Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Comunique-se


MÍDIA vs. LULA
Milton Coelho da Graça


Lulinha e Mainardi estrelam novela, 29/11/06


‘O veterano Frederico Vasconcelos escreveu o primeiro capítulo da nova novela política que vai incendiar corações e mentes de governo e oposição, neste final de ano em que vivemos a mesmice de pizzas no Senado e na Câmara, quem vai ser ministro, aumentos monstruosos para caciques do aparelho de Estado, insegurança na terra e no céu etc.


É a volta de uma velha história de dois jovens talentosos – que, por sorte ou azar, não sei bem – são filhos de gente importante, um do presidente da República, outro do ex-prefeito de Campinas Jacó Bittar. Eles criaram uma pequena empresa – Gamecorp – na qual a Telemar viu uma grande idéia e foi logo comprando por 5 milhões de reais 35% do negócio.


Só que agora a história tem ingredientes novos. Os dois rapazes fizeram um acordo com a Rede 21, ligada à Bandeirantes, para a produção de programas na Play TV. A revista Veja publicou reportagem criticando esse acordo e o Zorro da imprensa brasileira, Diogo Mainardi, fez um artigo sobre as atividades empresariais de Fábio Luiz da Silva, o Lulinha.


A Rede 21 não gostou e entrou com um processo contra a Abril, Mainardi e dois repórteres de Veja. E, aí, para demonstrar que seu acordo particular com a Gamecorp não tinha nada de errado, juntou ao processo uma cópia e pediu segredo de Justiça, alegando tratar-se de um acordo comercial de natureza confidencial.


O juiz Regis Rodrigues Bonvicino não concordou. Para ele, negócios entre concessionárias de serviços públicos não podem ser secretos, a lei impõe o princípio da publicidade e abriu o envelope. Vai lá o xereta Frederico e conta tudo que leu, botando no ar o primeiro capítulo da novela.


É possível que a audiência baixe neste fim-de-ano que o crédito consignado certamente tornará farto. Mas nesta quinta, uma porção de novos personagens começou a aparecer. Até a ministra Dilma Roussef deu uma ótima explicação, comparando o acordo Gamecorp-Rede 21 com o arrendamento de espaço na TV para qualquer pastor fazer milagres ou exortar os fiéis e ganhar paz interior com o pagamento do dízimo.


Repito a dica: acompanhem essa novela. Já tem gente parando o Frederico na rua para saber o que vem aí no capítulo de amanhã. E o Zorro Mainardi está gritando em Nova York: Aiô Silver!


(*) Milton Coelho da Graça, 75, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’


Eduardo Ribeiro


O descaso do Governo Lula com os correspondentes estrangeiros, 29/11/06


‘Tive a honra e a alegria de participar, nesta última segunda-feira, 27/11, na Bovespa, em São Paulo, do 4º Encontro com os Correspondentes Estrangeiros, evento que reuniu profissionais de alguns dos mais importantes veículos do mundo para falar de seu dia-a-dia no Brasil. O público presente, cerca de 100 pessoas, era integrado basicamente por profissionais da área de Comunicação Corporativa, incluindo diretores, donos de agências, executivos de atendimento, professores universitários, enfim, um grupo de altíssimo nível profissional.


A pauta, extensa, ocupou o dia todo e os correspondentes, perto de 30, se revezaram falando de temas como ‘A imprensa estrangeira e as perspectivas da cobertura política do Brasil com o novo Governo’, ‘A reputação brasileira no Exterior e a influência dos escândalos políticos nos negócios das empresas que exportam’, ‘Sustentabilidade, Responsabilidade Social e Terceiro Setor: como o Brasil é visto lá fora’.


Queríamos exatamente ter uma idéia mais precisa do olhar estrangeiro sobre o Brasil do primeiro mandato do presidente Lula e este novo que se aproxima.


Participei diretamente da organização do evento, pela Mega Brasil, empresa que dirijo, ao lado da Associação dos Correspondentes Estrangeiros – ACE-SP, presidida pela jornalista peruana Verónica Goyzueta, que vem a ser correspondente no Brasil do jornal espanhol ABC.


Participar de um evento dessa natureza, mais do que uma oportunidade, é um privilégio. Ter, de uma só vez, correspondentes de 30, 40, 50 veículos dos cinco continentes, é coisa que não acontece todo dia. E esse era o caso, neste Encontro.


André Singer, porta-voz do Governo Lula, foi convidado a participar do evento. Como Lula passou esses quatro primeiros anos praticamente sem falar com a imprensa nacional e estrangeira – não concedeu uma única entrevista coletiva, apesar dos insistentes pedidos -, a idéia era atrair para o Encontro o seu porta-voz e com ele construir uma ponte, tendo em vista as declarações do próprio presidente de que abriria mais espaço em sua agenda para conversar com os jornalistas.


Singer, de forma deselegante (o que não é do seu feitio), sequer respondeu o convite, conforme informou Verónica Goyzueta ao plenário lotado, para espanto dos presentes. Vários correspondentes confirmaram, em seguida, que falar com o presidente e com outras autoridades do Governo Lula tem sido missão quase impossível. Acesso a informações, isso sim é uma coisa que até existe e que eles consideram positiva, mas o contato direto com o alto escalão do Governo Lula simplesmente não existe.


Uma correspondente brasileira que reside no Exterior e que esteve presente ao evento por estar de passagem pelo País chegou a brincar com o tema: ‘Se vocês quiserem eu ajudo a agendar um encontro como esse lá na Suíça, onde moro, e tenho certeza que vocês serão recebidos sem qualquer burocracia pelo primeiríssimo escalão do Governo suíço’. Foi uma gargalhada geral.


É uma pena, porque certamente esse Governo e o próprio presidente Lula devem ter muita coisa para contar e os correspondentes têm muito interesse em ouvir. E para ser bem sincero, por tudo aquilo que vimos nesse evento, os jornalistas estrangeiros estão muito mais interessados nos aspectos econômicos, sociais e ambientais do Brasil do que propriamente nas questões políticas e nos escândalos de corrupção. Como o Brasil e todo o continente latino-americano são vistos lá fora como países historicamente corruptos, esse é um tema tão batido e desinteressante que rende poucas pautas. Eles estão muito mais preocupados em conferir índices econômicos, esmiuçar os ganhos sociais de programas como o Fome Zero, ver o que efetivamente tem sido feito na proteção do meio ambiente no País e outros temas de interesse mais geral, do que em mensalão, sanguessugas e coisas do gênero, que sequer tradução têm. Além, obviamente, dos temas clássicos, como futebol, carnaval, miséria, prostituição etc, que são, para o bem e para o mal, ícones do Brasil lá fora.


Se o atual Governo fosse um pouco mais sensível, poderia dar sua contribuição para mudar esse quadro. Ao ignorar esses mais de 300 profissionais que estão no Brasil garimpando informações para divulgar o País lá fora e que são decisivos para formar a imagem do País no Exterior, o Governo peca por omissão, para não dizer por arrogância.


Interessante é notar que existe, na Comunicação da Presidência da República, uma área encarregada exatamente do relacionamento com a imprensa internacional. Pura ficção!


(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’


DIPLOMA EM DEBATE
Bia Moraes


SJPPR divulga manifesto contra precários, 1/12/06


‘A diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná, sediado em Curitiba, mantém a luta em defesa do diploma. Depois da nova polêmica criada com a recente decisão do ministro Gilmar Galvão, do Superior Tribunal Federal (STF), permitindo provisoriamente o exercício da profissão sem a obrigatoriedade do curso superior – até que saia a decisão judicial final sobre o caso – o Sindijor-PR promoveu diversas ações para levar a questão a público e mobilizar a sociedade.


Nesta terça-feira (28/11) à tarde, durante sessão plenária na Assembléia Legislativa, a diretora de Fiscalização do Exercício Profissional do Sindijor-PR, Thirsá Tirapelle, leu o manifesto do Sindijor-PR em defesa da formação universitária específica para o exercício da profissão.


Na quarta-feira (29/11), foi a vez da presidente do sindicato paranaense, Aniela Almeida, ir à Câmara Municipal com o mesmo objetivo: mostrar a posição do Sindijor-PR, contra a medida cautelar do STF permitindo o exercício do jornalismo por precários, e levar o caso para conhecimento de políticos, parlamentares e opinião pública em geral.


Aniela conta que os vereadores fizeram muitas perguntas e a visita foi uma boa oportunidade para esclarecer dúvidas. ‘Há muitos radialistas entre eles’, comenta a presidente do sindicato.


Moção de solidariedade


Na Câmara municipal de Curitiba, os vereadores aprovaram uma moção – proposta pelo vereador Jorge Bernardi (PDT), que é jornalista – de solidariedade à luta da Fenaj, dos Sindicatos de Jornalistas e do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo pela defesa da exigência de formação superior específica para o exercício da profissão de Jornalista e de apelo para revisão da liminar do STF.


Na moção, os vereadores consideram que a liminar coloca ‘em risco a formação e existência de uma imprensa livre, comprometida com os valores éticos, baseada nos princípios fundamentais da cidadania e com a formação imparcial e preparo’.


Registros


De acordo com a presidente do Sindijor-PR, foi feita também uma consulta, pelo sindicato, junto à DRT, para saber se há pessoas procurando fazer o registro precário de jornalista após a decisão judicial recente. Mas, de acordo com Aniela, o Ministério do Trabalho ainda não elaborou portaria definindo como será o procedimento caso hajam pedidos para novos registros precários.


‘O entendimento do sindicato é de que esta decisão do ministro Gilmar Mendes se aplica somente para quem obteve o registro precário após a decisão da juíza Carla Rister, em 2001, até que essa liminar fosse derrubada’, explica Aniela Almeida. ‘Para nós, esta nova decisão foi tomada para não prejudicar essa leva anterior, e não deve abrir a possibilidade para novos precários’.


Os atos públicos do sindicato do Paraná tinham iniciado já na sexta-feira anterior (24/11), quando Aniela Almeida leu o manifesto durante a abertura do 2.º Encontro de Professores de Jornalismo do Paraná, na faculdade Unicenp – evento que teve o apoio do sindicato.


No mesmo dia, o deputado federal Doutor Rosinha (PT-PR) se posicionou, no Plenário da Câmara Federal, em Brasília, contra a decisão liminar do STF.


‘A luta em defesa da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa e por um jornalismo ético, qualificado e ciente de suas responsabilidades sociais não está em pauta em nenhuma das ações judiciais que contestam o diploma de jornalista’, afirmou o parlamentar.


A partir de agora, de acordo com a presidente do Sindijor-PR, a entidade, junto com a Fenaj, buscará apoio junto a outras instituições na defesa pela obrigatoriedade do diploma para jornalistas. A OAB deve ser a próxima entidade a ser contatada, informa Aniela.


A seguir, o manifesto do Sindijor-PR na íntegra:


Após 60 anos de regulamentação profissional e 80 anos de lutas pela formação superior em Jornalismo, os jornalistas brasileiros, há cinco anos vêm se debatendo, com a clara ameaça do fim de qualquer exigência legal para o exercício regular da profissão.


Os jornais em 2001 estamparam a notícia da decisão tomada pela juíza substituta Carla Rister, da 16ª vara Cível da Justiça Federal de São Paulo, contrária à obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo profissional. A juíza alegava que a exigência do diploma feriria o princípio constitucional do direito de livre expressão.


O entendimento defendido pela juíza é de que o Decreto-Lei 971/69 ‘poderia causar dano irreparável àqueles que exercem a profissão de jornalista sem o registro no Ministério do Trabalho’. Ou seja, os clandestinos, os que trabalhavam fora da Lei! A ilustre juíza parece ter esquecido o que determina o artigo 5.º da Constituição Federal de 1988, no inciso XIII, que versa sobre o livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde que atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.


Ora, o decreto-lei 972/69 é a lei que regulamenta o exercício da profissão de jornalista, e o seu texto não viola, não colide e nem contraria qualquer texto da nossa Constituição. Logo, qualquer pessoa talentosa que queira ingressar no Jornalismo profissional, pela Lei deveria fazer o curso de Jornalismo.


É realmente preocupante que existam condições para que uma sentença judicial – eivada de insensatez e de inconstitucionalidade – emitida por uma Corte de São Paulo, passe a vigorar em todo o País, como ocorreu em 2001. Temos certeza que, por insensata e inconstitucional, a sentença que suspendeu a obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para obtenção do registro profissional já deveria ter caído em definitivo, não persistindo essa incoerência jurídica que permite – por incrível que pareça – que uma sentença de primeira instância tenha aplicação em todo o Brasil.


A incoerência do Judiciário permanece até na instância final do processo que discute a obrigatoriedade ou não diploma para jornalistas. Há duas semanas o ministro Gilmar Mendes, do STF, deferiu medida cautelar que mantém a validade dos registros precários conseguidos enquanto a decisão da juíza Carla Rister vigorava. Uma vez mais, a categoria acabou vilipendiada. São mais de 100 mil jornalistas profissionais trabalhando no País, regulamentados e tendo cursado os quatro anos de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo.


Mas não se trata apenas da questão de sobrevivência profissional. A responsabilidade do jornalista como autor e a subordinação do profissional a um código deontológico constituem as únicas garantias da sociedade de receber informação eticamente correta e de poder também se expressar. Jornalistas do mundo inteiro, de países ricos ou pobres, de países mais ou menos democráticos, trabalham para levar a sociedade um bem precioso: a informação.


Nesta tarefa – que a cada dia ganha mais importância e cria mais influência no metabolismo social -, a atividade profissional do jornalista produz interpretação da realidade, atua sobre intenções, vontades, comportamentos e valores. Em cada sociedade, os jornalistas ajudam a produzir cultura, a constituir ou desconstituir movimentos coletivos, a legitimar ou questionar as relações de poder estabelecidas, são, portanto, profissionais que cumprem uma relevante função social.


Não podemos permitir que no Brasil ou em qualquer outro país do mundo um movimento dos grandes conglomerados de mídia tente desregulamentar a atividade profissional de jornalista. Meios de comunicação precisam ser entendidos como prestadores de serviço público. Não podem estar à mercê unicamente do lucro e subordinados a interesses contrários à soberania nacional.


Assim, consciente da necessidade da formação específica para o exercício da profissão e entendendo que a defesa da obrigatoriedade do diploma está longe de ser uma questão meramente corporativa, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná convoca a sociedade para aderir à nova fase da campanha nacional em defesa do diploma.


A orientação é que os profissionais, professores, estudantes de Jornalismo e cidadãos brasileiros enviem mensagens aos ministros do STF protestando contra a decisão do ministro Gilmar Mendes e já reivindicando a revogação da ação cautelar. Se não for revogada, a decisão tem validade até o julgamento final do mérito da questão no STF, e a sessão plenária ainda não tem data definida para acontecer.


Os endereços dos ministros que integram a Segunda Turma do STF – para o envio das mensagens – e a sugestão de texto podem ser encontrados na página do Sindijor-PR (www.sindijorpr.org.br) ou no site da Fenaj (www.fenaj.org.br).


Esta é uma nova etapa da luta dos jornalistas brasileiros pela valorização da profissão e do Jornalismo, mas depende do empenho de todo cidadão comprometido com uma imprensa ética. A intenção é assegurar a vitória final no julgamento do mérito da ação principal e vencer esta última batalha, é garantir que toda a sociedade saia também vitoriosa desta guerra.’


CARTA CAPITAL
Comunique-se


Revista Carta Capital circula com capa diferenciada no Nordeste e no DF, 28/11/06


‘Em sua edição número 422, a revista de Mino Carta será distribuída com uma matéria de capa para a região Nordeste e para Brasília e outra para o restante do país. Enquanto a edição nacional versará sobre os destaques e os avanços femininos na sociedade brasileira, a outra versão abordará a mudança de poder político na Bahia, onde o grupo de Antônio Carlos Magalhães perdeu o governo para Jaques Wagner (PT) nestas eleições.


‘É uma forma da gente respeitar a regionalização da informação’, afirma Roberto Almeida, diretor executivo da revista. Segundo ele, não existe uma expectativa em relação a um aumento do número de vendas da CartaCapital devido à estratégia, mas sim um reforço de sua marca . ‘Queremos que a Carta seja cada vez mais reconhecida como uma revista que aponta os fatos relevantes’, garantiu Almeida.


‘Não é que as questões femininas não sejam relevantes, mas o colapso do Carlismo é tão ou mais’, afirmou Almeida. Sobre os motivos que levaram a revista a oferecer a mesma capa para o Nordeste e para Brasília, o diretor afirma que não são todas as pautas sobre política que são automaticamente relacionadas a capital federal, mas que ‘falar de ACM e não falar de Brasília é complicado. O peso do assunto repercute muito lá. Não necessariamente o peso da política, é mais uma analise do épico Antonio Carlos Magalhães e como funcionam as relações com o partido’, concluiu.


A regionalização dos temas da edição atual ‘é uma forma de dizer ao mercado que estamos de olho nos interesses locais. A gente percebeu uma relevância muito grande dos dois assuntos e é um truque gráfico oferecer o mesmo conteúdo com duas chamadas segmentadas’, admite o diretor. A CartaCapital é uma revista com baixa penetração no interior do país, sendo que apenas as praças de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador respondem por 70% da circulação da revista.’


ESCALA vs. AMAURY JR.
Tiago Cordeiro


Editora Escala contesta jornalista Amaury Jr., 30/11/06


‘A Editora Escala divulgou comunicado nesta quinta-feira (30/11) informando que as revistas Flash-Viagem, Flash-Casa e Flash-Noiva continuarão a circular, apesar da saída do jornalista e apresentador Amaury Jr. Na semana passada, o jornalista enviou comunicado onde afirmava que ‘O título ‘Flash’, nessa circunstância, deve ser extinto e descontinuado, conforme estabelece o contrato’.


‘A revista Flash e suas satélites prosseguem com o mesmo excelente desempenho que demonstraram desde o início e que só vem crescendo, graças ao trabalho ético e cuidadoso feito por um quadro de profissionais competentes, colaboradores de renome e a parceria de empresas anunciantes que viram nesses veículos uma boa oportunidade para ampliar seus negócios através da divulgação de seus produtos’, assegura o anúncio da editora.


O texto lembra ainda que as revistas satélites sempre tiveram redações e núcleos comerciais em lugares diferentes e que estes jamais contaram com o trabalho do jornalista em sua concepção ou direção executiva. A editora garante que a revista Flash continuará agora com André Jalonetsky como diretor editorial e comercial. O departamento comercial também deve ser reestruturado. Segundo a assessoria da editora, isso significa que a relação com agências e anunciantes deve ser apresentada de uma melhor forma.


‘Em sua nova fase, ela terá condições de oferecer uma resposta mais adequada ao público consumidor, algo sempre tão desejado até esse momento’, declarou Hercílio de Lourenzi, presidente da Editora Escala, no anúncio.


Sobre o rompimento com Amaury Jr., assessoria da editora afirmou que as mudanças editoriais ocorreram paulatinamente. ‘É uma questão de mercado de revistas do mesmo segmento. Nenhuma revista hoje do segmento tem o projeto que tinha quando começou’, explicou a assessoria.


Procurado pelo Comunique-se, Amaury Jr. não foi encontrado até o fechamento desta matéria.’


RADIOJORNALISMO
Carlos Chaparro


Na volta ao rádio, um Joelmir ainda melhor, 1/12/06


‘O XIS DA QUESTÃO – Joelmir Beting retomou o seu espaço no ‘Jornal Gente’, da Rádio Bandeirantes. Tenho-o ouvido. E garanto: está melhor do que antes, talvez porque as veredas e encruzilhadas da caminhada profissional lhe ensinaram a domar as tentações de exagerar nos brilharetos da forma. Melhorou, até, o criativo senso de humor com que, tradicionalmente, reveste o agir crítico do seu trabalho.


É hora de saudar a volta plena de Joelmir Beting ao rádio, com a sua recente (re)incorporação à equipe do ‘Jornal Gente’, na Rádio Bandeirantes. Sou ouvinte do programa há quase 30 anos. Ou seja, desde que surgiu 1978, ano em que se foi o guerreiro Vicente Leporace, criador e apresentador do inesquecível ‘Trabuco’, do qual também fui ouvinte fiel.


O ‘Jornal Gente’ surgiu para ocupar o vazio deixado pelo ‘Trabuco’, logo ap´pos a morte de Leporace. Um desafio e tanto, confiado desde o início ao trio formado por José Paulo de Andrade, Salomão Esper e Joelmir Beting.


Depois da fase inicial de inevitáveis titubeios, o ‘Jornal Gente’ encontrou rumo e prumo, na proposta de apresentar ao ouvinte uma releitura crítica, debatida, das notícias do dia. Criou-se um outro estilo, com outras vozes, outros jeitos de pensar e fazer a crítica da atualidade. E o programa afirmou-se definitivamente como espaço de referência no rádiojornalismo graças, em boa parte, à participação de Joelmir Beting, com o seu jeito pedagógico de lidar com a aridez petulante da informação econômica.


Na linguagem radiofônica, mais do que na linguagem escrita, na magia do rádio mais do que na frieza dos jornais, o estilo alegórico de Joelmir Beting seduz interlocutores. Nos tons e entonações da vivacidade radiofônica, bem mais do que nas monotonias do texto impresso, cresce a arte de embalar números e índices em levezas narrativas da analogia, da metáfora, da figuração. Artes de um jornalismo – o jornalismo praticado por Joelmir Beting – em que os encantos da forma jamais serviram para fraudar informações ou esconder pontos de vista. Ao contrário: nas razões de Joelmir, como nas razões de quem faz questão de o ouvir ou ler, o essencial está na riqueza informativa, na precisão dos dados e fatos, na relevância das avaliações, na clareza dos raciocínios.


No tempo em que lá esteve, até ir para a Globo em 1985, Joelmir Beting deu ao ‘Jornal Gente’ o recheio diferenciado da informação precisa e oportuna, da crítica fundamentada, da opinião sustentada, da elucidação inteligente, sem doutrinação.


Esse Joelmir fazia falta ao rádio. Assim como acredito que o rádio lhe fazia falta. É certo que já havia voltado, na própria Bandeirantes, mas em intervenções ligeiras, fragmentadas, espalhadas como tempero utilitário, em momentos soltos da programação. A volta plena, de verdade, se deu agora, há cerca de um mês, na retomada de um espaço próprio, no ‘Jornal Gente’.


Tenho-o ouvido. E garanto: o bom Joelmir está melhor do que antes. Talvez porque as veredas e encruzilhadas da caminhada profissional lhe ensinaram a domar, entre outras, as tentações de exagerar nos brilharetos da forma, que jamais devem servir para ofuscar conteúdos. Melhorou, até, o criativo senso de humor com que, tradicionalmente, reveste o agir crítico do seu trabalho.


Aos 70 anos (que festejará no próximo dia 21), e com todas as discordâncias que possamos ter em relação às suas idéias e escolhas, Joelmir Beting é um diamante do jornalismo brasileiro. Lapidado pelo tempo vivido e pela arte de viver.


(*) Carlos Chaparro é português naturalizado brasileiro e iniciou sua carreira de jornalista em Lisboa. Chegou ao Brasil em 1961 e trabalhou como repórter, editor e articulista em vários jornais e revistas de grande circulação, entre eles Jornal do Commercio (Recife), Diário de Pernambuco, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, Diário Popular e revistas Visão e Mundo Econômico. Ganhou quatro prêmios Esso. Também trabalhou com comunicação empresarial e institucional. Em 1982, formou-se em Jornalismo pela Escola de Comunicação de Artes, da USP. Também pela universidade ele concluiu o mestrado em 1987, o doutorado em 1993 e a livre-docência em 1997. Como professor associado, aposentou-se em 1991. É autor de três livros: ‘Pragmática do Jornalismo’ (São Paulo, Summus, 1994), ‘Sotaques d’aquém e d’além-mar – Percursos e gêneros do jornalismo português e brasileiro’ (Santarém, Portugal, Jortejo, 1998) e ‘Linguagem dos Conflitos’ (Coimbra, Minerva Coimbra, 2001). O jornalista participou de dois outros livros sobre jornalismo, além de vários artigos (alguns deles sobre divulgação científica pelo jornalismo), difundidos em revistas científicas, brasileiras e internacionais.’


WEBJORNALISMO
Gilberto Martins


Os conceitos de jornalismo e de imprensa na Web, 1/12/06


‘Tema que sempre rendeu acaloradas discussões, a delimitação do campo da atividade jornalística, seja por via de definição conceitual, seja por meio de estipulação de requisitos, tem novo capítulo: a sucessão acelerada de casos judiciais em que tem sido aplicada a Lei de Imprensa a sites na Internet.


Será todo e qualquer site na Internet um veículo de imprensa? Quais os limites entre a postagem de conteúdo na Internet e a atividade jornalística?


Segundo a Lei de Imprensa, ‘São empresas jornalísticas, para os fins da presente Lei, aquelas que editarem jornais, revistas ou outros periódicos. Equiparam-se às empresas jornalísticas, para fins de responsabilidade civil e penal, aquelas que explorarem serviços de radiodifusão e televisão, agenciamento de notícias, e as empresas cinematográficas.’ Portanto, nem toda empresa é jornalística.


Talvez uma das causas da confusão seja o fato de que a Lei da Imprensa não trata só de imprensa, ela trata também, conforme diz a sua ementa (resumo oficial), de ‘liberdade de manifestação do pensamento e de informação’, em geral.


A ‘banalização’ dos conceitos de jornalismo e imprensa, em tese, é algo que não interessa a qualquer pessoa ou empresa, de boa fé. E não parece ser o que ocorre em outros setores. Veja-se: na medicina, todos podem se auto-medicar, mas a responsabilidade profissional por atividades médicas é do médico; no futebol, todo torcedor pode ser em potencial um técnico da Seleção Brasileira mas o papel de técnico cabe somente a este último. Analogamente, em matéria de conteúdo informativo, todos podem se comunicar com outros noticiando, informando, e pesquisando, mas circular tal conteúdo, profissionalmente, com responsabilidade editorial, etc. deve caber aos jornalistas e empresas de jornalismo.


Vale lembrar que existem diversos remédios jurídicos para a punição de abusos na comunicação pública (como, por exemplo, os ilícitos tipificados como calúnia, injúria ou difamação), e dentre eles se destaca a figura da responsabilidade civil, prevista no novo Código Civil (‘Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito’; e ‘Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes’).


Tais soluções podem dar conta, suficientemente, da maioria dos casos que têm ocorrido na Internet, dispensando que se apele para o ‘empréstimo’ – no mais das vezes, indevido – da Lei de Imprensa na parte em que ela trata de jornalismo.


Advogado, formado pela PUC-Rio, já foi gerente jurídico da IBM e atua em direito da informática há 20 anos. É professor de Direito da Informática na PUC/RJ, desde 1996, e na FGV e consultor de entidades federais e regionais representativas do setor de Informática (FENAINFO, ASSESPRO, ABES e SEPRORJ). Colabora, como colunista, nas revistas Security Review e Webdesign e, em 2006, venceu o prêmio de Melhor Contribuição do Setor Privado, concedido pela seção brasileira da International Systems Security Association por seus trabalhos como professor, colunista e palestrante. É Co-autor do projeto de lei de crimes de informática, em fase final de aprovação no Congresso.’


Bruno Rodrigues


Caça cega às notícias, 30/11/06


‘Você chega ao hotel, vai até o saguão e solicita um quarto. ‘Com banheiro?’, pergunta o atendente. ‘Estranho’, você pensa, mas vá lá.


No quarto, cansado da viagem, você procura o armário. Não há armário. ‘O senhor não pediu um quarto com armário…’, explica o gerente. ‘Tudo bem, eu quero um quarto com banheiro e armário!’, você detalha, já percebendo as peculiaridades do hotel.


Quarto novo, banheiro no lugar, armário na parede, ainda no escuro você se joga na cama. E cai de cara no chão, levando um tombo daqueles.


Isso não acontece apenas em um hotel. Você já deve ter passado por uma situação semelhante em algum site de uma grande empresa na web.


Imagine que você está procurando, por exemplo, informações recentes – e ‘quentes’ – sobre a empresa.


Neste site, como em milhares de outros, existem várias entradas onde você pode encontrar informações. Há sempre um item ‘Últimas’ e links para informativos da empresa. Normalmente são três ou quatro opções de entrada. Você tenta a primeira opção, e acha toneladas de material recente – mas não ‘quente’. Tentativa dois, uma matéria ‘quente’ – mas não recente. A ponto de desistir, você tenta uma terceira entrada, e encontra uma informação… recente e ‘quente’! ‘Meu Deus, por que não está tudo em um mesmo lugar?’.


Parabéns! Você é mais um integrante de um extenso grupo de usuários acostumados (seja por motivo profissional ou casual) a procurar informações em sites empresariais, mas que não agüentam mais tatear no escuro. Há solução? Claro que sim!


Para entendê-la, afaste todo o glamour da internet e observe o que fica: um imenso, incomensurável banco de dados, que é, de fato, qualquer site web.


Em outras palavras, a maioria dos usuários acessa a Rede para encontrar uma informação determinada – e faz parte do jogo encontrá-la rapidamente. Por isso, não há sentido em criar duas, três entradas para encontrar, por exemplo, as informações mais recentes sobre uma empresa. Basta uma entrada.


É como uma ‘agência de notícias’ online, onde o interessado encontra material fresquinho sobre a companhia – e aí cabe todo o material jornalístico interno, toda a produção da assessoria de imprensa etc.


E para onde vão as versões online de revistas, jornais, informativos?


Como entrada, eles desaparecem, deixam de ser como mais uma porta para se transformarem em um dos quartos. Agora, um detalhe: nada impede que estes materiais continuem a ser acessados por entradas específicas.


O importante é que a entrada principal seja a ‘agência de notícias’!


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Sugestão para este final de semana: ler dois dos textos mais recentes desta coluna, ‘Uma nova visão do jornalismo online’ e ‘Nem tudo é de todos’. Eles são um bom complemento para o que você acabou de ler. Até semana que vem!


(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’. Ministra treinamentos e presta consultoria em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em seis anos, seus cursos formaram 1.200 alunos. Desde 1997, é coordenador da equipe de informação do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, com 4.000 páginas em português e versões em inglês e espanhol e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’ (Editora Objetiva, 2001), há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’


JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu


Professor de jornalismo, 30/11/06


‘eles vêm de longe


para uma longa infame


sangüenta permanência


(Talis Andrade in Sertões de Dentro e de Fora)


Professor de jornalismo


O considerado Ageu Vieira, que andava mais sumido do que o deputado (derrotado) Luís Eduardo Greenhalgh, voltou ao regaço desta coluna com e-mail cujo remetente é o professor Emannoel Lourenço, do curso de Jornalismo da Unoesc, em Santa Catarina. Arremeteu o indigitado mestre:


Pesquisa avalia a reincersão social do adolescente infrator por meio da liberdade assistida.


Perplexo, Ageu exalou:


O homem conseguiu escrever ‘REINCERSÃO’ na manchete do release da universidade! Isso é de doer…


Janistraquis acha que se deve repetir ad nauseam a seguinte revelassão, ou melhor, revelação: o homem é professor de jornalismo, jornalismo, jornalismo, jornalismo, jornal…


Circula na internet


‘O que atrapalha o governo não é a incompetência do PT para fazer a coisa certa; é a falta de competência para fazer a coisa errada.’


(José Edson Barbosa, delegado de polícia, lembrando o humorista Jésus Rocha.)


Revanchismo


O considerado Francisco Caldas de Andrade, de Porto Alegre, envia matéria da Folha de S. Paulo cujo teor ele considera ‘o supra-sumo do revanchismo’. Sob o título União faz campanha para recadastrar todas as armas de fogo do país, lia-se:


O governo federal inicia nesta semana uma campanha nacional para promover o recadastramento de todas as armas de fogo existentes no país. O procedimento é obrigatório e deve ser feito até 2 de julho.


Andrade, legalmente dono de uma arma, como tantos e tantos cidadãos respeitáveis deste país de m…, ficou revoltado com a atitude autoritária de nítida inspiração fascista:


‘Os cretinos prometem criar uma impossível maratona para se ir atrás de exames e documentos dos mais variados órgãos da burocracia oficial, com o único intuito de transformar em criminosos todos os que algum dia compraram arma para defender sua casa. Isso tudo porque a nação derrotou esses obscurantistas naquele malfadado plebiscito!’


É verdade, Andrade, é verdade; querem melar o plebiscito. Enquanto isso, o ‘país de todos’ fica cada vez mais nas mãos de alguns.


Talis Andrade


No início deste poético serviço ao leitor, o poema O Desembarque dos Marines teve um terceto epigrafado; agora, a íntegra do belo poema abriga-se nas páginas do Blogstraquis.


Record X Globo


Deu no sempre bem informado site do Meio&Mensagem:


Titanic dá segundo lugar à Record na Grande SP


Emissora troca Brasileirão por filme de 1997 já exibido pela Globo e obtém 15 pontos na média do Ibope; nos três domingos anteriores, quando exibiu futebol, emissora de Edir Macedo obteve média de apenas seis pontos.


Janistraquis exultou:


‘Isso é pra baixar a crista da Globo, considerado! A partir de agora, em vez do futebol ao vivo, basta à Record reprisar Titanic que a audiência é tiro e queda. E, se o telespectador enjoar dessa tragédia, a emissora arranja outra…’


Pão Fome Zero


O considerado José Guilherme Vasconcelos, de São Paulo, garante que descobriu o primeiro jornal brasileiro inteiramente afinado com o programa Fome Zero; trata-se do diário Agora, em cujas páginas ele leu o seguinte texto, enfornado sob o título Comprar pães quentes por peso sai mais caro para consumidor:


O pão francês quentinho custa mais que o pão frio. Recém-saído do forno, o pãozinho é mais pesado e sai mais caro para o consumidor, já que agora está sendo vendido por quilo. Na compra de dez pães, por exemplo, com preço do quilo a R$ 6, o cliente da padaria pode economizar até R$ 0,09 esperando 45 minutos para levar.


Janistraquis entusiasmou-se:


‘Considerado, é claro que vale a pena enfrentar longas filas à porta das padarias para esperar o pão esfriar e assim fazer-se uma economia de nove centavos em 45 minutos, né não?’


(Leia no Blogstraquis a íntegra da matéria do Agora e aprenda a pechinchar com classe e discrição.)


Nexo causal


O considerado Maurício Pessoa despachou de Belo Horizonte:


No domingo, sem ter o que fazer (o glorioso galo comemorou no sábado um título que o Cruzeiro jamais terá), fui ler o portal da Globo. Lá estava o titulão: Um em cada três brasileiros vive em favela e número cresce. Abaixo, explicando a manchete: Estudo do IBGE mostra que investimentos na área da habitação estão caindo, apesar do aumento do número de favelados. Ora, ora… como diria o ínclito ministro Márcio Thomaz Bastos, onde está o nexo causal? Saudações atleticanas.


É mesmo, Pessoa, onde diabo estará o nexo causal?!?!?! ‘Esse apesar merece todo o pesar’, diz Janistraquis.


Salário atrasado


Deu aqui mesmo neste valoroso portal:


Jornal Tribuna do Brasil atrasa pagamentos de ex-funcionários no DF


A Tribuna do Brasil, jornal do Distrito Federal, ainda não pagou os salários referentes a setembro e as indenizações trabalhistas de 67 funcionários demitidos no começo de outubro.


Janistraquis examinou o material e comentou:


‘Oxente, considerado, se é visto como ‘normal’ uma empresa jornalística atrasar salários dos funcionários admitidos, que dirá então dos demitidos?!?!’


Consoada


O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no DF, quase sempre molestada pelo mau cheiro que bafeja do Palácio do Planalto, pois Roldão resolveu espairecer e assestou os sentidos para a seção de gastronomia do Jornal da Comunidade, de Brasília, cujo título despertou-lhe o paladar e o olfato: Chegou a hora de abastecer a adega.


A matéria ensinava a harmonização de vinhos com as comidas natalinas e Roldão implicou com o seguinte trecho:


(…) Mas se a pedida da noite for o lombo de bacalhau, um hábito que foi incorporado pelos portugueses, que o comem na noite de natal na ‘consoada’ (prato preparado com postas de bacalhau fresco, batatas, ovos, azeitonas pretas e verduras cozidas), um vinho malbec de boa linhagem é uma sugestão viável.


Mestre Roldão, veterano de tantas libações natalinas, protestou, coberto de razão:


Estamos perdendo nosso idioma: a consoada é a própria ceia de Natal e não um prato de bacalhau!


Nota dez


Sob o título Bom de conversa, ruim de serviço o considerado Augusto Nunes escreveu em sua coluna do Jornal do Brasil:


A ‘grande figura humana’ é uma das mais interessantes versões do homem brasileiro (…) ‘É uma grande figura humana’, diz-se do jornalista que melhora o pior botequim e piora a melhor redação (…) ‘É uma grande figura humana’, dizem de Waldir Pires desde 1964, quando se tornou consultor-geral da República no governo João Goulart.


Leia no Blogstraquis a íntegra do texto que revela as qualidades deste que Janistraquis avalia como das mais trelentes figuras deste país.


Errei, sim!


‘MILAGRE DOS PEIXES – Em caudalosa matéria sobre a exploração secular da Amazônia, o Estadão denunciou: ‘De acordo com o escritor José Veríssimo, de 1885 a 1893 foram retirados dos rios da Amazônia 11.540.302 quilos de pirarucu; 2.499.720 quilos de peixes salgados e secos; 111.176 quilos de manteiga de tartaruga’. Perplexo, Janistraquis me cutucou: ‘Considerado, este é o verdadeiro milagre dos peixes; o pescador botava o anzol e subia o bichinho já seco e salgado!’.


— Sem contar a manteiga de tartaruga!, completei.


— Sem contar a manteiga de tartaruga!, repetiu meu secretário, já de caneta em punho para escrever ao Ibama.’(junho de 1992)


Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP) ou moacir.japiassu@bol.com.br).


(*) Paraibano, 64 anos de idade e 44 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu oito livros, dos quais três romances.’


CRÔNICA
José Paulo Lanyi


Quantos Maomés você conhece?, 28/11/06


‘Sabe aquele papo de que virginiano é chato, detalhista, alguém que não suporta ver as coisas fora do lugar? Como bom ariano, sou um sujeito diferente, despojado, por vezes caótico e desorganizado. Exceto na comunicação, setor em que cada vírgula se converte em questão de honra, por vezes em caso de vida ou morte. Curiosamente, adivinha qual é o signo que está na casa da comunicação no meu mapa astrológico? Virgem, claro.


Se há uma situação que me irrita na vida é ler um texto meu publicado com erros de revisão. Fico ensandecido. Não me permito errar. O que, na prática, não adianta muito, pois, ainda que me seja custoso admitir, sou falível (virginianos têm fantasias com a perfeição).


Minha chatice (para os outros) ou perfeccionismo (para mim) já foi pior. Um dia, contudo, peguei uma balança e comparei o peso da vírgula com o da felicidade. Ainda que também me pressionasse os ombros, a vírgula perdeu, coitada.


Já dei mais importância à forma. Hoje, faço vista grossa para os deslizes (dos outros), desde que o conteúdo me apreenda. Outro dia, o Carlos Heitor Cony escreveu, na Folha, um artigo em que expõe um raciocínio semelhante:


‘(…) Não sou pela correta grafia das palavras. E muito menos pela gramática correta. No fundo, gramática e ortografia são convenções mais ou menos abstratas. Os maiores pensadores do mundo, líderes de povos, eram rutilantes analfabetos: Jesus Cristo e Maomé estão aí para provar. Foram os dois homens que mais exerceram influência sobre a vida e a cultura dos outros homens. E, lembremos, nunca perderam tempo em saber se ‘cãs’ é feminino de cão e ‘farinha’, diminutivo de faro.


Lembro uma confissão autobiográfica de Nelson Rodrigues. Um dia, em meio a uma crônica, deu-lhe um branco total e ele perguntou, em voz alta, se cachorro se escrevia com x ou com cê cedilha.


Até hoje, antes de escrever determinadas palavras (esquistossomose, por exemplo, e nem fui ao Aurélio consultar se estou certo), sou obrigado a pensar fundo, ou, sacrifício supremo, ir até a estante apanhar o ensebado dicionário do mestre.


Na minha situação, acredito, estão milhares de outros escribas que não chegam a ser, exatamente, analfabetos, embora no que me tange e concerne, eu tenha pavorosas dúvidas a respeito. Os leitores também.


Por que chama é com ‘ch’ e não com ‘x’? O importante não é escrever certo. O furo está mais em cima: é pensar certo. Mas o que é pensar certo? Resposta: é pensar de acordo com a norma’.


Admiro os grandes homens (observe, as grandes mulheres já estão embutidas na norma). Aprendo com eles. Inspiro-me neles. Leio muitas biografias e sempre saio maior de cada leitura. Sou grato a todos eles, aos grandes, mas também aos pequenos, aos mesquinhos e aos vis. Nada se compara a uma história verídica. A vida imita a arte? Não sejamos ridículos… Nada pode ser mais criativo do que a vida. A ficção deu sorte, poderia ser apenas um arremedo da vida, não fosse um nobre fragmento da existência.


Como bem disse o Cony, certas personagens se impõem ao largo da gramática. Fazem e falam movidas por um conjunto de virtudes irresistíveis. Prestar tributo a um z ou a um s é olhar para a árvore e não enxergar a floresta.


Bem verdade que um jornalista não precisa ser especialista em maré, tanto quanto um navegador não precisa entender de gramática. Mas o inverso se faz necessário. É preciso conhecer para subverter.


De resto, nesse paradoxo a gramática é um guia de organização do pensamento. Poucos prescindem dela para aprender a pensar. Esses são singulares. A gramática é plural. É cão-guia de cego- e a cegueira é a nossa inequívoca condição. Um cego precisa de referências para enxergar em seu mundo interior. A menos que, como Jesus ou Maomé, tenha algo de clarividência.


Mas quantos Maomés você conhece?


(*) José Paulo Lanyi é jornalista, escritor, crítico, dramaturgo, autor do romance ‘Calixto-Azar de Quem Votou em Mim’, do romance cênico (gênero que criou) ‘Deus me Disse que não Existe’, da peça ‘Quando Dorme o Vilarejo’ (Prêmio Vladimir Herzog) e da coletânea ‘Teatro de José Paulo Lanyi e Outros Loucos’ (no prelo), todos da editora O Artífice.’


TELEVISÃO
Marcelo Tavela


Brasil ‘by’ CNN, 1/12/06


‘O tempo cinzento, que acabou descambando para uma fina chuva, não é a imagem mais comum da Praia de Copacabana. Mas condiz com o que a equipe da CNN International veio buscar no Brasil: uma visão diferenciada do País. O Comunique-se acompanhou, na sexta-feira (01/12), o encerramento da série ‘Eye on Brazil: Land of Contrasts’ (‘Olhar sobre o Brasil: Terra de Contrastes’), que ocupou uma semana do canal de televisão mais poderoso do mundo.


Mas buscar visão diferenciada justamente em Copacabana, um dos lugares mais visitados do País? ‘Sabemos que o Rio não representa o Brasil todo, mas foi onde nossa base funcionaria melhor’, informou o apresentador Jim Clancy, na empresa desde 1981, com passagens como correspondente em Roma, Beirute, Frankfurt e Londres. Clancy fez um insert ao vivo durante todos os dias da série, de locais como a Favela da Rocinha, Arpoador e Jardim Botânico, e conduziu a série de entrevistas ‘CNN Connects: Voices of Brazil’ – que será reprisada no sábado, (2/12), às 13h e às 18h, e no domingo (3/12), às 18h, no horário de Brasília.


Clancy se despediu dos seus estimados 186 milhões de espectadores, em 200 países e territórios, com um ‘sentirei saudades do Brasil’, em português. Na sua quarta vinda ao País, ficou três semanas aqui – ‘a maior parte do tempo dentro de uma ilha de edição’ – para produzir os 33 VTs levados ao ar, além de alguns extras.


Questionado sobre como encontrar um denominador comum para tanta gente de variadas culturas, Clancy diz que ‘pessoas estão interessadas em ver coisas diferentes. O noticiário traz, habitualmente, tragédias e tristezas. Tentamos mostrar o lado positivo, fazer com que as pessoas se sintam atraídas por aquilo, que queiram estar lá, independente de onde estejam. Por isso, acho que a CNN tem apelo global’.


Rio, capital do Brasil


As três semanas de produção envolveram o aluguel de câmeras e vans equipadas para transmissão via satélite, 11 brasileiros e 15 funcionários vindos de Atlanta, sede mundial da CNN. Dentre eles, a repórter free-lancer Helena de Moura, pernambucana que mora há 20 anos dos EUA, a maior parte deste tempo trabalhando para a empresa de Ted Turner, presidente do Grupo Turner, dono da CNN. Helena apresentou algumas das reportagens, como o VT sobre o projeto social Afroreggae, gravado em Vigário Geral, no Rio de Janeiro. Com direito a um pequeno lapso histórico: a âncora Anjali Rao informou que o Rio era a capital do País.


‘Fizemos um longo planejamento, sobre o que iríamos enfocar, mas tem coisa que surge na hora. Quando chegamos aqui, vimos que tínhamos que fazer algo sobre futevôlei e sobre grafite’, conta Caroline Rittenberry, vice-presidente de comunicação da Turner para América Latina. O Brasil foi escolhido pelo seu peso econômico no continente – e pelos investimentos na área energética. A ‘Eye on Brazil’ teve reportagens abordando o petróleo brasileiro e o desenvolvimento de combustíveis alternativos, como o biodiesel.


Caroline informa que a série foi pensada para o início do ano, mas a guerra no sul do Líbano e as eleições brasileiras empurraram sua realização para os últimos meses de 2006. A rede manterá os olhos bem abertos sobre o País – conta com uma correspondente da CNN en Español por aqui, Fabiana Frayssinet – mas não tem planos de abrir escritório. ‘O futuro está no digital news gathering, tecnologia que permite que um repórter filme, faça a passagem, edite tudo e mande, via FTP, para qualquer lugar do mundo. Só precisamos apertar o play’, prevê Caroline.


As reportagens especiais da CNN foram patrocinadas por uma série de empresas, entre elas a estatal Correios e Telégrafos. A reportagem do Comunique-se tentou entrar em contato com a estatal para apurar seu interesse na cobertura especial, mas o porta-voz informou que soube do patrocínio pela imprensa e que a pessoa responsável não estava presente.


‘This is CNN’


A série ‘Eye on …’ já passou por Oriente Médio, China e África do Sul, e deve baixar em breve na Rússia. Clancy esteve em todos. Durante sua participação ao vivo – que, na sexta, abordou o sistema de cotas em universidades – fica conectado por um ponto eletrônico a um switch móvel em uma das vans e, por outro, ouve diretamente Atlanta.


Jim Clancy também esteve no Iraque incontáveis vezes nas últimas duas décadas. Aparentando conhecimento de causa, diz que o que aconteceu no país ‘foi uma boa intenção que deu errado’. Não nega que seja uma tragédia, mas acredita que algo bom acontecerá. ‘O povo iraquiano é muito forte. Eles não aceitarão um novo ditador, e vão encontrar uma maneira de estabelecer sua própria identidade. Ainda que o país se divida’, conjectura.


O veterano jornalista vê com bons olhos a chegada do canal em inglês da Al Jazeera, mas não acredita que a emissora do Qatar fará algo diferente. ‘Diversidade? Que diversidade? As pessoas que eles estão contratando eu conheço há décadas. Sãos as mesmas que já passaram por CNN e BBC. Mas creio que competição sempre eleva a qualidade. Então, dou boas-vindas à Al Jazeera. Se você quer diversidade, corra para internet. Isto sim é que está mudando a maneira de se fazer jornalismo’, diz Clancy.


A entrada ao vivo de Clancy foi alternada por um repórter falando da Turquia, comentando a visita do Papa, nas mesmas condições da transmissão carioca. Como poderia ser feito praticamente em qualquer lugar do mundo pela CNN, via equipes próprias ou através de uma de suas 90 emissoras parceiras. E sempre sublinhado pela grave voz do ator James Earl Jones – a mesma que ele emprestou para o personagem Darth Vader, um dos líderes do império na saga ‘Guerra nas Estrelas’ – recitando o slogan ‘This is CNN’.’


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