Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Comunique-se


ELEIÇÕES 2006
Comunique-se


Jornalistas da Globo protestam contra acusações, 27/10/06


‘Em e-mail enviado nesta sexta-feira (27/10) para o Comunique-se e outros veículos, um grupo de jornalistas da Rede Globo protestam contra as acusações de tentativa de manipulação do resultado do primeiro turno das eleições presidenciais. Os profissionais assinaram um abaixo-assinado onde afirmam que a falta de uma cobertura sobre o acidente com o Boeing da Gol ocorreu pela falta de dados oficiais. A catástrofe ocorreu no dia 29/10, quando o Jornal Nacional deu destaque para as fotos que mostravam o dinheiro usado na compra do dossiê Vedoim.


‘Foi uma atitude absolutamente espontânea dos profissionais. Nessa lista tem editores, repórteres e pessoas que exercem diversas funções na redação e que ficaram indignadas com o que foi dito’, afirmou Mônica Maria Barbosa, chefe de reportagem do Jornal Nacional.


No texto, os repórteres se dizem revoltados e perplexos com o que chamam de ‘acusação caluniosa’. Para os profissionais da Globo, todos agiram de forma responsável, já que possuíam poucas informações oficiais do acidente. Profissionais como Willian Bonner, Christiane Pelajo e César Tralli (que chegou a ser acusado pela Carta Capital de receber as imagens antes dos demais repórteres, mas foi inocentado por Mino Carta, editor da revista, que admitiu o engano) também assinaram o manifesto.


Leia abaixo, na íntegra, o texto e o baixo-assinado:


Com revolta, perplexidade e pesar, nós, jornalistas da Rede Globo, nos vemos no dever de denunciar a insistente tentativa de atingir nossa honra e nossa correção profissional por alguns supostos colegas nestes dias que antecedem o encerramento das eleições 2006.


A despeito da descrição minuciosa já divulgada pela emissora do nosso esforço para apurar com precisão as primeiras informações sobre o acidente aéreo de 29 de setembro na Amazônia, o fato de não termos conseguido obter dados fundamentais para a publicação da notícia ainda naquela edição do Jornal Nacional, mas, sim, poucos minutos depois, acabou sendo utilizado para atacar nossa idoneidade com uma impostura covarde: a acusação caluniosa de que teríamos sonegado a informação sobre o acidente, no Jornal Nacional, com motivação política.


Em nome de nossa honra, queremos registrar publicamente o repúdio aos caluniadores – sejam eles movidos por paixões partidárias ou por outras razões que desconhecemos.


Tudo o que levamos ao conhecimento dos brasileiros sobre aquele acidente estava rigorosamente correto. Nenhuma informação por nós divulgada nos obrigou, depois, a desmentidos ou correções, como aconteceu com outros veículos, que divulgaram notícias incompletas ou mesmo inverídicas. Temos a convicção de que realizamos nosso trabalho com a correção e a responsabilidade que ele exige. Só havia dois caminhos a trilhar: publicar rumores não apurados, que levariam angústia a milhões de amigos e parentes de quem pudesse ter viajado naquele dia em qualquer avião da Gol, ou publicar a notícia com o grau de precisão exigido em tragédias daquela natureza. Este seria o caminho do jornalista responsável. E foi o que decidimos trilhar, poucos minutos depois do encerramento do Jornal nacional, em plantão, com informações oficiais da Agência Nacional de Aviação Civil e da empresa Gol.


Nosso esforço, em nossas carreiras profissionais, na Globo e em outras empresas por que já passamos, é o mesmo de todos os que amam o jornalismo responsável: divulgar, antes dos concorrentes, a notícia que apuramos. Foram angustiantes aqueles momentos em que tentávamos, de todas as maneiras, divulgar a notícia a contento antes do ‘Boa Noite’ do JN. É um daqueles momentos dramáticos que só quem trabalha em redação vivencia. Um momento que nossos colegas do jornal O Estado de São Paulo também devem ter experimentado. Diante da dificuldade de apuração de um caso potencialmente trágico, em local geograficamente isolado, o primeiro clichê do Estadão no sábado, 30 de setembro, fechado às 21:h00, nem mencionava o acidente. Na Folha de S.Paulo, tudo o que foi possível apurar no mesmo horário, para o primeiro clichê, se resumiu a uma nota na primeira página, cujo conteúdo era próximo daquele que divulgamos, no mesmo horário, em nosso plantão. E nada mais. É o preço de se fazer um jornalismo responsável.


O que não toleramos é que, no caso dos profissionais da Rede Globo, a nossa postura correta de cautela e busca da precisão seja transformada numa mentira covarde e desonesta de um certo grupo de detratores. Estes, sim, traidores de um compromisso ético do jornalismo – porque nos acusam sem o menor pudor, sem conhecimento nenhum de nossos procedimentos.


Em nome de nossa honra, nós, jornalistas da Rede Globo, registramos publicamente nosso repúdio às calúnias que têm sido feitas contra nosso trabalho na cobertura das eleições 2006. Somos jornalistas compromissados com a nossa profissão. Confiamos cada um no trabalho do colega ao lado. Jamais tomaríamos parte de complôs de natureza partidária, ou de qualquer outra, que, na verdade, têm vida apenas na cabeça daqueles que, dominados pela paixão política, não se envergonham de caluniar profissionais honestos.


Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Belém e Manaus, 27 de outubro de 2006


ALBERT STEINBERGER


ALEXANDRE MATTOSO


ALEXANDRE DOS SANTOS


ANGÉLICA CAMARGO


ALINE RABELLO


ANA DORNELES


ANA HELENA GOMES


ANA LUIZA GUIMARÃES


ANA PAULA BRASIL


ANA RAQUEL COPETTI (CAMPO GRANDE)


ANA RITA MENDONÇA


ANA VOLPE (CAMPO GRANDE)


ANDREA MAGALHÃES


ANGELA GARAMBONE


ANTÔNIO LOUZADAS


AVA NÓBREGA


AZUL RUIZ


BRAZ VIEIRA


BRUNA VIANA


CÁTIA LUZ


CARLOS EDUARDO BAUER


CARLOS JARDIM


CARLOS DE LANNOY


CARLOS MONFORTE


CECÍLIA MALAN


CECÍLIA NEGRÃO


CÉSAR TRALLI


CLÁUDIA GUIMARÃES


CLÉBER PRAXEDES


CHICO WALCACER


CHRISTIANE ALBUQUERQUE


CHRISTIANE PELAJO


CHRISTINA CABO


CRISTIANE GOMES


CRISTINA SERRA


CRISTIANA VON RANDOW


DAGOBERTO SOUTO MAIOR


DANILO GARCIA


DELIS ORTIZ


DENISE LACERDA


EDGAR DE ANDRADE


EDSON CORDEIRO


EDVALDO SANTOS


ELEIDA GÓIS


ELISA MATTOS


ELISABETH COSTA


ELISABETTE LUCCHESE


ELY CHAGAS


ELZA GIMENEZ


ERIC HART


ERICK BRÊTAS


ESDRAS PAIVA


EUNICE SCHOLZE


FÁBIO WILLIAM


FABRÍCIO MARTA


FÁTIMA BATISTA


FÁTIMA BERNARDES


FÁTIMA GOMES


FERNANDA ANDRADE


FERNANDA MENEGOTTO


FERNANDO CASTRO


FERNANDO MOLICA


FRANCESCA TERRANOVA


FRANCISCA MEDEIROS (CUIABÁ)


GIULIANA MORRONE


HELOÍSA TORRES


HÉLTER DUARTE


HERALDO PEREIRA


HONÓRIO JACOMETTO (CAMPO GRANDE)


IAIN SEMPLE


IVANDRA PREVIDI


IVAN MONTEIRO


LUCIANA GIRADELO (CUIABÁ)


JOÃO CARLOS TRINDADE


JOÃO CLÁUDIO NETTO


JOÃO MARCOS ROCHA


JOÃO RAIMUNDO


JORGE SACRAMENTO


JOSÉ ALAN DIAS


JOSÉ CARLOS


JOSÉ EDVALDO XAVIER


JOSUEL AVILA


JUAREZ DORNELLES


JUAREZ PASSOS


JULIANA GANZ


JÚLIO MOSQUERA


LARISSA BITENCOURT


LÁZARO ALUIZIO


LEILA MAIA


LEONARDO PEDRO (BELÉM)


LEO OLIVEIRA (CUIABÁ)


LETÍCIA BRAGAGLIA


LILIANE YUSIM


LÚCIA CASTRO


LUCIANA BISTANE


LUCIANA CORDEIRO


LUCIANO VENDRAME (CUIABÁ)


LÚCIO ALVES


LUIZ FERNANDO ÁVILA


LUIZ GONZAGA PINTO


MALU GUIMARÃES


MANOEL LENALDO


MARCELO MENDES


MARCELO OUTEIRAL


MÁRCIO MUNIZ


MARCIONE SANTANA


MÁRCIO STERNICK


MARCOS MENDES


MARIA BEATRIZ SANSON


MARIA JOSÉ SANCHES


MARIA THEREZA PINHEIRO


MARIANO BONI


MÁRIO REIS


MAURÍCIO BARINI


MAURO JANUÁRIO


MAURO JUNIOR (CUIABÁ)


MEG CUNHA


MIGUEL ATHAYDE


MONA BITTENCOURT


MÔNICA MALTA


MÔNICA MARIA BARBOSA


MÔNICA MARLI


MONYCKA MARIAHL (CUIABÁ)


NÉLIO HORTA


PATRÍCIA VOLPI


PAULA LEVY


PAULO ROBERTO SAMPAIO


PRISCILLA PASQUARELLI (MANAUS)


REGINA MONTELLA


RENATA CAPUCCI


RENATA POMPEU


RENATA RODRIGUES


RENATA VASCONCELLOS


RENATO BIAZZI (CUIABÁ)


RICARDO CALIL


RICARDO JACOMO


RICARDO RODRIGUES


RICARDO VILLELA


RITA DE CÁSSIA BARRETO


ROBERTO ARANHA


ROBERTA FERRAZ


ROBERTO MACHADO


ROBERTO PAIVA (BELÉM)


ROBSON BIÉ


RODRIGO AMORIM (CUIABÁ)


RODRIGO BOCARDI


ROGÉRIO IMBUZEIRO


ROGÉRIO NERY


ROMILDO GOMES


ROSANA TEIXEIRA


ROSANE BAPTISTA


SALVATORE CASELLA


SAMUEL MOTA (BELÉM)


SANTIAGO DELLAPE


SAULO DE LA RUE


SILVIA SAYÃO


SUSANA NASPOLINI


TÂNIA BELLANI


TÂNIA MENEZES (BELÉM)


TATIANA NASCIMENTO


TERESA CAVALLEIRO


TINO MARCOS


TONICO DUARTE


VERA SOUTO


VIANEY BENTES


VINÍCIUS MENEZES


VLADIMIR NETTO


WALTER MESQUITA


WILLIAM BONNER


WILLIAM WAACK


WILSON DE SOUSA


ZILEIDE SILVA’


Carlos Chaparro


A canoa furada da anti-corrupção, 27/10/06


‘O XIS DA QUESTÃO – Em termos de comunicação, Geraldo Alckmin cometeu um erro fatal: centrar o discurso da campanha no mote da corrupção. Porque corrupção é coisa que não espanta o brasileiro pobre, nem lhe muda o voto, tão habituado ele está a ver enriquecer à sua volta, da noite para o dia, os políticos em quem vota. Para ele, sempre foi assim e assim continuará a ser.


1. Sem surpresa


A manchete de hoje (sexta-feira) do Estadão anuncia: ‘Lula tem 23 milhões de votos de vantagem’. Para mim, sem surpresa. Quase dois meses atrás, motivado pelo manifesto assinado por Chomsky, de repúdio a Lula e apoio a Heloísa Helena, escrevi o seguinte, num texto que flutua por aí, em algum buraco negro da Internet: ‘Chomsky e todos os desiludidos (eu, entre eles) podem esbravejar o quanto quiserem. Votos não faltarão à reeleição de Lula. Votos vindos principalmente dos amplos grotões da miséria brasileira.’


À época, acreditava que a eleição se resolveria logo no primeiro turno. A reação de Alckmin, que levou a decisão para o segundo turno, essa, sim, me surpreendeu. Mas como na fase final, em vez de melhorar, a campanha de Geraldo Alckmin piorou (pude comprovar isso nos últimos dias), até por gravidade os votos passaram a cair no colo de Lula.


Pelo que falou e fez nesta campanha, o candidato Alckmin cavou, teimosamente, a acachapante derrota. Sem um claro programa de governo, quase se limitou a amontoar e a repetir frases de efeito, convenientes apenas à imagem de ‘homem competente e honesto’ tão insistentemente trabalhada. E com essas frases entoou, até à exaustão, em tom de cantilena, a crítica à corrupção.


Não deu certo.


Por vários motivos. Mas, também porque, com enorme competência, Lula assumiu o papel de ‘pai dos pobres’ – sem o engodo de promessas, mas com o argumento concreto de coisas feitas na política assistencialista que deu força popular ao seu governo.


Até o 13º dos aposentados do INSS ele antecipou!


2. Corrupção, tema inútil


Embora desiludida com a campanha sem idéias e sem propostas de Alckmin, a classe média ainda está assombrada com a consagração eleitoral de Lula. Nas rodas formadas em ambientes onde os pobres não entram, a pergunta do assombro é esta: como é possível o povo continuar a votar nesse homem sob cujas barbas tudo aconteceu, tendo ele, ainda por cima, o desplante de dizer que de nada sabia?


A verdade, porém, é que a maleta moral da corrupção não espanta o brasileiro pobre, tão habituado ele está a ver enriquecer à sua volta, da noite para o dia, os políticos em quem vota. E tudo se justifica no ‘rouba mas faz’, sentença que a tradição política brasileira preserva como argumento para justificar escolhas e votos. É só olhar a lista dos eleitos, mais uma vez…


Geraldo Alckmin embarcou em canoa furada, ao fazer da corrupção o mote central da sua campanha. Na cabeça do povão, política e corrupção são irmãs siamesas. Uma não existe sem a outra. Sempre foi assim e assim continuará a ser, até o fim dos tempos – argumento que o próprio Lula utilizou, em entrevista histórica dada em Paris, um ano atrás. Lembram-se? Para explicar o escândalo do mensalão, o presidente do Brasil disse então ao seu povo que o Partido dos Trabalhadores apenas fizera o que os outros partidos sempre fizeram na política brasileira.


Ou seja: em lance genial de marketing político, Lula falou a verdade que o povo de há muito já conhecia. E tratou de descolar o seu nome da imagem suja do PT.


Deu certo.


3. Bom de papo


Para desencanto de Chomsky, Lula se reelegerá. Brilhantemente, diga-se. E não apenas pelos frutos políticos da ajuda assistencialista do Bolsa-Família, estendida aos 23 milhões de eleitores que domingo farão a diferença. Nem apenas devido à maroteira esperta de antecipar o 13º dos pobres. Mas, também, porque Lula é um campeão de comunicação.


Provou isso no último programa da campanha, nesta sexta-feira. Enquanto o seu adversário insistia na cantilena vazia com que fatigou o eleitorado, Lula fez brilhar uma postura de estadista jamais vista nele. Se falsa ou verdadeira pouco interessa, a esta altura dos acontecimentos. A verdade é que, em discurso apaziguador, com clareza exemplar, convincente, Lula proclamou a prevalência dos interesses da Nação sobre os interesses partidários. E assumiu compromissos públicos com a grandeza das responsabilidades de Chefe de Estado.


Fez-nos até esquecer as miudezas com que se deixou emporcalhar, no desempenho que teve como Chefe de Governo.


******


Após a contagem dos votos, tudo isso será passado. Porque o resultado das urnas selará o grande acordo da sabedoria democrática: os perdedores aceitam ser governados pelos vencedores. Até à eleição seguinte, claro…


(*) Carlos Chaparro é português naturalizado brasileiro e iniciou sua carreira de jornalista em Lisboa. Chegou ao Brasil em 1961 e trabalhou como repórter, editor e articulista em vários jornais e revistas de grande circulação, entre eles Jornal do Commercio (Recife), Diário de Pernambuco, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, Diário Popular e revistas Visão e Mundo Econômico. Ganhou quatro prêmios Esso. Também trabalhou com comunicação empresarial e institucional. Em 1982, formou-se em Jornalismo pela Escola de Comunicação de Artes, da USP. Também pela universidade ele concluiu o mestrado em 1987, o doutorado em 1993 e a livre-docência em 1997. Como professor associado, aposentou-se em 1991. É autor de três livros: ‘Pragmática do Jornalismo’ (São Paulo, Summus, 1994), ‘Sotaques d’aquém e d’além-mar – Percursos e gêneros do jornalismo português e brasileiro’ (Santarém, Portugal, Jortejo, 1998) e ‘Linguagem dos Conflitos’ (Coimbra, Minerva Coimbra, 2001). O jornalista participou de dois outros livros sobre jornalismo, além de vários artigos (alguns deles sobre divulgação científica pelo jornalismo), difundidos em revistas científicas, brasileiras e internacionais.’




JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu


Cachorrada, 26/10/06


‘Por indicação do considerado Porfírio Castro, vice-diretor da nossa sucursal brasiliense, Janistraquis foi dar uma sapeada no site do jornal piauiense Meio Norte (www.meionorte.com.br) e deu de cara com esta excentricidade: Homem é detido por fazer sexo com cachorro. A notícia não é de Teresina e muito menos de Brasília, como se pode imaginar à primeira leitura, mas da cidade de Tacoma, Estado de Washington, nos Estados Unidos.


Em realidade, tratava-se de uma cachorra pitbull de quatro anos, ‘que chorava e uivava muito’, segundo a mulher do tarado, que o flagrou e até tirou fotos com o celular.


Janistraquis achou o caso mais indecente do que a palavra de honra de um petista, porém a parte mais chocante da página do Meio Norte estava ao pé da cachorral notícia, aprisionada num quadro intitulado Matérias relacionadas. Ali, numa prova do quanto a vida nos surpreende, lia-se: Em Teresina, Lula afirma que o BEP não será mais privatizado e Roseana Sarney promete aumentar votos de Lula no Maranhão.


Meu secretário quer saber dos considerados leitores desta coluna qual a relação entre o homem da cachorra e as duas notícias do parágrafo aí de cima. Alguém arrisca pelo menos um palpite?


Revista ELEELA


Depois de quase duas horas trancado no banheiro, para onde levara um exemplar da revista ELEELA, eis que surge Janistraquis, olhos esbugalhados, a esganiçar-se arrepiado de pavor:


‘Considerado, eu estava a olhar, rapidamente, é claro, a parte ELE da revista, quando deparei com o padre Marcelo Rossi, inteiramente nu, a carregar dependurada uma descomunal chave-do-céu!!!’


Fui verificar e, do pescoço para cima, era mesmo o padre Marcelo Rossi, identificado pelo pseudônimo de Aiden Shaw, diretor de videoclipes; do pescoço para baixo, a chave-do-céu mais parecia aquela caralhaz lanceta a que se refere Bocage no versos que dedicou ‘ao rei cruel do averno imundo’. O leitor pode conferir, às páginas 26 e 27 da nova e excelente revista.


No final dos anos 60, quando trabalhava em Bloch Editores, o colunista acompanhou de perto o nascimento de ELEELA, primeira revista masculina do Brasil. Fez sucesso durante alguns lustros, sumiu em meio àquele tsunami que devastou a ‘família’ Manchete e reaparece agora, pelas mãos competentes de Wagner Carelli. Sexo e cultura, juntos, é a melhor receita.


Ignorância


Depois de ler a defesa da mentira pelo governador eleito Jaques Wagner, o perplexo Janistraquis, admirador de Rui Barbosa, exalou:


‘Pois é, considerado; demorou, mas finalmente a ignorância assume o poder na Bahia…’


Regeneração?


O considerado Arthur Diniz, de Brasília, envia excerto da coluna de Eliane Cantanhêde na Folha Online:


(…) acho, sinceramente, que vai ser muito difícil haver muitos mais escândalos a serem descobertos no segundo mandato, depois de Waldomiro, Dirceu, Palocci, Gushiken, Delúbio, Silvio Pereira e aquela fila interminável que a gente conhece. O estoque pode ter se esgotado. Ou, pelo menos, o grosso dele.


Arthur pergunta:


‘Janistraquis, que tanto fala do PT e o ‘Reich de Mil Anos’, acredita que a curriola do Lula fique quieta por quatro longos anos?’


Meu secretário consultou os astros, ó Diniz, e chegou à conclusão de que é impossível a regeneração petista:


‘De todo modo, a considerada Eliane diz que vai ser muito difícil descobrirem os escândalos. Convém repetir: vai ser difícil descobrirem. Afinal, a bandidagem já está escolada. É certo, porém, que o PT há de garimpar o tempo inteiro para acumular uma fortuna tão impressionante que até Marta Suplicy terá boas chances de suceder Lula. A democracia que se cuide!’


Nei Duclós


Leia no Blogstraquis a íntegra do poema Surrei a Vida, cujo excerto é a epígrafe desta coluna.


Quem é judeu


O considerado Petrônio Fonseca de Almeida, do Rio de Janeiro, lia a Folha de S. Paulo quando deparou com o seguinte texto, homiziado sob o título Grupo é preso com cartaz racista anticotas:


Três homens foram flagrados com o material na Vila Mariana (SP); polícia os indiciou sob a acusação de crime de racismo. Eles estavam com o material do grupo White Power SP, que prega o racismo e a intolerância contra negros, judeus, nordestinos e gays.


Mais adiante, dizia o texto:


(…) Segundo a polícia, os acusados, que são todos brancos…


Petrônio estranhou:


‘O que Janistraquis acha da frase? Seria possível que integrantes de um grupo autodenominado White Power não fossem todos brancos, de preferência louros e de olhos azuis?’


Meu secretário, que é nordestino como o colunista, pesquisou, pensou e concluiu:


‘Há sempre surpresas nesses assuntos que envolvem racismo e nazismo, considerado. Quem conhece a história do Terceiro Reich jamais esquecerá a sensacional frase de Herman Göering: ‘eu decido quem é judeu nesta m…!!!!’


Privatizações


Uma dúvida assalta a encanecida fronte do colunista. O que responderia Lula se no próximo ‘debate’, numa réplica (ou tréplica) vivaz, Alckmin erguesse a voz e encarasse a câmera com as seguintes palavras:


‘Todos sabem que nenhum governo privatizará empresas rentáveis, ainda mais se estas não exigem grandes investimentos, como Banco do Brasil, Petrobras e Caixa Econômica. Mas vocês conhecem o motivo verdadeiro pelo qual Lula e sua camarilha têm tanto pavor de privatizações? É porque somente nas companhias estatais é possível pendurar ganchos e mais ganchos no inesgotável cabide de empregos que não consegue saciar um partido sem-vergonha!’


Janistraquis concorda:


‘É isso aí, considerado! Quero ver petista, analfabeto e incompetente, assumir uma diretoria da Vale do Rio Doce, por exemplo…’


Pizza petista


Quem acredita que as negociatas do PT nasceram de iniciativas pessoais de alguns militantes é porque não conhece os petistas, pessoal inteiramente viciado em reuniões e assembléias. Janistraquis testemunhou uma plenária nos anos oitenta, em meio à qual, já na alta madrugada, puseram em votação qual a cobertura da pizza que iriam pedir pelo telefone.


‘Mussarela ou calabresa?’, perguntou um paladino. Deu empate. ‘E se for meio-a-meio?’, insistiu o companheiro. Iniciou-se inflamada discussão que durou mais de duas horas. Então, já de manhãzinha, saíram todos e foram tomar café com pão na padaria da esquina.


Aliados


Apresentadora do GloboNews no telejornal Em Cima da Hora, meio-dia em ponto de 18/10/2006:


A bomba atômica foi jogada pelos Aliados em Hiroshima e Nagasaki…


Fiquei perplexo, porém Janistraquis explicou aquela, digamos, explosão de insabidade:


‘Ocorreu, com certeza, o seguinte, considerado: o redator recebeu o texto da agência de notícias, leu que os Estados Unidos tinham jogado a bomba nos japoneses e, distraído, concluiu que, se em todas as matérias sobre a Segunda Guerra Mundial fala-se sempre em ‘Aliados’, esses estados unidos só podem ser os tais…’


É bem pensado.


Circula pela internet:


Os problemas da vida são como um tarado bem dotado: é melhor enfrentar, porque se você virar as costas vai ser bem pior!


Luz do Sol


O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal em Brasília, de cujo varandão debruçado sobre a safadeza geral têm-se boa vista da Residência do (moralmente) Torto, pois Roldão lembra aos desavisados:


‘A desnecessária hora de verão desta temporada terá o início adiado por três semanas, sem lógica, por causa das eleições. Em compensação e também sem lógica, terminará uma semana mais tarde, no dia 25 de fevereiro, por causa do carnaval, em vez de ser encerrada no dia 11/2. É bom lembrar que os desfiles de carnaval são festejos noturnos, prejudicados pela luz do Sol.’


Janistraquis lembra, ó Roldão, que, como as Escolas de Samba, o séquito de Lula também abomina a luz do Sol.


Nota dez


Sob o título INFORMAÇÃO & DEBOCHE — Veja e a poesia de Tarso Genro, o considerado Mestre Deonísio da Silva escreveu no Observatório da Imprensa:


(…) a revista juntou um deboche a antiqüíssimo livro de poesias do ministro Tarso Genro.


Mas o que houve? Tarso Genro está reivindicando algum lugar no cânone da poesia brasileira? Ou tem aproveitado das influências surgidas com os cargos que vem ocupando nos governos do PT – como prefeito de Porto Alegre e depois como ministro do governo Lula em sucessivas pastas – para impor seus livros de ensaios? Homem digno que é, jamais fez nada disso. Por que seu livro de poesias, publicado há 29 anos, virou tema de Veja esta semana?


Errei, sim!


‘BELOS TRADUTORES — Leitor que se assina A.Q.Pena (Ah!, Que Pena!), envia título publicado no suplemento Cultura, do Estadão: Tradução – o francês Jacques Thiériot traduz até o intraduzível. Pena se deu o trabalho de ‘traduzir’ o título: ‘Se o intraduzível é traduzível, o intraduzível não é intraduzível’. Janistraquis mandou a charada acadêmica para apreciação do professor Antônio Houaiss, aquele que traduziu o intraduzível Ulysses, de James Joyce. (outubro de 1994)


Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP) ou moacir.japiassu@bol.com.br).


(*) Paraibano, 64 anos de idade e 44 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu oito livros, dos quais três romances.’




INTERNET
Bruno Rodrigues


Quando a tecnologia não é útil, 26/10/06


‘Quase não há tempo para respirar. Desde o início da era digital, é sempre assim: uma sucessão de novidades que não têm fim, e o pobre cidadão que se vire.


Mês após mês, os avanços tecnológicos só fazem nos surpreender, modificam nosso dia-a-dia e alteram nossa percepção do mundo. Até quando correremos como loucos para acompanhar o que acontece nos computadores, em nossa casa, no trabalho?


A resposta é: acostume-se. A avalanche de tecnologia que surgiu nos anos 80 e desembocou nos dias em que vivemos é muito superior ao que nossos pais e avós um dia passaram – e eles já acharam que era muito.


A necessidade de adaptação é a primeira característica do ‘homem digitalis’, definição que a amiga Risoleta Miranda, da produtora web Addcomm, não cansa de repetir, e com toda a razão. Mas o que pode parecer um clichê, o ‘ficar para trás, na poeira do tempo’, não é o principal recado que a era digital nos deixa.


Para acompanhar a velocidade enlouquecida de transformações, que vai da web ao iPod, da tv de plasma ao palm, não é preciso estar aberto a tudo o que surge de novo, mas sim usar um bom filtro: o senso crítico.


Será que você precisa, de fato, que toda inovação tecnológica faça parte da sua rotina? Ela realmente vai melhorar sua qualidade de vida?


No terreno da economia há um conceito que pode nos ajudar nesta tarefa de usar o senso crítico – a produtividade. Quanto mais uma tecnologia nos auxilia a realizar em menos tempo uma tarefa, mais produtiva ela é.


Agora inverta o ponto de vista: pense em prazer, não em trabalho. Quanto mais tempo uma tecnologia permite sobrar ao final da realização de uma tarefa, mais tempo existe para o nosso prazer.


Em suma, ter um celular de última geração mais facilita a sua vida ou atrapalha? O que deveria ser um aparelho criado para uma tarefa simples – ligar para alguém – acaba irritando, e não ajudando, ao oferecer tantas funções? Então opte por um modelo simples, e abra espaço para o que você, de fato, precisa em um celular.


Eu, por exemplo, uso palms há anos, mas sempre escolho o modelo mais simples. No momento, é o Z22, um dos últimos lançamentos, mas bem simplinho. Por quê? Só preciso do básico dele, o cruzamento de uma agenda com um computador de bolso. Meu dia-a-dia não pede mais nada. E olhe que eu não sossego!


Também tenho um iPod, mas ele só me serve porque comprei uma caixinha de som daquelas bem pequenas, criadas especialmente para mp3 players. O motivo? Eu só ouço o iPod em casa, e nunca com headphone. O que é essencial para muitos, carregar o IPod no bolso, na rua, não faz parte da minha realidade.


Nos Estados Unidos, a Universidade de Stanford proibiu laptops em sala de aula. Mas não era moderno usá-los? Pergunte a um professor o que é dar aula para uma classe em que os alunos a ‘assistem’ olhando para a tela o tempo todo. Pois Stanford encomendou uma pesquisa e chegou à conclusão que a interação entre aluno e professor caía tremendamente entre os usuários de laptop, e, portanto, o rendimento geral da turma. Sobrava tempo para navegar na web e usar o messenger, e faltava tempo para assistir à aula.


Sabe os podcasts, arquivos de áudio apresentados como ‘programas de rádio’, até pouco tempo o mais novo passo na tecnologia da comunicação? Eu, que adoro podcasts, ando frustrado. Assino vários, através do iTunes, programa da Apple que permite, entre outras coisas, assiná-los. Porém, desde o início do ano, é gritante a quantidade de empresas e marcas que lançaram seus programas com estardalhaço e agora simplesmente os abandonaram. Muitos não passaram da terceira edição. Será, então, que o podcast é realmente útil e prazeroso para quem deveria ser seu público?


Não se deixe levar pelo que pedem de você. Por muitas vezes, ao rejeitar – ou simplesmente criticar – uma inovação tecnológica, somos taxados de retrógrados. Mas não ligue. O grande defeito do ‘homem digitalis’ é implorar para ser absorvido pela massa, e neste quesito a tecnologia é o grande ímã e a grande armadilha.


Se nós conseguimos evoluir de ‘sapiens’ para ‘digitalis’, foi graças à inteligência, a mesma que produz tecnologia. Acredito que ambas possam viver em perfeita harmonia.


(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’. Ministra treinamentos e presta consultoria em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em seis anos, seus cursos formaram 1.200 alunos. Desde 1997, é coordenador da equipe de informação do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, com 4.000 páginas em português e versões em inglês e espanhol e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’ (Editora Objetiva, 2001), há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’




LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Gilberto Martins


O caso Imprensa Marrom, 24/10/06


‘Recentemente, um blog chamado Imprensa Marrom foi condenado na Justiça por ter veiculado conteúdo considerado ofensivo. A Justiça considerou que o blog é tão culpado quanto o ofensor. Entretanto, em quais condições deve um ‘canal’ ser equiparado a ‘editor’, e exercer controle prévio sobre o conteúdo que seus colaboradores pretendem postar?


Essa questão tem surgido cada vez mais perante os tribunais, no Brasil e no exterior. Por enquanto, não há lei específica regulando o assunto em nosso país. O máximo que houve até agora foi uma tentativa, o projeto de lei n. 4906, de 2001, elaborado pela OAB de São Paulo, que isentava o canal a menos que ele, ao ser avisado de alguma irregularidade evidente, não tomasse qualquer atitude. Vale a pena dar uma conferida nos trechos mais interessantes desse projeto de lei, transcritos ao fim deste artigo. Infelizmente, apesar de se alinhar com o estado da arte dessa questão, definido pela Comunidade Européia (Diretiva 2000/31/CE), tal projeto de lei não foi prestigiado na tramitação, e carece de alguém que o retome.


Nesse ínterim, proliferam os casos pitorescos. Como o de um tosco web site criado por um anônimo, contendo tão-somente a informação de que em breve uma certa universidade do interior do Rio Grande do Sul passaria a vender vídeo pornô protagonizado por seus alunos (coisa que, naturalmente, nunca chegou a ocorrer). A juíza condenou o portal de hospedagem em que o anônimo ‘pendurara’ o site, garantindo indenização à universidade, autora da ação. Não adiantou mostrar que se tratara obviamente de uma brincadeira inconseqüente do anônimo, incapaz de ser levada a sério.


Num outro caso, uma ex-esposa pediu indenização alegando erro judiciário, em razão de uma medida liminar requerida pelo ex-marido e concedida pelo juiz, determinando que o provedor de acesso utilizado pela ex-esposa filtrasse relatos desta última sobre (falta de) experiências conjugais no passado. Ela alegava que os relatos eram verdadeiros e que o provedor não tinha como fazer a triagem do que era fato ou não, embora o conteúdo pudesse ser considerado afeto à intimidade do ex-marido.


Não faz muito, a Justiça entendeu que um site que se dedica principalmente a matérias noticiosas deve ser considerado como dentro do campo de alcance da Lei de Imprensa. Discutia-se ali se um ex-Presidente do STJ poderia ser ofendido por comentários postados em área de bate-papo, e a decisão foi de equiparar tal área à seção de Carta dos Leitores de um jornal.


Houve também o caso de alguém ser condenado pelo STJ, com base na Lei de Imprensa, por ter caluniado uma juíza na Internet. A justificativa da decisão foi de que informação suficientemente precisa, divulgada na Internet, equivale a notícia de imprensa.


Pergunta-se: como fica a perspectiva para um canal de notícias ou de opiniões de colaboradores, num cenário tão amplo de risco de condenações? O canal que deixa claro que não compactua com racismo, xenofobia, pedofilia, etc., e que de imediato tira do ar qualquer material nitidamente problemático (embora levando em conta, proporcionalmente, o aspecto da liberdade de expressão), deve ser considerado culpado, mesmo assim?


Nesse ponto, parece que o princípio da ‘equivalência funcional’, sustentado pelos defensores da Internet, e que equipara tudo aquilo que tem a mesma função no ambiente on-line e no universo off-line, merece reflexão. Inclusive a propósito da jurisprudência que começa a germinar, discutindo se um site na Internet pode ou não ser considerado sujeito à Lei de Imprensa. Antes dela surgir, escreví, há pouco mais de dois anos, para a revista da Associação dos Magistrados do Rio de Janeiro, na seqüência de participação num seminário por esta promovido sobre ‘Justiça, Imprensa, Democracia’, que:


‘Nesse particular, as características da Internet parecem sugerir que os conceitos de ‘publicação periódica’ e de ‘serviço noticioso’ – que correspondem a ‘imprensa’, nos termos do art. 12, parágrafo único, da Lei n. 5.250/67 – podem ser estendidos a: páginas na Internet atualizadas periodicamente, versões on-line de jornais em papel e seleção e transcrição de matérias jornalísticas produzidas em meios digitais. Por outro lado, correio eletrônico privado, listas de discussão, salas de bate-papo virtual, e páginas desatualizadas, parecem se situar, normalmente, fora do âmbito das atividades de imprensa.’


Essa pauta, que até então se resumia a antecipação teórica, se transformou em realidade, e precisa rapidamente ser enriquecida com critérios e parâmetros, para evitarmos as hesitações e oscilações dos julgadores. Como diz a canção, quem sabe faz a hora. Com a palavra, os jornalistas, para que a ouçam os magistrados.


Confira os trechos de um projeto de lei que talvez mereça ser revisitado:


‘Capítulo IV – Das obrigações e responsabilidades dos provedores


Art. 34 Os provedores de acesso que assegurem a troca de documentos eletrônicos não podem tomar conhecimento de seu conteúdo, nem duplicá-los por qualquer meio ou ceder a terceiros qualquer informação, ainda que resumida ou por extrato, sobre a existência ou sobre o conteúdo desses documentos, salvo por indicação expressa do seu remetente.


§ 1º Igual sigilo recai sobre as informações que não se destinem ao conhecimento público armazenadas no provedor de serviços de armazenamento de dados.


§ 2º Somente mediante ordem do Poder Judiciário poderá o provedor dar acesso às informações acima referidas, sendo que as mesmas deverão ser mantidas, pelo respectivo juízo, em segredo de justiça.


Art. 35 O provedor que forneça serviços de conexão ou de transmissão de informações, ao ofertante ou ao adquirente, não será responsável pelo conteúdo das informações transmitidas.


Art. 36 O provedor que forneça ao ofertante serviço de armazenamento de arquivos e sistemas necessários para operacionalizar a oferta eletrônica de bens, serviços ou informações não será responsável pelo seu conteúdo, salvo, em ação regressiva do ofertante, se:


I – deixou de atualizar as informações objeto da oferta, tendo o ofertante tomado as medidas adequadas para efetivar as atualizações, conforme instruções do próprio provedor; ou


II – deixou de arquivar as informações ou, tendo-as arquivado, foram elas destruídas ou modificadas, tendo o ofertante tomado as medidas adequadas para seu arquivamento, segundo parâmetros estabelecidos pelo provedor.


Art. 37 O provedor que forneça serviços de conexão ou de transmissão de informações, ao ofertante ou ao adquirente, não será obrigado a vigiar ou fiscalizar o conteúdo das informações transmitidas.


Art. 38 Responde civilmente por perdas e danos, e penalmente por co-autoria do delito praticado, o provedor de serviço de armazenamento de arquivos que, tendo conhecimento inequívoco de que a oferta de bens, serviços ou informações constitui crime ou contravenção penal, deixar de promover sua imediata suspensão ou interrupção de acesso por destinatários, competindo-lhe notificar, eletronicamente ou não, o ofertante, da medida adotada.’


Advogado, formado pela PUC-Rio, já foi gerente jurídico da IBM e atua em direito da informática há 20 anos. É professor de Direito da Informática na PUC/RJ, desde 1996, e na FGV e consultor de entidades federais e regionais representativas do setor de Informática (FENAINFO, ASSESPRO, ABES e SEPRORJ). Colabora, como colunista, nas revistas Security Review e Webdesign e, em 2006, venceu o prêmio de Melhor Contribuição do Setor Privado, concedido pela seção brasileira da International Systems Security Association por seus trabalhos como professor, colunista e palestrante. É Co-autor do projeto de lei de crimes de informática, em fase final de aprovação no Congresso.’




CHINA
Milton Coelho da Graça


Corrupção só na China, aqui não, 25/10/06


‘Claro, companheiros. É só comparar números dos dois países, segundo informa nesta quarta, 25/10) o correspondente de O GLOBO, Gilberto Scofield Jr. (link) Desde 2003, mais de 67 mil chineses foram afastados de cargos públicos, presos ou processados (aqui tem alguns, mas nenhum ganhava mais de 1.500 reais, nossos altos funcionários são quase incorruptíveis). Lá, só este ano, foram processados 17 mil (aqui nem Severino fez qualquer coisa que merecesse um processo, só arranjou uns trocados num restaurante).


‘Estamos nos esforçando para melhorar a qualidade da legislação e fiscalização anticorrupção, e criar uma cultura de administração limpa’. Quem falou isso foi um tal de Wang, que deveria vir aprender o bom exemplo brasileiro de como Executivo, Legislativo e Judiciário criaram uma legislação e uma jurisprudência excelentes, simples e rápidas nessa área.


Está na cadeia o 12º. na lista dos chineses mais ricos. ‘Desviou’ mais ou menos o que Paulo Salim Maluf teria supostamente acrescido à sua fortuna durante os mandatos na Prefeitura e no governo de São Paulo. Mas Maluf vem mostrando à Justiça, com fartura de documentos, que não houve corrupção e sua absoluta inocência será comprovada. Chegou até a convencer 700 mil brasileiros a lhe concederem imunidade parlamentar numa eleição livre e democrática.


Na China, uma porção de ladrões – no governo, no partido dominante e até ‘investidores’ privados – se especializaram em meter a mão nos fundos de pensão nacionais, estaduais e até municipais. No Brasil, até hoje se meteu numa coisa suja dessas?


(*) Milton Coelho da Graça, 75, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’




CASOY vs. RECORD
Comunique-se


Justiça ratifica vitória de Casoy contra Record, 27/10/06


‘A 13ª vara civil de São Paulo confirmou nesta quinta-feira (26/10) a decisão favorável a Boris Casoy e encerrou o processo no qual o jornalista cobra indenização da TV Record pela quebra de contrato. Na decisão, a justiça confirma que a emissora deverá pagar onze salários ao apresentador, devido a quebra de contrato.


A decisão havia sido tomada anteriormente, mas a TV Record recorreu. Segundo Boris, este pagamento, inclusive, já havia sido feito. ‘Eles já me pagaram sobre essa decisão, que não é novidade, pois o juiz apenas reiterou sua decisão para esta instância’. Com o encerramento do caso, a emissora terá que arcar com todas os custos da ação.


Casoy contou também ao Comunique-se que deve reabrir o processo. ‘Eu ainda não ganhei os 37 [meses] que queria’, diz ele.’




O NOME DA MORTE
Eduardo Ribeiro


O furo de reportagem de Klester Cavalcanti, 25/10/06


‘Uma das mais incríveis histórias policiais do Brasil, praticamente inédita, chegará à opinião pública na próxima semana, mas por incrível que pareça não por meio da imprensa e sim pela Literatura. Trata-se da história do matador de aluguel Júlio Santana, que assassinou sob encomenda, em 35 anos de ‘trabalho’, nada menos do que 492 pessoas. Ele está vivo, em liberdade e ao que tudo indica gozando de boa saúde, sem que a polícia ou quem quer que seja o moleste ou se interesse por seu destino e suas malfeitorias. É casado, tem filhos e de sua profissão, com uma naturalidade desconcertante, diz que a vê como qualquer outra: era pago para matar, como poderia o ser para escrever, dirigir, roçar ou fazer qualquer outra atividade que garantisse uma sobrevivência decente.


A inusitada história do matador de aluguel está contada no livro O nome da morte – A história real de Júlio Santana, o homem que já matou 492, de autoria de Klester Cavalcanti.


Editor da glamurosa Vip e tendo no currículo uma recente passagem por Contigo, ali colaborando para que a revista passasse por uma profunda transformação, Cavalcanti nunca se afastou por completo do jornalismo investigativo, que já lhe rendeu prêmios e boas histórias, inclusive na literatura (Viúvas da Terra ganhou o Jabuti no ano passado). E volta agora a ele em grande estilo e com revelações surpreendentes, como a de que Júlio Santana, seu personagem real, integrou o grupo responsável pela captura de José Genoino na Guerrilha do Araguaia, em 1972, e foi o autor do tiro que feriu Genoino no braço no episódio.


A obra tem o nome verdadeiro do matador, foto dele, documentos comprovando os casos relatados e os nomes de mandantes de crimes e de pessoas que ele matou. Klester conta que teve contato com Júlio, pela primeira vez, em 1999, quando fazia uma reportagem sobre trabalho escravo para a revista Veja, de que era correspondente na Amazônia, e desde então veio juntando material para montar o trabalho.


Ele concedeu uma entrevista ao editor-executivo Wilson Baroncelli, na qual comenta o livro e a experiência de escrevê-lo. Reproduzimos a seguir pequenos trechos dessa conversa, que poderá ser ouvida, na íntegra, na Rádio Mega Brasil Online na internet (www.megabrasil.com) nesta 4ª.feira (25/10), às 17h, com reapresentações na 6ª (27/10), às 10h, e na 2ª (30/10), às 20 horas.


O lançamento do livro, com direito a noite de autógrafos, está marcado para a próxima 3ª.feira (31/10), na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos, a partir das 19 horas.


Jornalistas&Cia – Em algum momento você ficou preocupado com a sua segurança ao entrevistar esse matador?


Klester Cavalcanti – Não, porque o tempo todo ele sabia qual o objetivo do que eu estava fazendo e autorizou. Além do mais, ele foge ao estereótipo do matador, porque tem mulher e filhos, é muito carinhoso com eles e inclusive bem-humorado. É uma contradição, mas é real.


J&Cia – Como fica o lado emocional do jornalista ao lidar com esse tipo de situação?


KC – Não tive problemas pois consegui entender bem uma coisa que o Júlio falou, até com muita frieza: ‘Klester, da mesma forma que você é pago para escrever, eu sou pago para matar. É só isso’. Ele, inclusive, se orgulha de nunca ter matado por raiva ou ódio, porque quis matar; era trabalho. É muito louco pra gente conceber algo assim, mas depois de sete anos falando periodicamente com ele pude entender qual é o processo. Ele foi preso só uma vez, mas subornou o delegado com uma motocicleta e foi libertado. E tudo que me contava eu checava e apurava com outras fontes, como pessoas que citava, inquéritos policiais, processos judiciais etc. Está tudo muito bem documentado.


J&Cia – Você não receia que a divulgação disso tudo agora desencadeie uma caçada?


KC – Não escrevi o livro para que ele fosse preso, mas sim para contar a história incrível de um sujeito que passou os últimos 35 anos matando gente pelo Brasil. Foi até um argumento que eu usei para ele autorizar a colocar o seu nome verdadeiro no livro: ele parou de matar, mudou do Maranhão, tem um nome bastante comum e por isso é pouco provável que consigam capturá-lo. Mesmo a foto que coloquei no livro revela só uma parte do rosto dele.


J&Cia – Você, pelo visto, não vai deixar de lado a veia investigativa mesmo tendo uma atividade cotidiana numa área bem diferente, não é?


KC – Tenho já uns dois ou três outros projetos sendo amadurecidos. Costumo dizer que nunca vou deixar de lado esse meu lado de repórter-escritor, mas tenho um projeto de vida pessoal que é me tornar um bom fazedor de revistas. A experiência que tive em diversas publicações é importante para atingir esse objetivo de saber fazer qualquer tipo de revista.


(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’




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