Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

China investe em propaganda para melhorar imagem

Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 14 de abril de 2008


IMAGEM
Folha de S. Paulo


China contra-ataca com propaganda


‘Na Tanzânia, velho aliado chinês na África, a tocha da Olimpíada de Pequim passou ontem sem problemas.


Mas o tour do fogo olímpico ainda terá muitas escalas problemáticas, e o governo da China vai investir na propaganda para atenuar sua imagem em relação ao Tibete, tema principal dos protestos que transformaram o passeio da tocha pelo mundo em um pesadelo.


Segundo o jornal inglês ‘Financial Times’, a China procura uma agência de relações públicas. Empresas americanas e britânicas já foram consultadas pelo governo do país asiático.


A escolhida terá como missão criar estratégias de relações públicas, como se lidar com a imprensa e pesquisas de mercado sobre a percepção dos ocidentais sobre a China.


O governo chinês estaria irritado com a forma como a imprensa ocidental trata o tema do Tibete. Se queixa que, segundo ele, ataques no Tibete a pessoas da etnia chinesa han, a majoritária no país, são ignorados pela mídia internacional.


Ontem, na Tanzânia, nada de protestos. Cerca de mil pessoas aplaudiram a passagem da tocha por Dar-es-Salaam.


Nenhum país africano recebeu tanta ajuda chinesa como a Tanzânia -foram US$ 2 bilhões desde os anos 60.


Hoje, a previsão é que o tour novamente tenha paz.


O fogo olímpico vai passar por Omã, país do Oriente Médio com população pequena e, economicamente, fortes laços comerciais com a China.’


 


CASO ISABELLA
Fernando de Barros e Silva


Invasões bárbaras


‘SÃO PAULO – Não houve, nas últimas duas semanas, assunto capaz de rivalizar com o ‘caso Isabella’. Mesmo quem quis se preservar alheio ou distante acabou de alguma forma tragado pelo turbilhão do noticiário: onipresente nas TVs e nas rádios, freqüentou, na internet, os primeiros lugares de qualquer relação de notícias mais acessadas e recebeu, de jornais e revistas, páginas e mais páginas diárias.


Estamos diante de um episódio em que o interesse público tende a ser nulo, mas que mobiliza no grau máximo o interesse do público. E não é simples definir onde termina a demanda por informação e onde a mídia começa a engendrar necessidades psicológicas e/ou sociais.


É claro, no caso desses programas parajornalísticos sustentados horas a fio por locutores exaltados e imagens exaustivas, que não se trata mais de informar, mas de entreter o público a qualquer preço. Trata-se, em suma, de alimentar e eventualmente satisfazer curiosidades mórbidas ou taras socialmente toleradas, de estabelecer com o espectador, por meio de truques espetaculosos, uma interação de fundo lúdico, obviamente perversa, mantendo vivas nele a sede de vingança e a sensação de que amanhã sempre tem mais.


Mas seria fácil se pudéssemos contrapor com clareza os abusos dessa mídia apelativa e o nosso bom senso. Não é assim. Existem, sim, diferenças de procedimentos e talvez de propósitos, mas seria necessário que nos detivéssemos um pouco mais sobre as identidades. Ou sobre o que nos torna -nós, os ‘sensatos’- cúmplices ou protagonistas de ações bárbaras.


Crianças de quatro, cinco anos são capazes de relatar em detalhes a tragédia de Isabella. Com que recursos processam tamanha violência? Psicólogos nos dão conta de que explodiram os casos de filhos aterrorizados e pais atônitos ou apreensivos com seus próprios limites. E se o casal suspeito e linchado for inocente? São danos irreparáveis e reflexões condenadas diante de tanto som e tanta fúria.’


 


Alba Zaluar


Grande Irmão Brasil


‘AS CENAS foram estarrecedoras desde o início. A tortura da menina Isabella e a sua morte, sem nenhuma chance de defesa para quem tinha apenas cinco anos, ficaram marcadas na memória de todos. O que se seguiu foram imagens dignas de um ‘Big Brother Brasil’.


O julgamento de acusados, segunda a legislação vigente, tem rituais próprios e deve seguir regras de conduta de todos os atores para que haja segurança quanto à decisão final de serem culpados ou inocentes. Ela se dá no tribunal de júri e, se for bem feita, aprimora a cultura jurídica de toda a nação.


O que vimos foi mais que afobação nas cenas gravadas todos os dias, de manhã, de tarde e de noite para o Grande Irmão. Foi o açodamento na condenação dos dois principais acusados pela platéia que agia segundo impulsos emocionais característicos do comportamento de multidão. Mas alimentados por declarações de promotores, testemunhas e alguns policiais sobre o andamento do processo.


A mídia virou o tribunal. A imprensa cobra o que resta a esclarecer como se fosse ela o veículo para elucidar o crime bárbaro cometido. Estamos diante do espetáculo-drama midiático que se apropriou da proclamação de justiça e que vende. Não se surpreendam se houver uma pesquisa on-line ou telefônica para saber quantos condenam os acusados. Com percentual e tudo.


Pior, muito pior, é o que acontece nos becos e antros das favelas e periferias das cidades ou nos ermos do território brasileiro, sem imprensa, sem polícia, sem Justiça. Crimes assim, ou até muito menos graves, podem ser seguidos por julgamentos ainda mais apressados, que resultam na morte dos acusados. Os dados de pesquisas feitas no Núcleo de Estudos da Violência da USP por Nanci Cárdia e Sergio Adorno mostram como tais execuções assassinaram pessoas inocentes na maior parte das vezes.


E isso não se dá apenas no tribunal do tráfico, que existe e já foi registrado há pelo menos três décadas neste país, embora mais freqüentemente depois que os comandos conseguiram dominá-lo.


Existe principalmente nas várias formas de grupo de extermínio, uma das quais é a milícia, nome genérico de diferentes arranjos vicinais de segurança privada. Muitas vezes não é nem via um grupo organizado. É a simples fúria popular que pega pedras e paus para linchar os suspeitos, fazendo justiça pelas próprias mãos.


Era por essa justiça que o populacho clamava na porta da delegacia? Se for, este é o nosso maior problema, ainda por solucionar. Já vimos esse filme várias vezes.


E ainda não conseguimos nos livrar do seu horror.’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Líderes mundiais


‘No alto dos sites ‘Wall Street Journal’ e ‘Financial Times’, ontem, terminou a reunião anual do FMI -e o destaque supostamente não foi ‘a maior crise desde 1929’, de crédito, causada por bancos, mas a fome na África. ‘Líderes mundiais’, diz o ‘FT’, cobram ação urgente contra a alta nos alimentos. O chefe do FMI, diz o ‘WSJ’, vê ‘conseqüências horrendas’. Quanto aos bancos, idéias vagas, nada de intervenção.


ORÁCULO


Às vésperas da volta do país à alta nos juros e de completar 80 anos, Delfim Netto surgiu na revista ‘Poder’ tratado por ‘oráculo’ e dizendo que ‘o Lula salvou o capitalismo brasileiro’. Ecoou on-line ao longo do fim de semana. O ‘ex-belzebu da esquerda’, no dizer de José Roberto de Toledo, afirma que o presidente ‘tem uma inteligência absolutamente privilegiada’ e que ‘o Brasil tem todas as condições de continuar crescendo entre 5% e 6% ao ano’.


APANHA, APANHA E CRESCE


Surgiu como spam na quinta -e sábado saiu no ‘Jornal do Brasil’, sob o título ‘Dilma apanha, apanha e cresce’. Foi o ‘grande susto’ de uma pesquisa interna do PSDB mostrando ‘ascensão surpreendente depois que surgiu o escândalo’. Ecoou por blogs, de Ricardo Noblat ao Dilma Presidente. Ontem, Eliane Cantanhêde informou que a ministra já estaria em terceiro, para presidente, na Bahia. Com ‘tanta exposição nas TVs’, ela ‘deixou de ser uma estranha’. Mais uma vez, ecoou pela blogosfera política. Sua candidatura, registre-se, já era dada por ‘morta’.


AGORA É DE LULA


No ‘Correio Braziliense’, jornal de Brasília, uma longa reportagem já deu ontem por ‘palaciano’ o dossiê ou banco de dados, em ‘operação maior do que a Casa Civil’ de Dilma -e feita ‘com conhecimento do presidente Lula’.


MARTA EM RISCO


Ecoou pela blogosfera, em posts de Reinaldo Azevedo na Veja On-line e de outros, a reportagem ‘Norma do TSE põe em risco candidatura de Marta Suplicy em São Paulo’, de Catia Seabra, com opinião de Marco Aurélio Mello.


OCUPAÇÃO


O blog Ocupação UnB noticiou e festejou ontem a derrubada do reitor, com ‘Viva o movimento estudantil!’ e ‘Viva Darcy Ribeiro!’ e outros brados on-line. A exemplo do que se viu na USP, onde não caiu reitor, sobram no blog moções de apoio e programações na linha ‘oficina de yoga’ ou ‘de mandala e energia corporal’. Também as proclamações dos ‘estudantes negros do movimento de ocupação’. E a pauta que detalha as seguintes 17 reivindicações.


VETO, VETO


Após o veto do TSE à eleição nos blogs, a blogosfera reage à ameaça de juiz ao próprio sistema de publicação de blogs


GLOBO E O FUSO


Sexta no site Observatório do Direito à Comunicação, ‘Senado aprova novo fuso horário para evitar adequação à classificação indicativa’. Foi dias depois de entrar em vigor a classificação. O Brasil até perde um fuso. O Acre agora vai seguir toda a região Norte. E o Pará segue Brasília.


BBBAIXARIA


E o site Ética na TV soltou o 14º Ranking da Baixaria na TV, parte da campanha ‘Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania’. Venceu o ‘Big Brother Brasil’, outra vez, com a ‘dança da barra’ da novela ‘Duas Caras’ em segundo. Mais atrás, ‘Pânico na TV’ e o ‘Superpop’.’


 


PALESTRA
Folha de S. Paulo


Trabalho do correspondente de guerra é tema de cátedra


‘O trabalho do correspondente de guerra é o tema da segunda palestra deste ano na Cátedra de Jornalismo Octavio Frias de Oliveira, criada em 2002 pelo Centro Universitário Alcântara Machado (UniFiam-Faam) em homenagem ao publisher da Folha, morto no ano passado, aos 94 anos.


O secretário de Redação da Sucursal de Brasília, Igor Gielow, que cobriu conflitos em Israel, na Palestina, no Líbano e no Afeganistão, entre outros, falará sobre suas experiências amanhã, às 10h, no auditório Nelson Carneiro (av. Liberdade, 899, Liberdade, São Paulo).


Interessados em participar devem enviar e-mail à Coordenação de Jornalismo (jornalismo@fiamfaam.br) com nome, telefone e faculdade/ empresa/ instituição a que pertencem.


A programação completa pode ser acessada no site da cátedra: http://www.portal.fiamfaam.br/graduacao/jornalismo/ler.asp?pg=catedra’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Globo planta ‘floresta’ de pinheiros no Rio


‘A Globo está implantando no Projac, no Rio, uma ‘floresta’ com 60 pinheiros. As árvores serão usadas nas gravações de ‘A Favorita’, próxima novela das oito, e reproduzem uma área de reflorestamento. Na tela da TV, apesar de serem apenas 60, darão o efeito de uma floresta de verdade, porque formam uma ‘cortina’ verde.


Com oito metros de altura, os pinheiros foram ‘importados’ do Paraná e passaram por um processo de adaptação antes de serem replantados. São típicos de climas temperados. No Rio, o clima é tropical, quente.


A ‘floresta’ integrará o núcleo do qual fazem parte ainda uma fábrica de papel e uma vila operária de 28 casas, todas de madeira. Por esses cenários circularão os rivais Tarcísio Meira e Mauro Mendonça.


Outro cenário de ‘A Favorita’ será o sítio do personagem de José Mayer, um ex-roqueiro casto. Ele acredita que sua mulher fora abduzida por extraterrestres e voltará com as últimas do espaço. Para Mayer, a Globo está construindo uma casa em forma de oca, toda de vidro, e uma horta orgânica de verdade.


Haverá ainda uma pequena favela, cenário de Deborah Secco nos primeiros capítulos, e uma reprodução livre de pequeno trecho do centro histórico de São Paulo, onde haverá um bar freqüentado por jornalistas e uma lanchonete que dará emprego à protagonista Patrícia Pillar assim que sua personagem deixar a prisão.


ALERTA A Record voltou a liderar o Ibope de São Paulo durante boa parte de um dia. Ficou à frente da Globo das 8h07 às 15h27 da última sexta-feira, segundo dados preliminares. Na semana anterior, isso também ocorreu.


EXTRA A Globo tratou o habeas corpus que libertou o pai e a madrasta da menina Isabella, na última sexta, como um 11 de Setembro local. Deixou de exibir ‘Os Simpsons’, último desenho da ‘TV Globinho’, para antecipar o ‘SP TV – 1ª Edição’.


NOTA FALSA No ‘Hoje Em Dia’ de sexta, Britto Júnior afirmou que a Record tinha sido a primeira TV a dar a notícia do habeas corpus do pai e da madrasta de Isabella. Foi não. A Rede TV! fez isso às 11h11, sete minutos antes.


NACIONAL 1 De olho em projeto de lei que cria cotas de programação nacional nos canais pagos, o Discovery está em busca de projetos para produção no país. Realizará em junho, no Fórum Brasil (evento de TV paga focado em conteúdo) um ‘pitching’ (processo de seleção).


NACIONAL 2 O Discovery quer de produtoras independentes projetos de documentários ‘factuais’ em áreas como arqueologia. O vencedor receberá US$ 20 mil para desenvolver a idéia.


TRANSPORTE A TV Brasil começa hoje a ancorar parte do ‘Repórter Brasil’ diretamente de São Paulo. O telejornal da TV pública federal entrevistará o prefeito Gilberto Kassab. Entre os temas, está o caos no trânsito.’


 


Irineu Franco Perpetuo


Filme destaca música de Gilberto Mendes


‘Tem festinhas de família, viagens pela Europa e passeios na praia. Dirigido pelo filho, Carlos, e narrado pela neta Nara, ‘A Odisséia Musical de Gilberto Mendes’ é um afetuoso documentário doméstico sobre um dos principais nomes da vanguarda musical no Brasil.


Com um tom que oscila entre o panegírico e a polifonia -em momento curioso, o compositor Willy Corrêa de Oliveira critica o manifesto Música Nova, do qual ele e Mendes foram signatários, como coisa de ‘intelectual pequeno-burguês’-, o filme conta a rica trajetória de Mendes, fundador, nos anos 60, do Festival Música Nova e ativo até hoje, aos 85.


Sem compromisso com a cronologia, alternam-se performances e depoimentos, nos quais predomina a prosa ligeira do compositor, mas se destacam também imagens preciosas, como Haroldo de Campos discorrendo sobre as relações entre as vanguardas da poesia e da música no pós-guerra.


O filme vale a pena mesmo é pelo destaque à música de Mendes -trechos de quase 40 criações, muitas das quais jamais filmadas ou gravadas, são apresentados. Incluindo as paradigmáticas ‘Beba Coca-Cola’ e ‘Santos Football Music’, o documentário acaba formando um painel representativo da estética bem-humorada e teatral que caracteriza o compositor.


A ODISSÉIA MUSICAL DE0 GILBERTO MENDES


Quando: hoje, às 22h


Onde: no SescTV’


 


Laura Mattos


Boris Casoy assume posto na Band


‘Boris Casoy estréia hoje, às 23h30, no comando do ‘Jornal da Noite’, da Bandeirantes.


Na semana passada, em pilotos (testes) gravados na emissora, o jornalista voltou a utilizar o seu bordão ‘Isso é uma vergonha!’.


‘Claro que vou usá-lo no jornal’, disse à Folha.


Até porque, explicou, ‘será um noticiário de fim de noite, crítico, com muita opinião’. ‘Nesse horário, a grande massa está dormindo. É um público mais exigente’, afirmou.


O jornal terá duração de cerca de 40 minutos de duração, divididos em quatro blocos. Nos três primeiros, Casoy apresentará as notícias do dia e as pontuará com sua opinião. No último, fará uma entrevista mais longa ou um debate sobre algum tema do momento.


‘Dependendo do dia, se valer a pena, essa parte pode até tomar outros blocos’, explicou.


Política e economia


Joelmir Beting será o comentarista de economia e haverá a participação de Fernando Mitre, diretor nacional de jornalismo da Bandeirantes.


Casoy afirmou ter uma tendência ‘a olhar com mais atenção para assuntos de economia e política’. ‘Mas é claro que todas as notícias importantes serão dadas. Pode ser policial ou qualquer assunto’, explicou.


Na estréia, o caso Isabella, que está rendendo audiência às emissoras, deverá ser um dos principais assuntos. Sobre a cobertura exaustiva das emissoras, ele afirmou:


‘Não tenho acompanhado muito, mas tem de tudo, assim como nos jornais impressos, de coberturas contidas até as mais sensacionalistas’.


Segundo o jornalista, ‘os jornais de fim de noite costumam trabalhar com material produzido por outros programas da emissora ao longo do dia, mas o ‘Jornal da Noite’ terá também repórteres próprios, em São Paulo, Rio e Brasília’.


Rádio


Além da TV, Casoy está na programação da rádio Bandnews FM, das 17h20 às 19h.


Ele e a Band estão preparando uma estrutura para que o jornalista possa apresentar o programa de rádio de sua casa, uma vez que terá de ficar na sede da Bandeirantes diariamente até depois da meia-noite.


Deverá também ser o principal nome da emissora na cobertura das eleições deste ano e provavelmente comandará os debates.


Mas, por ora, não deu detalhes dos planos nessa área.’


 


Argentino pede censura de ‘Os Simpsons’


‘O deputado argentino Lorenzo Pepe pediu a proibição no país de um episódio da série ‘Os Simpsons’ em que um dos personagens chama de ‘ditador’ o ex-presidente Juan Domingo Perón.


O político do governista Partido Justicialista (peronista) entrou com o pedido junto ao Comitê Federal de Radiodifusão. Ele se queixou de que no episódio também se afirma que ‘as pessoas desapareciam’ na época de Perón.


Na semana passada, a emissora venezuelana privada Televen retirou o desenho do ar após ser advertida pelo órgão público que regula o setor na Venezuela, que alegou que o programa ‘não favorecia a formação integral das crianças’.’


 


Álvaro Pereira Júnior


A caretice da TV ‘moderna’ na web


‘NESTA SEMANA, eu e as torcidas do Corinthians e do Flamengo somadas fomos conferir a Pitchfork.tv, a recém-lançada televisão on-line do site Pitchforkmedia.com. O Pitchfork inovou no jornalismo musical na web, por trazer uma quantidade gigantesca de resenhas e por contar com colaboradores jovens que não estão nem aí para os padrões da crítica musical. Hoje o Pitchfork está mais sossegado, mas, no começo, se caracterizava por textos sempre muito apaixonados e com personalidade, mesmo que muitas vezes confusos e não lá muito bem escritos.


De um empreendimento mambembe, acabou se transformando num site superinfluente, para o qual as bandas, o público indie e a indústria da música pagam um tremendo pau. Assim, só podia ser com grande expectativa que se aguardava o lançamento da Pitchfork.tv.


Fui lá assistir e achei que… tem cara de TV normal. O que pode ser um problema. Não me peça soluções, não tenho. Mas não me culpe por ficar na espera de um formato de TV na web que explore interatividade, que não seja tão impositivo e que, principalmente, fuja dos padrões de edição e de filmagem da TV convencional.


Na Pitchfork.tv, uma entrevista com a cantora sueca Robyn, por exemplo, foi filmada à moda da MTV dos anos 90, com duas câmeras soltas, entrevistador e entrevistada juntos em quadro, iluminação discreta etc. Talvez não haja saída, talvez a TV seja como o rock, em que tudo já foi mais ou menos inventado e os ‘novos’ formatos são apenas formatos reciclados.


Mas, mesmo feitas todas as ressalvas, confesso que esperava mais de uma TV ligada a um site tão influente e inovador quanto o Pitchfork.


P.S.: Por favor, não leve a sério a primeira frase deste texto. Eu sei que os torcedores de Corinthians e Flamengo, além de praticamente a totalidade da população brasileira (eu incluído), estão interessados mesmo é no caso da menina Isabella. Pitchfork.tv é coisa de nerd.’


 


 


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 14 de abril de 2008


CAMPANHA
Denis Lerrer Rosenfield


Golpe constitucional


‘A prudência recomenda a desconfiança. Encenações, mentiras, desmentidos e desmentidos de desmentidos se tornaram o cotidiano dos brasileiros, aflitos com a falta de moralidade reinante na cena pública. O atual governo nem se ruboriza mais com o que faz, tendo desaparecido qualquer resquício de coerência entre o que é dito e o que é feito. O que vale num dia cessa de valer em outro. Não há a menor preocupação com o cumprimento da palavra e a retidão no comportamento. Neste contexto, como situar a discussão sobre um eventual terceiro mandato de Lula, seja sob a forma da pura e simples reeleição (acompanhada ou não de um plebiscito), seja sob a de um ‘novo’ mandato de cinco anos, em que a partida estaria zerada?


Lula está em plena campanha pelo PAC, inaugurando obras inexistentes e criando símbolos, como se assim pudesse passar à opinião pública a idéia de que algo está sendo feito. O que, porém, está sendo feito senão a campanha de si mesmo, a campanha de alguém empenhado num processo eleitoral de promoção de si mesmo?


Não se pode creditar a Lula a virtude da coerência ou o cumprimento da palavra. A palavra só serve como instrumento retórico, de convencimento do ‘povo’. Eis por que acreditar num líder carismático como Lula é prova de ingenuidade. Ele diz uma coisa e outra sem o menor compromisso com a verdade.


Legítima é, pois, a pergunta: o que faz ele com seus discursos? Desde a sua eleição, jamais abandonou uma postura eleitoral, algumas vezes criticando o governo, como se não fosse o responsável por ele. O que fala é o seu comportamento. O seu fazer é o de alguém que tem um projeto pessoal de poder, pronto a tudo se as condições políticas lhe forem favoráveis. Lula não permanece em Brasília, na rotina própria de um presidente, mas faz campanha em todo o País, recolhendo os frutos de sua popularidade e criando condições para que esta suba ainda mais. Os seus altos índices mostram que o seu ‘fazer’ produz bons resultados. Ele pode dizer pessoalmente que não quer a reeleição, mas, se o ‘povo’ quiser, aí, sim, a coisa seria diferente.


O que está em processo, podendo ou não ser bem-sucedido, é o que poderíamos denominar ‘golpe constitucional’. Golpe porque se trata de uma mudança abrupta das regras do jogo, feita por um líder carismático que se aproveita de sua alta popularidade e de seu forte apoio em sindicatos (comprados) e movimentos sociais (por ele financiados), visando a alterar completamente os princípios da democracia representativa. Constitucional porque seguiria procedimentos constitucionalmente estabelecidos, aparentemente obedecendo à ordem da legalidade. A aparência de golpe desaparece, haja vista que as formalidades democráticas são mantidas, prescindindo do uso das armas. Trata-se, na verdade, de uma subversão da democracia por meios democráticos.


Uma das condições de um processo desse tipo reside num líder cujo perfil carismático o coloque acima das refregas partidárias e dos conflitos sociais. É precisamente o caso de Lula, que faz um discurso que agrada a empresários e outro, a movimentos sociais, aparentemente dando satisfação a ambos. No que diz respeito a alianças partidárias, elas lhe servem para mostrar que se situa acima do seu jogo. A divisão entre partidos ditos de esquerda e de direita tampouco é observada, pois coexistem em sua base de apoio o PP e o PCdoB, por exemplo. Sob esta ótica, os que se opõem a ele só podem ser ‘conspiradores’, como se estivessem cometendo um crime de lesa-majestade.


Um líder carismático deve ter uma ampla base social de sustentação. O recente veto à fiscalização pelo Tribunal de Contas da União dos novos recursos concedidos às centrais sindicais mostra toda a sua preocupação em contentar essa sua base. Primeiro, ele lhes concede uma forma específica de financiamento, propiciando-lhes um amplo espectro de atuação. Segundo, esses recursos são de livre utilização, não sendo objeto de nenhuma fiscalização. Desta maneira, os sindicatos estão cada vez mais amarrados ao próprio aparelho de Estado, fazendo parte dele. Os antigos discursos do sindicalista pela autonomia sindical e pelo fim da obrigatoriedade da contribuição sindical são simplesmente ‘esquecidos’. A meta agora é que todos se tornem igualmente pelegos, instrumentos do seu próprio poder.


Os movimentos sociais cumprem essa mesma função de controle de uma ampla massa de manobra, podendo ser requisitada a qualquer momento. Poderia ser, por exemplo, requisitada para uma ampla mobilização nacional por um plebiscito visando a uma reforma constitucional que permita a introdução da reeleição para um terceiro mandato. O recente episódio de financiamento do MST com verbas do Ministério da Educação é apenas a ponta de um imenso iceberg, que envolve outros Ministérios, como o de Desenvolvimento Agrário e o de Desenvolvimento Social. Os movimentos sociais são financiados pelo governo, que conta com esse grande trunfo. Podem, assim, invadir qualquer propriedade privada, prejudicar o agronegócio, ocupar rodovias e estradas de ferro. Ademais, estão com as mãos livres para agirem segundo as suas conveniências, pois a lei não é a eles aplicada. A impunidade é total.


Dentro desse projeto, é fundamental contar com uma ampla base social, sobretudo de desempregados ou empregados temporariamente, pois estes não são alcançados pelos sindicatos ou o são, imperfeitamente, pelos movimentos sociais. Eis a função cumprida pelo Bolsa-Família, que alavanca a alta popularidade do presidente entre os mais desfavorecidos, que vêem os recursos recebidos como uma forma de sobrevivência. Se seus alimentos são fornecidos pelo presidente, sua vida dele depende. Não convém menosprezar o poder de mobilização que pode estar aqui embutido, e a mobilização eleitoral seria um dos seus fatores.


Todo o cuidado é pouco!


Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia na UFRGS.’


 


CUBA
O Estado de S. Paulo


‘Estímulos materiais’ em Cuba


‘Na versão original, imaginada por Marx, a economia da sociedade sem classes e sem propriedade privada dos meios de produção se guiaria por um princípio que levaria o humanismo socialista a alturas nunca antes vislumbradas: ‘De cada qual, conforme as suas possibilidades; a cada qual, conforme as suas necessidades.’ Quando ainda engatinhava o socialismo que viria a ser chamado real – para acentuar a sua abissal diferença da variedade utópica -, Josef Stalin proscreveu a profecia marxista. No Estado soviético, onde ele montou a maior distopia totalitária até então conhecida pela humanidade, o mote de Karl Marx foi submetido a um choque de realidade. Ficou a primeira parte, embora, no universo concentracionário dos gulags, as ‘possibilidades’ que o regime extraía de cada qual tenham sido levadas, a ferro e fogo, a limites inconcebíveis. E o que tocou a cada qual passou a ser medido não mais por suas necessidades, mas ‘segundo o seu trabalho’.


A reminiscência vem ao caso da mais recente inovação anunciada pelo governo cubano desde que Fidel Castro abdicou do poder em favor do irmão Raúl. Trata-se da demolição dos tetos salariais que vigoravam no setor estatal da ilha (controlado em grande parte pelo Exército), que recobre 90% da combalida economia nacional e emprega quase toda a população apta a trabalhar. Uma resolução adotada em fevereiro, porém só agora divulgada, estabelece que um compañero mais produtivo do que outro, na mesma função, receberá um salário proporcionalmente maior. Ao adotar a regra dos ‘estímulos materiais’ – como dizia Fidel com ar de desdém quando os comparava aos superiores ‘estímulos morais’ que a Revolução teria a oferecer – Raúl deu o primeiro passo para ir de encontro a uma das verdades indissociáveis do sistema produtivo sob o dirigismo econômico: ‘Eu finjo que trabalho e o Estado finge que me paga.’ (A paga média mensal é de US$ 17.)


Mas, no duplipensar dos porta-vozes da ditadura cubana – daí a referência inicial ao que Stalin fez da consigna marxista -, a iniciativa de tomar de empréstimo da economia de mercado um mínimo da racionalidade que explica o seu êxito foi apresentada na TV estatal como a reencarnação do ideal marxista, um avanço, portanto, na construção do socialismo, e não o tardio reconhecimento do papel central que a competição e os incentivos desempenham na esfera das atividades produtivas. Já o presidente Raúl Castro se guardou de ofender a inteligência do seu povo quando anunciou no dia da posse, em 24 de fevereiro, que um dos ‘objetivos estratégicos’ do governo era ‘conseguir que o salário recupere o seu poder’. Como não? De qualquer cubano que dependa do que lhe paga o Estado se ouve a todo instante a mais do que justa crítica à perversão econômica que dissocia o valor do trabalho efetivamente realizado da sua remuneração.


Ele também havia antecipado que ‘em semanas’, começaria a ‘eliminar as mais simples proibições’ impostas pelo regime à desafortunada população do país. A supressão de duas delas foi notícia mundial, por chamar a atenção para o que são as mais simples privações que fazem os cubanos invejar os vizinhos das democracias caribenhas. A primeira proibição a cair foi a da compra de trivialidades como fornos de microondas, aparelhos de DVD, celulares, aparelhos de ar-condicionado (estes em 2009) e torradeiras elétricas (só em 2010). E de um aparelho que, por suas implicações, nada tem de trivial – o computador. Só uma minoria está autorizada a se conectar à internet. Mas a maciça exclusão digital não inibe a criatividade cubana: há quem adquira receptores contrabandeados de satélites para poder ficar online. A segunda barreira removida era a da humilhante abjeção que impedia os cidadãos comuns de se hospedar nos hotéis para turistas.


Além disso, as cooperativas agrícolas privadas foram liberadas para comprar onde queiram insumos e equipamentos, e com mais crédito oficial. Mas a liberdade de expressão e o voto livre em eleições multipartidárias continuam tão utópicas em Cuba como as visões de Marx sobre trabalho e salário.’


 


TV DIGITAL
Ethevaldo Siqueira


Mercado de TV digital dos EUA traz lições para o Brasil


‘O NAB Show 2008 traz lições muito úteis para o Brasil sobre a transição entre a TV analógica e TV digital, que começou nos Estados Unidos em fevereiro de 1998. A grande preocupação da indústria, do governo e das emissoras de televisão norte-americanas é a data improrrogável dessa transição final, 13 de fevereiro de 2009, quando todas as emissoras de TV tirarão do ar os sinais analógicos e só transmitirão os digitais. O Brasil começou a introduzir a TV digital na Grande São Paulo em 2 de dezembro de 2007 e, contrariando as expectativas otimistas, caminha muito lentamente, com apenas alguns milhares de televisores e sintonizadores vendidos.


Veja o que muda na TV com as novas tecnologias


Nos Estados Unidos, mesmo depois de 10 anos de transmissões, a TV digital ainda não chega a mais de 48% dos domicílios norte-americanos. Por outras palavras, mais da metade do público telespectador dos Estados Unidos ainda não se dispôs a investir pelo menos em um sintonizador digital ou no televisor integrado, de maiores dimensões, totalmente equipado para receber tanto os programas digitais quanto as imagens de alta definição.


Para as famílias de baixa renda, o Congresso deve aprovar recursos para subsidiar a compra dos sintonizadores (set-top boxes), cujo custo real está próximo de US$ 100, mas que poderão ser vendidos a cerca de US$ 30, às famílias mais pobres. Seria uma espécie de Bolsa-TV, para incentivar a transição para a TV digital.


Imaginem o ritmo de implantação da TV digital no Brasil, com o baixo poder aquisitivo da maioria da população, e a dificuldade generalizada de se compreender não apenas o que é, mas também quais as vantagens da nova tecnologia.


Nas lojas dos Estados Unidos, as ofertas de televisores de grandes dimensões são as mais tentadoras, com preços mais realmente baixos em relação aos que vigoravam no Natal, isto é, há menos de 5 meses. Há casas em Las Vegas que vendem televisores de plasma de 50 polegadas, por US$ 1.500, ou seja, cerca de R$ 2.500.


Os grandes debates deste NAB Show se concentrarão, sem dúvida, na difusão mais completa de informações sobre a transição para a TV digital e, em especial, para as imagens de alta definição. David Rehr, presidente da Associação Norte-Americana de Radiodifusão (National Association of Broadcasters, que dá a sigla NAB), lembra que o grande esforço dos próximos 10 meses tem que ser a informação mais acessível e completa sobre o que significa a TV digital e a alta definição para os telespectadores em geral. ‘Mais do que simplesmente informar, diz ele, temos que convencer o cidadão a investir na nova tecnologia, porque o futuro é das tecnologias digitais.’


Os debates sobre tecnologia, regulação e mercado começaram ontem com as primeiras apresentações. A exposição do NAB Show 2008 abre nesta segunda-feira, com a previsão de mais de 110 mil visitantes profissionais. 30 mil visitantes de mais de uma centena de países, cobrindo um mercado de US$ 50 bilhões. A presença de brasileiros do setor de radiodifusão deverá bater todos os recordes, com a vinda de mais de 3 mil profissionais.


Entre os demais temas de interesse, o NAB Show 2008 debaterá mobilidade na TV (ou seja, televisão no celular e em veículos), a qualidade do som digital; o futuro da TV digital; investimentos em multimídia; o problema dos direitos autorais; e o futuro das demais mídias – como rádio, jornal, revistas e a publicidade – diante da TV digital.


A TV estatal japonesa, a NHK é a maior sensação entre as empresas internacionais de televisão por suas inovações tecnológicas, entre as quais a Ultra High Definition Television (U-HDTV), que produz imagens de até 11 metros de diagonal, com 16 vezes mais densidade do que as imagens atuais de alta definição de 2 milhões de pixels. A U-HDTV forma imagens com 32 milhões de pixels. Neste ano, mais do que tecnologia, o NAB Show escolheu como tema principal a questão do conteúdo, passando desde a TV móvel aos podscastings.’


 


DESIGN
Marili Ribeiro e Marianna Aragão


Design disputa prêmio em Cannes


‘O design que virou uma das categorias a disputar os cobiçados Leões de bronze, prata e ouro que todos os anos premiam os melhores trabalhos no Festival Internacional de Publicidade de Cannes não é o design visto pela forma ou pela beleza. Mas sim o design que vende. Ou melhor, aquele que é visto como ferramenta que ajuda a construir marcas.


A chegada do tema à disputa na 55ª edição do Festival, que acontece em junho na França, vai ter a participação de um jurado brasileiro: Frederico Gelli, sócio da agência Tátil Design, com sede no Rio de Janeiro. ‘O design brasileiro sabe fazer muito com menos e quero mostrar isso por lá’, diz ele.


Para Gelli, a presença do design em Cannes ocorre tardiamente. Há alguns anos, segundo ele, os profissionais da área tem sido chamados a participar de decisões estratégicas nas empresas que querem lançar um produto. ‘A força da embalagem na hora da decisão de compra tem merecido investimentos da empresas para se diferenciar num mercado hipercompetitivo’, diz.


A categoria Design Lions pretende homenagear o uso inovador do design no desenvolvimento e comunicação de marcas e produtos, incluindo embalagens, identificação de marca e desenho ambiental. Para presidir o júri inaugural foi nomeado o inglês Rodney Fitch, presidente da Fitch Worldwide. ‘Sempre me questionei por que Cannes não homenageava o design. Afinal, é justamente o design a plataforma sobre a qual boa parte da criatividade se baseia’, disse, ao ser convidado.


No Brasil, o investimento em projetos de design cresce nas empresas e começa a ganhar parte das verbas de marketing destinadas à propaganda convencional, segundo a pesquisadora do tema, Adélia Borges. ‘As campanhas publicitárias têm alto impacto, mas uma duração curta junto ao consumidor. Já o design têm uma permanência maior, vida mais longa’, diz Adélia, curadora do Museu da Casa Brasileira e professora de história do design.


‘Há bem pouco tempo, um filme de 30 segundos transmitido repetidas vezes em horário nobre cumpria o papel de chamar o público’, diz Gelli. ‘Hoje, a ação não se sustenta de forma isolada. Aí é que entra o design, com papel de materializar o discurso das marcas, criando um encadeamento de experiências que envolvam as pessoas.’


O mesmo discurso é destacado por Lincoln Seragini, designer com 40 anos de experiência e sócio da agência de design Seragini Farnè, em parceria com o italiano Alfredo Farné. ‘Hoje, o próprio design é a propaganda do produto’, diz. Um exemplo disso, diz Seragini, é o iPhone. ‘A Apple não precisa fazer propaganda: o design do iPhone fala por si só. É a estética substituindo a marca.’


O design brasileiro, que antes da abertura do mercado criava pouco, está começando a desenvolver uma identidade. ‘De fabricantes de aviões a eletrodomésticos, a indústria do País está investindo cada vez mais na área. Isso está ajudando a criar essa identidade nacional’, diz Seragini.


E engana-se quem pensa que esse design está restrito aos consumidores de bens de luxo ou caros. Segundo Adélia, vários produtos destinados à população de baixa renda têm design. Os fabricantes de geladeiras, máquinas de lavar e fogões – a chamada linha branca – estão entre os setores que têm os times de design mais competitivos. ‘Hoje, tem até tanquinho criado por estúdio de design’, diz Adélia.


O Brasil viveu uma explosão de cursos de design nos últimos quatro anos. Segundo Manoel Muller, presidente da Abedesign (Associação Brasileira de Empresas de Design), existem mais de 400 mil estudantes do tema, entre cursos livres, de graduação e pós-graduação.


Algumas universidades já criaram cursos em áreas específicas da indústria. É o caso da pós-graduação em Design Automotivo da Escola de Belas Artes, em São Paulo. ‘As montadoras recebem cada vez mais investimentos das matrizes para aplicar em design aqui’, diz Muller.


Há estimativas de que o mercado de design movimente em torno de R$ 300 milhões no País por ano. O valor inclui o faturamento das agências de design e também o investimento da indústria na atividade. O potencial de crescimento do segmento tem feito com que proliferem as palestras e os prêmios na categoria no País.


Nesta semana, por exemplo, acontece na Fecomércio, em São Paulo, dia 15, uma palestra do americano Brian Collins, que é o presidente da Collins Design Research e têm trabalhos para Jaguar e IBM. Na semana passada, houve outro evento, o I Encontro Idea Brasil, que faz parte de um projeto que trouxe o prêmio Idea, realizado originalmente nos Estados Unidos. Um dos palestrantes foi o americano, Tucker Viemeister, que desenvolveu projetos para marcas como Coca-Cola, Toyota, Sheraton Hotel. Em comum, todas essas palestras reforçam o discurso: ‘O design é a nova alma do negócio.’’


 


LUTO
José Maria Mayrink


Morre o jornalista Eduardo Martins


‘Era só jornalista e foi um jornalista reclamão até o fim. Internado desde o dia 9 no Hospital São Camilo, onde morreu aos 30 minutos de ontem, vítima de insuficiência respiratória e de um tumor na bexiga, entrou na UTI inconformado com o tamanho do televisor do quarto e falando das colunas que teria de escrever quando tivesse alta.


‘O Palmeiras tem de ganhar, mandem buscar minha televisão em casa’, comentou para a mulher, Maria Thereza, sua companheira de quase meio século – 44 anos de casamento, depois de 3 anos e 7 meses de namoro e noivado. Antes de ser entubado, às 21 horas de sábado, conferiu o último texto publicado pela manhã no Estadinho, suplemento infantil do Estado. ‘Use Olimpíada, sem problemas’, ensinava na coluna De Palavra em Palavra.


Natural de Cáceres (MT), Eduardo Martins nasceu em 26 de julho de 1939. Aos 17 anos de idade, começou a trabalhar na Redação do Estado, primeiro fazendo palavras cruzadas como colaborador e, a partir de 1960, sucessivamente como redator, repórter e editor. Aos 68 anos, costumava dizer, com muito orgulho, que esse foi o único emprego de sua vida, uma paixão profissional.


Trabalhou num período difícil para a imprensa, ‘tempos heróicos’, como gostava de definir. Lembrava principalmente o período de 1974 a 1982, quando foi editor de Nacional, a seção mais visada pelo regime militar. O Estado publicava versos de Os Lusíadas, de Luís de Camões, para preencher o vazio deixado pelas reportagens censuradas.


Eduardo Martins foi também editor de Economia, de Interior e de Arte (atualmente Caderno 2), antes de passar a assistente do editor-chefe e, mais tarde, a chefe do Departamento de Documentação e Informação (Arquivo), cargo que ocupava ao se aposentar em junho de 2006.


Deixou o jornal, mas não parou. Além de escrever para o Estadinho, fazia palavras cruzadas para a Agência Estado e artigos para revistas e editoras. Ex-colaborador da Rádio Eldorado, atividade pela qual recebeu o prêmio de melhor programa de cultura em 2001, também dava freqüentes entrevistas para emissoras de rádio e televisão.


Era um especialista em Língua Portuguesa. Autor do Manual de Redação e Estilo, que o Estado lançou em 1990 com grande repercussão, escreveu o livro Com Todas as Letras: o Português Simplificado e uma série de seis Resumões da Língua Portuguesa.


Para o diretor do Master em Jornalismo e professor de Ética, Carlos Alberto Di Franco, o jornalista foi um grande profissional. ‘O Manual de Redação que ele deixou é, na minha opinião, o melhor do Brasil’, afirma. ‘Presta uma ajuda eficaz sem se tornar uma camisa-de-força.’


Eduardo Martins deixa inédita a obra Os 300 Erros Mais Comuns da Língua Portuguesa, que seria lançada nos próximos meses. Apaixonado pela Gramática, Eduardo Martins era um jornalista capaz de falar durante horas sobre redação, estilo, hifens e acentuação.


ENTERRO


Do Hospital São Camilo, o corpo do jornalista foi levado, ontem de manhã, para o velório do Cemitério São Paulo, no bairro Pinheiros, onde foi enterrado às 16 horas. Cerca de 120 pessoas, entre familiares, companheiros de trabalho e amigos, assistiram ao sepultamento. Cobrindo o caixão, uma bandeira do Palmeiras.


COLABOROU ALEXANDRE GONÇALVES’


 


ANOS 60
Antonio Gonçalves Filho


Contracultura revisitada


‘Ao participar há algum tempo de um encontro que discutiu os movimentos sociais dos anos 1960, o antropólogo Gilberto Velho cunhou uma frase definitiva sobre a atitude transgressiva de escritores, músicos, cineastas e pintores que se rebelaram contra a cultura então dominante: ‘A contracultura é uma possibilidade permanente da vida social.’ O que Gilberto Velho quis dizer com isso é que a contracultura não foi um movimento restrito a uma época. Se a sociedade é dinâmica, é lícito esperar que seus membros mudem o tempo todo. ‘A vida social só existe porque existe mudança, e só existe porque existe diferença’, diz ele no livro Por Que Não? – Rupturas e Continuidades da Contracultura (Editora 7 Letras), leitura recomendável num momento em que o Sesc Pompéia se prepara para ser a sucursal da São Francisco dos anos 1960, a partir de amanhã, data de abertura do projeto Vida Louca, Vida Intensa – Uma Viagem pela Contracultura.


Organizado pelo designer Eduardo Beu, o projeto engloba projeções de filmes da época, uma exposição cenográfica com pôsteres, capas de discos, debates, leituras de poemas da geração beatnik, concertos com músicos estrangeiros e brasileiros e até uma performance para comemorar os 40 anos do histórico ‘Verão do Amor’ em São Francisco, a liberal cidade da costa oeste dos EUA, quando jovens ousaram contestar os valores mais sagrados da sociedade americana – como o dinheiro -, propondo seu estilo alternativo de vida: uma subcultura capaz de promover minorias e manifestações criativas subterrâneas e autônomas, sem compromisso com a indústria cultural de entretenimento.


Muitas pessoas confundem contracultura com o estilo de vida hippie dos anos 1960, mas o projeto Vida Louca vai mostrar durante dois meses que é um equívoco opor movimentos contraculturais à negação do conhecimento acadêmico ou universitário. Escritores beatniks nunca foram iletrados, assim como os designers que revolucionaram a arte gráfica da época, os pintores que inventaram a arte pop ou os cineastas underground que produziram alguns dos melhores filmes experimentais de todos os tempos. Alguns deles, raríssimos, foram resgatados pelo curador Eduardo Beu em lugares como a Biblioteca do Congresso americano, como The Hippie Revolt, documentário (também conhecido como Something’s Happening) – ingênuo, mas histórico – dirigido por Edgar Beatty em 1967, que mostra jovens de Sunset Strip, Los Angeles, ou do bairro Haight-Ashbury, São Francisco, em viagens alucinantes de ácido lisérgico (LSD) ou simplesmente dançando em discotecas com projeções psicodélicas sobre seus corpos.


Eduardo Beu e os jovens que devem ser atraídos pela mostra nem eram nascidos quando Peter Fonda e Dennis Hopper colocaram os pés na estrada e fizeram o filme-síntese da geração 1960, Sem Destino (Easy Rider, 1969), um dos programados da mostra de cinema que traz, entre outras atrações, o revolucionário If (Se, 1969), de Lindsay Anderson, sobre estudantes de um colégio burguês inglês que se armam e iniciam uma revolução em pleno campus. Aos 36 anos, o designer Beu revela um interesse não meramente antropológico sobre o fenômeno contracultural. Para ele, filho pródigo de uma família burguesa, a ‘crítica ao sistema’ que jovens artistas e músicos fazem no século 21 não apagou os traços de uma herança que se traduz, segundo Beu, especialmente no mundo virtual da internet, prova maior da continuidade do projeto da contracultura, que sobrevive na construção gráfica de sites, nos filmes amadores colocados no YouTube ou simplesmente nos projetos pessoais que circulam pela rede. ‘Não se trata de simples nostalgia dos anos 1960, mas da continuidade de uma cultura que conquistou a liberdade de expressão, permitindo a afirmação de uma ótica subjetiva, independente e avessa a idéias predeterminadas’, diz Beu.


A contracultura, filha do movimento beatnik com o rock e mãe dos alternativos dos anos 1960, produziu exemplos à beça dessa afirmação de independência ideológica, dos escritos de William Burroughs sobre suas experiências com drogas aos filmes experimentais de Jonas Mekas (há, na mostra, um documentário dele sobre Andy Warhol). Seus reflexos incluem o movimento tropicalista brasileiro, encabeçado pelo hoje ministro da Cultura Gilberto Gil, que, em 1969, bradava (na canção Cultura e Civilização, gravada, na época, por Gal Costa): ‘A cultura, a civilização, elas que se danem, eu não.’


Para discutir temas como a experiência antropofágica que levou à criação do tropicalismo, a influência lisérgica nas artes, o advento do multiculturalismo, a rebeldia estradeira dos beats, o papel das minorias e a literatura alternativa, o curador do projeto convidou alguns dos sobreviventes da alucinada experiência dos anos 1960, entre eles o jornalista Luiz Carlos Maciel, uma das vozes mais lúcidas da época, que ainda hoje destaca o papel que tiveram os alternativos na difusão da filosofia oriental e na invenção de uma sociedade paralela, alternativa, em que o dinheiro perde sua importância. Além de Maciel foram convidados romancistas como João Silvério Trevisan, poetas como Roberto Piva e Chacal, o ensaísta Cláudio Willer e mais uma multidão de jornalistas de expressão, entre eles Ana Maria Bahiana e Xico Sá.


Um evento como esse, claro, não seria completo sem música. O grupo suíço Young Gods (ídolos do Chemical Brothers) vai exercitar seus dotes eletrônicos com a cítara de Alberto Marsicano e com o cantor Júpiter Maçã prestando uma homenagem ao beatle George Harrison. Prepare os ouvidos. A programação de maio traz mais surpresas.


Cinema


Rigor, para os alternativos da contracultura sessentista, era sinônimo de ‘rigor mortis’, endurecimento. A transgressão de poetas, pintores, músicos e cineastas não se resumiu à contestação de padrões culturais fixos, mas, antes, proclamou que não existe diferença entre alta e baixa cultura, entre vida e arte, tributo que toda essa geração pagou a Artaud e aos ‘loucos’ que o precederam. O projeto Vida Louca tem vários exemplos desse trânsito insano e intercultural, sendo um dos mais transgressivos o filme Coonskin, retrato do negro na América feito por Ralph Bakshi, criador de Fritz the Cat, o gato mais subversivo da história dos quadrinhos.


Foi especialmente construída para a mostra de cinema – uma seleção de filmes de Lindsay Anderson, Barbet Schroeder, Jodorowsky, Gainsbourg, Terry Gilliam e Cronenberg – uma sala de 80 lugares acolchoados para que os espectadores possam sentir os efeitos lisérgicos da Viagem ao Mundo da Alucinação, o cult de Roger Corman, que mostra uma bad trip de LSD. Além dos filmes, o projeto inclui um pocket show em tributo ao poeta e visionário William Blake.


Serviço


Vida Louca, Vida Intensa – Uma Viagem pela Contracultura. Sesc Pompéia. Rua Clélia, 93, tel. 3871-7700. 3.ª a sáb., 10 às 21h (dom. até 20h). Preço dos shows: R$ 6 a R$ 24. Restante grátis. Até 22/6. Abertura amanhã (convidados) e na quarta (público)’


 


LIVRO
Ubiratan Brasil


O mundo visto pelos mais fracos


‘Os primeiros meses de 1964 foram únicos na carreira do ator, diretor e dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006): em janeiro, estreou O Filho do Cão, peça escrita e interpretada por ele, que a considerava a mais desenvolvida até então em sua carreira – uma opinião peculiar para quem já tinha escrito a clássica Eles Não Usam Black-Tie. No mês seguinte, ele iniciou sua colaboração no jornal Última Hora, produzindo crônicas diárias num total de 46. A última foi publicada no dia 1º de abril, quando o País já respirava ares militares. Com a interrupção da peça, ele e Juca de Oliveira viajaram para a Bolívia, onde passaram três meses.


De volta, Guarnieri continuou com sua produção teatral, O Filho do Cão foi novamente encenada meses depois (sem a sua participação), mas o material publicado na imprensa ganhou o esquecimento. O resgate acontece agora graças ao trabalho do pesquisador Worney Almeida de Souza, que se debruçou sobre os parcos exemplares ainda existentes do Última Hora para reunir os textos em Crônicas 1964, editado pela Palavra Escrita e que será lançado hoje, a partir das 19 horas, na Livraria do Espaço Unibanco de Cinema. Um pouco mais tarde, às 21h30, será exibido o filme Eles Não Usam Black-Tie, de Leon Hirszman.


Guarnieri foi convidado a escrever na Última Hora pelo então diretor do jornal, Jorge da Cunha Lima, que transformou em diário o caderno de cultura. Ao seu lado, figuravam colunistas de prestígio, como Ignácio de Loyola Brandão, Jô Soares e Stanislaw Ponte Preta. Com periodicidade de segunda a sábado, a primeira crônica foi publicada em 4 de fevereiro de 1964 e a última, a 1º de abril.


Com faro de repórter, ele tornou protagonista o mesmo tipo de personagem que figurava em suas peças. ‘Num período de intensa atividade política e criadora, Guarnieri passou a apresentar nas páginas diárias personagens da vida cotidiana dos trabalhadores urbanos, desempregados, sindicalistas, lutadores, desesperados e sufocados pela máquina destruidora da injustiça social’, comenta Worney Almeida de Souza, no prefácio. ‘Também estavam presentes os retratos dos trabalhadores rurais e suas mortais lutas contra latifundiários.’


À medida que a situação política do País se agravava, Guarnieri intensificava sua batalha pelos desprotegidos, com um estilo que aproximava sua escrita da do escritor João Antônio – ele buscava a alma do cidadão de uma determinada faixa social, por meio de inédita recriação da linguagem, que valorizava como nunca a sonoridade das palavras e do fraseado.


Logo na primeira crônica, por exemplo, Primeiro Filho, Guarnieri utiliza, sem afetações, a linguagem simples de um metalúrgico para contar a história do jovem trabalhador que, sem dinheiro para pagar a maternidade, arma um esquema mirabolante para que mulher e menino recém-nascido fujam na madrugada. Assim como esse, ganharam destaque figuras como o engraxate Cem Gramas, o homem-sanduíche Casimiro e outros, habitantes de cortiços e casas de madeiras, mas, sobretudo, sobreviventes.


Guarnieri Fala


‘A idéia era utilizar o espaço no jornal para um esclarecimento político maior.’


‘Era uma loucura! Eu escrevia todo dia, em cinco minutos, e um rapaz vinha retirar o texto para levar para a redação; por isso tive pouco contato com o Otávio, ilustrador da coluna, mas a gente se divertia.’


‘A luta popular como ela se colocava e da forma que estava acontecendo tinha muito de humano, na forma de mostrar os dramas. Eu situava a maioria das crônicas na cidade de São Paulo, falava da Praça Clóvis, da Praça da Sé, do bairro do Jabaquara…’


Serviço


Crônicas de 1964. De Gianfrancesco Guarnieri. Editora Xamã. 208 págs. R$ 30. Livraria do Espaço Unibanco de Cinema. Rua Augusta, 1.475, 3141-2610. Hoje, 19 h’


 


TELEVISÃO
Ubiratan Brasil


Simpsons na mira da censura argentina


‘O deputado argentino Lorenzo Pepe pediu que seja proibida a veiculação pela TV de um episódio do desenho Os Simpsons, em que um dos personagens chama Juan Domingo Perón de ditador. O programa não só alude a Perón (três vezes presidente da Argentina entre 1946 e 1974) como cabeça de uma ditadura militar, como afirma que durante seu governo várias pessoas desapareceram. Não é a primeira vez que Os Simpsons provocam indignação na América do Sul. Em 2002 um episódio do seriado que parodiava o Brasil, mostrando um retrato negativo e estereotipado do País, foi duramente criticado pelas autoridades e pela opinião pública.’


 


 


Keila Jimenez


‘A Escola Base fez escola’


‘Há estréia melhor para um âncora que o olho do furacão de um caso de comoção nacional? Boris Casoy volta à TV hoje, no comando do Jornal da Noite, na Band.


A Band mudou os planos que tinha para você, não é?


Fui contratado para fazer um jornal no começo da tarde, mas, depois, quando o Cabrini (agora na Record) deixou o Jornal da Noite , a Band me chamou para fazer o noticiário de fim de noite. Topei na hora.


O público desse tipo de noticiário é diferente?


É segmentado. Querem saber tudo o que rolou durante o dia e cobram ainda uma atenção especial com assuntos econômicos e políticos, análises, é isso que vamos fazer.


Não é uma coincidência você estrear em ano eleitoral?


( Risos) Não. A idéia é apostarmos mesmo nisso.


Vai comandar debate na Band?


Disseram que vou.


Você fará entrevistas?


Teremos um último bloco aberto para debates, entrevistas, com personalidades . Uma espécie de minitalk-show .


O que acha da cobertura do caso Isabella?


Tenho acompanhado mais pelos jornais, mas acho que a imprensa brasileira não cometeu nenhum abuso ou excesso que a imprensa americana não cometeria em um caso emocionante como esse . Veja o caso Madeleine. Há uma pressão grande.


Mas há excessos?


Claro, mas também há um ponto a favor que foi quando a imprensa puxou o freio de mão e aprendeu que não podia fazer uma acusação direta. Há uma hora em que se perde o controle. A Escola Base fez escola nesse sentido.’


 


 


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