Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Comunique-se

AGRESSÃO
Carla Soares Martin e Sérgio Matsuura

Jornais admitem falhas na cobertura do caso Paula Oliveira

‘Mesmo antes do fim da investigação da polícia suíça sobre o caso Paula Oliveira, jornais do Brasil admitem ter cometido falhas na cobertura. O suposto ataque de neonazistas contra a brasileira foi primeiramente noticiado pelo Blog do Noblat, e repercutido por praticamente toda a imprensa do País.

‘Eu acho que a Folha foi mal como todos os outros jornais e veículos de comunicação. Foi precipitada. Compramos a notícia sem confirmação própria’, avalia o ombudsman da Folha de S. Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva.

O diretor de conteúdo do Estadão, Ricardo Gandour, afirma que o jornal registrou a informação divulgada pelo Blog do Noblat e foi a campo, com uma entrevista com o pai de Paula Oliveira e informações do Itamaraty. Porém, admite a falta do outro lado da história. ‘Ficou 24 horas num pé só. Serviu como um aprendizado para o futuro’, diz Gandour.

Essa é a mesma opinião do professor e ouvidor-geral da Empresa Brasil de Comunicação, Laurindo Leal Filho: ‘Os fatos eram graves demais para ficar em uma só versão’. Ele também ressalta a diferença da apuração realizada por blogs e por veículos de comunicação.

‘Os blogs não substituem a cobertura jornalística. Os blogueiros não têm estrutura para planejar e executar uma cobertura. Para este caso, fazia-se necessária uma equipe de reportagem’, afirma Leal Filho.

Apesar das avaliações negativas sobre a forma como a cobertura foi encaminhada, o ombudsman da Folha afirma que, se tivesse que decidir se daria ou não a notícia, também cometeria o erro.

‘Se eu estivesse no lugar dos editores, iria cometer o mesmo erro. Existe uma cultura no jornalismo que tem que se dar a notícia o mais rapidamente possível’, admite Lins da Silva.’

 

 

Comunique-se

Noblat conta como recebeu notícia de Paula Oliveira

‘O jornalista Ricardo Noblat conta, em seu blog, como recebeu a informação de que a brasileira Paula Oliveira teria sido atacada por skinheads em Zurique.

‘Caro Noblat: minha filha sofreu um ataque de neonazistas na Suíça onde trabalha oficialmente. Teve o corpo retalhado a faca com a sigla de um partido de extrema direita. Grávida de gêmeos, abortou-os. Você me conhece do bairro de São José, no Recife. Nós nos reencontramos no aniversário de 80 anos de Armando Monteiro Filho. Trabalho com Roberto Magalhães (deputado do DEM). Assinado: Paulo Oliveira’, incluiu o jornalista em seu blog de sexta.

Com ‘meia dúzia de conversas’ com Paulo (pai da advogada) e fotos da moça grávida em tese de três meses e outra foto dela retalhada, Noblat decidiu publicar a matéria. A primeira notícia do suposto ataque contra a brasileira saiu em 11/02: Brasileira torturada na Suíça aborta gêmeos. A primeira informação sobre o caso foi dada no Blog do Noblat – e foi notícia nacional e internacionalmente.

A questão agora, porém, gira em torno da veracidade da notícia. O pai, Paulo Oliveira, continua sustentando a versão de que Paula fora atacada por skinheads. O Instituto de Medicina Forense da Universidade de Zurique diz que Paula não estava grávida e os ferimentos na barriga podem ter sido feitos por ela mesma.’

 

 

MUGABE
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Jornalistas são agredidos durante investigação sobre presidente do Zimbábue

‘Os repórteres Colin Galloway e Tim O´Rourke, do diário britânico Sunday Times, foram agredidos enquanto faziam reportagem sobre suposta compra de mansão pelo presidente do Zimbábue, Robert Mugabe. Os agressores foram dois homens e uma mulher que estavam na residência, em Hong Kong. A polícia local está investigando o caso, ocorrido na semana passada.

A mansão foi descoberta pelo jornal britânico, que realizou uma ampla investigação sobre os interesses financeiros de Mugabe na Ásia. O veículo diz ainda que foi por meio de uma rede de associados que o presidente e sua mulher, Grace Mugabe, investiram na compra de artigos de luxo e em depósitos em contas secretas.

O caso dos jornalistas do Sunday Times aconteceu três semanas após Grace ter sido acusada de agredir um fotógrafo em Hong Kong. O Zimbábue sofre com uma grave crise econômica. A população enfrenta um surto de cólera, inflação e desemprego, que atinge 94% da população. A suposta mansão teria o valor de US$ 5,6 milhões.

Com informações da Reuters.’

 

 

VENEZUELA
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Jornais dão tons de crítica e comemoração em cobertura de referendo na Venezuela

‘Enquanto o El Nacional, de oposição ao governo venezuelano, destaca que ‘Chávez ganha direito a se reeleger após um processo infestado de vícios’, o diário de apoio a Hugo Chávez exalta a ‘grande vitória’ do presidente em sua manchete desta segunda-feira. O resultado do referendo realizado pelo governo deu ao presidente direito de se reeleger indefinidamente.

El Universal, que apóia Chávez e seu governo, destaca que ‘54,36% dos cidadãos disseram ‘sim’ à emenda constitucional que permitirá se candidatar indefinidamente o Presidente e todas as demais autoridades eleitas por voto popular’.

O El Nacional tenta alfinetar o presidente venezuelano porque ele ‘não alcançou a meta de 7 milhões de votos que tinha pedido a seus seguidores em 20 de janeiro’.

Em editorial intitulado ‘De novo a armadilha’, critica a falta de habilidade da oposição em lutar pelos votos dos indecisos ou neutros, além daqueles que optaram pela abstenção.

As informações são da Agência EFE.’

 

 

CONTEÚDO NA REDE
Bruno Rodrigues

Por que tenho que pagar pelo meu jornal?

‘Luís XVI deve ter se sentido assim. De um lado, os ventos da modernidade a soprar inclemente; do outro, o povo clamando por sensatez. No centro da questão, o dinheiro -sempre ele – a fazer a roda do tempo girar mais uma vez.

Estou pregando a Revolução? Nem é preciso, amigos. Fato é que, à luz dos acontecimentos dos últimos anos, os jornais impressos observam em pânico, da sacada de um Versalhes digital, o perigo se aproximar. E se movimentam na penumbra, em passos minuciosamente estudados, cuidando para não disparar um novo ‘se não tem pão, sirvam brioches’. É feia a coisa.

De um lado, uma questão ancestral, que nos remete à era moderna do jornalismo: antes da web, não havia opção se eu quisesse consumir informação confiável. Era preciso pagar para ter acesso à apuração bem feita, ao texto claro e inteligente. Pagávamos sem pensar, e ao longo das últimas cinco décadas virou fato do dia-a-dia do cidadão do mundo inteiro comprar um jornal. Vai-se à banca de manhã cedo ou o exemplar é depositado na porta de casa, antes do café da manhã. Em troca, dinheiro, e ponto final.

Do outro lado, as versões online dos jornais surgiram com a web, começando a rivalizar com as de papel. Tentativas foram feitas para se cobrar pelo conteúdo, mas o público chiou. Vieram os blogs e os jornais foram obrigados, com o tempo, a entendê-los e até a contá-los como ferramenta de trabalho. A notícia, agora, circulava em bilhões de minúsculos pedaços, em uma realidade virtual em que o controle da informação começava a escorrer por entre os dedos.

No momento em que as grandes empresas começavam a pensar ainda aturdidas, em um novo modelo de negócios em que a notícia ao menos pudesse encontrar nas grifes jornalísticas – e em tudo o que isso significa – uma base sólida que justificasse ser trocada por dinheiro, veio a Crise. E tudo começou a ruir.

Graves questões vêm à tona. Se não estamos mais no alvorecer do ciberespaço, mas no fim da infância da web, e neste cenário encontro, sim, informação confiável espalhada pelos mil cantos da Rede, por que tenho que pagar pelo meu jornal? Afinal – e aí ressurge a principal questão, vinda do início da era do jornal pago – é a junção notícia/publicidade que mantém um jornal vivo e um produto nas prateleiras, não é? Foi desta troca que surgiu o modelo de negócios de sucesso que sobrevive até hoje.

Mas, pare e pense: se um produto quer ser visto, por que *eu* devo pagar por um veículo que ‘transporta’ este anúncio e tantos outros? Se o produto quer visibilidade, ora bolas, que o jornal me seja oferecido de graça! O anunciante paga o espaço ao jornal – aí sem faz sentido – mas ele me chega gratuitamente.

Ao longo de muito tempo, havia um conformismo (bastante incômodo) que justificava que se pagasse por um impresso: por mais que fizesse sentido a troca jornal/anunciante, não havia jeito para que se tivesse acesso à notícia de qualidade, era preciso pagar. Se não havia saída, era no próprio bolso que tínhamos que mexer, mesmo.

Em 2009, estas e outras questões não apenas vêm à tona, mas começam a incomodar seriamente – a todos, a bem da verdade, e não apenas a jornais e anunciantes:

. Já é possível um leitor confiar no que lê na internet, diariamente?

. Teria chegado o momento de reproduzir gratuitamente na Rede tudo o que se paga para ler no jornal, e desistir de recriar na web o modelo do impresso?

. No impresso, será que as empresas jornalísticas sobreviveriam sem as assinaturas, seria possível bancar a qualidade da notícia apenas com os valores dos anúncios?

. Este novo modelo daria certo com empresas jornalísticas de médio e pequeno porte?

. E, ponto mais preocupante, como sobreviveria o jornalista neste cenário?

Tantas questões, quanta incerteza. Por mais que saibamos que momentos de mudança pedem criatividade e jogo de cintura, será que ainda há tempo para negociar com quem que clama por novos paradigmas (o leitor), ou só resta, mesmo, um fim trágico para o jornal impresso e pago?

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1. Para quem não conhece meu blog, dê uma checada no http://bruno-rodrigues.blog.uol.com.br.

2. Gostaria de me seguir no Twitter? Espero você em twitter.com/brunorodrigues.

(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’

 

 

LIBERDADE DE IMPRENSA
Milton Coelho da Graça

Informação correta na guerra e na crise

‘A liberdade de imprensa deve ou não também existir no campo de batalha? Em um livro imperdível, ‘A primeira vítima’, Phillip Knightley já começa a dar a resposta no título e no prefácio: em tempo de guerra, a primeira vítima é sempre a verdade.

Mas Tom Curley, presidente da Associated Press, na sexta-feira passada (06/02), em conferência na Universidade de Kansas, afirmou que o imperativo constitucional da liberdade de informação deve prevalecer também em campo de batalha, porque os jornalistas ‘são a única força que fiscaliza lá o governo e o obriga a dar satisfações sobre o que faz.’

A Associated Press, uma agência noticiosa cooperativa, criada em 1846 por vários jornais americanos para cobrir a guerra contra o México, é hoje a maior do mundo.

No final deste artigo, vocês encontrarão um bom resumo do resto da matéria escrita pelo repórter John Hanna sobre a palestra de Tom Curley. Mas acho que ela dá um gancho interessante para falarmos sobre dois pontos muito próximos de sua defesa da livre informação, mesmo em campo de batalha, e, com maior e óbvia razão, na guerra brasileira contra a crise econômico-financeira.

São pontos gêmeos mutuamente dependentes: defesa do nível de emprego dos jornalistas e defesa da informação plural e independente.

Nosso Governo se engana, com Bush e os militares americanos se enganam, imaginando que minimizar problemas e exaltar sucessos mantêm a opinião pública sintonizada com os objetivos e/ou desejos do poder. No máximo, essa ‘manobra psicológica’, como diz Curley, adia o pleno entendimento da situação.

O que adianta multiplicar profecias que vão sendo sistematicamente desmoralizadas pelos fatos e até por outras profecias, que se credenciam exatamente pelos erros das governamentais? Todos acreditamos nos números das pesquisas DataFolha e CNI-Sensus sobre a popularidade do Governo e do presidente Lula. Mas quem confia em pesquisas pré-eleitorais visivelmente ‘encomendadas’?

O Governo deve considerar a sobrevivência dos jornais e o nível de emprego dos jornalistas como essenciais na batalha contra a crise. Encher de informação oficial (e paga) os jornais, especialmente os populares, que contêm pouca informação e análise sobre a crise, vai encher os cofres desses jornais, mas não terá efeito relevante sobre a qualidade e a independência da informação no conjunto da imprensa.

Por e-mail, um amigo economista (que pede para não ter o nome revelado) sugere que o Governo poderia, durante seis ou nove meses, se responsabilizar pelas contribuições à Previdência, ao FGTS etc. condicionando esse subsídio a não haver redução de emprego. É uma idéia, quem tem outras?

(Resumo da parte final da matéria de John Hanna)

Curley acha que as organizações jornalísticas devem negociar imediatamente novas regras para o trabalho de seus profissionais na cobertura de operações militares.

Quase da mesma forma como no Vietnã, politicos c militares critivam o noticiário sobre a Guerra quando não é elogioso. ‘Comandantes me disseram que se eu e a AP procurássemos ser fiéis aos princípios do jornalismo, eu e a AP seríamos arruinados.’

Curley disse, em curta entrevista, que não tomou as palavras dos comandantes como ameaças mas como ‘expressão de raiva’.

Onze jornalistas da AP foram detidos por mais de 24 horas, desde 2003. No ano passado, outras organizações jornalísticastiveram oito empregados detidos por mais de 48 horas.

Curley foi à Universidade de Kasas para receber um prêmio por excelência jornalística nacional. Ele já tinha ganhado outros prêmios em 2007 e 2008 por seu trabalho em defesa da Primeira Emenda (que garante a liberdade de imprensa) e da abertura de arquivos.

Sua entrevista ocorreu um dia depois de uma investigação da AP revelar que o Pentágono está gastando pelo menos 4,7 bilhões de dólares este ano em ‘operações de influência’ e tem mais de 27 mil funcionários empenhados nessas ‘operações’. Ao mesmo tempo, os militares vêm se tornando mais agressivos na sonegação de informações e na pressão sobre repórteres.

Um programa militar que colocava reporters junto a unidades de combate no Iraque foi bem sucedido no primeiro ano da Guerra. Mas, depois, os militares expandiram suas regras de uma para quarto páginas. Agora elas são tão vagas,Segundo Curley, que um jornalista pode ser expulso por qualquer coisa que um comandante não goste numa reportagem.

‘O povo americano compreende dificuldades e derrotas’ – disse. ‘Ele espera respostas honestas a seus filhos e filhas sobre o que está acontecendo.’

Curley reconhece que o president Barack Obama já cancelou várias políticas postas em vigor pelo presidente Bush. Mas, quando o Pentágono se vir diante de novas dificuldades – talvez no Afeganistão – ‘os militares voltarão a endurecer com os jornalistas. Agora é a hora de resistir à propaganda que o Pentágono produz e cumprir nossa obrigação de questioner a autoridade e, assim, ajudar a proteger nossa democracia.’

‘Mas a América precisa de recorrer às mesmas táticas da Al-Qaeda? É correto que o governo americano tenha sites Na internet que se apresentem como organizações noticiosas independentes? É correto que os militares plantem matérias em jornais estrangeiros? É correto que os Estados Unidos procurem influenciar a opinião pública através de subterfúgio, tanto aqui como no exterior?’

(*) Milton Coelho da Graça, 78, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’

 

 

JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

Os professores receberam nota zero; cadê as questões?!?!

‘É quase certo que no

carnaval escreverei

um poema de amor.

(Álvaro Alves de Faria no seu blog)

Os professores receberam nota zero; cadê as questões?!?!

A considerada Ignez Ferreira Mendes, psicóloga em São Paulo, ficou perplexa com esta notícia da Folha de S. Paulo:

1.500 professores ‘nota zero’ vão dar aulas em SP

Cerca de 1.500 professores que tiraram zero em uma prova de seleção do próprio governo estadual de São Paulo poderão lecionar neste ano na rede.

O exame foi promovido pela Secretaria da Educação do governo José Serra (PSDB) com a intenção de selecionar 100 mil docentes temporários. 214 mil pessoas se candidataram.

Os 1.500 professores ‘nota zero’ vão poder dar aulas porque uma decisão liminar (provisória) da 13ª Vara da Fazenda Pública suspendeu os resultados do exame, de 25 testes, realizado em dezembro passado.

Ignez estranhou:

‘Como é que um professor tira zero num teste de habilitação e mesmo assim vai ensinar à meninada? Ensinar o quê? Se nada sabe, nada poderá transmitir.’

Janistraquis concorda, porém acusa uma falha crucial na matéria publicada pela Folha e pela mídia em geral de todo o país e do mundo inteiro:

‘Considerado, por que não publicaram as questões do teste? O que havia de tão difícil?’

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Coisa de índios

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal em Brasília, cuja sede situa-se a poucos metros de onde se deu o vexaminoso encontro de Lula-mais-Petúnia com 4 mil bocós de todo o país, num espetáculo de baixíssima politicagem, pois Roldão, que anda cada vez mais antenado, comunicou à coluna:

Escutei hoje, 11/2, às 7h30, no final do Jornal da Band – noticiário diário transmitido em cadeia radiofônica de 7h à 7h30 -, a notícia sobre o jovem com deficiência mental que teria sido morto por cinco índios kulinas no município de Envira (AM), em seguida esquartejado e partes de seu corpo comidas pelos indígenas. O locutor falou em carnibalismo. Deve ter confundido com o termo carnívoro. Só pode ser isso.

É verdade, Mestre Roldão, o elemento confundiu-se todo.

(E para completar a notícia sobre o pantalifúsio episódio, Janistraquis leu num blog altamente suspeito que um dos comensais, mesmo depois de um interrogatório ‘vivaz’, declarou-se inocente: ‘Só bebi um pouco do caldo’, confessou o índio.)

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Bichos no poder

Veteranos da Faculdade de Veterinária de Leme (SP) torturaram e quase mataram um calouro, a quem deram um banho de bosta e despejaram-lhe goela abaixo um litro de cachaça ordinária. O rapaz foi hospitalizado. Janistraquis acompanhou o caso e ficou impressionadíssimo:

‘Considerado, nem n’A Revolução dos Bichos, de George Orwell, na qual foi escrito o mandamento ‘nenhum animal matará outro animal sem motivo’, nem ali se viu coisa igual. Em Leme, os animais simplesmente tomaram conta da Faculdade de Veterinária!!!’

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Álvaro Alves de Faria

Esse que é conhecido como o mais português dos poetas brasileiros inspira-se na mais brasileira das paixões, depois do futebol, é claro, e discorre sobre alguns de seus temas prediletos: o amor sem destino, os versos de silêncio. Leia a íntegra de Carnaval V no blog do poeta, postado na epígrafe.

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Barba & bigode

A considerada Maria Eugenia Correa Lima, do Rio de Janeiro, envia do seu posto de observação nalgum lugar do país:

Aí vai a marchinha do Pacotão 2009. Agora, é só esperar o Carnaval.

(Aos amigos que não moram em Brasília, informo que o Pacotão é um bloco que todos os anos faz críticas aos absurdos do governo; é um bloco de protesto.) A letra:

Perereca de bigode

Autor e intérprete: Joka Pavaroti

Estão maquiando a Dilma

Pra enganar o povão

O Lula gritou Eureca!

Quem comeu Sapo

Engole Perereca!

Eu acho que vai dar bode

Dilma não tem barba

Mas pode ter bigode!

Eureca! Eureca!

Quem comeu sapo

Engole Perereca! (BIS)

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Suplente de vereador

Janistraquis, que até já sonhou em ser viúva de desembargador para receber milionária pensão e amenizar os infortúnios da velhice, agora deseja com ardência ser suplente de vereador em Aracaju (SE):

‘Considerado, deu na coluna do Claudio Humberto que esses felizardos ganham R$ 9.288,04 por mês. E tenho quase certeza de que um suplente de vereador em Aracaju não precisa nem saber ler…’.

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Votos de leitores

Deu no Meio&Mensagem, com informações extraídas do blog de Claudia Trevisan, no Estadão:

Governo do Brasil anuncia em revista dos EUA

O governo brasileiro veiculou um anúncio de dez páginas na edição atual da revista norte-americana Foreign Affairs, na qual expõe os projetos e ações da gestão administrativa do presidente Luís Inácio Lula da Silva, visando promover, econômica e politicamente, o Brasil no cenário internacional.

O encarte publicitário foi financiado pelo BNDES, pela Petrobrás, Embratur e por um grupo de empresas privadas e traz, em meio aos textos, fotos e imagens de autoridades políticas, como do próprio presidente Lula, do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e, com grande destaque, da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff – nome mais cotado para disputar as eleições presidenciais de 2010 pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

Li em voz alta e depois me saltou da boca este comentário:

‘Que absurdo! Em plena crise um bando de irresponsáveis resolve jogar dinheiro no lixo…’.

Janistraquis, que ao lado extraía um bicho-de-pé com a ponta do canivete, protestou:

‘Não seja intolerante e burro, considerado; você não percebe que o PT está a fim de conquistar pra dona Petúnia os votos dos leitores da revista americana?’ (Leia a íntegra aqui)

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E os ateus?!?!?!

Saiu no indispensável Consultor Jurídico:

Zveiter assume TJ do Rio e manda retirar crucifixos

Luiz Zveiter, o novo presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, já chegou ao tribunal fazendo barulho, como era esperado. Mal tomou posse e já determinou a retirada dos crucifixos espalhados pela corte e desativou a capela. Zveiter, que é judeu, quer fornecer um espaço para cultos que atenda a todas as religiões.

Janistraquis acha que Sveiter, muito conhecido porque comandou a Justiça esportiva, está querendo fazer média com todas as torcidas:

‘Ora, considerado, esse negócio de fornecer espaço para cultos é conversa fiada; um tribunal sério não tem que fazer isso e quem quiser rezar que vá pra sua igreja e deixe os ateus em paz!!!’

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Cunha-Paraty

O considerado Lourival Gomes de Oliveira [01/02/2009 – 21:21] (Freelancer), postou na área de comentários:

Caro Japiassu. Gostaria que você escrevesse alguma coisa sobre a estrada Cunha-Paraty. Abraços. Vavá.

A estrada é excelente até a divisa com o Rio, ó Vavá, mas aí começa a horripilante descida. São apenas 8 quilômetros que acabam com o freio do carro, pois é impossível, pelo menos para motoristas comuns, enfrentar aquilo sem o pé lá embaixo. E é bom torcer para não vir nenhum ônibus ou caminhão, pois há o risco de nos transformarmos em notícia…

Os moradores de Cunha se dividem quanto à anunciada reforma da pista; uns acham que vai ser uma beleza, outros acreditam que o movimento de turistas destruirá a paz dos sítios. Janistraquis acha que a estrada, atualmente interditada, para ficar boa mesmo só precisa piorar um pouco mais.

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Nota dez

O considerado Sérgio Augusto, longe, longe, o melhor jornalista cultural do Brasil e também nosso mais brilhante crítico de cinema, escreveu no Caderno 2 do Estadão:

Um minuto de silêncio precedeu o jogo do Flamengo contra o Volta Redonda, domingo passado, pelo Campeonato Carioca. Quantos dos presentes no Maracanã conheciam, ainda que vagamente ou só de nome, Antonio Moniz Vianna?, perguntei-me ao saber da homenagem, seguro de que jamais teria uma resposta satisfatória.

Moniz Vianna, morto na madrugada do último sábado de janeiro, aos 84 anos, não era uma celebridade, apenas um dos mais ilustres torcedores do Flamengo, sua maior paixão depois do cinema. Célebre ele fora em décadas passadas e famoso há de ficar como o primeiro crítico de cinema brindado com um minuto de silêncio no Maracanã.

Leia no Blogstraquis a íntegra do texto desse Mestre botafoguense cujo talento é infinitamente maior do que vários maracanãs e engenhões juntos.

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Errei, sim!

‘COISA DE JAPONÊS – Legendaça de cinco colunas no suplemento Carro e Moto, do Jornal do Brasil: ‘Com formato estreito e largo, o Honda Accord incorpora os progressos…’, e seguiu acelerando até o fim da página.

Intrigado, Janistraquis consultou o repórter Zé Luiz da Trena, aquele das transmissões da Rede Bandeirantes, e informou:

‘Considerado, o Honda Accord deve ser realmente um fenômeno da indústria automobilística, porque, até o aparecimento dele, jamais um carro foi, ao mesmo tempo, estreito e largo’. E completou, com admiração: ‘Esses japoneses…’. (junho de 1991)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada ‘Carta a Uma Paixão Definitiva’.’

 

 

ENXUGAMENTO
Eduardo Ribeiro

Cinco veículos já demitiram em conseqüência da crise

‘Não são ainda números alarmantes, mas seguramente perto de 80 profissionais perderam o emprego desde novembro nas redações por conta da crise econômica internacional e seus reflexos no Brasil. Parte desse enxugamento foi compensado com a expansão do serviço editorial do portal Terra, que abriu mais de 20 vagas. Há também contratações no segmento de agências de comunicação e em concursos públicos, que estão absorvendo mão-de-obra jornalística.

Foram cinco as empresas que promoveram cortes em massa nas suas equipes editoriais.

A CBM – Companhia Brasileira de Multimídia, de Nelson Tanure, que administra os jornais Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil e a Editora Peixes, puxou a fila, demitindo no final de novembro 70 pessoas da Gazeta Mercantil, 15 delas da redação. À época, deixaram o jornal, entre outros, a editora-executiva Ana Maria Géia, o editor de Administração e Serviços Edilson Coelho, a editora de Plano Pessoal Fabiana Gitsio, a editora-adjunta de Finanças Simone Cavalcanti, a editora do caderno Fim de Semana Elaine Bittencourt, o editor-adjunto de Nacional Antonio Furtado, a editora-adjunta de Comunicação Sheila Horvath, a editora-assistente Márcia Maria, o repórter Fernando Taquari (Política), o repórter fotográfico Romualdo Ribeiro e o tratador de imagens Rubens Ribeiro da Silva.

Duas semanas mais tarde, praticamente às vésperas do Natal, foi a vez do Correio Braziliense, que cortou 80 vagas, 11 delas na redação, com 60 demissões diretas (as outras eram vagas abertas e não preenchidas que foram extintas). A ironia do destino é que as demissões foram anunciadas poucos dias após os Diários terem pago a primeira parcela do 14º salário, abono que refletiu o bom desempenho do grupo em 2008. Entre os profissionais que deixaram o Correio naquela ocasião estavam o repórter de Mundo Pedro Paulo Rezende, o sub de Cidades Carlos Tavares, a repórter de Cidades Lívia Nascimento, Dalila Góes, da Revista do Correio, Tomás Pires, do CB Online, e o fotógrafo Edson Gê.

Na semana retrasada outras 19 vagas (18 editoriais) foram fechadas nos veículos do Grupo DCI, também tendo como pano de fundo a crise e a queda na receita publicitária. As demissões atingiram dois editores, dois subeditores, seis repórteres, duas correspondentes, três estagiários, três integrantes do núcleo de Artes e um motorista. Com as demissões, a equipe editorial dos quatro principais veículos do Grupo DCI, que já não era grande, passou a contar com cerca de 30 profissionais. A empresa, pelo que apurou este J&Cia, no caso de haver uma retomada da publicidade, assumiu o compromisso de chamar de volta as pessoas dispensadas. Deixaram o DCI os editores Luiz Antonio Magalhães (Política, São Paulo e Opinião) – ele continua a integrar a equipe do Observatório da Imprensa, como editor-adjunto – e Ana Paula Quintela (Agronegócios e Internacional); os subeditores Laelya Longo (Indústria e Legislação) e Rafael Bresciani (Comércio e Serviços); as correspondentes terceirizadas Paula Andrade (Brasília) e Juliana Ennes (Rio de Janeiro); as repórteres Érica Polo (Agronegócios), Caterine Piccioni (Serviços), Adriana Perez e Adrieli Marchezini (ambas de Finanças, sendo que Adrieli saiu por sua própria iniciativa); os estagiários Luiz Felipe Faustaíno (Indústria), Ana Paula Garrido (São Paulo) e Daniela Fonseca (Comércio). Do Panorama Brasil/DCI Online/Shopping News saíram os repórteres Lorena Latorre e Bruno Santos, que pediu demissão. O corte atingiu também a Arte, de onde saíram o diagramador Wilson Roberto Thomaz, o infografista Leandro Ayuso e o tratador de imagens Émerson Batista.

Na semana passada, os ecos da crise vieram diretamente do Rio de Janeiro, por meio do Jornal do Brasil, que, já enxuto, viu sua equipe editorial perder outros 26 profissionais, conforme dados do Sindicato do Município. Entre eles estão os repórteres Flávia Belaciano, Hugo Cals, Júlia Moura e Eloysa Leandro; Flávia Martin, da coluna de Heloisa Tolipan, e Luiz Cláudio de Almeida, da coluna de Anna Ramalho; o diagramador Pedro Motta; e o fotógrafo Álvaro Riveros. Houve demissões também em outras áreas, e a empresa atribui o corte às dificuldades provocadas pela crise financeira internacional.

Também em função da crise, a Fundação Padre Anchieta (rádios e TV Cultura), de São Paulo, demitiu nesta 2ª.feira (9/2) 31 profissionais, como já destacou este Comunique-se, sendo oito deles do Jornalismo. Por causa dos cortes, já estão fora da grade da TV o programa Opinião Nacional, comandado por Alexandre Machado (que, por enquanto, continua na emissora), e, da rádio, o Na Companhia da Música, cujo apresentador, Vicente Adorno, deixou a casa. Também saíram Lázaro Oliveira (Vitrine), Paulo Castilho (Metrópolis) e Maria Zulmira de Souza (Repórter Eco), além da equipe do Opinião Nacional (Ana Cardilho França, Daniel Grecco, Silvia Correia e Taís Sampaio). Na 5ª.feira passada (5/2), fora desse ‘pacote’, já havia deixado a FPA Flávio Carranza, que havia dois anos era editor-chefe do Núcleo de Jornalismo das rádios AM e FM. Antes de Flávio, quem saiu foi Márcia Dutra, que apresentava na tevê o Boletim Cultura e cujo contrato não foi renovado na volta de suas férias.

O último lance, que tem a crise como pano de fundo, mas que infelizmente não ocorre só por conta dela e sim por questões administrativas e empresariais, é a greve na Editora Símbolo, que coloca em risco outras 30 vagas, visto que a empresa, com salários atrasados desde dezembro (pagou apenas o adiantamento daquele mês) e também sem ter pago ainda o 13º, não dá mostras concretas de que vai conseguir superar os graves problemas de caixa que enfrenta.

Os cerca de 30 jornalistas da empresa decidiram cruzar os braços nesta 2ª.feira (9/2) e na tarde desta 3ª, em assembléia que teve a participação do presidente do Sindicato dos Jornalistas, Guto Camargo, confirmaram a decisão e entraram oficialmente em greve. Eles esperavam há dias por uma proposta ou alguma sinalização da empresa, sem sucesso, razão que acabou motivando a paralisação.

Semanas atrás, a presidente da empresa, Joana Woo, chegou a enviar um e-mail a todos os funcionários em que reconhecia as dificuldades e pedia a compreensão e a paciência de todos, porque esperava sanar os problemas em pouco tempo. Uma comissão de quatro profissionais eleita pela assembleia entregou à direção da empresa documento pleiteando o fim dos atrasos e a abertura de negociações com um cronograma de pagamentos. Paralelamente, o Sindicato está entrando na Justiça do Trabalho com o pedido de julgamento de legalidade da greve para garantir todos os direitos dos profissionais.

Dirigente da empresa, conforme informou este próprio C-Se, na edição desta terça-feira, afirmou que não há previsão de pagamento e tampouco condições de assumir compromissos com os prazos dos eventuais acertos. Disse também não haver dinheiro para o pagamento de eventuais indenizações.

A Símbolo, cujo controle chegou a pertencer por um período às editoras Abril e, depois, Escala, delas voltando a se separar, para continuar sob o controle de Joana Woo, edita, entre outras publicações, Uma, Meu Nenê, Donna e Chiques & Famosos. No auge, dois de seus títulos fizeram grande sucesso: Atrevida e Raça Brasil, ambos hoje fora do portfólio da empresa.

(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’

 

 

 

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