Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Comunique-se


SEGUNDO MANDATO
Carlos Chaparro


Franklin na Comunicação será um avanço. Mas…, 16/03/07


‘O XIS DA QUESTÃO – Se Franklin Martins aceitar o convite de Lula, terá de
tomar cuidado com a proximidade de certas tentações ditatoriais, ditas de
esquerda, mas que são iguaizinhas às formulações de viés direitista, das quais
brota o conceito de que comunicação deve existir para vender e preservar as
‘verdades’ do governo.


1. Tarefa difícil e perigosa


Ainda não se sabe se Franklin Martins aceitará o convite recebido para
assumir, com plenos poderes, o comando da área de comunicação do Governo. Nos
corredores palacianos e meios jornalísticos já se trabalha com a hipótese de que
o prestigiado jornalista aceitará o desafio – e talvez possa ser tomado como bom
sinal o fato de Franklin ter entrado em providencial período de férias. Porque
está de férias, saiu do ar na Bandeirantes e afastou-se da obrigação de textos
diários sobre o dia-a-dia da política, em seu site, onde Ricardo Amaral o
substitui, na qualidade de ‘interino’.


Embora desgastada pelo uso abusivo, a palavra desafio traduz com precisão o
que Franklin Martins terá pela frente, se disser ‘sim’ ao convite. Porque terá
de encarar uma tarefa tão difícil quanto perigosa. Além de difícil e perigosa, a
tarefa não lhe trará vantagens financeiras. Pelo que sei, a função do Governo
lhe daria remuneração inferior à que atualmente tem, como jornalista. Mesmo que,
de quebra, Franklin Martins venha a ganhar uma ou outra benesse nesses Conselhos
de estatais que o governo usa para esse tipo de compensação, não são as razões
do dinheiro que o levariam a dizer ‘sim’ a Lula. Assim, não custa aceitar a
idéia de que Franklin Martins está sendo seduzido pela possibilidade de, no
serviço público, poder realizar um bom trabalho em benefício da sociedade.


De qualquer forma, é importante dizer que a entrega dos planos e das ações de
comunicação a um jornalista com a qualidade de Franklin Martins representaria
enorme e saudável avanço em relação ao primeiro mandato. Na era Gushinken, a
área de Comunicação do governo foi gerenciada por conceitos e procedimentos
equivocados. Com dinheiro fácil e abundante à mão, a Secom privilegiou a
propaganda em detrimento do jornalismo. Como resultado, ganhou fama não pelo
mérito do trabalho realizado, mas pelas perigosas interfaces que acabou criando
com bem irrigados dutos de corrupção.


Ao admitir que não são as vantagens financeiras que levariam Franklin Martins
ao ‘sim’, admitimos, também, que o convite de Lula reacendeu no famoso
jornalista velhos ideais dos tempos da militância política, tempos de forte
engajamento em lutas contra o regime militar, que incluíram a adesão a ações de
guerrilha.


2. Perigo das tentações


Pois nos tempos em que Franklin Martins lutava por ideários políticos em
frentes clandestinas também difíceis e perigosas, o governo militar que ele
combatia implantava no país o mais bem sucedido plano de comunicação
manipuladora que o país já conheceu.


Aqui e ali, em pronunciamentos acidentais, já temos ouvido do presidente Lula
expressões de encantamento com algumas das coisas que os governos militares
fizeram. Talvez por isso, estou convencido de que o plano de comunicação
engendrado por Luiz Gushinken, para o primeiro mandato, se inspirava, em boa
parte, nas idéias e estratégias da antiga Assessoria Especial de Relações
Públicas da Presidência da República (AERP), criada na presidência de Costa e
Silva, mas que teve seu ápice de glória no governo do general Garrastazu
Médici.


Se Franklin Martins aceitar o convite, tem de tomar cuidado com a proximidade
de certas tentações ditatoriais, ditas de esquerda, mas que são iguaizinhas às
formulações de viés direitista, das quais brota o conceito de que Comunicação
deve existir para vender e preservar as ‘verdades’ do governo. Sacrifica-se,
assim, o que deveria ser essencial: viabilizar o direito do cidadão à informação
e atender ao dever político e social de informar.


Se, como se diz em Brasília, o ‘sim’ de Franklin Martins, embora ainda
protegido pelos sigilos da prudência, já está decidido, os dias de férias que
lhe restam devem estar intensamente ocupados por exercícios de consciência e
reflexões conceituais.


Para ajudar em tais exercícios e reflexões, e principalmente para o ajudar a
enfrentar tentações, lembro aqui a velha história da AERP.


3. Analogias surpreendentes


Em 1967/68, a ditadura militar, na presidência de Costa e Silva, resolveu
criar a Assessoria Especial de Relações Públicas da Presidência da República
(AERP), que rapidamente ganhou status e força de super-ministério. A
consolidação teórica e estratégica do modelo deu-se com a realização do I
Seminário de Relações Públicas do Executivo, no Rio de Janeiro, de 30 de
setembro a 5 de outubro de 1968.


O programa de comunicação e relações públicas dos militares foi implementado
durante o governo seguinte, presidido pelo general Garrastazu Médici
(1969-1974). O período Médici passou à História como ‘os anos de chumbo’, de
terrível repressão. Mas, enquanto nas masmorras a tortura violentava e matava
pessoas, aos milhares, Médici e o seu governo alcançaram popularidade notável,
graças ao plano de comunicação implantado, e à conjugação favorável das
variáveis econômicas.


As conclusões e recomendações do Seminário de 1968 formam, no seu conjunto,
um programa de Relações Públicas, para a adesão popular à imagem e às ‘verdades’
do governo, que se pretendia patriótica, desenvolvimentista e humanista.


Guardo, como preciosidade, o documento final desse Seminário. Não temos
espaço para transcrições. Mas vale a pena citar pelo menos duas conclusões que,
a meu ver, sintetizam as manhas propagandísticas do programa:


– ‘Adoção de uma política global de comunicação social que permita de fato a
integração do povo com o governo’.


– ‘Aproveitamento integral da figura do presidente, no seu aspecto humano,
moderado e compreensivo, para caracterizar toda a campanha orientada no sentido
de valorização do homem, a única susceptível de criar uma imagem efetiva e
imediata do governo’.


Para alcançar tais propósitos, o poder público tornou-se o grande empregador
de jornalistas, no Brasil.


***


Claro que não podemos nem devemos comparar o governo de Lula aos governos do
regime militar. Seria idiotice ofensiva e deformadora. Mas o modelo de
comunicação que no primeiro mandato se tentou implantar em Brasília seguiu um
figurino formal e instrumental que permite analogias surpreendentes com tempos
antigos, os da AERP. Como essa de privilegiar a propaganda em detrimento do
direito à informação.


Para as devidas e possíveis comparações com os princípios que inspiraram o
plano da AERP, vejam o decálogo de objetivos que resumia a filosofia de
comunicação do plano Luiz Gushinken:


1) Estimular o patriotismo; 2) Motivar ações solidárias; 3) Criar hábitos
produtivos e saudáveis; 4) Difundir a imagem do Brasil para o próprio Brasil e
para o exterior; 5) Mostrar o caráter de governo de equipe; 6) Difundir
pensamentos elevados; 7) Passar a idéia de que o governo está arrumando a casa;
8) Mostrar que o social é o objetivo central do governo; 9) Levar ao exterior a
idéia de que o Brasil busca a inclusão social; 10) Insistir na necessidade das
reformas tributária e da Previdência.


É um decálogo que Hitler e Salazar adotariam com entusiasmo. E que Fidel não
repudiaria. Porque não contém uma só palavra que estabeleça relações com valores
democráticos como o direito à informação e à crítica, e o dever de informar.


Fica esperto, Franklin Martins!


(*) Carlos Chaparro é português naturalizado brasileiro e iniciou sua
carreira de jornalista em Lisboa. Chegou ao Brasil em 1961 e trabalhou como
repórter, editor e articulista em vários jornais e revistas de grande
circulação, entre eles Jornal do Commercio (Recife), Diário de Pernambuco,
Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, Diário Popular e revistas Visão e Mundo
Econômico. Ganhou quatro prêmios Esso. Também trabalhou com comunicação
empresarial e institucional. Em 1982, formou-se em Jornalismo pela Escola de
Comunicação de Artes, da USP. Também pela universidade ele concluiu o mestrado
em 1987, o doutorado em 1993 e a livre-docência em 1997. Como professor
associado, aposentou-se em 1991. É autor de três livros: ‘Pragmática do
Jornalismo’ (São Paulo, Summus, 1994), ‘Sotaques d’aquém e d’além-mar –
Percursos e gêneros do jornalismo português e brasileiro’ (Santarém, Portugal,
Jortejo, 1998) e ‘Linguagem dos Conflitos’ (Coimbra, Minerva Coimbra, 2001). O
jornalista participou de dois outros livros sobre jornalismo, além de vários
artigos (alguns deles sobre divulgação científica pelo jornalismo), difundidos
em revistas científicas, brasileiras e internacionais.’




TELEVISÃO
Antonio Brasil


Peninha: o jornalista-historiador invade o Fantástico, 12/03/07


‘Você conhece o jornalista Peninha? Não aquele repórter impagável do Jornal A
Patada dos quadrinhos da Disney. Mas o Eduardo Bueno, o polemico
jornalista-historiador ou historiador-jornalista gaúcho que escreve best-sellers
sobre a História do Brasil, torcedor fanático do Grêmio, tradutor, roteirista de
filmes e figura super simpática.


Eu sempre quis conhecer. Quando produzia o Caderno U, a revista semanal da TV
Universitária do Rio de Janeiro, um dos meus grandes sonhos era trazer o Peninha
para ser entrevistado pelos nossos alunos jornalistas. Desculpa para conhecê-lo.


Sempre admirei a sua coragem e ousadia. Eduardo Bueno tenta o que muitos
consideram impossível: conciliar o rigor da pesquisa histórica com a linguagem
coloquial do jornalismo. O sucesso dos seus livros como A viagem do
Descobrimento; Náufragos, Traficantes e Degredados, Capitães do Brasil e o recém
lançado, A Coroa, a cruz e a espada comprovam a cumplicidade e complementaridade
entre o jornalismo e a história.


Seus livros sobre o período colonial venderam mais de um milhão de
exemplares, fato inédito no mercado editorial brasileiro. Ele também é o autor
de ‘Blá, Blá, Blá – A biografia autorizada dos Mamonas Assassinas’ (L&PM
Editores), que vendeu mais de 100 mil exemplares.


Ao todo, Bueno traduziu 22 livros. Como editor, Bueno editou mais de 200
títulos, colaborando com algumas das principais editoras brasileiras. Como
jornalista, trabalhou em praticamente todos os jornais, revistas e emissoras de
televisão do país, entre as quais TV Globo, Manchete, TV Cultura, TV-Rs, jornais
O Estado de S. Paulo, Zero Hora e vários outros. Bueno também já escreveu vários
roteiros de TV e cinema. Foi escolhido o melhor editor do ano, em 1984, pela
revista Istoé, quando trabalhava para L&PM Editores. A Viagem do
Descobrimento ganhou o prêmio Jabuti em 1999. Merecido. Pura questão de
competência e ousadia.


Encontro na Globolândia


Pois outro dia, em mais um dos meus programas discretos e solitários, resolvi
almoçar no velho ex-botequim e agora restaurante quase chique, o Filé de Ouro em
plena Globolândia, no bairro do Jardim Botânico no Rio de Janeiro. Além de um
ótimo restaurante com boa comida e preço em conta, o Filé de Ouro é tradicional
ponto de encontro de jornalistas e celebridades do jornalismo da Rede Globo.
Freqüento há muitos anos, gosto da comida e do ambiente. Quase sempre revejo
velhos amigos e fico sabendo das novidades e fofocas globais. Uma vez
jornalista, sempre jornalista. Mas antes de tudo, jornalista tem de ter faro,
instinto e muita, muita sorte.


Eu me preparava para degustar o meu filé quando eis que entram no
restaurante, o Big Brother Pedro Bial acompanhado de um amigo. Para variar,
todos ou quase todos fingem não conhecê-lo. Como já expliquei em outro
‘encontro’, aqui no Rio é costume ignorar as celebridades. Faz parte da cultura
da cidade. E como um bom ‘quase’ carioca, também ‘faço de contas’ que não vi
ninguém.


Mas quis o destino que os dois se sentassem exatamente na mesa ao lado. A
principio não reconheci o acompanhante. Alto, moreno, muito expansivo,
gesticulava bastante, falava alto e o sotaque forte denunciava a origem. Sou
filho de gaúcha reconheço o modo tão típico de falar em questão de segundos.


Comecei a pensar: quem seria aquela figura tão expressiva que após algumas
caipirinhas falava ainda mais alto, mas sempre com muita paixão. Fiquei pensando
com os meus botões, esse sujeito deveria fazer televisão. Ficaria ótimo frente
às câmeras.


Jornalista beatnik


Não conseguia deixar de ouvir a conversa. Uma vez jornalista, sempre
jornalista. Estava curioso para saber quem era o gaúcho misterioso. Tinha jeito
de jornalista e não parava de falar no celular mesmo na presença do todo
poderoso Big Brother. Eles conversavam de forma animada sobre diversos assuntos.
Estava cada vez mais desconfiado, mas não conseguia ter certeza.


Em determinado momento ouço o Bial se referir ao companheiro como meu
amigo…Peninha. Naquele momento, caiu a ficha. Ali estava o famoso
jornalista-historiador ou historiado-jornalista Eduardo Bueno. Um repórter que
teve a ousadia de traduzir para o português um dos maiores clássicos da cultura
Beatnik americana, da década de 1950, On the Road de Jack Kerouac ou ‘Pé na
estrada’.


Peninha, sempre imerso nas suas paixões, nos anos 80, não apenas aderiu ao
movimento Beatnik, um movimento de rebeldia como também se tornou um de seus
maiores divulgadores no país. Segundo a Wikipedia, os Beatniks nos EUA estavam
‘cansados da monotonia da vida ordenada e da idolatria à vida suburbana na
América do pós-guerra, resolveram, regados a jazz, drogas, sexo livre e
pé-na-estrada, fazer sua própria revolução cultural através da literatura’. Como
tantos outros jornalistas de sua geração aqui no Brasil, Eduardo Bueno se tornou
um beatnik tupiniquim.


Estava morrendo de curiosidade, pensando e imaginando como seria interessante
ter o Peninha trabalhando na Globo. Quem sabe ele não estaria negociando com o
Bial para apresentar e adaptar suas pesquisas históricas para o público do
Fantástico ou do Globo Repórter. Fiquei só imaginando. A conversa ao lado
continuava animada e eu discretamente não conseguia deixar de ouvir as trocas de
elogios e referências comuns do passado.


Que história é essa?


Permanecia tranquilamente no meu canto. Não queria incomodar o almoço das
celebridades com apresentações ou perguntas. Não pegaria bem. Mas deu para ouvir
boas histórias e saber de algumas coisas interessantes. Fiquei sabendo, por
exemplo, que a origem ‘histórica’ do sobrenome Bueno, não vem de alguma família
de origem espanhola que imigrou para o Sul do Brasil. Bom pesquisador e ainda
melhor contador de histórias, Peninha fazia questão de dizer que o seu avô, como
tantos gaúchos, sempre contava seus causos dizendo ‘bueno’ no lugar das pausas
ou interjeições. Daí veio o seu sobrenome, Bueno. E ele não é parente do Galvão.
Ainda bem. Agora só falta descobrir como o Eduardo Bueno se tornou Peninha. Vou
pesquisar. Mas deve ser mais uma dessas brincadeiras ou elogios que transformam
em apelidos tão comuns em nossas redações.


A conversa continuava animada, outros amigos se juntavam ao grupo e apesar de
ainda mais curioso, precisava sair. O que estariam fazendo juntos o Pedro Bial e
o Peninha em plena Globolândia ?


Confesso que não sabia o que muitos já devem saber. Mas cheguei em casa, fiz
uma pesquisa na Internet, no Santo Google e descobri a razão do encontro. Eles
estão trabalhando em novo quadro do Fantástico, Que História é Essa?


Segundo o noticiário da Globo, do Estado de S. Paulo e da Folha de S.
Paulo:


Pedro Bial vai recontar a história do Brasil com a ajuda do escritor Eduardo
Bueno.


Eles costuram os detalhes de acabamento para o quadro Que História É Essa?,
previsto para entrar no Fantástico assim que o apresentador se livrar do
expediente Big Brother. Em foco, episódios da História do Brasil embalados em
linguagem atraente aos olhos da massa (saiba mais).


Pedro Bial e Regina Casé vão apresentar nova série.


Que História é Essa? terá inicialmente oito programas de cerca de dez
minutos.


A idéia é revisitar locais históricos e recontar os acontecimentos nas várias
versões de especialistas.


A série deverá estrear em setembro tratando da Independência do Brasil. Os
programas terão co-direção de Regina, Bial e Frederico Neves e contarão com o
apoio da Biblioteca Nacional.


O Fantástico continua ousando e inovando. Para mim, ainda é o melhor programa
da televisão brasileira. E dobradinha entre os globais Pedro Bial e Regina Casé
com a consultoria histórica e orientação do Eduardo Bueno com apoio da
Biblioteca Nacional sob a direção competente do jornalista e comunicólogo Muniz
Sodré tem tudo para informar, educar e fazer sucesso. Tem tudo para dar certo.


Mas aqui entre nós, eu estava torcendo para ver o Peninha, de preferência
caracterizado de repórter Peninha, bem no estilo do Ernesto Varela de Marcelo
Tas, apresentando o Que História é Essa no Fantástico. Pelo que deu para
perceber no Filé de Ouro, ele é um verdadeiro ‘showman’. Nasceu para fazer TV e
só precisa de uma oportunidade.


E o ‘timing’ do lançamento do novo quadro no Fantástico, logo após o término
do Big Brother Brasil, é mais um ótimo motivo para torcemos e aguardarmos
ansiosamente pelo fim do pior programa da TV brasileira.


(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da
Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela
London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e
pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Trabalhou no
escritório da TV Globo em Londres e foi correspondente na América Latina para as
agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. Autor de diversos
livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’ e ‘O Poder
das Imagens’. É torcedor do Flamengo e não tem vergonha de dizer que adora
televisão.’


Comunique-se


Apenas Record transmitirá Londres 2012, 16/03/07


‘A Record fechou um acordo estimado em US$ 60 milhões com o Comitê Olímpico
Internacional (COI) e terá exclusividade nas transmissões dos Jogos de 2012, que
acontecerão em Londres. Globo e Bandeirantes, que têm tradição na exibição dos
jogos, possuem os direitos de transmissão da edição de 2008 do evento, que terá
lugar em Pequim, mas ficarão de fora dos jogos na Inglaterra.


A emissora adquiriu um pacote amplo de transmissão, incluindo exclusividade
via internet, TV paga, satélite e por telefones, que, até 2012, deverão ter uma
capacidade muito superior de transmissão de imagens. Além disso, a emissora
também levou os direitos de transmissão dos jogos de inverno de 2010, que
acontecerão em Vancouver, no Canadá.


Disputa pelo ouro


As negociações entre o Comitê e as emissoras nacionais duraram um mês e meio.
Por meio de comunicado oficial, o COI apontou que a escolha da Record não se
baseia exclusivamente no dinheiro oferecido pela emissora, mas que também foi
levado em conta o compromisso que a Record assumiu de transmitir um grande
número de disputas em diversas modalidades e também das Olimpíadas de Inverno de
2010.


Além disso, a Record também apresentou projetos relacionados com a difusão
das práticas esportivas e dos ideais da carta olímpica, fomentando discussões
nacionais acerca do tema. Ainda em fase de avaliação, esses projetos serão
apresentados ao país quando estiverem concluídos.


O membro da Comissão Executiva do COI que conduziu as negociações, Richard
Carrión, afirmou que o contrato assinado com a emissora ‘marcará uma estimulante
nova era tanto em termos de exposição quanto de receita para o movimento
olímpico como um todo. Estamos muito ansiosos para trabalhar com a TV Record
pela primeira vez, e garantir que a cobertura expandida dos Jogos seja
disponibilizada aos amantes do esporte no Brasil’.


Derrota da Globo


A conquista da Record é emblemática: nunca antes Globo e Bandeirantes haviam
ficado de fora da transmissão dos jogos olímpicos. Eduardo Zebini, diretor de
esportes da emissora, avalia a conjuntura: ‘a Globo nunca ficou fora de nenhum
evento internacional. Se ela ficou desse, é porque subestimou a Record ou
avaliou mal a situação. Ela tem uma grade fechada que permite pouco em termos de
divulgação e não conseguiu atender aos anseios do comitê olímpico
internacional’.


O professor de jornalismo da PUC-RS Celso Schröder aponta como benéfica a
diminuição da supremacia da Globo, que, pela primeira vez em sua história,
enfrenta uma adversária com o objetivo expresso de lhe tirar o primeiro lugar.
Ele considera salutar o crescimento da Record pelo fato de gerar mais
concorrência e, conseqüentemente, produzir diferentes formas de observar e
reportar os fatos, mas faz a ressalva de que o perfil empresarial da emissora
não é democratizador, uma vez que está embutido muito fortemente com conteúdo
ideológico-religioso.


‘A perda dessa hegemonia da Globo só mostra uma relação diferente de poder. A
vitória da Record não resolve o problema, continua sem sentido essa idéia de que
alguém pode ter os direito de transmissão exclusiva de um evento que deveria ser
de acesso de todos’, avaliou.


Concorrência nacional


A Bandeirantes não quis se pronunciar a respeito, mas a assessoria da
emissora lembrou que tem uma tradição esportiva e que não costuma deixar de
cobrir eventos de grande porte. Durante a última Copa do Mundo, mesmo sem
transmitir os jogos, o canal realizou extensa cobertura jornalística sobre
eles.


O diretor de esportes da Rede Globo, Luis Fernando Lima, não foi encontrado e
a assessoria de imprensa da emissora não atendeu ligação ao longo de toda a
sexta-feira (16/03).’




INTERNET
Comunique-se


Google se defende de processo e sustenta legalidade do site YouTube,
15/03/07


‘A Viacom, gigante de mídia dos EUA, está pedindo US$ 1 bilhão de indenização
ao Google por conta de ‘violação em massa e intencional dos direitos autorais’
de seus cerca de 160 mil vídeos exibidos no YouTube. Em resposta, advogados do
Google, dono do YouTube, afirmaram que a empresa está legalmente protegido pela
Lei dos Direitos Autorais Digitais do Milênio (DMCA), mecanismo legal que vem
servindo de base para a maioria das defesas de empresas de Internet em casos
sobre direitos autorais.


A lei, criada em 1998, estabelece que uma empresa não seja culpada por
violação de direitos autorais se ela retirar do ar rapidamente o conteúdo que
for apontado como pirata. Alexander Macgillivray, consultor do Google, apontou
que a DMCA foi criada especificamente para proteger aqueles que hospedam
conteúdo online de processos como o movido pela Viacom, comparando o YouTube à
blogueiros que colocam fotos na rede.


O Google sempre alegou que não é viável impedir que os milhões de usuários do
YouTube coloquem no ar vídeos de propriedade de terceiros, mas que os bloqueia
sempre que notificado. Executivos da empresa, porém, indicaram que filtros
anti-piratarias estão sendo estudados para serem incorporados ao site.


Por sua vez, a Viacom alega que o modelo do Google é ilegal pois utiliza
conteúdo produzido por outras empresas para gerar movimento em seu site e assim
lucrar com publicidade, deixando todo o trabalho e custos de monitorar o YouTube
para as vítimas da quebra de direitos autorais. A empresa também afirmou que o
Google ignora medidas pró-ativas e deliberadamente deixa que diversos vídeos
sejam exibidos de maneira irregular.


Diversos analistas de mídia dos Estados Unidos apontam que o resultado do
processo Viacom x YouTube podem redefinir as relações entre produtores e
veiculadores de conteúdo naquele país. ‘Antes, eu acreditava que a Viacom estava
buscando compensação por seu material registrado. Agora, creio que ela esteja
desafiando as bases do DMCA’, avaliou James McQuivey, analista do centro de
pesquisas Forrester.’




TV PÚBLICA
Milton Coelho da Graça


O risco de termos a TV-hora do Brasil, 15/03/07


‘‘Fico surpreso como as pessoas não estão vendo que, daqui a cinco anos, as
pessoas vão rir da televisão que temos hoje’. Foi Bill Gates, supostamente o
sujeito que mais tem condições de vislumbrar o futuro nessa área. E disse para
todo o mundo ouvir, lá em Davos, na Suiça, diante dos outros 499 homens mais
ricos do mundo.


Será que o ministro Hélio Costa está antenado nesse trailer apresentado pelo
homem mais rico do mundo. Será que leva em conta, nos planos para uma supertevê
estatal de informações, que o surgimento da internet de alta velocidade e a
popularidade de sites como YouTube estão causando a queda, em todo o mundo, do
tempo que os jovens passam diante de um aparelho de TV?


Quando a gente ouve a Hora do Brasil no rádio, praticamente igual ao que era
há 20 ou 30 anos atrás tanto no formato como na substância – tem de duvidar,
não? Alguém já se deu ao trabalho de somar os índices da TV Justiça, TV Câmara,
TV Senado e todo o resto pago com impostos? E o que essas emissoras custaram em
termos de investimento?


Duas maneiras de ver o mesmo fato


Supostamente – porque nada foi explicado oficialmente, só por fofocas –
Franklin Martins saiu da Rede Globo porque suas análises tendiam a favorecer
opiniões do governo. Algumas semanas depois, Franklin Martins também saiu da
Band para ser o número 1 nos planos para a montagem de uma ampla rede estatal de
notícias.


Há uma leitura óbvia: a de se confirmar, pelo menos oficialmente, a versão
divulgada por más línguas. Mas corre também agora uma versão diferente, porque
as más línguas, como todos sabemos, estão em qualquer canto de nosso país.


E essa versão diz que a Rede Globo – sempre muito bem informada sobre o que
ocorre no Ministério das Comunicações – antecipou que Franklin Martins seria o
nome mais desejado pelo ministro Hélio Costa. E achou melhor criar uma novela
(tipo das 9, sempre com muitas surpresas) para até facilitar essa nomeação e
evitar que o Franklin e ela própria ficassem sujeitos a críticas e ataques dos
inimigos do plim-plim.


Se não é verdade, é bem bolado, dizem os italianos cínicos.


A volta de Collor e a falta de caráter


Estamos todos vendo, estupefatos, a reação dos colegas senadores ao retorno
político do ex-presidente Collor. Houve até choro, de emoção ou de alegria, pelo
retorno de um grande injustiçado. Ninguém mencionou P.C. Farias, os cidadãos
comuns que revelaram a verdade. Pior, os ‘caras pintadas’, os jovens que foram
às ruas pedir a restauração do caráter na política brasileira, foram apontados
como os responsáveis por exageros, excessos.


Não vale a pena citar nomes, porque na verdade foi um FEBEAPÁ, como diria o
bom – e que faz tanta falta! -Stanislaw Ponte Preta. Vergonha mesmo só
demonstrou quem ficou calado ou não apareceu no plenário.


(*) Milton Coelho da Graça, 76, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O
Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e
Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste
Comunique-se.’




JORNALISMO ESPORTIVO
Marcelo Russio


O mal que nunca vem para o bem, 13/03/07


‘Violência. Este é o assunto que domina todos os níveis da sociedade
brasileira. Apenas nos últimos 30 dias, pelo menos quatro crianças ou jovens
foram mortos brutalmente por balas perdidas ou por atos de selvageria de quem
nasceu com o único propósito de não deixar quem os cerca viver. No esporte,
infelizmente, a coisa não é muito diferente.


No último domingo, o clássico entre São Paulo e Santos, na Vila Belmiro, teve
uma das cenas mais violentas que já se viu em um campo de futebol. De um andar
superior, um boçal corre com um vaso sanitário nas mãos e, sem pensar duas
vezes, o atira no andar inferior, onde pretensamente estariam torcedores rivais.
Por providência divina não houve a catástrofe que talvez aquele idiota que
arremessou o artefato não tivesse pensado que poderia causar.


A cena é impressionante. Um policial estava no local e mal teve tempo de
esboçar reação. Ele ainda tenta impedir o arremesso, mas em seguida olha para
baixo para ver se algo de mais grave aconteceu. Enquanto isso, o criminoso se
esconde no meio de uma turba enraivecida, de onde ele veio, e que o protege com
o seu anonimato.


Não sei até que ponto chegaremos, mas não sou daqueles que vê em
manifestações silenciosas e abraços a um monumento algo efetivo contra as
barbaridades que nos cercam. Sou daqueles que exige uma providência prática.
Ação enérgica, sem concessões e sem muita conversa. Uma vez li uma frase que
agora me faz todo o sentido. Para apagar um fósforo, uma gota de água; para
apagar um incêndio, uma tonelada de água.


Vivemos um incêndio sem precedentes na história da sociedade brasileira. Os
reflexos aparecem em todos os cantos. O esporte é mais um deles. Nós,
jornalistas, temos exercido um papel importante, de denunciar e acompanhar os
processos criminais contra bandidos que se escondem em algumas torcidas
organizadas, quase sempre utilizando-se delas para subsistir e coagir quem se
opõe a eles. Não é uma questão de paixão, mas sim de falta dela.


Alguém acha que Sadam Hussein amava o Iraque ou ele se aproveitava do país
para viver uma vida de riqueza e poder sem limites? Será que Kim Song Iil ama a
Coréia do Norte ou se aproveita dela para brincar de ser deus? Guardadas as
proporções, vemos torcedores que se escondem por trás da paixão clubística para
fazer o mal e viver às custas do clube que dizem amar, mas que apedrejam e
destróem a cada vez que seus interesses são contrariados. Será que isso é
torcer?


A coluna desta semana trata do papel da imprensa, que vem sendo exemplar ao
abordar pessoas, atos e processos. A solução não será dada por repórteres,
editores, cinegrafistas ou fotógrafos. Mas, felizmente, estamos fazendo a nossa
parte.


(*) Jornalista esportivo, trabalha com internet desde 1995, quando participou
da fundação de alguns dos primeiros sites esportivos do Brasil, criando a
cobertura ao vivo online de jogos de futebol. Foi fundador e chegou a
editor-chefe do Lancenet e editor-assistente de esportes da
Globo.com.’




JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu


Maconha tremebunda, 15/03/07


‘O índio era um índio touro,


Mas até touro se ajoelha,


Cortado do beiço à orelha


(Bochincho, de Jayme Caetano Braun.)


Maconha tremebunda


A considerada Bárbara Lucena Dias, de Curitiba, passeava os olhos no quase
centenário Diário dos Campos, de Ponta Grossa (PR), quando arrepiou-se toda com
este título deveras assustador:


PM fecha boca-de-fumo que abastecia cemitério.


Bárbara imaginou fantasmas e esqueletos enfiados na sacanagem, porém o texto
apenas revelou de que é capaz o comércio organizado:


(…) De acordo com o tenente Fabian Ogura, relações públicas do 1º BPM, são
fortes os índicios de que este grupo e mais dois homens faziam parte de um
esquema de distribuição de drogas no interior do Cemitério São José, na área
central da cidade. ‘A partir de garotas de programa que ‘fazem ponto’ naquele
local, os traficantes atendiam clientela que apanhava a substância de carro e a
pé, principalmente no período noturno, quando a área é menos movimentada’.


Janistraquis, que anda tão avoado quanto a futura ministra Marta Suplicy, vê
nos cemitérios o melhor endereço para quem se abraça a esta também conhecida
como abango, abangue, aliamba, bagulho, bango, bangue, bengue, birra, bongo,
cangonha, chá, diamba, dirígio, dirijo, erva, fuminho, fumo, fumo-de-angola,
jererê, liamba, marijuana, massa, nadiamba, pango, rafi, riamba, seruma, soruma,
suruma, tabanagira e umbaru, segundo os dicionários, cujas páginas são ótimas
para enrolar o baseado, à falta de coisa melhor.


Vida a dois


Deu em todos os jornais do mundo:


Papa diz que segundo casamento é uma praga.


Janistraquis, que anda mais distraído do que funcionário público, fez o
seguinte comentário:


‘Entende-se perfeitamente o desabafo do consideradíssimo pontífice; a
primeira mulher dele deve ter sido uma santa; a segunda, tremenda megera,
desgraça que Bento XVI não deseja nem pro Tinhoso…’


Fina iguaria


É tão delicioso o novo livro do considerado Fernando Portela que ele o
lançará no Rosmarino, restaurante de São Paulo, às 19 horas da próxima
terça-feira; os contos de O homem dentro de um cão, editado pela Terceiro Nome,
são mesmo um prato cheio de finas iguarias, contos escritos com a criatividade e
a verve de um jornalista e escritor que saiu do Recife há mais de 30 anos,
armado até os dentes com todo o talento do mundo.


Para refletir


Deu no Ex-blog do César Maia:


UMA ESCOLHA MINISTERIAL EXTREMAMENTE GRAVE! DZERZHINSKI, BERIA, HIMMLER,
HEYDRICH, HEINRICH MULLER, TARSO GENRO!


(…) A entrega por Lula da Polícia Federal a um militante partidário como
Tarso Genro é fato de extrema gravidade. Será entregar os arquivos, as
investigações e a ação da Polícia Federal a um militante político-ideológico que
não terá limites para levar as informações para o setor de inteligência do PT,
que ficou a descoberto nas eleições de 2006. Que não terá limites em direcionar
as operações da Polícia Federal no sentido de seus adversários políticos. Que
assombrará as empresas com essa possibilidade tornando os pedidos de
financiamento do Partido como ordens implícitas. Que entrará inevitavelmente na
vida privada de seus adversários através dos grampos -ditos autorizados. Que
trará os meios de comunicação sob o risco de suas operações.


O que resta da festa


O considerado José Truda Júnior estava a passear pelo Globo Online quando,
por curiosidade, resolveu checar os resultados da Taça Guanabara ‘que, no
penúltimo domingo, foi incrivelmente entregue ao segundo colocado!’ Taí o que
resta da festa tipicamente brasileira, pois aqui um litro tem 800 mililitros e
um quilo costuma pesar 700 gramas:


Das oito partidas que disputou, o Madureira venceu cinco, empatou duas e
perdeu uma, totalizando 17 pontos de 24 possíveis e obteve saldo de quatro gols
positivos com a defesa menos vazada do campeonato.


O Flamengo, em oito partidas, venceu quatro, empatou duas e perdeu duas,
conquistando 14 dos 24 pontos em jogo. Ficou com saldo de três gols
positivos.


Das três partidas que disputou com o Flamengo, o Madureira venceu duas e
perdeu uma, a única em toda a competição. Mesmo assim, foi sagrado vice!


Como já não dá mais para acreditar nem no Altíssimo, muito menos no futebol
do Rio de Janeiro, sobram apenas o Papai Noel e o Coelhinho da Páscoa, não é
verdade?


Sobra também o PT, considerado Truda; o PT…


Bochincho


Segundo Nei Duclós, que enviou a obra-prima, Jayme Caetano Braun é o maior
poeta do Rio Grande do Sul. Visite o Blogstraquis e conheça a íntegra do poema
cujo excerto é a epígrafe desta coluna.


Bichona assumida


O considerado Jandir Bastos, de Belo Horizonte, ficou intrigado com a
história que leu na Folha de S. Paulo, sob o título Jornalista conta como sofreu
abuso de padre:


O jornalista americano Thomas Roberts, um dos âncoras da rede CNN, publicou
no site da empresa no último dia 9 um relato sobre como ele foi vítima de abuso
sexual cometido por um padre.


Roberts conta que foi assediado por três anos, desde quando tinha 14 anos de
idade, por um sacerdote católico de Baltimore chamado Jeff Toohey. Segundo o
jornalista, que confessou ter tentado se suicidar devido à angústia que sentiu,
ele só criou coragem para denunciar o padre cerca de 20 anos depois.


Jandir não se comoveu com o drama de Roberts:


Esse rapaz é apenas uma bichona que resolveu assumir; a história do suicídio
não passa de frescura, tá na cara! Se foi assediado ‘desde quando tinha 14 anos
de idade’, significa que deu pro reverendo aos 17 e nessa idade Clodovil já
deitava e rolava.


Janistraquis tem certeza de que Jandir Bastos é membro do Movimento Machão
Mineiro, mas não está a fim de assumir.


Dádiva da natureza


O considerado Ademar Avelino, de Porto Alegre, está abestalhado com a
clarividência do não menos considerado João Palomino, narrador esportivo da ESPN
Brasil:


O cara é muito simpático, excelente narrador, e ainda ‘adivinha’ mais do que
o Cacique Cobra Coral ou Chico Xavier; quando o jogo é internacional, ele
trabalha diante de um telão que não fornece imagem maior do que os aparelhos
comuns de TV e mesmo assim Palomino sabe o que disse o juiz, bandeirinhas e até
torcedores. Às vezes a imagem não mostra direito o lance, ninguém sabe se foi
escanteio ou tiro de meta, por exemplo, mas ele garante que o bandeirinha, que
ninguém viu, marcou isso e aquilo!!!


A experiência, a vida, o tempo de serviço ensinaram a Janistraquis que os
melhores narradores esportivos têm mesmo esse dom da adivinhação:


‘Considerado, se não fosse essa dádiva da natureza não existiriam os
narradores esportivos do rádio.’


A região certa


O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no DF, de cujo
varandão debruçado sobre a vilania oficial vê-se Tarso Genro a lavar os pés de
Lula, numa ímpia antecipação da Semana Santa, pois Roldão relia passado exemplar
do Correio Braziliense quando deparou com esta caolha lição de geografia:


Para explicar melhor o desenvolvimento do Centro-Oeste, o jornal montou um
quadro com o Raio X dessa região. Mas incluiu no mapa o estado de Tocantins, que
pertence à região Norte…


Janistraquis acha que o erro foi normalíssimo, ó Roldão; afinal, Tocantins
fica muito longe de Brasília.


Nota dez


O considerado rubronegro Gilson Caroni Filho, professor de Sociologia da
Facha, escreveu na Agência Carta Maior sob o título Bush, o ponto G da
barbárie:


(…) Incapazes de superar suas contradições estruturais, os Estados Unidos
estão condenados a ser uma máquina permanente de destruição. Dependem do
complexo industrial-militar para manter o dólar como moeda universal, mas o
custo do aparato bélico está na raiz de seus dois grandes déficits.


(Leia aqui as considerações do professor sobre a recente viagem do Homem por
estas bandas.)


Errei, sim!


‘ASTAIRE NO RIO – Sensacional título do Caderno B do Jornal do Brasil: É
difícil encontrar um novo Fred Astaire no Rio. Janistraquis ponderou que não é
difícil; é deverasmente impossível!’. (fevereiro de 1992).


Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067
– CEP 12530-970, Cunha (SP) ou moacir.japiassu@bol.com.br).


(*) Paraibano, 64 anos de idade e 45 de profissão, é jornalista, escritor e
torcedor do Vasco. Trabalhou no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil,
Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe
do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu
oito livros, dos quais três romances.’




MERCADO EDITORIAL
Eduardo Ribeiro


Mudanças por atacado na Abril, 14/03/07


‘Aliás, a semana foi das mais movimentadas com em redações como Estadão, SBT,
Duetto Editorial e Carta Capital, como está divulgando nesta quarta-feira
(14/03) a edição impressa deste Jornalistas&Cia.


Na Abril, a mexida foi de largo alcance com desmembramentos e fusões de
núcleos e promoções e transferências de vários de seus executivos. As mudanças
abrangem sobretudo as unidades de negócios dirigidas por Jairo Leal e Mauro
Calliari, vice-presidentes da Abril. Elas representam, na visão de um executivo
da empresa, mais um passo da Abril na busca de foco, agilidade e eficiência nos
segmentos servidos por suas publicações. No caso das revistas segmentadas, há
três anos eram cinco os diretores de unidades de negócios (Andres Bruzzone, Elda
Muller, Laurentino Gomes, Luiz Felipe D’Ávila e Paulo Nogueira) que respondiam
por quarenta títulos. Hoje, são apenas dois: Laurentino e Elda, cada um cuidando
de duas dezenas de títulos. A diferença é que agora os cargos que ocupam passam
a ter efetivamente natureza estratégica, de coordenação e supervisão. A parte
mais operacional foi delegada a onze diretores de núcleo, os chamados
publishers, que se responsabilizam pela implementação dos planos de ação de cada
título e segmento.


Veja e Exame, incluindo as edições regionais Veja São Paulo e Veja Rio, que
têm uma situação diferenciada e peculiar na empresa, não foram afetadas. É que
nas demais publicações todas as funções convergem para os publishers, que
respondem simultaneamente pelas áreas editorial e comercial. Cabe a eles
orientar os diretores de Redação na produção de conteúdo e também se
responsabilizar pela venda de publicidade, tomando sempre o cuidado de que não
haja conflito de interesse entre essas duas atividades. Como a maioria dos
publishers é jornalista, com grande experiência de redação, esse risco na
empresa é tido como ‘sob controle’.


No grupo Veja e Exame ainda prevalece o conceito Igreja/Estado, sendo o
primeiro identificado com a área editorial e o segundo, com a comercial. Isso
visa impedir que haja qualquer interferência de uma área sobre a outra, mesmo ao
nível da gestão do negócio. Calliari é vice-presidente do grupo, mas não
interfere na área editorial, que é comandada por Euripedes Alcântara em Veja, e
por José Roberto Guzzo em Exame, ambos respondendo diretamente a Roberto Civita,
presidente e editor da Editora Abril. Devido a esse modelo, Marcos Emilio Gomes,
no caso das edições regionais, vai responder pelos resultados comerciais de
todas as Vejinhas, incluindo a de S.Paulo, mas não pela área editorial. Neste
caso a novidade é que Carlos Maranhão, diretor de Veja SP, está assumindo também
Veja Rio. Antes, essa função era exercida diretamente por Euripedes, que cede o
cargo de diretor Editorial para Maranhão. Segundo este, a decisão foi tomada por
Civita e Euripedes com o objetivo de aproveitar mais o potencial de crescimento
de Veja Rio, além de liberar Eurípedes das tarefas operacionais dos ‘filhotes’
regionais para que possa ficar mais focado em Veja. ‘Fábio Rodrigues continua no
comando de Veja Rio, só que agora responde a mim, que vou acompanhar mais de
perto a produção da revista’, disse Maranhão ao editor-executivo de J&Cia,
Wilson Baroncelli, completando: ‘Vamos ver até que ponto dá para fazer isso de
S.Paulo, aproveitando as facilidades da comunicação moderna, mas com certeza
precisarei ir mais vezes ao Rio’.


Nas Unidades de Negócios dirigidas por Jairo Leal, os núcleos que formavam a
antiga UN II, sob seu comando interino desde a saída de Luiz Felipe D´Ávila da
empresa, em junho de 2006, foram desmembrados e integrarão as UNs I e III, que
passam a se chamar UN Segmentada I e UN Segmentada II, sob responsabilidade,
respectivamente, de Elda Müller e Laurentino Gomes. As principais mudanças são
as seguintes: o Núcleo Cultura, dirigido por Helena Bagnoli, deixa de existir. A
revista Aventuras na História (Patrícia Hargreaves), Almanaque Abril e Guia do
Estudante (Rodrigo Velloso) passam a compor o Núcleo Jovem, dirigido por Brenda
Fucuta. Esse Núcleo passa a responder a Elda. Bravo (Ricardo Lombardi)
integra-se ao Núcleo Celebridades, dirigido por Cláudia Giudice – que permanece
respondendo a Laurentino e também cuidando das especiais de Contigo, das
customizadas e de eventos. Helena Bagnoli passa a dirigir o Núcleo
Comportamento, que era acumulado interinamente por Elda. Desse Núcleo, agora,
farão parte apenas as revistas Nova (Cynthia Greiner) e Claudia (Márcia Neder).
Kaíke Nanne foi promovido a diretor de Núcleo, assumindo as Semanais de
Comportamento, composto por Anamaria, Viva, Sou+Eu e projetos especiais;
continuará reportando-se a Elda. Os núcleos Homem (Felipe Zobaran) e Infantil
(Renê Agostinho) passam a responder a Laurentino.


Com as mudanças, essas Unidades de Negócios ficam assim estruturadas:
Segmentada I – Elda: Núcleos Bem-Estar (Alda Palma), Consumo (Claudio Ferreira),
Comportamento (Helena Bagnoli), Semanais de Comportamento (Kaíke Nanne) e Jovem
(Brenda Lee Fucuta); Segmentada II – Laurentino: Núcleos Motor/Esporte (Alfredo
Ogawa), Casa e Construção (Ângelo Derenze), Turismo (Caco de Paula),
Celebridades (Cláudia Giudice), Homem (Felipe Zobaran) e Infantil (Renê
Agostinho).


Nas Unidades de Negócios dirigidas por Mauro Calliari foram criados dois
núcleos: Cidades, comandado por Marcos Emílio Gomes e formado pelos sites,
edições e iniciativas regionais de Veja, incluindo também a responsabilidade
pelo resultado econômico de Veja SP e Veja Rio. O Núcleo TI passa a ser dirigido
por Sandra Carvalho e dele farão parte Info, Info Corporate e Info Canal. Sandra
continua se reportando ao diretor-superintendente da UN Negócios e Tecnologia,
Alexandre Caldini, e para a sua vaga, como diretora de Redação de Info, promoveu
a redatora-chefe Débora Fortes.


Flávio Pinheiro dirigirá sucursal Rio do Estadão


A partir da próxima 2ª.feira (19/3), Flávio Pinheiro assumirá a Direção da
Sucursal Rio de Janeiro do Estadão, em substituição a Beth Cataldo, que vinha
interinamente ocupando esta posição desde a aposentadoria de Suely Caldas e cujo
trabalho, conforme cronograma previsto desde setembro, chega neste mês ao seu
final. Pinheiro, atual editor-chefe, passa a liderar, conforme noticiou o
Informe Grupo Estado (boletim interno da empresa), ‘a operação jornalística da
sucursal Rio, representando institucionalmente o Grupo naquele estado. Além
disso, acumulará as funções de editor de Publicações, designação que, desde o
Projeto Renovação das Redações (com o estúdio Cases), contempla a coordenação
dos suplementos semanais e os subprodutos destes em formatos especiais. O
comunicado destaca também que ‘ainda como parte das adequações de estrutura
editorial, Roberto Gazzi passa a editor-chefe de O Estado de S. Paulo,
respondendo diretamente à Direção de Conteúdo’.


SBT demite equipe de Carlos Amorim


O SBT dispensou, nesta 3ª.feira (13), a equipe comandada por Carlos Amorim e
que era integrada por outros oito profissionais: Hélio Matosinho, Simão Scholz,
Gilberto Lima, Fábio Bherend, Madalena Bonfiglioli, Cristiano Teixeira, José
Vicente Bernardo e Alexandre Franco. A equipe (vinda do ‘Domingo Espetacular’ da
Rede Record) foi contratada para produzir um programa dominical de reportagens.
No entanto, se viu obrigada a atuar no programa do Ratinho, com o objetivo de
melhorar o nível da produção, e, posteriormente, produzir conteúdo para o
programa ‘Charme’, de Adriane Galisteu. Recentemente, o dominical começou a sair
do papel. Foi criado centro de custo e até reportagens internacionais começaram
a ser produzidas, mas por decisão pessoal de Sílvio Santos o projeto foi
abortado.


Duetto reforça equipe e inaugura sucursal no Rio.


Ana Claudia Ferrari, que na Duetto editava a Mente & Cérebro e depois
passou a editora da Scientific American Brasil, foi promovida a
diretora-adjunta, na vaga que se abriu no final do ano com a saída de Ana Astiz.
Enquanto sua substituição não é definida, ela continuará acumulando a edição da
Scientific American. A Duetto também está com duas novas editoras-assistentes:
Rosi Rico (ex-Gazeta Mercantil e Valor Econômico), na EntreLivros, no lugar de
Josélia Aguiar; e Maíra Kubic, vinda da assessoria de comunicação da Editora
Contexto, para reforçar História Viva, que tem como editor José Tadeu
Arantes.


O diretor da Duetto, Alfredo Nastari, informa ainda que começa a funcionar na
próxima semana a sucursal da Duetto no Rio de Janeiro, instalada na sede da Nova
Fronteira, em Botafogo (rua Bambina, 25), onde também vai operar a redação de
Brasil História, nova publicação que tratará exclusivamente da História do
Brasil, como um complemento à História Viva, que se dedica aos temas universais.
Já estão contratados a editora Cristiane Costa e o sub Leonardo Pimentel,
faltando ainda duas pessoas para completar a equipe. Segundo Nastari, a criação
da sucursal vai permitir um maior aporte de conteúdo específico do Rio para a
editora: ‘O Rio tem arquivos importantes e uma intelectualidade muito ativa e há
tempos vinha exigindo uma maior presença nossa por lá’.


Sérgio Lírio passa a secretário de Redação em Carta Capital


Sérgio Lírio assume em Carta Capital a vaga que até outubro do ano passado
era de Maurício Stycer, mas no cargo de secretário de Redação e não mais como
redator-chefe. Ele está na casa há sete anos, os últimos dois como editor de
Política, e antes passou por Folha de S.Paulo e IstoÉ Dinheiro. Outras mudanças
por lá foram as promoções das subeditoras Paula Pacheco, Ana Paula Souza e
Márcia Pinheiro a editoras (o outro editor é Antonio Luiz M. Coelho da Costa) e
a do estagiário Rodrigo Martins a repórter. Para a sucursal do Rio, o diretor
Mino Carta anuncia a chegada, até o final do mês, do repórter João Marcelo, que
vai atuar junto do diretor-adjunto Maurício Dias, mas poderá ser requisitado
para dar cobertura em outros locais.


(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado
e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na
comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o
livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra
o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação
e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas
Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo
Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil
Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de
Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações
Públicas.’




MÍDIA & RACISMO
José Paulo Lanyi


Racismo e violência, ontem e hoje, 13/03/07


‘O cartunista Maurício Pestana vai lançar na semana que vem a história
ilustrada de um dos grandes episódios da luta pela liberdade no Brasil. A
Revolta dos Búzios, também conhecida como Conjuração Baiana e Revolta dos
Alfaiates, foi uma espécie de Inconfidência Mineira dos pobres (há quem chame
esse mesmo movimento de Inconfidência Baiana). No fim do século 18, um grupo de
populares da capitania da Bahia bebeu na fonte dos ideais franceses e seguiu o
exemplo (mal-sucedido) da conjuração de Minas Gerais. Eram pessoas que queriam
fundar uma república baiana abolicionista (tema este que, diga-se, não estava
nos planos dos inconfidentes mineiros) e igualitária. A revolta estourou em 12
de agosto de 1798 e acabou esmagada pela Coroa Portuguesa. Alguns de seus
partícipes foram enforcados, outros, degredados.


Um dos maiores cartunistas do País, reconhecido no exterior como um ícone da
jornada contra a violência e pela cidadania, com ênfase na preocupação pelas
questões raciais, o negro Maurício Pestana aceitou o convite do presidente do
Olodum e debruçou-se nos livros para contar uma história que, por ser cíclica,
estende-se ao cotidiano de cada brasileiro, em qualquer canto do nosso país.


Leia abaixo a entrevista com o autor de ‘Revolta dos Búzios- Uma História de
Igualdade no Brasil’, obra de sua própria editora:


Link SP- O que o público vai encontrar no seu livro?


Maurício Pestana- Uma passagem pouco conhecida dos brasileiros que recupera
personagens e cenas de um Brasil colonial tão excludente e violento como o de
hoje. O leitor também encontrará nessa história princípios para entender um
pouco da violência dos dias de hoje. Se chegamos aonde estamos também é graças a
uma violência histórica pouco estudada e compreendida por nós, que se instalou
não só nos governos militares do século 20, mas bem antes nos quase 400 anos de
escravidão negra em nosso país.


Link SP- Como é essa parceria com o Olodum?


Maurício Pestana- Fui convidado pelo presidente do Olodum, João Jorge, para
produzir o livro ilustrado (uma história em quadrinhos) sobre os heróis da
Revolta dos Búzios para a Escola Olodum, que neste Carnaval de 2007 teve como
tema essa importante passagem da história brasileira.


Link SP- Por que você tem se dedicado a contar a história dos chamados
excluídos?


Maurício Pestana- Tenho 43 anos. A primeira redação em que trabalhei foi no
Jornal da República, era ainda adolescente e ali pude aprender um pouco sobre
jornalismo combativo com pessoas como Claudio Abramo, Mino Carta, Henfil, todos
na época engajados na luta contra a ditadura militar (engraçado, esse jornal
teve uma curta duração, mas foi fundamental na minha vida profissional.). Essas
foram as bases para meu trabalho futuro. Como cartunista e ativista do movimento
negro, apliquei esse aprendizado em minha arte de denunciar a repressão
policial, o racismo e a exclusão característica, esta que acabou se tornando uma
marca em meus cartuns. Hoje eles se disseminam pelo mundo, são reproduzidos no
Brasil e lá fora, sobretudo nos Estados Unidos, onde estive algumas vezes.
Agora, para falar e entender um pouco sobre racismo você tem que ler e estudar
as raízes históricas desse mal.


Link SP- Escrever livros é uma boa alternativa aos limites impostos pelas
redações?


Maurício Pestana- Escrever, para quem se dedica ao oficio da comunicação, é
fundamental, seja livro, poesia, roteiro, peça etc. Eu me defino como
cartunista, mas já escrevi vários livros e mais de 40 cartilhas. Hoje, além dos
meus trabalhos como cartunista, escrevo semanalmente para a revista Flash. Fico
impressionado com o número de jovens que saem das escolas de comunicação e não
sabem escrever. Vejo os limites impostos pelo formato, número de linhas e até a
linha editorial de algumas redações como um desafio que o jornalista tem que
estar apto a encarar. Talvez eu pense dessa forma porque ainda peguei um tempo
bem no finalzinho [do Regime Militar]. Tínhamos o trauma de ter que driblar a
censura.


Link SP- Como a mídia está cobrindo o problema racial no Brasil?


Maurício Pestana- Infelizmente com pouco conhecimento, talvez por falta de
jornalistas, cartunistas, publicitários, enfim, profissionais de comunicação
negros ou mesmo com vivência e experiência em lidar com esse assunto que além de
social e político também é orgânico.


Link SP- Como você analisa o suposto (?) racismo nas Redações?


Maurício Pestana- Esta é uma questão que você tem que analisar por diversos
ângulos. No Brasil, menos de 3% das vagas nas universidades são ocupadas por
negros (dados do IBGE). Ou seja, com a falta de uma política clara de inclusão
de negros nas universidades temos poucos profissionais negros, em qualquer área.
Esse é um ponto. Quando superamos essa etapa e partimos para o mercado de
trabalho mesmo esses 3% terão que disputar vagas com uma maioria que não faz
parte da sua etnia. Ao superar essa outra barreira fatalmente ele será uma
minoria, seja na área que for, e aí se não tiver entendimento sobre o universo
das coisas deste país será difícil suportar. Trabalhei em várias redações e na
maioria das vezes era o único negro. Nem por isso deixei de trabalhar e de tocar
meu trabalho, mas sempre tive consciência de entender até onde uma determinada
situação era um preconceito localizado ou até onde eram causas de um racismo
estrutural da nossa sociedade.


******


‘Revolta dos Búzios- Uma História de Igualdade no Brasil’, de Maurício
Pestana, será lançado no dia 21 de março, às 18h30, na Casa das Rosas, em São
Paulo: Avenida Paulista, 37 – Paraíso. Preço do exemplar: 10 reais. Mais
detalhes no site www.mauriciopestana.com.br .


(*) Jornalista, escritor, crítico, dramaturgo, escreveu quatro livros, um
deles com o texto teatral ‘Quando Dorme o Vilarejo’ (Prêmio Vladimir Herzog). No
jornalismo, tem exercido várias funções ao longo dos anos, na allTV, TV Globo,
TV Bandeirantes, TV Manchete, CNT, CBN, Radiobrás e Revista Imprensa, entre
outros. Tem no currículo vários prêmios em equipe, entre eles Esso e Ibest, e é
membro da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes).’




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