Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Carol Knoploch

‘Beatriz (Deborah Evelyn), Ana Paula (Ana Beatriz Nogueira), Renato (Fábio Assunção), o segurança Caetano (Roney Villela)… Afinal, quem matou Lineu Vasconcelos? O desfecho de Celebridade, que entra agora na sua penúltima semana, é guardado a sete chaves. A direção da novela só vai gravar o último capítulo, incluindo a própria cena do assassinato, com participação de Hugo Carvana, no dia em que vai ao ar, 25 de junho. Os atores só receberão os textos minutos antes da gravação. Tudo isso para manter o mistério sobre a morte de Lineu. O ator ainda não sabe quem o matou, mas aposta em Ana Paula, a segunda colocada (15%) em enquete promovida no portal do Estadão.

Beatriz, a assassina apontada por 23,51% dos internautas, é também o palpite da maioria do elenco. A morte de Lineu tornou-se motivo de brincadeira no Projac (complexo de estúdios da Rede Globo). O Vídeo Show elaborou um bolão e toda a equipe pode votar no possível assassino. O diretor Dennis Carvalho prometeu pagar um jantar a quem acertar a identidade do assassino – brinca que a qualidade do restaurante dependerá do número de acertadores. O jantar, segundo ele, é uma forma de reunir todas as pessoas responsáveis pelo sucesso deste trabalho. Desde a estréia até o capítulo do sábado (dia 5 de junho), a média de audiência nacional de Celebridade é de 45 pontos e 70% de participação nos televisores ligados (share). É o maior ibope da emissora.

Palpites – Deborah Secco, que na enquete do Estadão não recebeu nenhum voto (foram mais de 5 mil acessos), apostou em Darlene (sua personagem), Salvador (Roberto Bomfim), Beatriz e Fernando (Marcos Palmeira). Bruno Galiasso, o Inácio, 5.º colocado na enquete (3,47%) do Estadão, acha que Renato Mendes, seu pai biológico, e Corina (Nívea Maria) podem ter matado Lineu. Henri Castelli, o Hugo, lembrado por 2,87% dos internautas que votaram na enquete do Estadão (9.º lugar), quer ser o assassino para que seu personagem ganhe fama após o encerramento da novela.

Marcelo Faria, o bombeiro Vladimir, tem outra tese: ‘A Beatriz foi questionar o pai por causa da paternidade da Maria Clara Diniz (Malu Mader).

Quando ia se matar, Lineu tentou evitar a tragédia e acabou recebendo a bala.’ O bombeiro não ganhou votos na enquete do Estadão.

Daniel Dantas, o Ademar, pai de Darlene, acha que ele mesmo pode ter atirado em Lineu, além, é claro, de Beatriz, seu segundo palpite. Não convém duvidar de Dantas. Em O Dono do Mundo (1991), também de Gilberto Braga, ele interpretava Júlio, outro aparente coadjuvante (como Ademar), mas sem o qual o enredo poderia tomar outro rumo: era o amigo com quem Felipe Barreto (Antônio Fagundes) apostava que transaria com a virgenzinha Márcia (Malu Mader) na lua-de-mel da mocinha, antes que ela se entregasse ao próprio marido, argumento que guiou toda a novela.

Quem matou Odete? -Foi também Gilberto Braga, nunca é demais lembrar, que matou – ou melhor, mandou matar, Odete Roitman (Beatriz Segall), em 1988 (Vale Tudo). Ao lado de Salomão Hayala (Dionízio Azevedo em O Astro, 1977, de Janete Clair), é um dos ‘quem matou’ mais famosos da telenovela brasileira.

O mistério sobre Odete Roitman durou apenas 13 dias, mas o suspense sobre a identidade do assassino povoou as conversas do País. Até concurso houve, patrocinado por uma marca de temperos.

‘Acho que a repercussão dos assassinatos da Odete Roitman e do Lineu Vasconcelos é a mesma. Em Celebridade, esse mistério começou praticamente na metade da novela, com muitas tramas ainda a serem desenvolvidas’, explica Dennis Carvalho, que também dirigiu Vale Tudo.

Naquela ocasião, Gilberto escreveu cinco finais – que foram aproveitados em versões exibidas no exterior, graças à venda da novela para mais de 30 países. No Brasil, quem matou Odete Roitman foi Leila, de Cássia Kiss, que, para a frustração da platéia, a matou por engano. Achava que estava atirando na vilã Maria de Fátima (Glória Pires), que havia se tornado amante de Marco Aurélio (Reginaldo Faria), o braço direito de Odete e casado com Leila.

‘Não sei nem quem matou a Odete Roitman, como vou saber quem matou o Lineu Vasconcelos?’, brinca Rodrigo Scarpa, o Repórter Vesgo, da Turma do Pânico.

Ele pediu à reportagem que lhe telefonasse dali a uma semana para que ele assistisse à novela e desse seu palpite. Ainda na nossa primeira conversa, Vesgo disse que o assassino deveria ser a mocinha Maria Clara Diniz.

Para Marcelo Madureira, do Casseta & Planeta, a solução é simples: ‘Se o Lineu estava no Rio no momento da sua morte, provavelmente foi morto por uma bala perdida. Mas o secreotário de Segurança, Anthony Molequinho, já ficou de arrumar um culpado em 24 horas’.

Segundo a delegada Elizabete Sato, titular 78.º DP de São Paulo, que já desvendou muito homicídio por aí, o assassino é Hugo. ‘Nenhum homem é tão submisso assim. Será que alguém ama desse jeito? Ele deve ter algum desvio de personalidade. Mas acho que um final impactante e que está na moda é a filha matar o pai, ou seja, a assassina ser a Beatriz.’

Lula, Maradona, Maluf e Osama – Na enquete que a reportagem colocou no ar pelo portal do Estadão entre 2 e 10 de junho, o internauta poderia votar em praticamente todo o elenco de Celebridade. O link permitia ainda que o leitor desse outras opiniões, por e-mail.

Os mais mencionados nesse espaço que oferecia ‘outros’ como opção foram Paulo Maluf, Fernandinho Beira-Mar, Seu Creysson, Osama bin Laden, Eurico Miranda, George W. Bush e o Maníaco do Parque.

O presidente Lula e seu desafeto, o jornalista Larry Hotter, do The New York Times, também foram lembrados, assim como Vampeta (‘Está precisando aparecer na mídia’), Maradona (‘Quando o Maradona descobriu que a revista Fama iria fazer uma matéria sobre a decadência em que ele se encontra’), Giovanna Antonelli, a Bárbara da novela Da Cor do Pecado, e até Cida, do Big Brother Brasil.

Lineu, com certeza, não causou furor como Odete Roitman – que, como vilã, sempre rende mais repercussão – e nem chegou perto da comoção provocada por Salomão Hayala, um imigrante libanês e importante empresário morto já no capítulo 42 de O Astro. Janete Clair, claro, só revelou o assassino no último capítulo.

O assassino foi o cabeleireiro Felipe Cerqueira (Edwin Luisi), amante de Clô (Tereza Rachel), mulher de Salomão. Ele tinha dado uma coronhada na cabeça do velho. Um empate entre os crimes de Odete e Salomão: foram motivados por razões passionais.

Três dias após o fim de O Astro, Carlos Drummond de Andrade escreveu em sua coluna no Jornal do Brasil: ‘Agora que O Astro acabou vamos cuidar da vida que o Brasil está lá fora esperando.’ E, antes disso, na tarde em que assinou a lei de regulamentação da profissão de ator, o presidente Ernesto Geisel aproveitou que estava diante do diretor Daniel Filho e lhe perguntou, em tom de de autoridade máxima do País: ‘Quem matou Salomão Hayala?’ O diretor respondeu que era segredo de estado.

A reportagem tentou conhecer a opinião do atual presidente sobre o assassino de Lineu, por meio de sua assessoria, mas não obteve retorno da equipe de Lula.

Desfecho – Gilberto Braga teria se chateado com o fato de a imprensa ter noticiado na semana passada que Laura (Cláudia Abreu) seria morta por Fernando. A vilã seria desmascarada por Hugo e decidiria matar Nina, filha de Maria Clara e Fernando. Beatriz, que expulsará Laura da empresa, devolverá a Maria Clara a fita que roubou na festa de lançamento do livro de Yolanda (Nathália Timberg). Procurado pelo Estado por e-mail, o autor não se manifestou. Em sua casa, uma funcionária informou que ele estava viajando.

Dizem que só o autor e Dennis Carvalho sabem quem é o assassino. Em tempo:

Cecil Thiré, que hoje está em Celebridade como Felipe Bastos, advogado de Laura e parceiro de Ubaldo nos jogos de buraco contra Yolanda e Ana Paula, foi o assassino da novela A Próxima Vítima (1995), de Silvio de Abreu – na versão exibida fora do País, o desfecho se alternava entre Cecil e Otávio Augusto. O assassino era um serial killer que seguia suas vítimas em Opala preto.

Fato é que, novela vai, novela vem, o ‘quem matou’ está longe de esgotar sua capacidade de manter a audiência ligada numa novela. Quem arrisca um palpite?

Resulado da enquete:

Beatriz (Deborah Evelyn) – 23,51%

Ana Paula (Ana Beatriz Nogueira) – 15%

Renato (Fábio Assunção) – 11,68%

O segurança Caetano (Roney Villela) – 6,58%

Inácio (Bruno Galiasso) – 3,47%

Laura (Cláudia Abreu) – 4,4%

Yolanda (Nathália Timberg) – 3,14%

Ernesto (Roberto Pirillo) – 2,59%

Hugo (Henri Castelli) – 2,87%

A secretária Olga (Cristina Amadeu) – 2,87%

Corina (Nívea Maria) – 2,66%

Comentários dos internautas:

‘Foi o Maradona! Quando o Maradona descobriu que a revista Fama iria fazer uma matéria sobre a decadência em que ele se encontra.’

‘O assassino é o Waldomiro Diniz. Ele é o verdadeiro pai de Maria Clara Diniz.’

‘Foi o Jamanta, porque o Jamanta não morreu.’

‘Foi o Júnior Baiano.

E, se foi ele mesmo, o Lineu morreu do coração! O Júnior Baiano é muito feio, não?’’



Leila Reis

‘Cinismo foi o melhor de ‘Celebridade’’, copyright O Estado de S. Paulo, 13/06/04

‘A crueldade de Laura passou dos limites esta semana. Ameaçar, humilhar, tripudiar em cima de Renato tudo bem. Mas obrigá-lo a trocar seu guarda-roupa cool pela breguice suburbana foi o requinte da crueldade.

A brincadeira de Gilberto Braga, autor de Celebridade, revela que, além de odiosamente maus, seus vilões são fúteis. São daqueles tipos que preferem uma pesada humilhação entre quatro paredes a aparecer em público com roupas mal cortadas.

A revanche de Laura, a escrava que troca o papel com o seu senhor, é deliciosamente perversa. Mas acaba logo. Esta semana, Renato Mendes vira o jogo. Um round é de Laura, o outro, de Renato. Esse tem sido o ritmo da novela desde o início. Gilberto Braga acertou a mão na esgrima entre os vilões e ela será uma das boas coisas na memória do telespectador. Laura e Renato, também bem esculpidos pelos seus intérpretes (Cláudia Abreu e Fábio Assunção), entram para a galeria das maiores biscas da TV, ao lado de Odete Roitman e Maria de Fátima, de Vale Tudo, também de Gilberto Braga.

Como está às vésperas de terminar, Celebridade acelera para resolver todos os entrechos a tempo para desenhar o final feliz que certamente virá no último capítulo. Não fosse assim, não seria novela.

A pressa toma conta dos capítulos, colocando em ação 80% dos personagens.

Exemplo: a força-tarefa criada para ajudar Maria Clara (Malu Mader) a provar sua inocência. Muita gente que quase não passou de figuração encarnou um Sherlock Holmes para descobrir o paradeiro da fita de vídeo que mostra Laura, e não a mocinha, negociando drogas com um traficante.

O público não tem dúvidas de que a fita será encontrada, de que Maria Clara será justiçada e reencontrará o amor nos braços de Fernando (Marcos Palmeira). E que os maus serão punidos de alguma forma: com morte ou cadeia.

Não sabe ainda quem matou Lineu Vasconcelos (Hugo Carvana), mas vai saber no derradeiro capítulo.

Com mais de 50 pontos de média no ibope (Grande São Paulo), Celebridade segurou bem a platéia na longa jornada, que acaba dia 25. Isso porque, à maneira do best-seller Sidney Sheldon, abordou a ganância pelo poder, dinheiro e sucesso. Um fim que justifica a traição, a mentira, a falcatrua e o crime até os pingos serem colocados nos is. Gilberto lançou mão de muita caricatura para delinear essa corrida do ouro – Darlene e Jaqueline Joy, por exemplo -, mas levou a história com competência.

Se as novelas têm alguma função crítica – muitos autores garantem que levar mensagens faz parte do seu trabalho -, a de Celebridade foi mostrar que nem todo arrivismo abre as portas do céu. E que a celebridade não é tudo na vida, existem coisas mais preciosas.

Coisa que Darlene (Débora Secco), depois de usar todas as armas sórdidas para alcançar a fama, descobre. A estrela suburbana, que já roubou esperma para engravidar de milionário, armou para ser flagrada na cama de homem casado, mentiu e chantageou, percebe que o amor vale mais do que a fama. E se redime diante do público, ao articular a volta do amado Vladimir à carreira de bombeiro. Ou seja, devolvendo à vidinha que adora o único ser na novela que rejeita a fama.

A iniciativa de dar uma moral para história é boa. É capaz que muitas garotas sonhadoras abram os olhos antes de dar seu dinheiro para agências que prometem um papel na TV.

Mas o que vai ficar mais forte na memória é o delicioso cinismo. De Laura, de Renato, de Ana Paula. E de Iolanda, a maravilhosa trambiqueira de Nathália Timberg.’



REDE MULHER
Etienne Jacintho

‘Fátima Turci celebra mil programas na Rede Mulher’, copyright O Estado de S. Paulo, 13/06/04

‘A jornalista Fátima Turci comemora, nos próximos dias 17 e 18, a conquista da marca de mil programas na Rede Mulher e entrevista o empresário Samuel Klein, das Casas Bahia. O Economia & Negócios está no ar há pouco mais de quatro anos e é a atração de maior prestígio na emissora. Apesar de a Rede Mulher – canal em UHF – não ter tanta visibilidade, Fátima consegue receber em seu talk show personalidades respeitadas. O segredo do sucesso?

Credibilidade, segundo a jornalista. ‘Ao longo desses quatro anos, somente uma ou duas pessoas, que eu chamo de ‘frescas’, não quiseram participar do programa’, conta Fátima.

Além de creditar seu sucesso no meio dos negócios ao nome que construiu durante sua carreira jornalística, Fátima diz que o formato do programa também ajuda. ‘Todos sabem que terão um tempo legal para falar’, diz a jornalista, que agora precisa conquistar outros entrevistados: as celebridades.

Toda sexta-feira, o programa recebe famosos que tenham alguma experiência fora da telinha e das revistas de celebridades. O dia temático foi um dos ‘presentes’ recebidos pelo Economia & Negócios em celebração ao milésimo programa. E já foi aberto pelos telespectadores. Fátima entrevistou o apresentador Netinho e a empresária/socialite Thereza Collor, a dançarina Sheila Mello, os chefs Alex Atala e Emmanuel Bassoleil, entre outros.

O dia dos famosos surgiu de idéias recebidas por Fátima por e-mail. ‘As pessoas mandavam e-mails contando: ‘Você sabia que o Chitãozinho e o Xororó têm uma churrascaria?’ Fiquei feliz porque o público sabe que o meu programa não é de variedades, e sim de negócios’, fala. Para ela, esse contato com o público é uma das vantagens de trabalhar em uma emissora de pequeno porte.

Mas a principal delas, em sua opinião, é a liberdade. ‘Além disso, é mais fácil brilhar na Rede Mulher do que em emissoras maiores, como a Record ou o SBT, que têm outros programas correlacionados brigando entre si. Também, por ser um programa de prestígio (o Economia & Negócios), eu ganho um grande prestígio dentro da emissora’, acrescenta.

A novidade de receber celebridades em sua atração lhe dá maior visibilidade.

‘É muito mais difícil ter divulgação na mídia levando ao programa somente especialistas em franquias e etc.’, fala. ‘Cheguei a entrevistar famosos antes, mas não era nada rotineiro. Apresentadores como a Marília Gabriela, o João Dória Jr. e o meu ídolo, Larry King, deixaram de ser só business para ser show business.’

A sexta-feira com famosos não foi a única mudança do Economia & Negócios. O programa também ganhou três blocos fixos: o Seu Bolso, na terça-feira; o Seus Direitos, na quarta; e o Sua Carreira, na quinta. A atração de Fátima Turci vai ao ar de segunda a sexta, às 21 horas, na Rede Mulher.’