Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

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JORNALISMO ECONÔMICO
Eleno Mendonça, 10/04/06


O risco da contaminação no noticiário


‘Foi correto o timing de lançamento de um plano nacional de combate à gripe aviária por parte do governo Lula. Foi demonstração de sensatez, ainda que não se saiba ao certo quais são os riscos de uma eventual contaminação acontecer. A antecedência se justifica: se por acaso uma ‘ave peralta’, como disse Lula no lançamento do plano, resolver cruzar os céus do Brasil, as medidas mínimas e possíveis já foram tomadas. De todo modo, fica claro que se um franguinho for contaminado numa cidadezinha qualquer a repercussão será tanta que certamente toda a cadeia produtiva estará em risco, no caso mais pelo lado econômico do que propriamente por questões de saúde.


Mesmo sem a ocorrência da gripe aviária no Brasil já estamos sentindo bastante esses efeitos. As exportações caíram, já há desemprego no setor, os preços internos já estão em queda acelerada. Em boa parte isso se deve também à velocidade que tem hoje a notícia. Aqui no Brasil ficamos sabendo em instantes de incidências de gripe aviária na Escócia, Turquia, China. No caso brasileiro não será diferente. A distribuição do noticiário é mundial e, por isso, os efeitos passam a ser imediatos. Além disso, quem compra carne de frango usa desses argumentos para pressionar e fechar contratos mais vantajosos. Isso ocorre toda vez que aparece foco de febre aftosa no gado.


É por isso que o presidente Lula agiu corretamente. Assim que teve o plano em mãos o aprovou e o colocou em prática. Se for preciso acioná-lo, todos imaginam, a eficiência será questionável, mas o governo não poderá ser acusado de inoperância. Se o presidente tivesse sido previdente em todos os casos de seu governo com essa rapidez e forma ‘desburocratizada’ de agir, certamente as coisas estariam bem diferentes. Aqui, contudo, vale observar que todo mundo que chega ao poder não planeja certas coisas ou, melhor, não faz idéia do tamanho da encrenca que está entrando. Os que querem se reeleger já sabem que governar um País com esse tamanho e tantas carências não é tarefa fácil e os que querem entrar no cargo pela primeira vez deveriam pensar nisso. É possível, com a mesma velocidade da notícia, passar de estilingue a vidraça.


Ao lançar o plano da gripe aviária, tanto o presidente quanto o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, se disseram confiantes em achar que a doença não chegará ao País. Lógico que nisso há mais desejo que embasamento técnico. Quando surgem essas ‘novidades’, nem os maiores especialistas conseguem todas as respostas e explicações. Por isso também a imprensa deve estar atenta. É possível fazer alarde e levar pânico à população sem que haja nenhum foco, nenhuma ave contaminada. A força da palavra é muito maior às vezes que o efeito prático de uma contaminação desse tipo.


Levar pânico antes da hora é coisa séria. Por isso cada palavra deve ser medida. Nesse sentido, já vi reportagens ponderadas e outras exageradas sobre o assunto. A imprensa nessas horas deve saber bem seu papel. Tratar como pandemia, contaminação em massa algo que ainda está no campo do risco e das suposições pode produzir um medo numa população que, neste momento, está mais é querendo beneficiar-se do preço do frango. Os produtores, aliás, deveriam aproveitar esse momento para olhar para o mercado doméstico e ver que, a preços condizentes, o brasileiro responde e rapidamente. Ou seja, ainda que as exportações sejam um canal mais lucrativo, é possível ampliar a produção e vender bem nos dois segmentos. Em momentos assim é que se podem oferecer a uma crise aparentemente monumental saídas criativas e, porque não, lucrativas. Em vez de apenas levar à risca a equação econômica de queda na produção é igual à demissão, o setor tem a chance de mostrar que dá para fazer diferente e, de quebra, colaborar para a queda geral de preços, na medida em que o preço do frango vai puxar o da carne.’




MERCADO EDITORIAL
Milton Coelho da Graça


Agito geral no colunismo social, 10/04/06


‘Jornal do Commercio e Jornal do Brasil não estão só olhando a briga entre O GLOBO e O DIA. Estão se mexendo também e estão anunciando gente nova, embora na verdade seja um troca-troca. Márcia Peltier, que já está na Record apresentando um jornal carioca, vai se tornar multimídia a partir dia 15: fará um programa na Rádio Tupi, fará algumas ‘entradas’ na FM Nativa e assinará a coluna social do Jornal do Commercio, até aqui do Fred Sutter. E Sutter, por sua vez, passará a ser colunista do JB.


Mas a maior novidade (que todos já sabiam) nessa área é o honesto reconhecimento pelo competente telecolunista social Amaury Jr. (REDE TV) de que, em seu programa, cada potin é uma fatura.


Conversando com Laura Mattos, da Folha, nesta sexta-feira (7/4), Amaury descreve como tudo que aparece passa pelo caixa – entrevistas, casamentos, lobby de hotel, navio etc. – mas afirma que nunca bajula os seus ‘convidados’ e, na verdade, Amaury tem o indiscutível mérito de procurar ‘arrancar’ informações que tenham pelo menos algum interesse para os telespectadores. Ele define como ‘troca de amabilidades e gentilezas’, os acertos com empresários de artistas.


Amaury não se esquivou nem de revelar quanto cobra o preço de um ‘infomercial’: 15 minutos no ar saem pela bagatela de 120 mil. Há um problema, entretanto, igual ao que ocorre em vários programas de entrevistas políticas, em que o ‘entrevistado’ também recebe uma fatura.


Pela lei de concessões de TV, a emissora se obriga, entre outras coisas, a seguir uma estrita proporção mínima entre programação e publicidade. Essa seria uma área em que o Conselho de Comunicação Social (previsto pela Constituição de 84) iria assumir o controle. Mas o CCS, que eu saiba, nunca se interessou por este assunto.


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Contribuição à justa luta de Diogo Mainardi


Marcelo Netto, Marcelo Netto, Marcelo Netto, Marcelo Netto, Marcelo Netto. E a solução desta escandalosa violação dos direitos constitucionais de um cidadão só depende de uma revista reconhecer, com humildade, quem lhe entregou o extrato da conta do caseiro Francenildo.


Um detalhe curioso de toda essa história: a noiva ou companheira de Francenildo, também trabalhava como doméstica na República de Ribeirão Preto, desapareceu e ninguém demonstra interesse em encontrá-la e ouvi-la. Francenildo viu por fora, meus amigos, mas ela VIU TUDO que acontecia lá dentro.’


Eduardo Ribeiro e Wilson Baroncelli


Portal Terra lançará revista online, 5/04/06


‘O portal Terra, pertencente ao Grupo Telefônica, prepara-se para uma nova e ousada iniciativa no campo editorial. Vai lançar, no próximo dia 17 de abril, a revista online multimídia Terra Magazine. Para dirigir o projeto, a empresa convidou Bob Fernandes, um dos mais respeitados jornalistas brasileiros da atualidade e que por anos foi o braço direito de Mino Carta, na Carta Capital, revista da qual foi redator-chefe até o final de 2004. Será a primeira incursão de Bob nos domínios da Internet e o primeiro compromisso que assume em redação desde a saída da Carta.


Wilson Baroncelli, editor-executivo deste Jornalistas&Cia, ouviu tanto Bob Fernandes, contratado para o projeto, quanto Antonio Prada, diretor de Conteúdo do portal Terra. É dele o texto que se segue.


Nesse pouco mais de um ano de período sabático, ele vem se dedicando a escrever um livro sobre o presidente venezuelano Hugo Chávez, já quase concluído: ‘Mas não será uma biografia, e sim um perfil, com base em mais de 50 horas de conversas gravadas com ele e outros integrantes do seu governo’. Essa tarefa ele vai agora dividir com o Terra Magazine, desafio que, aos 50 anos, encara com entusiasmo juvenil.


‘Não vou mais ter que esperar uma semana para fazer uma capa, vai ser na hora’, brinca, ressaltando ter certeza dos bons resultados da aplicação da sua experiência em um veículo cujas características ele ainda pouco explorou: ‘Acho que o segredo para o sucesso de uma revista multimídia é você trabalhar o foco, o tamanho e a linguagem do material de acordo com cada meio disponível para a veiculação, seja ele tevê, podcast, celular ou qualquer outro. Isso a gente sabe fazer.’ E Bob não vê superficialidade de conteúdo em função da fórmula adotada: ‘Embora o factual seja inerente ao timming da Internet, nossa proposta é refletir, antecipar, aprofundar, buscar o inédito, o foco que ninguém deu. Vamos iluminar o cenário para que o nosso usuário tenha um conhecimento melhor dos fatos’.


Antonio Prada, diretor de Conteúdo do portal, diz que o Terra Magazine ‘nasce com o propósito de investir no jornalismo investigativo, em entrevistas exclusivas, antecipação de tendências e na cobertura diferenciada de fatos importantes, além de ser uma revista multimídia, interativa, online, produzida na Internet para a Internet, com repórteres, colunistas e colaboradores em várias cidades do Brasil e do Exterior’.


Responsável pela área desde a criação do portal, ele foi anteriormente do Diário do Grande ABC, onde chegou a editor-chefe e criou a versão online do jornal, que deixou para montar o conteúdo do Zaz (depois comprado pela Telefônica e transformado no Terra, em 1999). Prada afirma que o portal foi pioneiro tanto na qualificação do jornalismo em tempo real, plataforma que ajudou a construir no Brasil, quanto ao criar a TV Terra, e, com ela, um novo tipo de jornalismo, de banda larga. ‘Agora, chegou a vez de sair na frente de novo e buscar uma linguagem diferenciada e aprofundada dos fatos. Mais conteúdo, mais análise, mais investigação, com todos os recursos que a Internet oferece’, diz. Segundo ele, o Terra tem hoje 2 milhões de assinantes, dos quais 1,3 milhão em banda larga, o que representa metade do mercado.


O portal emprega cerca de 120 pessoas, 100 delas jornalistas: ‘São várias equipes, mas todas trabalham juntas e da mesma forma, pois encaramos a multimídia como reportagem’. Nem ele nem Bob adiantam nomes do grupo que vai produzir o Terra Magazine, argumentando que muitos ainda estão pendentes.


Não deixa de ser uma compensação em relação à tragédia que foi a passagem da AOL pelo Brasil, com muitos altos e baixos e agora a derrocada final, com sua saída do País.’




GRANDES REPORTAGENS

Cassio Politi


O dia em que Caco Barcellos foi seqüestrado, 7/4/2006


‘O sol tinha raiado fazia poucas horas na Colômbia. Caco Barcellos foi a uma rua deserta e, lá, encontrou os guerrilheiros. Sentou-se no banco de trás do carro e foi obrigado a usar óculos com as lentes pintadas de preto.


‘Fui seqüestrado’, pensou o jornalista. Os homens da Exército do Libertação Nacional tinham quebrado o pacto.


Duas semanas depois, a reportagem estava no ar no Jornal Nacional, Globo Repórter e em outros programas jornalísticos da TV Globo. Mais do que a conquista de três prêmios, as matérias resultaram na libertação de três engenheiros da Braspetro seqüestrados pelos guerrilheiros.


A pauta


Um dado retumbava na cabeça de Caco Barcellos: mais de 30 jornalistas tinham sido mortos nas batalhas entre guerrilheiros e paramilitares. Um medo dosava sua ousadia: o medo de morrer. Concentrado em sua missão, o jornalista chegou a Bucaramanga, ao norte de Bogotá, na Colômbia, em abril de 1989.


Três engenheiros brasileiros da Braspetro haviam sido seqüestrados no dia 7 daquele mês. Os integrantes do Exército da Libertação Nacional queriam denunciar empresas de outros países que extraíam o petróleo do solo colombiano para exportação. Entendiam que a grande riqueza nacional vinha sendo roubada por estrangeiros. Uma forma que encontraram para fazer barulho era o seqüestro de funcionários dessas empresas.


O alvo


Uma produtora local foi contratada para fornecer equipamentos ao jornalista. Um funcionário da empresa foi quem deu o alerta.


– Se cuida, eles querem pegar você.


‘Usei o artifício mais comum dos guerrilheiros: o elemento surpresa. Comecei a procurá-los. Deixava recado com várias pessoas, como médicos, estudantes e sindicalistas. Pedia a eles que avisassem aos guerrilheiros que eu queria falar com eles. Nos recados, eu perguntava por que eles não me atendiam. Minha oratória era simples: estou apenas cumprindo meu dever de jornalista. Na verdade, eles tinham medo de que eu não fosse só jornalista, mas um inimigo infiltrado’.


Como uma forma de minimizar os riscos, Caco sempre andava no banco de trás do carro. Descia rapidamente para gravar passagens e fazer entrevistas. Falava com as pessoas em espanhol. Depois, corria de volta para dentro do carro. Havia uma luta contra o tempo e contra todas as possibilidades, uma vez que o adversário era imprevisível.


O contato


Possivelmente por meio do cinegrafista da produtora, que parecia ter ligação com o Exército de Libertação Nacional, Caco venceu a corrida. Encontrou os guerrilheiros antes que eles o encontrassem.


– Agora, não vale mais vocês me seqüestrarem. Eu encontrei vocês primeiro.


A frase dita por Caco ao telefone tinha um quê de bom humor. ‘O código que existe é o seguinte: se você surpreende o outro, ele fala ‘perdi’.


A partir dali, não era aconselhável se expor nem mesmo no hotel. Se um paramilitar descobrisse o contato de seus inimigos com o jornalista, as conseqüências seriam perigosas demais, sobretudo para o repórter. Para contar o que sabia, seria torturado. Ou torturado e depois assassinado. ‘Fiquei alguns dias numa casa deserta, sem nenhuma comunicação. Só recebia bilhetes deles’.


A captura


O encontro foi marcado para uma rua deserta na região rural de Bucaramanga. Antes, porém, Caco fez exames médicos. Não era a hora apropriada para sua saúde fraquejar. Os colegas da Globo, no Rio de Janeiro, acompanharam o desenrolar da negociação. De um dia para o outro, perderam o contato. Após cinco dias sem notícias, veio a desconfiança de que o repórter fosse o quarto membro daquele grupo de brasileiros seqüestrados. Pouco tempo depois, a Reuters divulgou a informação do seqüestro, com uma foto em que Caco aparecia sob a mira de uma arma.


Pelo acordo, ele não seria seqüestrado. Mas os guerrilheiros quebraram o pacto. Optaram por colocá-lo no carro na condição de refém, com a visão bloqueada pelos óculos escuros. Foram nove horas de viagem até a região de Barrancas, ao norte de Bucaramanga, mais algumas horas de caminhada pela montanha.


Aparências


O seqüestro foi a melhor opção para todos, por mais absurda que est a conclusão possa parecer. ‘Depois entendi que [a captura] era uma medida de segurança. Se fosse de outra maneira, eu corria o risco de ser torturado por paramilitares, que iam querer saber como tive acesso a eles’.


Foram quase duas semanas no cativeiro móvel dos brasileiros e no acampamento dos guerrilheiros, sempre na condição de jornalista. Não se tratava de um seqüestro como os outros. Caco gravou, desde o segundo dia, reportagens com os brasileiros e revelou como viviam as cerca de 1.500 pessoas por ali. ‘Procurei mostrar muitos aspectos dessa guerra, que é muito suja. Outra coisa que me chamou a atenção foi o modo de viver das chamadas ‘mulheres da guerrilha’.


Caco dormia em choupanas ou redes de palha num ambiente que não parecia ameaçador para os reféns. ‘No dia em que encontrei os engenheiros, eles ficaram muito felizes. Cheguei contando piadas e nossas gargalhadas quebraram o silêncio das montanhas. Os alvos das piadas eram sempre os guerrilheiros’.


De volta para casa


Quando deixou o acampamento, Caco precisou sair por um caminho e as fitas, em poder dos guerrilheiros, por outro. ‘Eles tiveram combates no meio do caminho e, por isso, demorei alguns dias para resgatar as fitas’.


O Exército da Libertação Nacional queria soltar os engenheiros. Isso não acontecia pela inércia da embaixada brasileira. As reportagens veiculadas a partir de 2 de junho de 1989 denunciavam essa inoperância. ‘Consegui trazer uma informação importante: bastava a intervenção do governo para libertar os engenheiros’. O governo continuou ausente, mas o Sindicato dos Petroleiros foi até lá e negociou, com certa facilidade, a volta dos brasileiros para casa.


Os guerrilheiros aproveitaram a presença de um repórter de televisão por lá para mandar o recado para outros países? ‘Fiz a reportagem como conseqüência da negociação. Acredito que eles tenham aproveitado a minha presença por lá para tentar mandar o recado. Mas o conteúdo das reportagens não fez parte das negociações’.’




TELEVISÃO
Antonio Brasil


O fim do pior telejornal da TV brasileira, 10/04/06


‘Calma! Antes que atirem a primeira pedra, é importante dizer que a avaliação acima não é minha. Além de pedir o fim do telejornal, Oswaldo Martins, ombudsman da TV Cultura, declara no site da emissora que ‘o JC, o Jornal da Cultura, atualmente, é o pior telejornal da TV brasileira’. (ver aqui).


Talvez seja um exagero. Afinal, outros telejornais de emissoras comerciais e certamente o jornal da TVE da Rede Brasil também concorrem ao título de pior telejornal da TV brasileira. São todos muito ruins. Mas é muito triste ver que os dois principais telejornais de emissoras públicas brasileiras certamente estariam entre os piores no gênero. Tudo a ver.


‘Quem tiver a pachorra de conferir lerá que não prego a extinção do jornalismo, mas de telejornais inúteis como o atual Jornal da Cultura. E ofereço, como alternativa, uma completa reformulação – tese que defendo desde setembro de 2004’.


De qualquer maneira, o ombudsman da TV Cultura teve a coragem de colocar o dedo na ferida, abrir o debate e dizer ao público e, principalmente aos contribuintes paulistas, que o ‘rei está nu’. Procurei fazer uma seleção das declarações mais explosivas do ombudsman divulgadas na Internet nos últimos meses. Ele bem que tentou. No início, constatamos um otimismo, vontade de acertar com recomendações preciosas para a divulgação da emissora. Com o passar do tempo, em meio a tantas decepções e frustrações, as críticas se tornam mais amargas e contundentes. A solução final, propor o fim dos telejornais da TV Cultura, já era previsível.


‘Hoje começa uma nova etapa nesta experiência pioneira na televisão brasileira que é a função de ombudsman criada há um ano na TV Cultura. Como já havia informado em comentário anterior, meu foco agora está fechado exclusivamente na programação de jornalismo’.


‘Tudo indica que o Jornal da Cultura, o principal noticiário da emissora, está finalmente no rumo certo. Fico à vontade, e feliz, com os progressos que observo, após mais de um ano de críticas à ausência de uma identidade própria e à letargia que parecia dominar o ânimo da equipe’.


‘O JC segue sua vidinha medíocre na mesma pasmaceira de sempre. Para quebrar a monotonia daquela solidão melancólica naquele cenário modorrento, vez por outra os apresentadores fazem caras e bocas, se divertem entre eles com as preferências futebolísticas de cada um, dão boas risadas e acham que isso é ser ‘informal’.


‘O Jornal da Cultura continua arrastado, repetitivo, desinteressante. Nada acrescenta ao que os demais telejornais já informaram antes dele’.


De lá pra cá, o jornal da Cultura assim como o país pioraram ainda mais.


‘Após dezessete meses de comentários neste espaço, estou convencido de que a direção da Cultura não sabe o que fazer com o seu telejornalismo. Pior: na única ocasião em que tentou fazer algumas modificações (setembro de 2005), suas orientações foram solenemente ignoradas. Tudo indica que o marasmo dos últimos dez anos veio para ficar’.


‘Não é por falta de liberdade, portanto, que o comando do jornalismo da TV Cultura vai mal. Ao contrário, o seu problema é o excesso de liberdade. Liberdade para criar o rótulo do ‘jornalismo público’ sem precisar explicar do que se trata. Liberdade para cometer erros imperdoáveis, com a certeza do perdão. Liberdade para reincidir diariamente nos erros, com a certeza da impunidade. Liberdade para acomodar-se no mínimo, já que ninguém lhe exige o máximo’.


‘A Cultura e seu jornalismo deveriam investir na subversão do meio e – por que não? – tentar surpreender o mercado na virada do novo tempo’.


Afinal, quem, para que serve e o que quer o ombudsman da TV Cultura?


‘O ombudsman da TV Cultura emite suas opiniões sobre o jornalismo da TV Cultura no site da emissora. Seu único compromisso é com os telespectadores e seu dever é defender a qualidade da programação de jornalismo a que o público tem direito’.


‘Eu não sou crítico de cinema e, portanto, não devo me estender sobre o filme. O que interessa, aqui, é o telejornalismo – e este, lamentavelmente, por preguiça ou por desinformação, ficou a reboque da fita’.


O que é esse tal de Jornalismo público? Qual é o seu diferencial em relação às demais emissoras comerciais?


‘O tal do jornalismo público é uma ficção ou, no máximo, uma estratégia de marketing’.


‘ …o jornalismo da casa (o dos telejornais) continua sem imaginação, sem agilidade, sem garra. Vez por outra dá sinais de que vai trilhar o rumo certo, mas no dia seguinte volta à rotina de repartição pública que parece ser a sua marca permanente’.


‘…não se faz bom jornalismo sem bons jornalistas. A TV Cultura os tem, mas ou eles não estão no comando ou o comando não comanda. Ou, as duas coisas juntas’.


‘…o quesito qualidade diz respeito antes de tudo à boa informação. Sem ela não há bom jornalismo e sem ele não há o diferencial prometido’.


Falta de verbas?


A questão mais importante, no entanto, é a seguinte: Por que uma televisão pública deveria gastar 25 por cento de todo o seu enorme orçamento para fazer um telejornal diário tão ruim? Produzir telejornais pode não ser a única forma de produzir jornalismo nas TVs. Este dinheiro não poderia ser melhor aplicado em outras formas de jornalismo de TV?


Talvez, a velha fórmula dos telejornais preguiçosos pode estar acabando.


Telejornal chato é…


Outro dia, ao conversar com o editor do meu próximo livro, o ‘Antimanual de Comunicação’, fui indagado ou criticado – não estou bem certo – sobre um conceito que costumo utilizar para definir os telejornais: são todos muito chatos. Então, explico.


Não consigo acreditar ou aceitar que um programa de um meio tão dinâmico como a televisão, mesmo que seja um telejornal, seja sempre o mesmo e sempre tão previsível. A fórmula não muda nunca: ritmo alucinante para disfarçar o tédio da cobertura; escalada com as notícias do dia, cenários futurísticos, vinhetas apoteóticas, apresentadores bonitos, porem sempre a beira de um ataque de nervos. O telejornal prossegue com matérias previsíveis apresentadas pelos mesmos repórteres de sempre com matérias que seguem o mesmo formato. Texto em Off, passagem do repórter, entrevista meteórica, mais texto em off, povo fala confirmando a proposta e assinatura final. Ufa!


O formato, sempre o mesmo, é preguiçoso, está mais do que velho e desgastado. É muito chato. Na falta de apuração e reportagem, os telejornais produzem sempre as mesmas pautas impostas pelas assessorias de imprensa. Principalmente, pelas assessorias de governo. É mais barato, cômodo e menos arriscado. As pesquisas sempre comprovam qualquer coisa.


Outra questão fundamental é o tempo dedicado ao telejornal: sempre o mesmo. Não interessa se naquele dia não houve nada de importante e se não foram produzidas boas ‘matérias de gaveta’, matérias de apoio produzidas com antecedência recomendável e necessária, por exemplo. Matérias com tempos diversos. Algumas bem mais longas, outras, nem tanto. Nem pensar! A fórmula de sucesso do telejornal não permite mudanças ou riscos.


E o pior: apesar das TVs serem diferentes e terem públicos diversos, todos os telejornais se parecem muito. Todos os telejornais fazem uma clonagem apressada e mal adaptada dos telejornais da Globo, ou seja, dos telejornais americanos. Não há estímulo à experimentação de novas linguagens, estilos e utilização de novas tecnologias. Evitam-se as mudanças no conteúdo e o formato é sagrado. A desculpa é sempre a mesma: telejornal é coisa séria e não se pode arriscar. Sempre foi assim e sempre será A ditadura da audiência impede alternativas.


Os telejornais vivem e sobrevivem das glórias repentinas de dias excepcionais. Aqueles dias em que as notícias falam por si e superam todas as deficiências do formato tão desgastado e decadente. No dia-a-dia, no entanto, o público insatisfeito se afasta dos telejornais e busca novas fontes e formatos mais criativos e participativos de se relacionar com a notícia. Primeiro, acaba o jornal da Cultura. Depois? Os outros telejornais. Mera questão de tempo! Ou seja, o ombudsman da TV Cultura está certo. E não adianta culpar o público ou os donos do poder:


‘A falta de competência, a falta de disposição para o trabalho e a falta de respeito pelo telespectador são capazes de produzir efeitos muito mais nocivos que a falta de liberdade’.


Viagens à França e tiro na cabeça


Hoje, com tantos problemas e opções, deveríamos repensar nossas prioridades. Talvez a sugestão do Ombudsman da TV Cultura de privilegiar a produção de ‘documentários mais bem acabados’ ou programas especiais não seja uma má idéia. Pode ser uma opção muito mais inteligente e realista para a decadência inevitável dos telejornais. De todos os telejornais.


Produzir bons telejornais diários custa caro, requer grande estrutura e não é fundamental e sequer essencial. Há outras formas de se fazer bom jornalismo. A legislação sobre as telecomunicações não obriga as redes de TV brasileiras de produzir telejornais diários. Obriga, sim, a produzir jornalismo.


Mas deveria haver uma lei que monitorasse e punisse as televisões, principalmente, as redes públicas que produzem telejornais ruins ou inúteis.


De qualquer maneira, pelo menos na TV Cultura há lugar para um ombudsman e garante-se o espaço para a autocrítica. Isso pode não ser suficiente para salvar os telejornais ruins. Mas é uma atitude corajosa e louvável. Mesmo que, para a diretoria da TV Cultura, ‘sua opinião não expressa nem reflete a opinião da TV Cultura’. Não é à toa! Segundo matéria publicada pelo Estadão:


‘Procurado pela reportagem, o presidente da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da Cultura, não foi localizado. Ele está em Cannes, para a Mip, uma das principais feiras anuais da TV mundial’.


Perceberam? Não há crise ou falta de verbas para viagens presidenciais à França e congêneres. Pelo jeito, somente o próprio presidente de TV pública brasileira tem a competência para exibir, negociar e vender sua programação para TVs estrangeiras. Nesse pacote, ele talvez inclua a fórmula mágica para produzir os bons telejornais da emissora.


Por outro lado, ele deve seguir o exemplo do atual ministro das Comunicações, o polêmico senador Hélio Costa. Esta semana, ele e sua comitiva de ministros também precisam embarcar para a Coréia do Sul e Japão para ‘ver de perto’ e decidir com ‘sabedoria’ o futuro padrão da TV digital brasileira. As despesas, obviamente, são pagas pela viúva.


Pelo jeito, sobra dinheiro nos ministérios, nas TVs públicas e nos telejornais brasileiros.


O ombudsman tem toda a razão. Se não estão dispostos a mudar e melhorar os telejornais, é preferível acabar com eles. É muito melhor do que vê-los piorando a cada dia.


Como dizia o grande diretor de TV Fernando Barbosa Lima, ‘cavalo de raça, assim como um bom programa de TV, não se deixa definhar. Mata-se com um tiro na cabeça’.’




JORNALISMO ESPORTIVO
Marcelo Russio


Hienas da palavra, 5/04/06


‘Olá, amigos. Assistindo à rodada do último fim de semana do Campeonato Paulista, uma coisa me chamou muita atenção no lamentável episódio em que o técnico Vanderlei Luxemburgo tentou tirar o foco da derrota do Santos para o São Paulo por 3 a 1 fazendo comentários de péssimo gosto sobre o árbitro da partida: as risadas que se ouvem ao fundo assim que o técnico faz a sua primeira declaração, que foi dada em uma coletiva de imprensa.


Não é a primeira vez que se vêem jornalistas, ou pretensos profissionais de imprensa, servindo de claque para ‘estrelas’ que acham que a sua notoriedade lhes confere imunidade ou poderes maiores do que os que de fato possuem. No Rio de Janeiro figuras como Eduardo Viana, Eurico Miranda e Romário têm os seus puxa-sacos dentro e fora da imprensa, sempre rindo das tiradas pretensamente engraçadas e/ou maldosas.


As risadas forçadas, em alto volume, dadas para que os autores da gracinha se sintam bem, engraçados e espirituosos acabam valendo almoços, brindes e convites para festinhas de aniversário e embalos na noite bancados pelos ‘engraçados’.


Precisamos disso? Não, né?


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Aliás, cada vez que vejo esses ataques de estrelismo de treinadores de futebol, eu me lembro de uma entrevista da Jacqueline, do vôlei de praia, dada à TV Globo, na qual ela disse que os jogadores de vôlei estão dando muita importância aos técnicos, que a cada jogada olham para a beira da quadra como que pedindo aprovação para o que fizeram. Imagina se ela jogasse futebol, o que diria dos nossos ‘professores’…


Há uma falta de personalidade absurda nos atletas brasileiros. Dos discursos pré-formatados à falta de inteligência nas respostas, o que se vê é que resta muito pouco o que se aproveitar em entrevistas e em comportamento dos craques. Nisso, com certeza, Romário fará falta.


Por falar em Romário, como é que tantos repórteres permaneceram impassíveis na entrevista coletiva convocada pelo craque e na qual ele ficou mudo, atrás do presidente do Vasco, que falava sem parar? Um episódio desses fica marcado na história do futebol carioca, atualmente tão pródigo em histórias escabrosas.


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Na última segunda-feira conversei com Natália Falavigna, campeã mundial de tae-kwon-do, que voltou da Europa após uma medalha de ouro e uma de bronze em dois torneios na Europa. Para quem não sabe, Natália já protagoniza um clássico do esporte com a inglesa Sarah Stevenson. Os duelos das duas são atrações nos meetings internacionais. Mas o que me chama a atenção cada vez mais nos atletas de esportes olímpicos é a simplicidade com que vivem e com que se relacionam com a imprensa.


Nada de 50 assessores de imprensa, auxiliares, aspones e puxa-sacos ao redor. Todos acessíveis, naturais, dando suas respostas e conversando com os jornalistas sem discurso pré-moldado.


Na terça-feira estive na coletiva de imprensa que a TIM promoveu para a formação do TIM Pro Surf, uma seleção brasileira de surfe. Lá estavam seis surfistas brasileiros e o mito Kelly Slater. Apesar da marra que caracteriza todos os grandes ídolos do esporte dos EUA, Slater mostrou-se muito simpático e respondeu as perguntas com uma inteligência notável.


Para quem está acostumado aos discursos dos boleiros, confesso, foi uma bênção ouvir respostas inteligentes, claras e com início, meio e fim, demonstrando claramente o seu pensamento e expondo opiniões pessoais, o que é muito difícil (mas muito MESMO) entre os nossos ‘Coalhadas’.’




JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu


Viva o Brasil!, 6/04/06


‘(…)se as folhas caem,


se os navios param,


se o vento norte


apagou a lanterna,


eu tinha nas minhas mãos somente sonhos.


Eu tinha nas minhas mãos somente sonhos!’


(Manoel Caixa D’Água, poeta paraibano morto em João Pessoa.)


Viva o Brasil!


O considerado Bruno Viécili, de São Paulo, achou bonita a propaganda do recém-inaugurado Museu da Língua Portuguesa, mas tem certeza de que andaram a escorregar na casca desta angiosperma mais conhecida como banana:


Eu achava que legenda do Hino Nacional só passava em jogo de Copa do Mundo, mas a propaganda veiculada esta semana na TV sobre o Museu encontrou um acento grave passeando pelo primeiro dos famigerados, porém por muitos incompreendidos versos de Duque Estrada (Ouviram do Ipiranga ÀS margens plácidas), para desespero do nosso povo heróico, este sim, sempre às margens nada plácidas do ensino primário.


Janistraquis acha, ó Viécili, que a forma indireta dos versos não é pro entendimento de qualquer heróico brasileiro. Ouviram do Ipiranga as margens plácidas/de um povo heróico o brado retumbante significa que as margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico, né mesmo? Aprende-se no jardim de infância.


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Casa do Saber


Daqui a duas semanas, num casarão de três andares à margem da Lagoa Rodrigo de Freitas, o Rio de Janeiro reviverá o clima daqueles saraus literários dos melhores tempos. Inaugura-se a Casa do Saber, genial idéia que, quando Janistraquis dela tomou conhecimento, comentou, com a certeza de quem conhece o criativo mestre: ‘Isso é coisa do Leonel…’.


É, sim, coisa do Leonel Kaz, professor de Cultura Brasileira na PUC/RJ e um precioso jornalista e artista gráfico. Todos os detalhes da Casa do Saber, ‘um lugar para a reflexão e a troca de conhecimento’, como diz seu criador, estão em matéria de capa do Segundo Caderno de O Globo, que o considerado leitor pode conhecer com uma visita ao Blogstraquis.


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Chatos de galocha


Em tempos de Lula e PT, responda: quem nasceu primeiro, o chato ou a galocha? Mestre Deonísio da Silva analisou a questão no Jornal do Brasil, em excelente artigo que o Blogstraquis alegremente reproduz.


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Nua e crua


Janistraquis, que testemunhou tanta sem-vergonhice nesta longa existência, concorda inteiramente com quem bolou o seguinte corolário:


Quem trabalha muito, erra muito. Quem trabalha pouco, erra pouco. Quem não trabalha não erra. E quem não erra… é promovido.


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Morte do poeta


Leia no Blogstraquis a mensagem de Carlos Aranha, escritor e poeta paraibano, que anuncia a morte do epigrafado e também poeta Manoel José de Lima, mais conhecido como Mané Caixa D’Água, gentil-homem da paisagem de João Pessoa.


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Confusão


Chamadinha na capa da Folha de S. Paulo: Real valorizado faz país subir no ranking mundial. Janistraquis, que jamais conseguiu penetrar os meandros da economia, macro ou micro, tanto faz, reagiu:


‘Considerado, se o real valorizado faz o Brasil subir no tal ranking, por que os exportadores reclamam tanto quando o dólar cai? Não dizem eles que assim o país exporta menos e dessa forma a gente se lasca?’


É, não dá mesmo pra entender; afinal, dólar baixo é bom ou ruim pra nós?!?!?!


O colunista pede socorro ao Eleno Mendonça.


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Volte, doutor Roberto!


As edições online de O Globo não podem mais ser copiadas. Dá-se um ctrl+c e aparece mensagem que anuncia a novidade. Se o chamado usuário quiser, pode transmitir o texto por e-mail, porém este, ao ser recebido, também não permite maiores intimidades.


Janistraquis tem certeza de que, vivo e no comando das operações, Nosso Companheiro Roberto Marinho não permitiria tal e gratuito suplício aos leitores. ‘É coisa de quem não tem coração, considerado…’, lamentou meu secretário, fiel àquele diário desde os elegantes tempos de Herbert Moses.


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Roubalheira


Ao terminar de ler o noticiário sobre o clássico paulista de domingo passado, Janistraquis fez aquela cara de nojo de quem costuma ler as matérias políticas:


‘Considerado, embora juiz, bandeirinhas e mais o ‘quarto árbitro’ tenham formado uma quadrilha para surrupiar do público o espetáculo que sempre fazem Santos e São Paulo, os diretores da Federação Paulista de Futebol consideraram boa a arbitragem da partida.


Ora, o Brasil e o mundo, via Globo Internacional, assistiram à roubalheira indecente, ao show de incompetência e desrespeito, e vêm esses caras para dizer que está tudo bem, é assim mesmo, etc. e tal. Deveriam ter saído do Morumbi diretamente pra cadeia!’


Discordo de Janistraquis; afinal, para um país de m… como o nosso, é normal que se eleja e premie a safadeza.


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Alce esperto


A considerada Ana Júlia Pinheiro, de Brasília, envia o seguinte e curioso despacho:


Outro dia no Jornal do SBT a notícia era que uma norte-americana atropelou um alce de 200 quilos e o animal teria sido sacrificado porque não havia meio para tratá-lo . Comentário de Ana Paula Padrão: ‘O animal olhava tudo com cara de quem não estava entendendo nada’.


A moça está enganada. O alce armou toda aquela situação para chamar a atenção da imprensa mundial – e sabia muito bem o que estava acontecendo. Eu reconheci aquele alce espertalhão. Ele vive como um ‘papagaio de pirata’ se infiltrando nas matérias do National Geographic, só para aparecer. Você liga a tevê e lá está o alce.


Sua coluna deveria prestar mais atenção aos telejornais. Daria notas geniais.


Aproveito para avisar que o novo jornal do Correio Braziliense, o Aqui DF, é melhor que o original. Pelo menos para sua coluna…


Janistraquis, que é muito chegado à bicharada, como todos sabem, também conhece o alce espertalhão:


‘É o Alceu, considerado; aquele…’


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Inesquecível


O considerado Marcello Xavier, jornalista de Brasília, examinava o vespertino Coletivo, que trazia na capa a gostosona Cláudia Leite, quando esta chamada desabou das alturas :


Vocalista do Babado Novo diz que cantada de Ivete Sangalo abril-lhe a porta do sucesso.


Janistraquis está convencido de que tal ‘cochilo’, chamemos assim, se explica porque o redator trabalhou na Editora Abril e trabalhar ali é deveras inesquecível.


Porém, meu secretário ficou muito mais interessado na tal ‘cantada’ de Ivete Sangalo; afinal, para todos nós a baiana sempre foi mulher de verdade…


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De brincadeira


O considerado César Augusto de Oliveira, de Manaus, envia reportagem do Correio Amazonense sobre a apreensão de quelônios na residência do secretário municipal de Articulação Política, Marcelo Corrêa, apelidado Marcelo Serafim por ser filho do prefeito Serafim Corrêa.


Até que a matéria comportava-se com dignidade, mas aí César bateu o olho na legenda de uma foto do secretário e leu:


Além dos quelônios, Marcelo teria também uma coleção de tartarugas de pelúcia.


‘Será que o Ibama está radicalizando tanto que nem admite quelônios de brinquedo?!?!?!’, assustou-se o amazonense César, o qual, jura, jamais traçou um tracajá com arroz e jambu.


Janistraquis, que já comeu tudo o que voa, anda ou se arrasta neste mundo, com ou sem arroz, acha normalíssima a proibição dos quelônios de pelúcia:


‘Ora, considerado, se é proibido andar por aí com arma de brinquedo, tá na cara que também é crime manter em casa bichinhos de brinquedo, principalmente se estão ameaçados de extinção!!!’


É bem pensado.


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Nota dez


O considerado Camilo Viana, diretor de nossa sucursal em Belo Horizonte, envia a coluna de João Ubaldo Ribeiro, intitulada Me visitem na cadeia, imediatamente eleita e empossada. Dêem uma olhada no, com perdão da palavra, intróito, e confiram a íntegra no Blogstraquis.


Passei uns dias fora, sem ler jornais ou ver televisão. Deve ter sido esse afastamento fugaz das notícias a razão por que, ao voltar ao convívio delas, tomei um susto. Bastaram esses dias para minha perspectiva se apurar, por assim dizer, e eu sentir em cheio a assombrosa desvergonha a que chegaram o Brasil e suas instituições. Com perdão da má pergunta, que país é este, meu Deus do céu?


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Errei, sim!


‘PESADO ÔNUS – Amparado pelo enorme título de página Um sucesso em cima de suspeitas, o Caderno B do Jornal do Brasil conseguiu homiziar o seguinte texto: ‘(…) Harrison Ford é engolido pela classe de Raul Julia no papel do cínico advogado Stern (o personagem que reaparece, não tão cínico, em O Ânus da Prova)’.


Assim mesmo: ânus. Janistraquis não se abalou, porém fez sutil observação: ‘considerado, se se trata realmente de ânus, o título está errado; não pode ser Um sucesso em cima de suspeitas e sim em baixo…’. Corretíssimo.’ (janeiro de 1991)’




DIPLOMA EM XEQUE
Lúcia Noya Galvão


Regulamentação profissional, 7/4/2006


‘Tramita no Congresso Nacional projeto de lei que atualizará a regulamentação profissional dos jornalistas, incluindo diversas funções por eles exercidas, inclusive a de assessor de imprensa, que em muitos países não é considerado jornalista, mas sim uma categoria a parte.


O projeto já está pronto para ser votado pelo plenário do Senado para ser votado e seguir para sanção presidencial. Infelizmente, o que vem acontecendo com muitos projetos de interesse nacional, há alguns segmentos desinformados ou mal-intencionados que pretendem atrapalhar ou impedir a sua aprovação.


Assim sendo a Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj e os sindicatos a elas filiados, inclusive o Sindicato dos Jornalistas do Estado de Pernambuco – Sinjo – Pe, está conclamando os jornalistas que têm compromisso com a categoria a escreverem aos senadores brasileiros, mostrando a importância do projeto para a classe jornalística.


Desta forma na qualidade de jornalista, minha matrícula é 848, e de professora universitária, atualmente ensino nos cursos de Administração, com habilitação em Marketing, e Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda, da Escola Superior de Marketing, mas durante 28 anos ensinei ao curso de Comunicação Social, nas habilitações de Jornalista e de Relações Públicas, na Universidade Católica de Pernambuco e nas Faculdades Integradas Barros Melo, engajei-me nesta luta.


Sendo secretária da Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas do Estado de Pernambuco e tendo sido professora de muitos e muitos jornalistas que atuam nos meios de comunicação pernambucanos e nacionais, conclamo meus ex-alunos a se engajarem nesta batalha, escrevendo para os senadores que conhecem, não pedindo favores, mas defendendo pleito de justiça para a nossa categoria.


De minha parte minhas correspondências foram para os senadores pernambucanos (representantes do nosso Estado ou aqui nascidos) Marco Maciel, José Jorge de Vasconcelos Lima, Sergio Guerra, Romero Jucá e Cristovam Buarque, para o baiano Antônio Carlos Magalhães, para os maranhenses José Sarney (jornalista) e filha Roseana Sarney.


Tenho a consciência tranqüila que cumpri meu dever de defender os jornalistas que estão no batente, pois as atualizações na nossa regulamentação profissional, há muitos anos reivindicadas, garantem perspectiva de mercado para muitos profissionais, lembrando que, atualmente, não só em Pernambuco, como em todo o país, muitos cursos de Jornalismo foram abertos e a cada ano mais bacharéis saem, muitos dos quais querem espaço no mercado de trabalho, o que só poderá ocorrer com uma nova regulamentação profissional.


(*) Jornalista, mestra em Administração Rural e Comunicação Rural, professora dos cursos de Administração, habilitação em Marketing, e em Comunicação Social, habilitação em Publicidade e Propaganda, da Escola Superior de Marketing (Faculdade de Mercado Amplo), secretária da Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas do Estado de Pernambuco. – Texto publicado na edição de 03/04/06. (Fonte: Folha de Pernambuco)’




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Folha de S. Paulo – 1


Folha de S. Paulo – 2


O Estado de S. Paulo – 1


O Estado de S. Paulo – 2


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