantes da Latin American Multichannel Adversiting Council (Lamac), associação que busca convencer o mercado publicitário da importância desse segmento.


No primeiro semestre, os canais de televisão por assinatura abocanharam R$ 948 milhões, menos de 7% de todo dinheiro investido pelos anunciantes no período, embora 26% a mais que no primeiro semestre de 2004. Os dados, do Ibope/Monitor, não levam em conta os descontos dos veículos de comunicação que giram, na média, em 40%. Resultado: apenas 30% da receita dos canais exibidos no Brasil vem da publicidade, enquanto em outros países esse porcentual chega, na média, a 50%.


Só que Gary McBride, presidente da Lamac e ex-presidente do Grupo Bates para América Latina – o homem que negociou o ingresso de Roberto Justus (então Newcomm) na Bates (hoje em poder do grupo WPP) -, quer acelerar este investimento. Ontem, ele exibiu ao mercado publicitário uma pesquisa feita pelo instituto Ipsos Marplan.


Os dados mostram que 82,4% dos assinantes são das classes A e B. Uma camada que forma opinião, possui cartão de crédito internacional, freqüenta concertos musicais, viaja ao exterior e tem hábitos mais cosmopolitas que a média. São pessoas, diz McBride, ativas e com atitude e, sobretudo, mais cultas que a média e capazes de formar opinião em torno de produtos e serviços e influenciar. Tanto melhor para a argumentação de McBride que os 230 mil assinantes em 1993 tenha saltado para os atuais 3,8 milhões. Em 2004, eram 3,5 milhões.


Em entrevista ao Estado, McBride disse estar convencido de que tem bons argumentos para seduzir agências de publicidade e anunciantes. ‘Um bom planejamento de mídia hoje não pode ignorar a televisão por assinatura, menos pelo custo (mais baixo que o da televisão aberta) e mais pela qualificação dos assinantes.’ Ele reconhece, porém, que, para crescer mais, a televisão paga precisa superar esse fosso que a separa das demais classes sociais .


‘No México, a situação não é muito diferente da brasileira: há muita concentração de renda. O modelo de popularização da TV por assinatura lá é uma das poucas demonstrações do êxito da transmissão por satélite, mas o menor custo é de US$ 15, e conseguimos ampliar a participação no bolo publicitário, mostrando a presença do meio na vida dos formadores de opinião.’ Para tal, a Lamac também tem procurado unificar metodologias de pesquisas de rating, tanto do Ibope e do Ipsos como dos demais institutos.


Menos que a renda, que exclui brasileiros das classes C, D e E do serviço – entram quando a renda aumenta e param de pagar quando ela cai -, McBride culpa o início do serviço pela sua atual dificuldade de expansão. ‘Os operadores (que distribuem esses canais, como Net, TVA e Sky) centraram fogo mais na taxa de adesão, no valor da assinatura e no tipo de transmissão (satélite, cabo ou microondas) do que no conteúdo dos canais, que é o que importa e leva a pessoa a pagar pelo serviço.’ Hoje, 60% do serviço chega aos lares via cabo, 35% por satélite (DTH) e 5% por microondas (MMDS).’



Bruno Yutaka Saito


‘‘Mundo Cão’ busca em HQ o vazio americano’, copyright Folha de S. Paulo, 30/11/05


‘Vivemos em um mundo cão, onde as pessoas são divididas entre as ‘normais’ e as ‘esquisitas’. As ‘normais’ não rendem boas histórias -no máximo, servem para ilustrar um alegre e irritante comercial de margarina. São os ‘esquisitos’, os ‘outsiders’, no entanto, que fazem girar a roda da ficção.


Ao menos é assim em ‘Mundo Cão’ (no Telecine Cult), ou melhor, em um ‘mundo fantasma’ (‘Ghost World’), habitado por seres à margem da camisa de força do status quo, obrigados a vagar sem descanso durante a eternidade de uma vida de tropeços.


Entre estes está Enid (Thora Birch), garota que acaba de sair do colégio e se prepara para a vida adulta, e logo esperamos pelo pior: mais um daqueles dramas teens que dão um status de superioridade moral aos perdedores.


Mas ‘Mundo Cão’ não cai nesse clichê: Enid é cruel; seu passatempo é vagar pela cidade e torturar psicologicamente qualquer um que ela julgue cretino ou que não seja ‘cool’. Não por acaso tem como companheiros uma loira enjoada e azeda (Scarlett Johansson) e Seymour (Steve Buscemi), um quarentão que vive recluso em seu mundo de velharias musicais e não se identifica com ‘99% da humanidade’.


Ou seja, figuras ‘normais’ para o diretor Terry Zwigoff e o quadrinista Daniel Clowes (roteirista do filme). O primeiro, conhecido pelo documentário ‘Crumb’, sobre o quadrinista freak; o segundo, um sujeito comparado ao diretor David Lynch por sua singela visão de mundo que inclui vidas melancólicas e o pesadelo do ‘american way of life’.


Aqui, os autores vêem as mortes que acompanham uma vida: da adolescente que tem que morrer para seguir em frente e do adulto que já morreu há tempos, mas não sabe. Não é nada agradável, vale dizer: o mundo cão tem muito mais nuances do que um sorriso feliz de comercial de TV.


Mundo Cão


Quando: hoje, às 22h, no Telecine Cult’



 


TV RECORD


Daniel Castro


‘Record estica novela que incomoda Globo’, copyright Folha de S. Paulo, 29/11/05


‘A direção da Record decidiu ampliar em 54 capítulos (dois meses no ar) sua novela ‘Prova de Amor’. Até a semana passada, a trama escrita por Tiago Santiago (ex-colaborador de Carlos Lombardi na Globo) teria 143 capítulos e acabaria em abril. Agora, terá duração semelhante à de ‘América’, com 197 capítulos e final só em 9 junho de 2006.


A cúpula da emissora cogitou esticar ‘Prova de Amor’ em apenas 24 capítulos, mas mudou de idéia após o desempenho da novela na última semana. A produção, que marcou 11,9 pontos em sua primeira semana no ar (24 a 29 de outubro), fechou a semana passada com 14,5 pontos.


Desde que ‘Prova de Amor’ estreou, ‘Bang Bang’, novela da Globo exibida praticamente no mesmo horário, perdeu quatro pontos na Grande SP (ou quase um ponto por semana). Tinha 29,3 pontos na última semana de outubro. Agora, está com 25,1.


Se ‘Prova de Amor’ continuar nesse ritmo de crescimento e ‘Bang Bang’ mantiver a variação de queda, ambas estarão empatadas, em 19 pontos, daqui a nove semanas. Mas isso é uma projeção sem valor para audiências, que não obedecem a progressões aritméticas. Não é improvável que ‘Bang Bang’ deixe de cair e que ‘Prova de Amor’ pare de crescer.


Ambientada no Rio, ‘Prova de Amor’ traz elementos já testados, com sucesso, pela Globo, como seqüestros de bebês.


OUTRO CANAL


Telhado O SBT ‘congelou’ o lançamento de um telejornal no horário do almoço, anunciado para este ano. Na faixa do meio-dia, a emissora vai muito bem no Ibope com ‘Chaves’. Para continuar competitiva, teria que ter um jornal popular, o que não interessa à área comercial. Agora, o novo telejornal pode nem sair do papel.


Fatia A rede de Silvio Santos não tem os direitos de transmissão de desfiles de Carnaval nem da Copa do Mundo. Mas vai tentar tirar uma ‘casquinha’. Está vendendo cotas de patrocínio para os dois eventos. Mas é só para cobertura jornalística (nos telejornais).


Galã A próxima novela das sete da Globo, ‘Coração de Ouro’, conseguiu tirar Carolina Dieckmann e Bruno Gagliasso de ‘Sinhá Moça’. Mas não conseguiu arrancar Tarcísio Meira de ‘Páginas da Vida’. O galã, decidiu a cúpula da Globo, está na próxima das oito.


Apelação A Rede TV! exibiu durante o final de semana, no horário livre (antes das 20h), chamadas do ‘Top Report’ (domingo, 22h) com as imagens mais pornográficas do livro ‘Kama Sutra’.


Arquivo Como parte do ‘aquecimento’ para a Copa de 2006, o canal pago SporTV exibe em dezembro a série ‘Jogos para Sempre’, em que contará as histórias de dez jogos da seleção brasileira sob o ponto de vista de algum personagem das partidas. Zico, por exemplo, relembrará do ‘trágico’ Brasil x Itália na Copa de 1982.’



TV DIGITAL


Elvira Lobato


‘Eletros vê falta de transparência sobre TV digital ‘, copyright Folha de S. Paulo, 30/11/05


‘A Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) acusa falta de transparência na escolha do modelo brasileiro de televisão digital.


O presidente da entidade, Paulo Saab, que faz parte do comitê consultivo da TV digital, disse que o ministro das Comunicações, Hélio Costa, estimulou um debate paralelo, entre radiodifusores e universidades, para o desenvolvimento de um sistema de TV digital, do qual o comitê está alijado.


‘Estamos preocupados com a possibilidade de o governo tomar uma decisão sem ouvir a indústria, e que tome a decisão errada. Não sabemos que modelo brasileiro é esse’, disse o executivo.


Segundo ele, os fabricantes são contra a criação de um sistema brasileiro, porque poderia limitar a capacidade de produção e inviabilizar o modelo de negócios. ‘Nossa posição é pela adoção de sistemas já consagrados.’


O lobby estrangeiro reacendeu com a promessa do governo de divulgar sua decisão em fevereiro de 2006, e, também, depois que o ministro manifestou preferência pelo sistema japonês, ao declarar, no Congresso, que os asiáticos teriam sido os únicos a oferecer isenção de royalties.


Saab disse que a entidade não tem preferência em relação às tecnologias, porque tem associados que representam os três processos existentes. Segundo ele, os fabricantes suspeitam que já exista uma decisão do governo sobre o sistema a ser implantado. ‘Nesse caso, estamos participando de estudos a troco de nada.’


Saab diz que, nos últimos dez anos, a indústria se preparou para fazer investimentos em TV digital baseada nos sistemas já consagrados no mercado externo (europeu, norte-americano e japonês).


Disse que o governo Lula já mudou de posição três vezes sobre os rumos da TV digital. ‘Primeiro, foi anunciado que o país teria um sistema próprio. Depois, foi dito que o sistema brasileiro estava descartado. Agora, surgem de novo notícias de que a solução contemplará um sistema brasileiro.’


Saab diz que há grande insatisfação no comitê consultivo quanto ao rumo das discussões. ‘Estávamos trabalhando para a elaboração do relatório técnico, mas deixou de haver transparência no processo’, acrescentou.


Reação em tom ríspido


O ministro respondeu, em tom ríspido, as criticas do presidente da Eletros. Segundo Costa, o executivo defende a implantação do sistema de TV digital europeu e os interesses comerciais da Philips.


Costa afirmou que o governo já investiu R$ 50 milhões em pesquisas do sistema brasileiro de TV digital e continuará investindo para obter um sistema de televisão aberta que ‘atenda à população, e não aos fabricantes’.


Disse que o Brasil ainda não decidiu se vai comprar o sistema europeu, japonês ou americano. Nem de quem comprará o sistema de compressão de áudio. ‘Temos de definir primeiro as bases do sistema brasileiro de TV digital, mas é praticamente impossível que a produção não passe pelo pólo industrial de Manaus.’’



PÁGINAS DA VIDA


Daniel Castro


‘Novela inventa merchandising sociocultural’, copyright Folha de S. Paulo, 30/11/05


‘Substituta de ‘Belíssima’, ‘Páginas da Vida’, que estará no ar durante a campanha eleitoral de 2006, vai inaugurar o ‘merchandising sociocultural’ (fusão de merchansing social com cultural) nas novelas da Globo, segundo seu autor, Manoel Carlos.


Os principais cenários da produção serão uma escola de arte _que ensinará teatro, cinema, dança, canto e música (merchandising cultural)_ e um hospital, por onde se devolverão tramas de síndrome de Down, Aids e outros dramas (merchandising social).


Já existe algum merchandising cultural nas novelas (como o grupo de teatro de rua de ‘Belíssima’), mas nunca houve uma campanha tão ampla, para diversas expressões artísticas, como promete ter ‘Páginas da Vida’. A escola de arte será sustentada por um mecenas de 80 anos (Tarcísio Meira). ‘Pretendo fazer um merchandising sociocultural, incentivando os jovens a se interessar por arte’, diz Manoel Carlos, expert no marketing de suas obras.


A trama central vai opor Regina Duarte (Helena) a Ana Paula Arósio (Olívia). Regina será uma médica que trabalha no hospital, mantido por freiras (filantrópico), e cuidará de uma menina com síndrome de Down, rejeitada pela família. Olívia, dona de uma galeria de arte, se casa logo nos primeiros capítulos. ‘Depois ela vai ser a antagonista da Helena na disputa pela criança portadora de Down’, adianta o autor.


OUTRO CANAL


Hit ‘Belíssima’ não está bombando apenas no Ibope (sua média até a terceira semana é de 49 pontos, dois a mais do que ‘América’), mas também nos cofres da Globo. A novela, hoje no 20º capítulo, já está exibindo merchandising (esse comercial mesmo, ao custo de cerca de R$ 500 mil cada ação). O normal é o merchandising aparecer por volta do 40º episódio. ‘Belíssima’ já tem oito ações vendidas.


Guerrilha A Globo experimentou anteontem uma estratégia para reduzir o impacto da baixa audiência de ‘Bang Bang’. Diminuiu a duração da novela, de 55 para 45 minutos. Os dez que perdeu foram para ‘Força de um Desejo’ (‘Vale a Pena Ver de Novo’).


Segundo tempo 1 A Record conseguiu na noite de sexta-feira, com um ministro de plantão no Superior Tribunal de Justiça (STJ), um efeito suspensivo contra a decisão do Tribunal Regional Federal que deu ao movimento negro direito de resposta por suposta demonização dos cultos afros nos programas da Igreja Universal.


Segundo tempo 2 Não fosse o STJ, o direito de resposta, um programa de uma hora, teria entrado no ar no último domingo.


Grade Agora é oficial: o ‘Charme’, de Adriane Galisteu passa para os sábados no próximo dia 10, das 21h às 22h30. Terá meia hora a mais de duração _preenchida com a sitcom ‘Nina & Nuno’, com Galisteu e Eduardo Martins.’



AUTRAN ATIRA


Folha de S. Paulo


‘Autran não perdoa ninguém e agrada a todos’, copyright Folha de S. Paulo, 30/11/05


‘Paulo Autran não perdoou ninguém e agradou a todos. Este é o saldo da 9ª Sabatina Folha, que ocorreu na tarde de anteontem, no Teatro Folha, em São Paulo, e tinha o melhor ator brasileiro vivo de sua geração em atividade como centro das atenções. Aos 83 anos e 60 anos de carreira, o carioca formado em direito falou elegantemente mal de tudo e de todos e, ao final, uma hora e 49 minutos depois, foi ovacionado de pé, aos gritos de ‘Bravo!’.


Além de José Celso Martinez Corrêa, Antunes Filho e Gerald Thomas, a santíssima trindade de diretores teatrais brasileiros (leia à dir.), sobrou para Lula, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, o jornalista Paulo Francis (1933-1997) e a crítica teatral. Leia a seguir os principais momentos da conversa, em que Autran respondeu a perguntas da platéia e da mesa, composta por Lígia Cortez, atriz e diretora de escola de teatro, o diretor e dramaturgo Aimar Labaki, o crítico da Folha Sergio Salvia Coelho e Nelson de Sá, titular da coluna ‘Toda Mídia’, da Folha.


CRÍTICA – O crítico, hoje em dia, é capaz de julgar um espetáculo, mas não sabe o que é uma inflexão absolutamente original, que leve a platéia a uma gargalhada ou a um auge de emoção, dado por um tom. Tenho impressão de que eles não têm mais ouvidos para isso. Às vezes, leio elogios a interpretações monocórdicas, unilaterais. Os críticos não percebem a riqueza que a interpretação de um papel pode ter. Vocês me desculpem falar isso na frente de vocês. A crítica não se interessa, não se importa mais por certas coisas do teatro que continuam sendo essenciais para um espetáculo.


CRISE POLÍTICA – Atualmente, chama-se democracia no Brasil uma coisa tão terrível, não é? Tão vergonhosa para a gente, tão terrível. A gente vê os políticos brasileiros envolvidos em escândalos do tamanho que nenhum brasileiro jamais pensou que pudesse atingir. A democracia brasileira, no momento, está muito por baixo. Vamos ver se a próxima eleição resolve alguma coisa, porque a última foi uma decepção total (aplausos).


GILBERTO GIL – O Gil está ganhando muito dinheiro, tem cantado no mundo inteiro, tem encantado multidões, mas, no Brasil, não consegui saber o que ele fez, não. Acho que ninguém da classe teatral sabe o que ele fez. (aplausos). [Sobre o governo Lula] Vocês já viram o que penso e acho, é o que a maioria de vocês pensa e acha também.


PUBLICIDADE NA TV – Não faço porque não me convidam, pagam muito bem, é ótimo. Vejo esses anúncios aí dos bambambãs da TV atualmente, digo: ‘Puxa, ganhou dinheiro, ficou rico com esse comercialzinho’. Fernanda Montenegro ganha uma fábula com cada comercial que faz. Não sei, não querem velho fazendo anúncio, não têm me convidado. Quando convidam, peço uma importância tal, não pagam.


PAULO FRANCIS – O Paulo Francis era muito amigo da Tonia Carrero, do marido dela, o Adolfo Celi (1922-1986), de mim. De repente, nas críticas, começou a escrever: ‘Tonia Carrero, muito sexy’. Noutra: ‘Tonia Carrero continua sexy’. Os críticos elogiavam, ela ganhou prêmios. Para Francis, ela era uma atriz sexy. Certa vez, ela foi entrevistada na TV e lhe perguntaram sua opinião sobre o crítico Paulo Francis. E ela: ‘É o crítico mais sexy do Brasil’. Os atores são vaidosos, mas os críticos são mais. O Francis ficou tão irritado que escreveu um artigo contra a Tonia, intitulado: ‘Tonia Carrero sem peruca’. Dizia barbaridades. Inclusive: ‘Não dormi com Tonia porque não durmo com mulheres da idade de minha mãe’.


O Celi mandou avisar que ia quebrar a cara do Francis. Eu fui com ele a um teatro onde o Francis ensaiava uma peça. De repente, o Celi chega com a mão sangrando. ‘O que foi isso?’, perguntei. ‘Eu arranquei os óculos do Francis e quebrei, cortei a mão.’ Então, mandei recado a ele que, quando o encontrasse, iria cuspir na cara dele. Um belo dia, eu fazia uma peça em que entrava só na cena final. Vi o Francis na platéia, ao lado do [ator] Ítalo Rossi. Esperei, fiz a minha cena e, quando o público saía, cheguei junto do Francis, chamei e, quando virou, dei-lhe uma cusparada. Ele estava de óculos, e o cuspe escorria. Cuspi com prazer.


PRÓXIMOS PLANOS – A minha próxima peça, que vou começar a ensaiar em julho, é ‘O Avarento’, de Molière, um texto divertido, com aquela crítica deslumbrante que faz às pessoas comuns e aos burgueses, como se diz hoje. Além de continuar fazendo o programa de rádio, escrevi um livro, atuei num filme… Ando saracoteando um pouco demais para a minha idade.’