Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Clarissa Oliveira

‘O governo federal bateu com força na questão da inclusão digital em 2004. Diversos projetos fizeram parte dos discursos da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), dos ministérios das Comunicações e da Ciência e Tecnologia e do próprio presidente Lula. No entanto, o ano chegou ao fim sem resultados efetivos para duas das propostas que mais criaram expectativas: o Serviço de Comunicações Digitais (SCD) e o aproveitamento dos recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust).

O SCD nasceu com grandes promessas de levar o acesso à internet em banda larga para escolas, hospitais e instituições públicas. Diversos testes foram feitos durante o ano, com base em tecnologias como o CDMA na freqüência de 450 MHz, o acesso via satélite e até mesmo a internet pela rede elétrica, também conhecida como PLC (Power Line Communications).

Inicialmente, o plano era começar a operação do serviço no quarto trimestre de 2004, prazo que foi ampliado posteriormente para algum momento no início de 2005. Mas até agora o governo sequer escolheu qual dos padrões testados é o mais adequado para o programa.

O Fust, por sua vez, se transformou na grande decepção do ano. O fundo, que corresponde a uma fatia de 1% do faturamento das operadoras de telecomunicações recolhida todo mês, deveria ser integralmente destinado a iniciativas de universalização das telecomunicações. Os cerca de R$ 3 bilhões arrecadados até o final de 2004 seriam usados até para bancar o SCD. Mas, por volta do meio do ano, a Anatel já começava a dizer que apenas parte dessa verba seria aplicada no projeto.

As operadoras não demoraram muito para perceber o problema, e em outubro, ameaçaram depositar o Fust em juízo. O objetivo era deixar claro o descontentamento com os sucessivos bloqueios dos recursos. Em primeiro lugar, o dinheiro ficou parado devido ao conflito das interpretações da lei que criou o fundo. Depois, para gerar superávit primário.

Algumas semanas antes do fim do ano, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação do governo, Luiz Gushiken, comentou o bloqueio dos recursos alegando que o governo enfrentou ‘problemas de contingenciamento’, e ‘precisou olhar o orçamento como um todo’. No mesmo evento, representantes do Ministério das Comunicações já falavam em buscar outra forma de tirar o projeto de inclusão digital do papel, ou seja, ‘fazer o SCD sem o SCD’ – como reiterou na última quinta-feira o ministro interino, Paulo Lustosa.

REAVALIAÇÃO

Apesar do clima de insatisfação, as empresas de tecnologia e telecomunicações interessadas podem se beneficiar da inclusão digital. Na avaliação de alguns executivos, esta poderia até ser uma oportunidade de convencer o governo a rever o regime de exploração do SCD, por exemplo. Segundo o plano inicial, o serviço seria o único prestado em regime público no País, com exceção da telefonia fixa. Outros, como a telefonia móvel, funcionam com base num regime privado.

A Lucent Technologies argumenta há muito tempo que seria possível fazer o SCD sem os recursos do Fust. Para isso, o governo teria apenas de liberar a comercialização de serviços de acesso à internet para as residências e o comércio próximos a escolas e instituições públicas beneficiadas por essa estratégia. Ou seja, as receitas geradas com a exploração comercial sustentariam a oferta de acesso gratuito às áreas incluídas no plano de universalização. Quem acredita nessa possibilidade argumenta que o governo terá de encontrar uma forma de tirar a inclusão digital do papel até o final de 2005, para evitar críticas no período de eleições.

CETICISMO

No fim das contas, o setor inicia um novo ano com a sensação de que a inclusão digital ocorrerá sem alguns de seus pilares iniciais. Algumas empresas dizem que já desistiram há muito tempo do dinheiro arrecadado até agora pelo Fust e pedem um compromisso do governo de aplicar na inclusão digital pelo menos o dinheiro que for arrecadado a partir de agora. A expectativa é de que, em 2005, sejam coletados cerca de R$ 600 milhões.’



Jornal do Brasil

‘Computador e web para quem ficava de fora’, copyright Jornal do Brasil, 29/12/04

‘A aposta é um tiro no escuro. Mas pode abrir muitas portas para quem sempre encontra a maior parte delas fechadas. O Gama, onde cerca de 30% da população não ganha mais que um salário mínimo, foi ontem a primeira de três cidades do DF a receber um centro de inclusão digital com computadores e acesso à internet gratuitos, disponíveis durante toda a semana para uma média – esperada – de 1,7 mil pessoas todos os meses. Hoje, Ceilândia e Samambaia também terão centros inaugurados.

– Demanda por esse serviço ainda não existe. E só com o tempo vamos saber se existirá. Mas, é uma iniciativa boa. Hoje, até para trabalhar em um mercado precisa-se ter um mínimo de familiaridade com um computador. E boa parte dessa população não tem condição de ter um equipamento desse em casa, por conta do custo – comenta Gustavo Ribeiro, secretário de Ação Social do GDF.

Os centros são uma parceria do Banco do Brasil com o governo local e vão funcionar nos Centros de Desenvolvimento Social (CDS) de cada uma das três cidades. Cada unidade contará, a princípio, com dez computadores doados pelo banco e com acesso a Internet custeado pela instituição. O governo fica responsável pela manutenção dos equipamentos e pela contratação de instrutores que ajudarão os usuários que necessitarem de auxílio.

– Queremos estender essa parceria e fazer outras novas. Hoje, temos núcleos como esses funcionando em outros locais, mas só para estudantes. Esses novos centros não têm restrição de uso. São para qualquer um que queira usar, a qualquer hora – afirma o secretário Gustavo Ribeiro.

Hoje, todas as Regiões Administrativas do DF contam com centros de inclusão digital como esse, restritos a jovens de ensino fundamental e médio. Lá, eles têm cursos de introdução à informática com três meses de duração. O projeto atende a cerca de dez mil alunos ao ano. A iniciativa é parceria do GDF com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon). Os centros de inclusão estarão disponíveis para o público a partir de 3 de janeiro.’



INTERNET
Eduardo Graça

‘Internet derruba TV e jornais nos EUA’, copyright Direto da Redação (www.diretodaredacao.com), 27/12/04

‘O ano chega ao fim com uma série de notícias ruins para os que apostavam na diminuição da importância da internet como um meio estratégico no milionário mundo da informação. Em sua pesquisa bianual, o Instituto Gallup acaba de anunciar que a única fonte de notícia que aumentou seu público leitor nos dois últimos anos aqui nos Estados Unidos foi a Internet. O Gallup mostra que as maiores baixas de audiência, neste ano que passou, foram registradas nos canais de televisão regionais e nos jornais locais. É a força das corporações, cada vez mais presentes em um negócio sufocante e comandando pelos mesmos grupos. A mídia eletrônica não escapou do fenômeno. No mesmo momento em que o Gallup informava que 20% da população norte-americana se mantém informada preferencialmente através dos noticiários que inundam a internet (contra 5% em 1995), o tradicional The Washington Post anunciava a compra da revista Slate (www.slate.com), da Microsoft, pioneira no universo on-line, por alguns milhões de dólares.

A família Graham, que também controla a revista semanal Newsweek, está de olho nesta audiência de cerca de 58 milhões de pessoas que diariamente acompanha do computador o que acontece de mais interessante mundo afora. A Slate é uma espécie de prima pop da Salon, sem pretensões intelectualóides, e conta com um interessante grupo de colaboradores, como Franklin Foer, editor da The New Republic e autor do recente ‘How Soccer Explains The World’. Em entrevista para o NoMínimo, Foer, que lançou seu livro pela Harper Collins, braço editorial do grupo de empresas do magnata Rupert Murdoch, regente do império conservador da Fox, me disse em agosto que, cada vez mais, ‘é profissionalmente impossível evitar as grandes corporações. Mais dia, menos dia, todos nós, inclusive você, estaremos trabalhando para elas’.

De acordo com o memorando anunciado pelos manda-chuvas do The Washington Post, Foer pode dormir tranqüilo. Nenhuma mudança editorial será feita na Slate, que acabara de comemorar oito outonos em sua sede em Seattle. A edição segue sob a batuta de Jacob Eisberg e não haverá redução, ao menos inicialmente, no corpo de 30 jornalistas fixos da revista. Desde julho o jornalão da capital tentava abocanhar a Slate, e teve entre seus concorrentes diretos o The New York Times, que chegou a fazer sua proposta – também não-divulgada oficialmente, como a do Post, mas também na casa dos milhões de dólares – para anexar a revista de Bill Gates. Mas os sinais de que o Post viria a abocanhar a revista ficaram claros já em setembro, quando Melinda Gates, a senhora Bill, sentou cadeira no corpo de conselheiros do jornal dos Graham.

A Slate tem uma visitação diária média que varia entre 4,8 e 6 milhões. O site do The Washington Post conta com uma média de 4,5 a 7 milhões de leitores todos os dias. A incorporação da Slate ao catálogo do jornalão pretende incrementar este número nos dois lados do negócio. Detalhe final que o dá que pensar: a Slate nunca deu lucro algum à Microsoft. Pelo contrário, trata-se de negócio deficitário. Seu valor, o tal estimado em milhões de dólares, é medido em prestígio. Não por acaso as ações do Post, negociadas a US$ 26,95 até segunda-feira, hoje valem algo em torno de US$ 960. Um Feliz Natal e bom Ano Novo para todos vocês que, como o colunista, não possui ações do Post. Quem as têm, certamente, já reservou seu pacote de comemorações de fim de ano em algum resort exclusivo no Caribe. Até 2005. (*) Foi repórter do Jornal do Brasil, O Dia, Estado de S. Paulo e Valor Econômico. Em TV, foi editor, roteirista e repórter dos canais Brasil e Multishow. Vive atualmente em New York, de onde colabora para jornais e revistas brasileiros.’



Katie Hafner

‘Progresso dificulta acesso a dados digitais’, copyright Folha de S. Paulo, 29/12/05

‘Nos Estados Unidos, 115 milhões de computadores domésticos estão transbordando de tesouros pessoais: milhões de fotografias, músicas de todos os gêneros, trabalhos acadêmicos, grandes romances americanos e, naturalmente, montanhas de e-mails.

Ninguém imaginou ainda uma forma de preservar esses materiais eletrônicos para a próxima década e muito menos para os próximos séculos. Assim como os e-mails indesejados, o problema do arquivamento digital, que parece ser de simples solução, confunde até mesmo os especialistas.

‘Salvar um arquivo digital por, digamos, cem anos vai exigir muito trabalho’, disse Peter Hite, presidente da Media Management Services, uma empresa de consultoria em Houston. ‘Por outro lado, tirar uma fotografia tradicional e apenas colocá-la em uma caixa de sapatos não dá nenhum trabalho.’ Metade de todas as fotografias já é obtida por meio de câmeras digitais, e a maior parte das imagens nunca sai dos discos rígidos dos computadores pessoais.

O desafio da preservação digital em geral é tão terrível e complexo que a Biblioteca do Congresso dos EUA passou os últimos anos formando comissões e emitindo relatórios sobre o preparo da nação para a preservação digital.

Jim Gallagher, diretor de serviços de tecnologia da informação da Biblioteca do Congresso, disse que a biblioteca, diante de ‘um dilúvio de informações digitais’, embarcou em um projeto multianual e multimilionário, de olho na criação de padrões uniformizados para preservação de material digital, de forma que esse material possa ser lido no futuro, não importando qual equipamento ou software que esteja sendo usado. Presume-se que as máquinas e os formatos de software em uso atualmente vão se tornar obsoletos mais cedo do que tarde.

‘Sob todos os aspectos, é um problema global para os maiores governos, para as maiores corporações e mesmo para as pessoas’, disse Ken Thibodeau, diretor de arquivos de registros eletrônicos na Administração Nacional de Arquivos e Registros.

Enquanto isso, os proprietários de computadores pessoais se debatem na esfera privada. Gavetas de escrivaninhas e armários estão cheios de computadores obsoletos, pilhas de discos Zip e disquetes de 3,5 polegadas e até de discos removíveis de 5,25 polegadas dos anos 1980. Sem apresentar uma solução clara, os especialistas recomendam que as pessoas copiem seu material, esteja ele em vinil, filme ou papel, para CDs e outros formatos de backup.

Ponto fraco

Mas os mecanismos de backup também podem perder sua integridade. Fitas magnéticas, CDs e discos rígidos estão longe de serem robustos. O tempo de vida dos dados em um CD gravado em um gravador caseiro, por exemplo, pode ser de só cinco anos, se ele for exposto a graus extremos de umidade ou temperatura.

E, se um CD for arranhado, disse Hite, ele pode se tornar inútil. Diferentemente, diz ele, de dados esmaecidos, porém legíveis, impressos em papel, o momento em que um arquivo digital se torna corrompido ou começa a se degradar é indecifrável.

‘Estamos acumulando informações digitais mais rápido do que podemos manuseá-las, e mudando para novas plataformas mais rápido do que podemos controlá-las’, disse Jeffrey Rutenbeck, diretor do Programa de Estudos de Mídia da Universidade de Denver.’

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‘Usuário tenta conservar dados’, copyright Folha de S. Paulo, 29/12/05

‘Arquivistas e bibliotecários têm recursos para copiar materiais em outros formatos e a perícia para recuperar dados aprisionados em PCs obsoletos. Mas os internautas comuns raramente estão tão bem equipados. Eles são forçados a inventar suas próprias soluções, a maioria das quais é difícil de aplicar, inconveniente e, decididamente, de baixa tecnologia.

Philip Cohen, diretor de comunicações de uma fundação sem fins lucrativos em San Francisco, é o que os arquivistas chamam de um ‘migrador’ clássico.

Desde que estava na escola primária, Cohen, 33, sempre usou um computador para fazer seus trabalhos escolares e, depois que entrou na universidade, toda a sua correspondência tem sido por e-mail.

Atualmente, os três computadores que Cohen tem em casa estão cheios com milhares de fotos, músicas, videoclipes e correspondência. Ao longo dos anos, Cohen, que nas horas vagas conserta micros, vem continuamente transferindo arquivos importantes para PCs e formatos de armazenamento mais modernos, como CDs e DVDs. ‘Estarei sempre avançando com as coisas que têm significado emocional para mim’, disse.

Cohen afirmou, ainda, que ele notou que alguns de seus CDs, especialmente os regraváveis (RW), já estão começando a se degradar. ‘Há cerca de um ano e meio, eles começaram a se deteriorar e a se tornaram ilegíveis.’’



Último Segundo

‘Último Segundo lança canal Business Press’, copyright Último Segundo (www.ultimosegundo.com.br), 29/12/05

‘Em mais uma iniciativa inédita, o Último Segundo lança, nesta quarta-feira, um novo canal para a divulgação de informações corporativas (clique aqui para conhecer o canal)

O Business Press vai centralizar, através de uma lista sempre atualizada, os releases de companhias de diversas áreas. ‘Entrando no canal, o usuário vai saber tudo o que será divulgado naquele dia pelas principais empresas do Brasil’, diz Andréa Fornes, diretora do US.

‘A idéia é poder disponibilizar informações corporativas dos clientes para um público maior, um público nacional’, afirma Ciro Dias Reis, um dos diretores da Associação Brasileira de Agências de Comunicação (Abracom) e presidente da Imagem Corporativa, uma empresa de assessoria de imprensa que é a primeira parceira do US no projeto.

Reis lembra que, atualmente, o acesso aos serviços que listam o material de divulgação corporativa é restrito aos profissionais de comunicação ou a pessoas previamente credenciadas. ‘Os usuários têm uma senha para acessar sites específicos, então a informação flui setorialmente’, explica ele.

‘A nossa idéia, na parceria, é permitir que essas informações sejam compartilhadas com um número infinito de pessoas. O iG, como a maior via de acesso na internet, é importante neste processo’, acrescenta.

No Business Press os usuários vão ficar por dentro não somente de ações de marketing das companhias, mas também da divulgação de serviços, compromisso com responsabilidade social e preocupações com o meio ambiente, por exemplo.

‘O internauta tem uma curiosidade infinita’, diz Reis. ‘Certamente o novo canal vai aguçar a curiosidade de pessoas ligadas não somente ao universo corporativo, mas também dos curiosos em relação a economia, negócios e empresas’, aposta.’