Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Comunique-se

BATE BOCAS
Carla Soares Martin

Ombudsman critica cobertura da Folha no segundo turno

‘O ombudsman da Folha de S.Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva, disse, em artigo neste domingo (para assinantes) e ao Comunique-se nesta segunda (03/11) que o jornal tendeu favoravelmente ao candidato Gilberto Kassab, eleito pelo DEM em São Paulo.

Para Lins da Silva, foi exagerado o destaque que o jornal deu, tanto em texto informativos quanto opinativos, para o debate da propaganda da candidata Marta Suplicy, que questionava porque Kassab era casado e não tinha filhos.

Mesmo tendendo a Kassab em colunas, artigos e matérias, Lins da Silva não acredita que o jornal se posicionou a favor do candidato. ‘Não houve nenhum editorial favorável a Kassab’, afirmou o jornalista.

O ombudsman diz que a Folha poderia ter feito o que considerou uma boa cobertura, como no primeiro turno, confrontando propostas, se realmente era verdade o que os candidatos diziam nos debates. ‘Faltou o que teve no primeiro turno, confronto de propostas’, disse Silva.

Editor de Brasil

O editor de Brasil, Fernando de Barros e Silva, rebateu, nesta segunda (03/11), em matéria também para assinantes, o ombudsman do jornal.

Para o editor de Brasil, a Folha colocou em pauta um tema – a denúncia ao homossexualismo –, ‘uma notícia que gritava à nossa volta’. Ressaltou a contrariedade com uma candidata que sempre defendeu o direito dos homossexuais com a campanha, mas destacou que não houve um ‘linchamento’ à candidata. ‘O jornal foi o primeiro a ouvir a própria Marta, além de entrevistar com exclusividade seu marqueteiro e o chefe-de-gabinete de Lula, entre outros – petistas e opositores. Houve, em resumo, um empenho para fazer a lição de casa diante de uma notícia que gritava à nossa volta’, disse.

Silva afirmou ainda que a Folha fez mais que o debate em cima da questão da propaganda de Marta, realizou sabatinas com os candidatos, realizou entrevistas e criou seções fixas, como ‘Eu voto em…’ e ‘Lupa na campanha’, confrontou propostas de governo, ‘muito parecidas’, e desconstruiu promessas feitas pelo primeiro turno na TV.

E você, o que acha da cobertura da Folha no segundo turno? Foi favorável a Kassab? Acredita que o jornal teria de dar mais espaço para a propaganda de Marta que questiona o candidato quanto a sua vida pessoal?’

 

 

Milton Coelho da Graça

O pau quebrou entre ortografia e concordância, 31/10

‘Escaramuça interessante entre uma competente assessoria de imprensa – Prefeitura do Rio, chefiada por Ágata Messina – e um também competente fiscal de qualidade (uso esta expressão porque O GLOBO não tem ombudsman), Aluízio Maranhão.

Capítulo 1 – O Diário Oficial municipal publicou uma decisão do Prefeito sobre o ‘atrazo’ (sic) nas obras da Cidade da Música.

Capítulo 2 – O GLOBO faz matéria sobre o assunto e registra o errado uso do ‘z’ em vez do ‘s’. Por azar ou ‘castigo’, comete erro de concordância no penúltimo parágrafo: ‘Procurado, o consórcio … dissseram’.

Capitulo 3 – A Assessoria se invoca e manda o e-mail abaixo ao jornal, com cópia para todos os assessores de comunicação da Prefeitura.

‘Repasso a todos o e-mail que enviei ontem ao Globo apenas para ilustrar a que ponto chegou o maior jornal da nossa cidade, considerando um erro insignificante de português (que inclusive pode ter ocorrido por distração na digitação) como informação relevante a ser colocada no subtítulo da matéria. Isto não é fazer oposição política, isso demonstra uma raiva – que não tem nada a ver com política – contra a administração do prefeito Cesar Maia. Uma raiva que chega a cegar e a fazer perder a noção do ridículo. Lamentável a que ponto chegou a imprensa carioca. Mas, como diz o povo, o castigo vem a cavalo. Na mesma matéria, o jornal comete um erro de concordância muito mais grave, o que não é raro acontecer nas páginas do Globo. Mas, se por um lado esse apequenamento da nossa imprensa é, repito, lamentável, por outro, não deixa de ser um case a ser lembrado.

P.S. – O meu e-mail foi publicado hoje na seção de cartas e, na coluna Autocrítica, na pág. 2, o Aluísio Maranhão aponta o erro.’

Capítulo 4 – Assim terminou a escaramuça. Aluízio Maranhão cumpriu o ritual de galanteria, publicando a carta e fazendo autocrítica. Mas, é claro, nem uma palavra para confirmar ou negar a alegada ‘raiva’ em relação à administração de César Maia.

Quem tiver algo a dizer – jornalista ou assessor -, diga agora aí nos comentários ou tire o seu da reta nessa encrenca entre companheiros de profissão mas em trincheiras diferentes.

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Preparem-se: jornal sem papel já em 2010

Multiplicam-se as experiências – algumas bem sucedidas, como a do jornal holandês Handeselsblad – com jornais em papel eletrônico. A previsão é de que a nova tecnologia começará carreira no mercado, no máximo, dentro de dois anos.

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Garcia Marques defende seriedade

‘A frivolização, ou ‘infotainment’, como a chamam nos Estados Unidos, é desgraçadamente uma crescente tendência internacional, impulsionada pela velocidade multimediática de todas as novas formas de comunicação, que atrai cada vez mais os jovens e não favorece a leitura nem a reflexão. A forma de enfrentar este fenômeno, que estimula a superficialidade e a ligeireza, é fazer um jornalismo que atinja as pessoas por tratar dos reais interesses delas, que não se limite à banalidade. É preciso produzir mais jornalismo investigativo; mais jornalismo de denúncia séria e fundamentada (nada a ver com as calúnias e insultos que infestam a internet); edições dominicais de grande qualidade e variedade, análises noticiosas dos principais fatos quotidianos e editorias de opinião que interpretem de maneira clara e confiável a complexa realidade nacional e internacional.’

Que perfeição tanto de diagnóstico como de remédio, hein! O companheiro Gabriel Garcia Márquez continua um grande mestre tanto do realismo fantástico como do realismo das redações, conforme demonstrou nesta entrevista aos redatores da revista Hora del Cierre, da Sociedade Interamericana de Imprensa.

(*) Milton Coelho da Graça, 78, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’

 

 

TELEVISÃO
Comunique-se

Lorena Calábria deixa a apresentação do Happy Hour

‘O canal por assinatura GNT irá promover reformulação da programação em 2009. A primeira mudança anunciada é a saída de Lorena Calábria da apresentação do Happy Hour. A atração termina a temporada 2008 no dia 01/12 e volta no ano que vem, mas sem a jornalista à frente.

‘É uma pena, estava adorando o programa. Mas tem muitas outras coisas para fazer’, diz Lorena.

Ela continua no canal, mas ainda não sabe em que programa. A assessoria do GNT informa que a programação de 2009 será montada após a definição das atrações de verão. O Happy Hour vai ao ar de segunda a sexta, às 19h. Ainda não existe o nome do substituto de Lorena.’

 

 

Sérgio Matsuura

TV Brasil estréia programa sobre a história do rádio

‘Mais que um simples programa televisivo, Alô Alô Brasil é um retorno ao passado para Carlos Alberto Vizeu, responsável pela pesquisa e direção da produção que irá ao ar pela TV Brasil a partir de 17/11, de segunda a sexta-feira, às 20h. ‘Eu sou de família de radialista. O rádio está no meu sangue. Eu comecei com 14 anos, depois fui para a TV’.

Dividido em dez capítulos, o programa conta fatos e histórias do veículo que está completando 85 anos. Lembra os pioneiros como Roquette Pinto e Dermeval Costa Lima; aborda a primeira transmissão, em 1923, da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro; apresenta depoimentos de Ademar Casé, o preferido de Vizeu.

‘Ele foi o primeiro a comprar um horário no rádio. Antes, ele era vendedor de aparelhos de rádio e via como a produção brasileira era ruim quando comparada com a americana. Ele estudou, pensou e resolveu ir para o outro lado do balcão’, explica.

São cerca de 20 anos de pesquisa e levantamento de material para a produção de Alô Alô Brasil. São jingles, programas de auditório, depoimentos, entre outros, que mostram ‘um rádio que não existe mais’. Segundo Vizeu, ‘ninguém mais saberia fazer aquele rádio’. Com um pingo de saudosismo, ele espera que o programa alcance um objetivo, que nada tem a ver com índices de audiência.

‘Eu fico satisfeito se esse pessoal que faz rádio hoje assistir e conhecer um pouco da história’.’

 

 

Antonio Brasil

4º Festival Internacional de TV promete surpresas!, 3/11

‘‘Se você acredita que já viu de tudo na TV, prepare-se para ser surpreendido!’

Esta é a principal promessa do 4º Festival Internacional de TV organizado pelo Instituto de Estudos de TV (IETV) ver aqui. E a turma do Nelson Hoineff, presidente do IETV, costuma cumprir suas promessas.

O Festival Internacional de TV oferece ao público um panorama bastante completo e diversificado do que é produzido pelas principais produtoras do mundo. A televisão como você nunca viu ou não costuma ver.

‘Há uma monumental cultura televisiva no Brasil e nenhum fórum para debater sua produção e seus conceitos, ao contrário do que acontece com o cinema, que é tema de inúmeros festivais espalhados pelo país. É essencial debatermos a televisão, afinal a audiência do horário nobre é praticamente igual ao público de um ano inteiro de cinema, por exemplo’ explica Nelson Hoineff. Tudo a ver!

O Festival Internacional de TV do IETV já é um dos cinco maiores do mundo, o único da América Latina e cresce a cada ano. Em 2008 na sua quarta e maior edição, o festival reúne uma programação dividida em debates e exibições no Rio de Janeiro, São Paulo, Belém e Salvador.

Serão mais de 200 horas de programas inéditos, com produções premiadas de 40 países, além de uma mostra de pilotos produzidos no Brasil.

Os principais módulos incluem:

Panorama da TV Mundial

Festival dos Festivais

Linguagem e Experimentação

7º Encontro Internacional de Televisão

Abertura no Rio

Hoje, segunda-feira, 3/11/08 é a abertura oficial do Festival no Espaço OI aqui no Rio com coquetel e exibição do programa Hit Factor, eleita a melhor série dramática no festival de Nova Iorque de 2008 (ver trailer aqui)

Ainda no Rio

4 de novembro 2008

19h às 21h, no Oi Futuro

Linguagem e Experimentação – TV MÓVEL: Novas mídias, novas demandas de conteúdo

Debate com: Adriana Alcântara (Gerente de Conteúdo de TV da Oi)

Luiz Noronha (Conspiração Filmes)

Luis Renato Olivalves (Diretor de Interatividade da Band)

Alberto Magno (Diretor da M1nd)

5 de novembro, o evento mais esperado do festival!

19h às 21h, no Oi Futuro

‘CQC enfrenta Pânico e MTV’

Linguagem e Experimentação – Transgressão e renovação: as novas formas de humor na TV brasileira.

Debate com: Marcelo Tas (Apresentador do CQC / Band)

Diego Barredo (Diretor do CQC / Band)

Raquel Affonso (gerente de programação da MTV Brasil)

MARCELO ADNET TAMBÉM ESTARÁ NA MESA DO ‘HUMOR NA TV’

Mais um nome foi confirmado na Linguagem e Experimentação do Festival Internacional de TV: a mesa ‘Humor na TV’ (dia 5, no Oi Futuro, no Rio) vai receber a presença do apresentador Marcelo Adnet – um dos destaques da televisão, nos últimos tempos.

Ele comanda o programa ‘15 Minutos’, na MTV Brasil. A carreira humorística de Adnet começou ainda na faculdade (Jornalismo PUC-Rio), quando um amigo do curso o convidou para fazer uma peça de improvisação; a peça Z.É. Zenas Emprovisadas, que estreou em 2003.

E JAPONESA NA MESA.

O ‘Pânico da TV’, da Rede TV!, também será representado pela japonesa cômica Sabrina Sato na mesa de ‘Humor na TV’.

Este debate promete!

7 de novembro 2008

10h às 18h, no Arte SESC Flamengo

Congresso do Festival Internacional de Televisão 2008 – Demandas de conteúdo para uma televisão diversificada

Palestrantes:

Mônica Pimentel (Diretora Artística da RedeTV)

Wilson Cunha (Diretor do Multishow)

Paulo Mendonça (Diretor do Canal Brasil)

Leopoldo Nunes (diretor da TV Brasil)

Ana Lúcia Gomes (gerente-adjunta do Canal Futura)

Em São Paulo

6 de novembro 2008

19h às 21h, no Museu da Imagem e Som

Linguagem e Experimentação – TV MÓVEL: Novas mídias, novas demandas de conteúdo

Debate com:

Adriana Alcântara (Gerente de Conteúdo de TV da Oi),

Luiz Noronha (Conspiração Filmes),

Luis Renato Olivalves (Diretor de Interatividade da Band)

e Alberto Magno (Diretor da M1nd),

seguido de Coquetel de Abertura.

Promessa do crítico

E o mais importante em tempos de crise: toda a programação do festival é gratuita!

Para as mostras e palestras, as senhas serão distribuídas no local, 30 minutos antes de cada sessão. Para os debates, as inscrições são feitas pelo site do IETV.

E se você não pode comparecer aos locais do festival, a TV UERJ online, (ver aqui), a primeira TV universitária brasileira com transmissões regulares e ao vivo pela Internet também promete trazer os melhores momentos do Festival Internacional de TV para o seu computador.

Afinal, TV e computador tendem a convergir, se tornam a mesma coisa. Mera questão de tempo.

Promessa do crítico!

(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Atualmente, faz nova pesquisa de pós-doutorado em Antropologia no PPGAS do Museu Nacional da UFRJ sobre a ‘Construção da Imagem do Brasil no Exterior pelas agências e correspondentes internacionais’. Trabalhou na Rede Globo no Rio de Janeiro e no escritório da TV Globo em Londres. Foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. É responsável pela implantação da TV UERJ online, a primeira TV universitária brasileira com programação regular e ao vivo na Internet. Este projeto recebeu a Prêmio Luiz Beltrão da INTERCOM em 2002 e menção honrosa no Prêmio Top Com Awards de 2007. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’, ‘O Poder das Imagens’ da Editora Livraria Ciência Moderna e o recém-lançado ‘Antimanual de Jornalismo e Comunicação’ pela Editora SENAC, São Paulo. É torcedor do Flamengo e ainda adora televisão.’

 

 

ELEIÇÕES NOS EUA
Comunique-se

Mídia gasta duas vezes mais com Obama que McCain

‘A cobertura da campanha democrata à Presidência dos Estados Unidos custou aos veículos de comunicação mais que o dobro do que a republicana. Segundo reportagem publicada no Politico.com, dados da Comissão Federal Eleitoral americana mostram gastos de US$ 9,6 milhões em viagens para acompanhar Barack Obama e Joe Biden, contra US$ 4,4 milhões gastos com John McCain e Sarah Palin.

A disputa entre Obama e Hillary Clinton é um dos fatores para essa diferença. Como a escolha republicana foi mais rápida, os gastos da mídia nas primárias foram menores. Além disso, o Politico.com indica as viagens realizadas pelo candidato democrata para Europa e Oriente Médio como outra explicação para os altos gastos.

Mesmo assim, os números revelam um interesse maior da mídia por Obama, incluindo veículos que tradicionalmente não realizam esse tipo de cobertura, como ESPN, Comedy Central´s, Men´s Vogue, YouTube, Afro-American Newspaper, entre outros, que cobriram apenas a campanha democrata.

Entre os veículos que fizeram a cobertura dos dois candidatos, a diferença nos gastos é significativa. A Associated Press gastou US$ 661 mil com Obama, contra US$ 408 mil com McCain; no The New York Times, US$ 442 mil contra US$ 196 mil; até mesmo a Fox, tradicionalmente favorável aos republicanos, gastou US$ 496 com Obama e US$ 313 mil com McCain.

Os números divulgados são até o final do mês de setembro. O Político.com ressalta ainda que a mídia gastou mais para acompanhar Hillary, que deixou a disputa em junho, do que com McCain. A diferença é de US$ 300 mil.’

 

 

SEQÜESTRO EM SANTO ANDRÉ
Comunique-se

Audiência pública na Câmara dos Deputados vai debater cobertura no caso Eloá

‘A pedido do deputado Ivan Valente (PSOL-SP), a Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados vai realizar em 11/11, às 14h, uma audiência pública para debater a cobertura da imprensa no caso Eloá Cristina Pimentel, a adolescente de 15 anos que ficou em poder do ex-namorado por cinco dias e foi assassinada por ele. ‘Entendemos que a imprensa maculou o interesse público, inclusive a ética jornalística, pondo em risco a vida de pessoas. A mídia buscou de forma irresponsável a audiência a todo o custo’, disse o deputado.

O requerimento de Valente foi aprovado por unanimidade esta semana. Ele conta que agora a comissão trabalha na fase de indicação do debate. Os primeiros a serem convidados são os responsáveis pelo departamento de Jornalismo da Rede TV!, Record e Globo. ‘Eles tiveram contato direto com o seqüestrador. Espero que os responsáveis pelo jornalismo estejam presentes porque precisam responder a sociedade pela cobertura’.

Também serão convidados o procurador público Augusto Eduardo Rossini, que garantiu a integridade física do seqüestrador Lindemberg Alves caso ele libertasse tanto Eloá quanto Nayara Vieira, amiga da adolescente, psicólogos e psiquiatras, além de representantes da polícia de São Paulo. ‘O Rossini declarou numa entrevista à Record que ele presenciou o momento em que, por duas horas, tentava o contato com o seqüestrador e o telefone estava ocupado porque ele dava entrevistas para essas redes de TV. Rigorosamente por aí já dá pra perceber o tamanho do buraco. Vidas em risco e meios de comunicação atravessando o processo de negociação entre polícia e seqüestrador.’

Um requerimento similar ao já aprovado na Comissão de Defesa do Consumidor deve ser analisado pela Comissão de Ciência e Tecnologia, também da Câmara. ‘Queremos discutir também discutir a concessão de serviços públicos’, informou o deputado.

A Record disse que vai aguardar receber o convite para se pronunciar. A Rede TV! não respondeu até o fechamento desta matéria. A Globo informa que não foi comunicada até o momento.’

 

 

INTERNET
Bruno Rodrigues

Somos todos vítimas do ‘achismo’, 28/10

‘Ontem participei de uma longa reunião na empresa para onde trabalho. A maioria era de profissionais de Comunicação, e muitos – obrigado, Senhor – tinham noção das idiossincrasias da web, mas outros, nem tanto. No cômputo final, eu consegui me fazer entender – até a página 2, é claro.

Quando eu me aproximei perigosamente do item ‘comportamento do usuário na internet’, foi como se tivesse ateado fogo à sala. Eu esperava por isso, a bem da verdade. Tocar neste assunto é como pedir que todo ser humano comece a operar uma equação há muito passível de erro, mas irresistível: ‘comportamento de parentes e amigos na web + interpretação de cada um deste comportamento = comportamento geral do usuário na web’. Tentei apagar o fogaréu com uma mangueira de argumentos, mas não foi fácil.

Quem sabe dessa vez eu aprendo? Não é fácil lidar com o ‘achismo’, ainda mais em uma área como a internet em que a teoria ainda é – por mais que este mercado esteja se aproximando de seus 15 anos – muito insípida. E, pior, essa teoria vem toda a partir de aplicação de testes – o que, sejamos sinceros, é um campo de estudo que só começou a ser aceito pela Comunicação nas empresas há menos de uma década.

Afinal, Comunicação é o reino do ‘feeling’, da ‘experiência profissional’, do ‘benchmark’. O que os outros fazem e o que a maioria faz é o que norteia as ações. Mas a visão pode ser melhor – e é, ainda bem.

Muitas empresas, pequenas e grandes, já usam a aplicação de testes para medir a receptividade de suas ações de comunicação. O resultado é sempre benéfico, mas incomoda em muitos casos, já que o que se ‘achava’ mostra-se o oposto. E haja profissionalismo para admitir o erro e reajustar a rota.

Na área de mídia digital, a aplicação de testes tem um nome, Usabilidade, cujo objetivo é justamente testar a eficácia de um site junto aos usuários. Checa-se tudo, do design ao texto, do uso da tecnologia à facilidade de navegação. Como a interface de um site é algo bem complexo, colocá-lo no ar sem aplicar testes é abrir caminho para retrabalho e jogar dinheiro fora.

Bonito, não é? Agora vá explicar, em meio a uma reunião com 13 pessoas, que há anos institutos de pesquisa mostram que muito do que pensamos sobre o comportamento do usuário na web é bem diferente do que achamos e distante dos clichês que repetimos à exaustão. As crianças só nascem ‘sabendo navegar na internet’ se houver alguém para ensiná-las. O fato de elas viverem ‘imersas em um mundo digital’ é um facilitador, desde que, no ponto zero da aprendizagem, exista a figura do pai ou do professor. Sobre este tópico, em especial, as pesquisas são feitas, refeitas, feitas mais uma vez e os clichês continuam sendo repetidos.

Mas, não! Para um grupo de ‘especialistas’, o que importa é a ‘facilidade’ com que os sobrinhos lidam com a web ou como os mais idosos ‘nem chegam perto do computador’ (mentira deslavada). Pior ainda, importante é como é a *sua* própria experiência com internet, que rapidamente vira o denominador comum mundial.

Não é difícil entender o porquê desta visão pessoal em excesso. Um site é uma peça de Comunicação com detalhes de enlouquecer, e mesmos alguns testes não conseguiram ainda chegar a determinadas conclusões. Por isso, é mais fácil e tranqüilizador olhar ao redor (amigos, filhos, etc.) para definir a experiência de um usuário na internet.

O reino do ‘achismo’ se restringe à mídia digital? De forma alguma. Quem lida com texto, produz house-organs e cria peças publicitárias, por exemplo, sabe bem o que é ser tragado pelo burac o negro do ‘subjetivo’.

Não é à toa que insisto que a experiência é a base, mas falta ao profissional de Comunicação teoria para defender seus pontos de vista com mais sustância. E, quando for possível, aplicar testes para medir a receptividade de suas ações. Muitos dizem que fazem, mas não fazem, ou sempre deixam para depois.

Terminei a reunião atordoado, mas venci a batalha. Em um determinado momento, pedi a palavra e expliquei como é, de fato, o comportamento do usuário na web. A maioria entendeu e o fogaréu cessou. Mas sempre haverá um ou outro que continuará achando que o norte a seguir na internet é o seu próprio umbigo – sobre este, apenas lamenta-se.

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A próxima edição de meu curso ‘Webwriting & Arquitetura da Informação’ tem início hoje, dia 28, no Rio de Janeiro. Para quem deseja ficar por dentro dos segredos da redação online e da distribuição da informação na mídia digital, é uma boa dica! As inscrições podem ser feitas pelo e-mail extensao@facha.edu.br e outras informações podem ser obtidas pelo telefone 0xx 21 2102-3200 (ramal 4).

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1. Para quem não conhece meu blog, dê uma checada no http://bruno-rodrigues.blog.uol.com.br.

2. Gostaria de me seguir no Twitter? Espero você em twitter.com/brunorodrigues.

(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’

 

 

JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

Nota dez para o blog de Lúcia Guimarães, 30/10

‘Testemunha de ausências,

este é o mar que acompanha

o vento chegar a seu destino.

(Celso Japiassu in A Silhueta)

Nota dez para o blog de Lúcia Guimarães

A considerada Lúcia Guimarães, até bem pouco colunista cultural do Manhattan Connection, programa que diverte e instrui nas noites de domingo no canal GNT, inaugurou o luciaguimaraes.com, cuja visita é recomendada pelo Mestre Sérgio Augusto. Num texto especial para a revista S.A.X, transcrito no blog, Lúcia recorda a figura do colega Paulo Francis:

(…) Ele se consolidou como comentarista de TV numa época em que o então diretor da Central Globo de Jornalismo, Armando Nogueira, cujo crédito pela manutenção do comentarista no ar não é devidamente atribuído, o protegia da ira de seus inimigos com acesso a Roberto Marinho.

Sua coragem intelectual era baseada em décadas de experiência e pensamento crítico. (Francis) era produto de um Brasil hoje difícil de imaginar – mais exatamente um Rio de Janeiro gentil e cosmopolita, onde o humor, a Bossa Nova, os escritores e a paisagem compunham um tableau irresistível.

Depois de 23 anos de exílio voluntário, um dos meus prazeres secretos é ouvir a música do português falado por cariocas letrados com mais de 60 anos. Nenhum gerúndio idiota, o ritmo ondulante, os erres e esses macios mas não massacrados pelo surfês.

O blog de Lúcia Guimarães nasceu para nos aproximar, mais e mais, do que existe de bom fora deste país de todos.

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Manual de assessoria

As consideradas Claudia Carvalho e Léa Maria Aarão Reis, jornalistas do primeiro time, lançam Manual Prático de Assessoria de Imprensa na quarta-feira, 5/11, na Livraria Argumento (Rua Dias Ferreira, 417, Leblon, telefone 21-2239-5294); o livro reúne depoimentos/conselhos de experientes profissionais e é, desde já, um indispensável guia para todos os que pretendem ir além de um bom release.

Editado pela Campus-Elservier, o Manual Prático tem prefácio de Carlos Lemos, jornalista histórico, nosso entusiasmado chefe de Redação no Jornal do Brasil dos anos 60, e entre os personagens que contam suas experiências no livro destaca-se Guilherme (Bill) Duncan de Miranda, companheiro do colunista nos bons tempos do Jornal da Tarde, naquela São Paulo dos anos 70. Ele voltou mais tarde para o Rio de Janeiro, foi trabalhar em assessoria de imprensa e há muitos anos coordena o Prêmio Esso de Jornalismo.

A pedido das autoras, Bill escreveu um release certo e outro errado, para o candidato a assessor aprender como se faz. Esta lição o considerado leitor só terá se comprar o livro, o que é muito justo; já no Blogstraquis, sem pagar um tostão, pode-se ler o prefácio do Lemos e as modestas linhas da contracapa, escritas por este colunista, o qual viveu uma breve experiência como assessor de imprensa na Denison Propaganda, entre 1986 e 1988.

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Ocupar a Amazônia

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal em Brasília, de cujo banheiro, em subindo-se nas bordas do vaso sanitário, dá pra ver as intimidades da República, pois Roldão ponderou eternos aranzéis e nos despachou o seguinte e importante texto:

A Amazônia é o único caso no mundo de gigantesca área desocupada com plena condição de habitabilidade. Metade do território brasileiro é um vácuo demográfico.

Na época colonial Portugal não tinha gente para povoar o Brasil. Houve necessidade da escravidão africana para o desenvolvimento das atividades econômicas. No Império, nossa população ainda era pequena, precisamos de emigrantes como colonos. Mas, desde o século passado, a população brasileira cresceu muito e é suficientemente grande, porém concentrada nas cidades das outras regiões. O Nordeste é super-populoso.

É incompreensível que ainda não tenhamos promovido a ocupação do território amazônico − sob uma cobiça internacional mal disfarçada −, e aproveitado suas riquezas. Até a Rússia ocupou a hostil Sibéria. Hoje estamos imobilizados, sob o bloqueio das teses ecológicas, impostas por interesses externos, empecilho para o nosso desenvolvimento.

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Nojo carioca

A considerada Maria Eugênia Lima, do Rio de Janeiro, foi a primeira de 17 leitoras que enviaram à coluna o indignado texto que a jornalista de O Globo, Cora Rónai, escreveu em seu blog:

Abrindo mão das próprias convicções (se é que um dia as teve), aliando-se ao que há de mais podre no estado, gastando rios de dinheiro, jogando sujo, usando descaradamente a máquina estadual, federal e universal, beneficiando-se até de um feriado mal intencionado, enfim, com tudo isso, Eduardo Paes só conseguiu ganhar de Gabeira por 50 mil míseros votos.

Como vitória política, já é um resultado extremamente questionável; mas do ponto de vista pessoal, é uma derrota acachapante.

(…) Nojo, nojo, nojo

Leia aqui a íntegra da justíssima diatribe, intitulada A derrota de Paes.

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Refresco oficial

O considerado Carlos Roberto Costa, geólogo aposentado que vive em Nova Friburgo, envia pérola que anda a rolar pela internet:

Depois do P.A.C. (PÃO, ÁGUA e CIRCO), Lula vai criar mais 6 novos programas para comemorar o desempenho petista nas eleições:

1 – Base de Operações Legislativas Avançadas – B.O.L.A .

2 – Programa Intensivo de Auxílio Didático ao Analfabeto – P.I.A.D.A .

3 – Programa de Revisão Orientado para o Próprio Interesse nas Nomeações em Autarquias – P.R.O.P.I.N.A.

4 – Mensuração da Eficiência Real das Decisões Administrativas – M.E.R.D.A .

5 – Serviço de Apoio aos Companheiros que Atuam Nacionalmente, Aliciando Governadores, Empresários e magistrados – S.A.C.A.N.A.G.E.M.

6 – Fundo para Operações Destinadas aos Apadrinhados e Servidores – F.O.D.A-SE

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Rejeição não é preconceito

A considerada Marcia Lobo, jornalista e escritora que vive num sítio em Cunha, SP, e por uma dessas coincidências monumentais é companheira do colunista há 40 anos, pois Marcia acompanhou os fricotes petistas depois da Grande Depressão paulistana e declarou:

‘Engraçado… os petistas reclamam de que Marta Suplicy foi vítima de preconceito; tivemos assim a única eleição do mundo em que a taxa de rejeição foi transformada em preconceito.’

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Celso Japiassu

Na fronteira da noite o poeta reencontra o dia, a tarde ensolarada, e um gemido libera o sentimento que o prendia. Os sons reproduzem vidas primitivas, existências afogadas, mares antigos. Leia aqui a íntegra do novíssimo poema A Silhueta, cujo fragmento encima esta coluna.

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Notícias da selva

O cacique Grande Anta, o mais popular da selva desde Ubirajara e Peri, aquele da Ceci, achou que poderia transferir milhões de votos só por abraçar e alinhavar algumas palavras do tupi-guarani em favor de sua preferida, porém a realidade capou-lhe os sonhos, os quais somente proliferam nos romances indigenistas, deduz-se deste título da Folha de S. Paulo:

Marta perde 287 mil eleitores em relação à disputa de 2004.

Janistraquis festejou e antecipou:

‘Considerado, agora o medo do cacique Grande Anta é não transferir popularidade pra Petúnia Roussef em 2010; talvez um poste ou um cone sirva melhor aos propósitos oficiais.’

Ou um pajé que saiba fazer chover.

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Assaltantes de vogais

O considerado Marcio Beck, editor do Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, recebeu mais um release da assessoria de imprensa da Polícia Civil, com o seguinte título:

Presa quadrilha que fraudou mas de R$ 1 milhão nas companhias aéreas.

Marcio não deixou barato, pois defende a tese de que assessor de imprensa precisa escrever-reler-escrever-reler, e letra por letra, antes de despachar sua obra — isso, se quiser o respeito das Redações:

Pode parecer perseguição com a Puliça Sivil, mas você viu que os assaltantes de vogais atacaram de novo! Desta vez surrupiaram umazinha do pobre advérbio de intensidade do título; o coitado virou conjunção adversativa. Ou foi isso ou a assessoria decidiu aderir à fala gauchesca do secretário Beltrame: ‘bah, tchê, se abanquem no más’…

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Bandidos do Orkut

O considerado José-Itamar de Freitas, diretor-geral do Fantástico no tempo em que o programa era líder de audiência, recebeu e envia alerta sobre os perigos de se expor no Orkut, essa inocência capaz de ajudar a contatar amigos, saber notícias de quem está distante e mandar recados, mas que se transformou numa arma nas mãos de bandidos espertos.

O texto é de Marco André Vizzortti, professor de Informática da USP, preocupado com a facilidade de qualquer usuário em obter informações sobre uma classe privilegiada da população brasileira:

‘Por que será que só no Brasil o Orkut teve tanta repercussão? Outras culturas hesitam em participar sua vida e dados de intimidade de forma tão irresponsável e leviana.’

O alerta já percorreu a internet, porém os navegantes não lhe deram a mínima e de lá para cá a bandidagem tem se fartado. Se você não conhece o texto, leia a íntegra no Blogstraquis e aproveite pra botar o galho dentro.

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PT para todos

O considerado Mário Lúcio Marinho despacha conforme lhe chegou:

A MELHOR DEFINIÇÃO DO PT

O PT é um partido orientado por intelectuais que estudam e não trabalham, formado por militantes que trabalham e não estudam, comandado por sindicalistas que não estudam nem trabalham e apoiado por inocentes eleitores que trabalham pra burro e não têm dinheiro pra estudar.

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Errei, sim!

‘CARRO DO ANO – Lead de materinha na Folha e S. Paulo, no auge da crise da indústria automobilística: ‘Quem for a uma concessionária em busca de um carro Gol – principalmente na versão CL, a mais barata – corre o risco de voltar a pé’.

Janistraquis enviou ofício ao ombudsman da Folha, Caio Túlio, perguntando o que impediria o consumidor de voltar de táxi, ônibus ou metrô. ‘Por que a pé?’, indagou meu secretário. Caio ainda não respondeu. (Setembro de 1991)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada ‘Carta a Uma Paixão Definitiva’.’

 

 

CARROS
Eduardo Ribeiro

A Imprensa e o Salão do Automóvel, 29/10

‘Abre suas portas para o grande público, nesta próxima quinta-feira, 30 de outubro, a 25ª edição do Salão Internacional do Automóvel, evento que é considerado a Copa do Mundo do segmento para quem cobre o setor.

Nele, os números são superlativos, sobretudo em se tratando do interesse da imprensa pelo que lá se passa: quase 3.500 veículos de todo o País, entre jornais, revistas, sites (uma febre) e programas especializados de rádio e tevê. Na média, é um jornalista por veículo, o que totaliza 3.500 profissionais, a eles se somando os quase 300 assessores de imprensa das montadoras e demais empresas expositoras.

Dois desses milhares de profissionais que marcarão presença nas duas semanas de atividades do Salão são mais do que especiais: Mário Pati e Cláudio Carsughi, ambos com cerca de 60 anos de atuação profissional. Pati um pouquinho mais: ele começou a sua jornada em 1946, no mesmo ano em que Carsughi chegava, vindo da Itália, ao Brasil, para só em 1948 iniciar-se na profissão.

Vê-los em atividade é uma benção. Todos os respeitam, brincam com tamanha experiência e longevidade profissional e bebem nas respectivas sabedorias. Ontem mesmo, numa coletiva da Chrysler, pude conferir com meus olhos e ouvidos o apetite jornalístico de Carsughi. Um executivo da montadora, na apresentação apinhada de profissionais, revelou que a rede de concessionárias brasileiras terá a oportunidade de comercializar a partir de meados de 2009 um modelo sedã fabricado pela Nissan americana, que permitirá com que finalmente a rede tenha um veículo para brigar nesse mercado. Ao cruzar com Carsughi, no final, o vi exclamar: estranho essa afirmação. O lógico seria esse veículo ser comercializado no Brasil pela Renault. Inocentemente perguntei a ele: ‘e o que explicaria, então, essa atitude, Carsughi?’. Pragmático me respondeu: ‘pois é exatamente essa a pergunta que farei a eles!’

Óbvio, não é verdade? Pois muitas vezes o óbvio, só é óbvio para o olho preparado. E Carsughi, que muitos conhecem também pelo belo trabalho como comentarista esportivo da Jovem Pan, é muito preparado, assim como Mario Pati, que, entre outras atividades, foi piloto de carro na juventude e o homem que dirigiu o Grande Prêmio de Fórmula 1 nos dez primeiros anos de competição no Brasil, entre 1972 e 1982, como funcionário da Rede Globo. Hoje, aos 81 anos de idade, trabalha em casa, atualizando pessoalmente, online, seu site Revista de Automóvel. Um feito e tanto para quem começou como revisor, nos tempos da linotipia.

Os dois serão homenageados pelos organizadores do Salão do Automóvel, no próximo dia 8 de novembro, na tradicional feijoada de imprensa que em todas as edições é realizada no sábado que antecede o encerramento do evento.

Entre máquinas mais do que glamorosas e as belíssimas e perigosíssimas curvas femininas presentes ao Salão, esse exército de jornalistas venceu esses primeiros dois dias de atividades numa verdadeira maratona: nada menos do que 25 coletivas, uma a cada meia hora, com dez minutos de intervalo entre uma e outra, além de uma hora e meia de almoço.

Em meio aos marmanjos, alguns rostos femininos. Sim, este ainda é um segmento onde as mulheres são minoria, como no esporte, mas ano a ano avançam e são cada vez mais numerosas, como acontece em praticamente todas as demais áreas do jornalismo.

A cada 30 minutos esse exército se deslocava de um estande a outro, conferindo o que as empresas e seus executivos tinham a dizer. O grupo do chamado hard news se debruçava sobre os executivos tentando ali, na conversa em petit comitê, arrancar alguma declaração ou informação que pudesse ser manchete. Os demais, soltavam-se para outros vôos e interesses, buscando encontrar outras angulações para a cobertura.

As montadoras, por seu lado, com os relevantes investimentos realizados, faziam um esforço descomunal para atrair a atenção, nos parcos 30 minutos a que tinham direito, dos 300 ou 400 jornalistas presentes.

Esses, entre discursos, perfomances diferenciadas (algumas de bom gosto e outras nem tanto), e a tradicional apresentação dos veículos, tentavam chegar ao final. Mas nem todos conseguiam. Muitos ficavam pelo caminho, atrás de um merecido descanso.

Não é à toa que por mais que se esforcem os executivos e respectivas equipes de imprensa das fábricas, não se ouviu um único ‘ohhhhh!!!’ de qualquer jornalista nas respectivas apresentações. Primeiro porque a liturgia do cargo e da atividade não permitem, depois porque são tantos produtos e lançamentos, que mesmo o muito diferente acaba se tornando mais ou menos igual, e terceiro porque as principais novidades foram apresentadas pelas respectivas marcas para a imprensa antes do Salão, dentro da estratégia de fugir do confronto coletivo para tentar ganhar espaços nobres de divulgação espontânea na mídia pelas ações individuais. Não é sem razão que 2008 bateu o recorde de lançamentos de veículos no País. Na média, foi um por semana.

Só que o Salão é o Salão e não há empresa que ali esteja que não se preocupe com a imprensa. Nessa fase preliminar, sobretudo, antes da abertura para o público, tudo é feito pensando nos jornalistas. Um capricho esmerado, para que tudo saia bem, tudo esteja no lugar, tudo possa contribuir para uma boa divulgação nos dias que se seguem. E dá-lhe criatividade para tentar chamar a atenção do maior número possível de profissionais. Muitas vezes, aliás, o carro é o menor dos atrativos da feira, que tem, além das belas garotas e garotos (sim, eles também estão presentes), inúmeras atividades lúdicas para homens e mulheres de praticamente todas as idades.

Agora não queiram os chamados picaretas dar carteirada para entrar no Salão com uma credencial de imprensa, como se fazia muito antigamente. O rigor no credenciamento está cada vez maior, dentro do espírito de valorizar o profissional jornalista que ali vai para trabalhar efetivamente. Uma iniciativa que realmente merece o aplauso de todos.

Que a crise não tire o brilho do evento, um dos mais concorridos dos últimos tempos e que espera receber perto de 650 mil pessoas entre o dia 30 de outubro e 9 de novembro.

(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’

 

 

 

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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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