Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Comunique-se

MÍDIA & POLÍTICA
Milton Coelho da Graça

A política ficou chata ou cansou?, 15/06/07

‘Maria Cristina Fernandes, colunista política do VALOR, fez uma instigante coluna nesta quinta-feira, 15/6 comparando a magnitude e o sucesso das passeatas de evangélicos e do Orgulho Gay em São Paulo – três milhões de pessoas em cada uma – com a aparente falta de interesse da população por questões políticas, sociais ou econômicas.

Ou seja, a fé e a defesa da liberdade de costumes galvanizam uma boa parte da opinião pública, mas ainda não surgiu uma palavra de ordem com capacidade mobilizadora, pró ou contra as muitas crises e teses reformistas de nossas instituições, nem sobre as grandes realizações anunciadas e previstas pelo governo, enfim, os temas que dominam quase todo dia as primeiras páginas de nossos maiores jornais e as escaladas dos noticiários de TV.

Operações da Polícia Federal, denúncias contínuas de corrupção, queixas sobre a violência, insegurança, apagão aéreo, desemprego de 17% nas maiores regiões metropolitanas; em contraponto, o fim da dívida externa (inclusive com o FMI, queda dos juros e do dólar, aceleração do crescimento. Por que esses temas, que povoam qualquer conversa de brasileiros, ainda não atingiram o ponto de se transformarem em grandes manifestações populares, ou mesmo apenas estudantis e sindicais, como ocorria até 1994? Os temas são pobres ou estudantes, trabalhadores e todos nós apenas cansamos?

Quem tem plataforma mais barata?

A Petrobras informa que a plataforma P-52 custou mais do que o previsto – ficou um pouco acima de um bilhão de dólares; A Venezuela encomendou 11 plataformas a estaleiros chineses, e está recebendo uma por mês. Certamente a Petrobras e a PDVSA, que têm excelentes relações, poderiam trocar figurinhas e comparar preços e prazos.

E vocês não acham que seria ótimo para a democracia, que a imprensa e os povos dos dois países hermanos também tivessem essa informação?

(*) Milton Coelho da Graça, 77, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’

CRÔNICA ESPORTIVA
Marcelo Russio

Arrojo na hora da decisão, 12/06/07

‘Olá, amigos. A semana que entra tem pela frente um dos jogos mais interessantes para a imprensa esportiva em muito tempo: Grêmio e Boca Juniors, pela final da Taça Libertadores da América. Não bastasse ser um duelo entre Brasil e Argentina, na minha opinião a maior rivalidade futebolística do mundo, poderemos acompanhar, talvez pela primeira vez, dois times que jogam à moda argentina. Não faltarão boas pautas e sacadas inteligentes por parte da mídia, com certeza.

Mas o que eu quero abordar de forma mais direta nesta coluna é a forma como a imprensa brasileira vê o futebol gaúcho atualmente. Sem favor nenhum, são de Porto Alegre os times campeões da Libertadores, Mundial, da Recopa e pelo nenos o vice-campeão sul-americano de 2007. Não é brincadeira.

A imprensa brasileira vem tratando o Grêmio como o time mais argentino do Brasil. E é verdade. Até a torcida gremista adapta os cânticos do Boca Juniors, ironicamente o rival da final da Libertadores, para animar seus atletas em campo. Além disso, faz-se a ‘avalanche’, exatamente como os Xeneizes de Buenos Aires nas comemorações dos gols. O jogo tem, portanto, todos os atrativos para que sejam feitas coberturas épicas pelos meios de comunicação.

O SporTV montou, na Bombonera, um verdadeiro ‘bunker’, e apresenta, direto de lá, todos os seus programas na quarta-feira da primeira partida da final, e depois repetirá a operação no Estádio Olímpico, para a finalíssima. Uma operação digna da importância que a partida tem para o futebol nacional.

A iniciativa do ‘Canal campeão’ mostra, mais uma vez, o arrojo com que os eventos importantes do futebol, e até de outros esportes, como foi no Mundial Feminino de Basquete, no ano passado, são tratados.

Esperemos que continue assim. O torcedor agradece.

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Em Salvador por alguns dias, tive contato mais a fundo com os jornais da capital baiana, e percebi que as diferenças de estilo para Rio de Janeiro e São Paulo são interessantíssimas. Mas isso é assunto para a próxima coluna. Aguardem!

(*) Jornalista esportivo, trabalha com internet desde 1995, quando participou da fundação de alguns dos primeiros sites esportivos do Brasil, criando a cobertura ao vivo online de jogos de futebol. Foi fundador e chegou a editor-chefe do Lancenet e editor-assistente de esportes da Globo.com.’

INTERNET
Bruno Rodrigues

Sobre o seminário (inter)nacional de jornalismo online, 14/06/07

‘Em São Paulo, no início desta semana, teve início o 1º Seminário Internacional de Jornalismo Online. Teve de tudo, um pouco, com muitos acertos e alguns erros.

Do exterior, veio um grupo danado de bom: Michael Rogers, do The New York Times; Derek Thomson, editor-chefe de novas mídias da France 24; Kurt Muller, managing editor da cnn.com; Matthew Melucci, diretor de mídia da beliefnet.com; Sally Thompson, diretora de novas mídias da BBC; e Julián Gallo, o argentino que edita o blog Mira!

Como bela intercessão entre os de fora e os palestrantes brazucas, esteve por aqui Rosenthal Calmon Alves, produto nacional de primeira qualidade e que bate ponto há anos na Universidade do Texas.

Ele puxava o grupo que incluiu a toda-poderosa Márion Strecker, do UOL; Bob Fernandes, do Terra Magazine; Silvia de Jesus, da RBS; Samuel Possebon, da Converge Comunicação; Mario Andrada e Silva, da agência Reuters; Silvio Meira, do C.E.S.A.R, de Recife; Pedro Dória, do No Mínimo; Ricardo Noblat, blogueiro d’O Globo; Mário Magalhães, ombudsman da Folha; Sidnei Basile, da Abril; Caio Túlio Costa, da Brasil

Telecom; e a dupla André Lemos, da Comunicação da UFBA, e Cristina de Lucca, editora online do JB e da Gazeta Mercantil – que deveriam ser tombados pelo Patrimônio Historio Nacional, aliás, dada a importância de sua trajetória no mercado de jornalismo online no país, seja nas redações ou na área acadêmica.

Achou o parágrafo anterior extenso? Foi de propósito. Note como o grupo dos brasileiros foi maior que a lista dos gringos. O significa que, mesmo em um evento como esse – palmas para o Itaú Cultural, aliás – temos mais a falar do que a ouvir.

Sinal de que não há novidades? Nada disso. Quem esteve presente – ou assistiu via web, como foi o meu caso – pôde perceber que, mais do que ouvir o que os Grandes Irmãos do Norte têm a nos revelar, o mais interessante foi a troca de informações e conhecimentos entre os grupos. Neste quesito, sejamos sinceros, os brasileiros deram um show de bola. Se o Itaú Cultural quisesse, dava fácil para montar um segundo seminário apenas com nomes nacionais e divulgar lá fora – por que não, ué?

Falando em próximo seminário, senti falta do segundo escalão – onde estavam Mario Cavalcanti, do ‘Jornalistas da Web’, e o blogueiro Tiago Dória, do iG, só para dar alguns exemplos? Reflexo dessa ausência era a faixa etária dos palestrantes que, com raras exceções, navegou tranqüila na experiência garantida da meia-idade, longe dos arroubos criativos dos jovens jornalistas online. Eles eram para ser platéia, apenas? Bola fora.

Para o ano que vem, ficam estas sugestões: ao organizar o evento, olhem de dentro para fora (Brasiiil!); ao escolher os palestrantes, olhem um pouco para baixo (só um pouco). E, antes que me achem crítico demais, mantenham a qualidade no topo!

E você, acha que o produto nacional já se garante? E a nova geração, já tem o que dizer?

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Na terça-feira que vem, dia 19, inicio mais uma edição de meu curso ‘Webwriting e Arquitetura da Informação’ no Rio de Janeiro. Serão cinco terças-feiras seguidas, sempre à noite. Para mais informações, é só ligar para 0xx 21 21023200e falar com Cursos de Extensão, ou enviar um e-mail para extensao@facha.edu.br. Até lá!

(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’

Wilson Baroncelli

Portais criam cargo de ombudsman, 13/06/07

‘UOL e iG, dois dos principais portais brasileiros, anunciaram no mesmo dia, esta 3ª feira (12/6), a criação do cargo de ombudsman. Coincidência? Provavelmente não, mas os motivos dessa, digamos, ‘ação conjunta’, interessam mais aos proprietários dos portais do que aos internautas que os freqüentam. A estes importa, isto sim, o fato em si: que uma parcela, ainda que ínfima, desse universo de provedores de conteúdo abre-se oficialmente à crítica e a um certo controle público.

No UOL, assume a nova função Teresa Rangel, 40 anos, que tem passagens por jornais e revistas e que nos últimos anos esteve à frente da área noticiosa do portal. Começa no próximo dia 2/7. Nascida em Curitiba, formada pela ECA-USP e finalizando seu MBA em gestão empresarial na FGV, trabalhou na Editora Abril, em O Estado de S. Paulo e na Folha de S.Paulo, onde foi redatora, repórter, correspondente em Buenos Aires e coordenadora da Agência Folha. Está no UOL desde 1999, ultimamente como gerente geral de Conteúdo Editorial. Para o iG, conforme o repórter Marcelo Tavela informa neste próprio Comunique-se, chega Mario Vitor Santos, que foi ombudsman da Folha de S.Paulo por três vezes, é professor de Jornalismo e atuava como diretor da Casa do Saber.

Márion Strecker, diretora de Conteúdo do UOL, informou em nota ao Jornalistas&Cia que ‘ao criar o cargo de ombudsman, o UOL demonstra disposição em tratar com toda a transparência e de forma pública seus problemas e deficiências. Acreditamos que admitir e enfrentar os problemas é a maneira mais objetiva de corrigi-los. Em 2004, o UOL adotou de forma pioneira um modelo de crítica independente diária da edição, que esteve sob responsabilidade do jornalista Graciliano Toni. No ano passado, a crítica diária adquiriu a forma de um blog, mas ainda sem grande dimensão pública. Agora, o UOL entra em uma nova fase’, garantiu a diretora.

A nota trouxe ainda uma declaração da recém-indicada ombudsman do portal: ‘Para mim, será muito enriquecedor trocar a posição de quem fala para o público pela posição de quem ouve a voz do internauta’.

Márion informou ainda que a atuação da ombudsman será voltada, principalmente, às questões éticas e de conteúdo, como mediadora entre o público e o portal e que a função não visa a substituir o atendimento individual prestado pelo SAC, Serviço de Atendimento ao Consumidor, que atende o assinante do UOL 24 horas, sete dias por semana. ‘O objetivo principal da nova função será receber, investigar e encaminhar as queixas e sugestões dos internautas em relação à qualidade, acuidade e isenção dos conteúdos e serviços, jornalísticos ou não, oferecidos pelo portal. A ombudsman deve trabalhar de forma independente e isenta. O objetivo da empresa é fortalecer a base que sustenta o slogan ‘UOL, o melhor conteúdo’.

Quanto ao iG, Tavela informa que o posto de Mario Vitor terá características bem diferentes do tem em outros veículos: vai exercer a função por meio de um blog diário, onde postará suas críticas e comentários sobre o jornalismo do iG e de seus parceiros, do jornalismo em geral na internet e de tudo mais sobre web que merecer uma resenha. ‘Acho que é algo inédito, não só na internet brasileira como na internet mundial’, afirma Santos na entrevista. ‘A internet tem uma coisa antagônica: uma fama de ser meio descontrolada, mas que vive propondo discussões sobre quais são os seus limites. Creio que se critérios de meios mais tradicionais pudessem ser importados, critérios mais rígidos, a internet só tem a lucrar. Qualquer veículo vive de credibilidade, não importa o meio’, disse ele ao repórter do C-se. Mario terá um assistente e atenderá os usuários por e-mail e, talvez, por telefone. Seu mandato será de um ano, renovável por até mais dois. O regimento do cargo será publicado no blog. A estréia deve acontecer em duas semanas.

Repetindo: para nós, mortais internautas, não importa a forma ou as características que a função terá nos portais, mas que ela exista, seja exercida com liberdade e se dissemine por outras plagas webianas. Para o bem de todos.

Rede BandNews FM inaugura emissora em Brasília

Entra no ar no DF, na próxima 3ª feira (19/6), às 6h, a programação jornalística da BandNews FM (na freqüência 90,5), emissora do Grupo Bandeirantes de Comunicação que já vem operando na Capital Federal há algum tempo em caráter experimental, com músicas e chamadas sobre a rádio. Ela integra esta que é a primeira rede de emissoras com notícias 24 horas por dias exclusivamente em FM, já presente em outras seis capitais (São Paulo – 96,9; Rio – 94,9; Porto Alegre – 99,3; Belo Horizonte – 89,5; Salvador – 99,1 e Curitiba – 96,3). Operando desde 2005, a BandNews veicula 72 jornais de 20 minutos atualizados em 24 horas, sempre com as notícias mais importantes, tanto nacionais como locais, e um time de comentaristas e colunistas (entre eles Dora Kramer, José Simão e Paulo Autran). O principal âncora é o Ricardo Boechat. ‘O nosso foco é fazer uma rádio de notícias o tempo todo, mais rápida, mais ágil e voltada para público jovem’, diz o diretor de Jornalismo da rede, André Luiz Costa. ‘É também uma rádio que tende a falar também com o público feminino.

A gente tenta fazer uma rádio não masculinizada, não tradicional, para que possamos atingir um público mais jovem do que aquele que até então ouvia rádio de notícias’. Segundo ele, a Capital Federal, que gera noticiário importante para todo o País, precisava de uma emissora que tivesse também um forte conteúdo local, o que será oferecido pela BandNews DF. Reproduzimos a seguir os principais trechos da entrevista de Costa a J&Cia. A íntegra poderá ser ouvida no programa de J&Cia na Rádio Mega Brasil Online, que vai ao ar nesta 5ª feira (14/6), às 17h, com reapresentações na 6ª (15/6), às 10h, e na 2ª (18/6), às 20 horas.

J&Cia – Você assumiu recentemente a Diretoria de Jornalismo da rede BandNews FM. Quais as principais metas da sua gestão?

André Luiz Costa – Participei da criação e da implantação da BandNews FM desde o início. Desde antes da estréia eu já ocupava a Direção de Conteúdo. Havia uma Direção Geral, que foi extinta há quase três meses, e aí passei a responder totalmente pelo conteúdo da rádio, como diretor de Jornalismo, ligado diretamente à vice-presidência de rádios do Grupo Bandeirantes, que é ocupada pelo Mário Bassei. As metas são basicamente consolidar a rede BandNews FM, alavancar a audiência. Especialmente em São Paulo, vínhamos tendo um crescimento de audiência, mas a idéia é turbinar isso, fazer com que ela cresça mais rapidamente. Nesses quase três meses, de acordo com o Ibope, nós tivemos três aumentos seguidos de audiência. Acreditamos que esse crescimento já é devido a mudanças que fizemos na grade de comentaristas e colunistas, no aumento velocidade da rádio, com um novo processo de produção que a deixou um pouco mais ágil, nos âncoras um pouco mais experientes que contratamos e na maior participação das praças da BandNews FM. Hoje, praticamente a cada 20 minutos temos informação direta de alguma praça com relevância nacional. Isso já foi percebido pelos ouvintes e refletiu nos números de audiência. Também fizemos ajustes operacionais internos aqui para nos prepararmos para a estréia em Brasília e estamos finalizando um manual da Rede BandNews FM, a partir do novo processo de produção que os próprios jornalistas da redação criaram. Dá para perceber que a redação está muito empolgada, especialmente porque vamos entrar em Brasília, o que nos dará um peso institucional mais forte do que tínhamos até agora, pois nosso trabalho vai repercutir no centro do poder do País.

J&Cia – Falando especificamente de Brasília, que estrutura vocês terão?

ALC – Será muito semelhante à de São Paulo, um pouquinho menor. Não tenho o número exato, mas são cerca de vinte profissionais, algo assim, só no Jornalismo. Brasília terá uma característica importante: além da cobertura nacional forte do Grupo Bandeirantes que já temos na cidade, com a BandNews, com a Rádio Bandeirantes e a TV Band, vamos ter também uma cobertura local forte. Uma cobertura da cidade de Brasília, falando da vida em Brasília, da qualidade de vida, dos problemas da cidade. Essa vai ser a característica principal: além de a BandNews ser uma marca de notícias relevante do ponto de vista nacional, ela também será uma rádio que olha para a cidade, para as questões da cidade que é a capital do País.

J&Cia – Quem está no comando da Redação?

ALC – A direção geral em Brasília é de Flávio Lara Resende e a redação, que já está em funcionamento, é comandada por André Giusti, que teve passagem pela CBN e por outras emissoras, de tevê inclusive, pela TV Brasília, se não me engano. É um profissional experiente, a equipe já está toda montada, tem gente que já trabalhava em rádio de notícias. Uma característica de todas as redações da BandNews FM, principalmente a de São Paulo e agora a de Brasília, é ter uma equipe jovem, aguerrida, antenada, com muita garra para levar até Brasília esse novo modelo que a gente colocou no ar. Outra característica interessante da redação de Brasília é que ela vai ocupar o mesmo espaço físico da TV Band, caminhando aí para uma integração que só faz ganhar o telespectador e o ouvinte. Duas forças de apuração e de análise que são a da rádio e da televisão em Brasília

J&Cia – E os planos de expansão?

ALC – Há um plano de expansão dessa rede para outras cidades que não são capitais, especialmente no interior de São Paulo, mas por enquanto não posso revelar mais do que isso.

Na Bahia, polêmica marca o lançamento da revista Metrópole

Começa a ser distribuído na Bahia na tarde desta 4ª feira (13/6) o primeiro número da revista Metrópole, do radialista e ex-prefeito de Salvador Mário Kertesz. E esta primeira edição já chega envolvida em polêmica, pois a capa, trazendo uma foto que se acredita ser do prefeito João Henrique com um nariz de palhaço, provocou confusão antes mesmo da chegada da publicação às mãos do leitor. É que, no final de semana, outdoors anunciando a chegada da revista estamparam a tal capa pelas ruas de Salvador. Poucas horas depois eles foram retirados, segundo consta, por ordem da Prefeitura. A secretária de Municipal de Planejamento, Kátia Talento, desmentiu a informação, alegando que foi a própria empresa de outdoors que o fez, atendendo à legislação que proíbe anúncios que agridem a quem quer que seja. O caso ganhou as rodas de conversas principalmente dos meios políticos, com deputados como José Carlos Aleluia e ACM Neto manifestando solidariedade ao radialista dono da revista. Este, por sua vez, em seu programa noticioso da noite desta 3ª.feira (12/6), chegou a comparar o episódio à retirada da RCTV do ar pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, classificando a ação como ataque à liberdade de expressão.

(*) Wilson Baroncelli é editor-executivo do informativo Jornalistas&Cia. Está escrevendo interinamente a coluna durante as férias do titular, Eduardo Ribeiro.’

Mario Vitor Santos

Entre a ética e a concorrência, 12/06/07

‘Este blog do ombudsman do iG nasce em meio à polêmica. A divulgação da notícia de que o iG decidiu lançar o serviço de ombudsman levou o Uol a anunciar um movimento idêntico.

O iG então agora lança imediatamente o blog do seu ombudsman, que já vinha sendo preparado desde 26 de maio, quando a criação do serviço de ombudsman foi aprovada e eu mesmo fui apresentado em reunião da direção do portal. O ombudsman surge a partir de sugestão dos próprios jornalistas do iG, preocupados com a melhoria da qualidade de seu trabalho. O resultado desse processo de preparação surge agora. Os trabalhos do ombudsman do iG para o público iniciam-se oficialmente aqui. O trabalho de crítica do ombudsman será realizado diariamente, por meio deste blog.

Daqui para a frente, os usuários do iG têm mais instrumentos para exigir um bom serviço. E a prática pode se generalizar na internet. Seja quem for o ombudsman. Não importa onde ele trabalhe. Quantos mais houver, melhor. Não importam nem as motivações que levam as empresas a criá-lo, pois um ombudsman só é respeitado se trabalhar e cumprir com independência o trabalho que lhe é atribuído.

A crítica feita pelo ombudsman é muito importante. Não há por que subestimá-la. Ao longo do tempo, ela acaba influenciando a própria maneira como o trabalho é produzido e recebido pelos internautas.

Com o trabalho do ombudsman, valores como verdade, honestidade, coragem ganham mais importância. Práticas como transparência e debate democrático se estabelecem. O usuário ganha mais poder de cobrar. A cultura da qualidade e da prestação de bons serviços vira instituição. A internet precisa disso. O iG, também.

A reação ao lançamento do ombudsman no iG é sinal do ambiente da internet: uma concorrência intensa, exagerada e às vezes até irracional. Há muita atenção ao marketing em detrimento da qualidade. A preparação nem sempre é criteriosa e voltada para o melhor serviço. A internet, a concorrência e o iG não precisam ser assim.

O texto reproduzido acima foi retirado do primeiro post do Blog do Ombudsman, do iG. A estréia do blog aconteceu na quarta-feira (14/06), antes do que divulgado anteriormente.

(*) Mario Vitor Santos é ombudsman do iG.’

CASO DIÁRIO DE MARÍLIA
Marcelo Tavela

Jornalista ameaçado fica sem proteção policial, 15/06/07

‘José Ursílio de Souza e Silva, editor do Diário de Marilia, foi vítima de diversos ataques nos últimos dois anos. Em especial, os dias 18/07/2006, quando escapou de um atentado graças a um segurança do jornal, e 09/09/2005, em que a sede do veículo foi invadida e incendiada. Ursílio conseguiu na justiça o direito à proteção pela Polícia Federal. Porém isso não acontece.

Os dois episódios narrados acima fazem parte de um longo embate entre o Central Marília Notícias (CMN) – empresa que edita o Diário de Marília – e o grupo político de Abelardo Camarinha, ex-prefeito da cidade paulista e atual deputado federal pelo PSB. Camarinha já foi considerado, em inquérito policial, suspeito de ser o mandante do incêndio criminoso no prédio do CMN. Durante as últimas eleições, uma tentativa de impedir juridicamente a publicação de uma edição do jornal ganhou notoriedade internacional.

Ursílio é testemunha em investigações sobre o incêndio e, temendo por sua segurança, pediu na justiça proteção policial. Foi atendido em uma decisão da juíza Suzana Camargo, do Tribunal Regional Federal (TRF) da Terceira Região, em São Paulo, expedida em 15/09/2006, que pede que o Departamento de Polícia Federal dê garantias de vida ao jornalista e à sua família.

‘Além de ser uma medida de preservação da minha vida, há um interesse público. Por conta da minha oposição ao grupo político, recebo muitas denúncias e encaminho ao Ministério Público’, diz o jornalista.

Papel vai, papel vem

Porém, após a sentença da juíza, começa o que Ursílio definiu como ‘papel foi, papel veio e não houve uma medida prática’: vários documentos trocados entre a PF e o TRF até que, em fevereiro, a Polícia Federal determinou que não há unidade específica nem condições de efetuar a escolta policial, e recomenda que o jornalista se junte ao Serviço de Proteção ao Depoente Especial, em Brasília.

Após o impasse, novos personagens entraram na história: a procuradora regional da República Janice Ascari, que escreveu a petição na qual se baseou a decisão da juíza Suzana Camargo, enviou, em maio, ofício ao Ministério Público Federal para que o caso seja encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), em virtude da eleição de Abelardo Camarinha como deputado federal, e para que a proteção ao jornalista seja de fato efetuada.

‘Observando que não se tratava de mera ‘solicitação’ mas sim de ORDEM JUDICIAL [grifo da procuradora], caracterizando crime de desobediência o eventual descumprimento. Juntei documentos comprobatórios de uma ameaça de morte, por arma de fogo, feita à testemunha José Ursilio em julho de 2006’, escreveu Janice.

Ursílio enviou uma carta ao ministro da Justiça, Tarso Genro – repetindo gesto feito ao seu predecessor, Márcio Thomaz Bastos, sem obter resposta – com um apelo para que a proteção policial seja efetuada.

‘As vidas do requerente e de sua família seguem em risco e se não existirem as garantias ordenadas em sentença pela Justiça Federal essa testemunha vai com certeza ser assassinada, como demonstram a tentativa frustrada de 18 de julho e a diversas ameaças e truculências a que sou submetido semanalmente’, prevê o jornalista na carta.

O que a PF diz

Segundo a assessoria da Polícia Federal, por lei, só é oferecida proteção especial em três casos: em visita de autoridade internacional; para ministros de estado; e para os chefes dos poderes Executivo e Judiciário, sendo que, nos dois últimos, somente quando solicitado. No episódio de Ursílio, a recomendação é mesmo aderir ao Serviço de Proteção ao Depoente Especial.

A PF também informou que a decisão da juíza Suzana Camargo ainda não foi encaminhada – mesmo tendo sido expedida há quase um ano – e que, assim que isto for feito, a Polícia se manifestará.’

RADIODIFUSÃO
Comunique-se

Ato deve vetar concessões para políticos, 18/06/07

‘O dia 1/07 marca a entrada de um ato normativo da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informação da Câmara para impedir que deputados e senadores obtenham concessões ou mesmo renovações de concessões de rádio e TV. Com isso, congressistas ficam impedidos de usar rádios ou TVs em causa própria.

‘Num prazo de 60 dias já teremos um pacote de minutas a fim de dar condições para evitar eventuais desvios políticos. É claro que há desvios, mas não temos como provar’, explica a deputada Luiza Erundina (PSB), presidente da Subcomissão Especial de Comunicação da Câmara. Ela garantiu que a subcomissão prepara um relatório sobre o setor e que não houve resistência dos deputados, mesmo os proprietários de emissoras.

Um dos pontos do projeto cria uma emenda ao artigo 54 da Constituição, proibindo que políticos possam ser donos ou mesmo sócios de emissoras. Erundina lembra que muitos deputados usam parentes como escudos, o que o projeto também pretende inibir. ‘Temos que rever também a Constituição, toda, sobre as telecomunicações, que é de 1962’, afirma a deputada.

Outra posição da Comissão é exigir mais agilidade no processo de análise das concessões e renovações. A necessidade do processo ganhar mais transparência também deve ser uma das cobranças ao Ministério das Comunicações. (*) Com informações do Jornal do Brasil.’

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Comissão da Câmara aprova 57 pedidos de outorga e renovação de concessões, 15/06/07

‘A Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara aprovou 57 pedidos de outorgas e de renovação de concessão de emissoras de rádio e TV. As renovações de rádio FM, AM e comunitárias valem por dez anos e as de TV por 15 anos. Os pedidos estavam parados desde 2006 e foram aprovados por unanimidade nesta quinta-feira.

Os processos que chegarem à Câmara a partir do próximo mês passarão por novos critérios que devem dar mais transparência ao processo de renovação e outorga. Nesta sexta-feira, os pedidos devem ser submetidos à apreciação das comissões de Ciência e Tecnologia e de Constituição e Justiça da Câmara e pelas comissões de Educação e de Ciência e Tecnologia do Senado e plenário.

O presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, deputado Júlio Semeghini (PSDB-SP), fez um acordo com o ministro das Comunicações, Hélio Costa, para retomar a análise de 82 processos rejeitados pela comissão no ano passado. O ministro disse que pediria o retorno desses processos ao Ministério para a atualização dos documentos. (*) Com informações do Estadão.’

DECISÃO JUDICIAL
Comunique-se

Kajuru absolvido, 18/06/07

‘Jorge Reis da Costa, o Jorge Kajuru, condenado em 2001 a dois anos e seis meses de detenção por calúnia e difamação, não terá mais que cumprir a pena por decisão da 6ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Segundo noticiou o Ultima Instância, o jornalista foi condenado por ter feito acusações insustentadas contra Organização Jaime Câmara, afirmando que ela teriam relações escusas com o governo de Goiás e que também teria feito uso de chantagem e ameaças para conseguir espaço publicitário em rádios.

Os ofendidos entraram com queixa-crime respaldados pela Lei de Imprensa e foram vitoriosos, mas a sentença nunca foi cumprida. A defesa de Kajuru recorreu em 2005 e 2006, argumentando que, segundo a legislação, uma pena prescreve depois de decorrido o dobro de seu tempo de condenação.

O STJ aceitou o argumento e concedeu habeas corpus ao jornalista.

O jornalista foi procurado, mas não encontrado pela redação do Comunique-se.’

IMPRENSA EM CABO VERDE
Carlos Chaparro

Uma imprensa também em construção, 15/06/07

‘O XIS DA QUESTÃO – Num país em crescimento, prestes a ser reconhecido internacionalmente como de desenvolvimento médio, a imprensa terá também de evoluir, principalmente na capacidade de captar, entender, debater e socializar os fatos e as tensões da construção democrática da Nação. Por isso, creio que, sem apequenar o articulismo que a caracteriza, a imprensa cabo-verdiana terá de avançar pela trilha da reportagem bem pautada e bem feita.

De Praia, Capital de Cabo Verde – Jornalista e professor de jornalismo começam pela leitura dos jornais a descoberta de qualquer país que visitem. Foi o que fiz, ao desembarcar em Cabo Verde. E como seria de esperar, logo surgiu o impulso de avaliar os próprios jornais que lia. Não tardou, surgiu também a tentação de impor ao olhar crítico o balizamento fácil das comparações simplistas com modelos jornalísticos do meu acervo teórico e da minha vivência profissional. Ou seja, comparações com modelos que nada tinham a ver com a realidade cabo-verdiana.

Resisti à tentação. E fiz o que o bom senso recomendava: usar a primeira leitura dos jornais apenas para deles apreender as verdades iniciais do contexto nacional de que fazem parte. Isso me ajudou a fazer perguntas e a compreender respostas, nas conversas dos dois primeiros dias, com gente bem informada da terra.

Só depois de compreender melhor Cabo Verde me atrevi a nova tentativa de avaliar conteúdos, formas e razões de ser dos dois semanários atualmente existentes no arquipélago – aos quais faz companhia a revista Iniciativa, única com periodicidade regular (bimestral) em Cabo Verde.

Com tiragem de 10.00 exemplares, mais de 100 páginas, toda impressa a quatro cores e lombada quadrada, Iniciativa é uma publicação bilíngüe (português e inglês), porque circula também nos Estados Unidos e em outros países por onde se espalha a diáspora cabo-verdiana. Dedica-se basicamente ao universo dos negócios e dos empreendimentos, assumindo um discurso desenvolvimentista que reflete o estado de espírito da Nação. Mas carece de um bom projeto gráfico e de uma agenda editorial mais aprofundada e questionadora.

Para circular com o porte e as ambições que exibe, Iniciativa tem de ser impressa em Lisboa, dada a precariedade do parque gráfico de Cabo Verde, até hoje sem máquinas rotativas de impressão. E esse é um grave problema, a dificultar o crescimento e a modernização da imprensa cabo-verdiana. Penso, até, que o Governo daria boa contribuição ao desenvolvimento, à cultura e à democracia do País se criasse formas de incentivar investimentos privados em um parque gráfico moderno e bem equipado.

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A Semana é o semanário de maior tiragem, 5.000 exemplares (informação tirada do expediente do jornal). O outro semanário, Expresso das Ilhas, anuncia oficialmente uma tiragem de 3.500 exemplares.

Não sei avaliar se a tiragem acumulada de 8.500 exemplares é pequena ou grande para uma população de 450 mil habitantes, num país com apenas 32 anos de vida própria, em plena adolescência da experimentação democrática. Mas vale a pena trabalhar essa questão com alguns parâmetros.

Se considerarmos a possibilidade de haver três leitores por exemplar, se fiz corretamente as contas e se as informações dadas nos expedientes forem verdadeiras, chegaríamos à probabilidade de haver, na soma dos dois semanários, um público leitor de 75 pessoas por mil habitantes. Seria um índice baixo, se comparado a padrões de leitura de países desenvolvidos. Na Noruega, por exemplo, a imprensa diária tem 600 leitores por grupo de mil habitantes. Mas o índice de Cabo Verde resiste, por exemplo, a comparações com Portugal, onde 80 pessoas em cada mil habitantes lêem jornais diários.

De qualquer forma, estaríamos comparando objetos e situações diferentes, pois Cabo Verde não tem imprensa diária. Faltam-lhe, por enquanto, condições técnicas e condições econômicas para que ela exista. O limitado parque gráfico existente não possui uma só rotativa. E o mercado publicitário, embora em crescimento, e com perspectivas otimistas, ainda não tem vigor suficiente para sustentar uma imprensa diária.

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Havia um outro semanário, o Horizonte, que deixou de circular em março deste ano. Talvez fosse, no aspecto técnico e na qualidade do texto, o melhor dos semanários. Mas carregava, como limitação, o viés governista, editado que era por uma empresa estatal de comunicação.

Por mais que a morte de um jornal seja motivo para lamentações, o desaparecimento do Horizonte, decidido pelo próprio Governo, pode ser visto como benéfico ao processo de amadurecimento democrático vivido atualmente por Cabo Verde. Ouvi essa opinião de algumas pessoas, e tendo a concordar com elas. Mas para que tal benefício se projete no aperfeiçoamento democrático, seria conveniente que o vazio deixado no mercado servisse de estímulo ao surgimento de uma nova experiência jornalística, livre de tutelas e aberta a temáticas, abordagens e polêmicas verdadeiramente nacionais. Sem medo de criticar. E sem a obrigação de ser contra ou a favor de quem está no poder.

Oxalá aconteça.

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O jornalismo semanal de Cabo Verde busca ainda definições de estilo e identidade. Aceita influências do jornalismo português, em especial na ostensiva valorização do articulismo. Tem mais colunistas e colaboradores do que repórteres, perfil que certamente tem alguma coisa a ver com o quadro de limitações financeiras que dificulta a vida das empresas jornalísticas locais.

Num país em crescimento, prestes a ser reconhecido internacionalmente como de desenvolvimento médio, a imprensa terá também de evoluir, principalmente na capacidade de captar, entender, debater e socializar os fatos e as tensões da construção democrática da Nação. Por isso, creio que, sem apequenar o articulismo, a imprensa cabo-verdiana terá de avançar pela trilha da reportagem bem pautada e bem feita.

Mas terá também de reservar espaços e prioridades para a função noticiosa, indispensável à consciente elaboração da unidade nacional. E essa é uma carência que senti nos jornais que lá existem. Neles, não conseguimos visualizar nem entender a totalidade do País constituído por dez ilhas.

Com tais perspectivas, a recém-criada Universidade de Cabo Verde tem importante papel a desempenhar, na formação de futuros jornalistas. Mas, em paralelo à formação dos futuros jornalistas, seria importante oferecer, também aos profissionais que estão no batente, atividades de formação que lhes desenvolvesse o potencial criativo, lhes educasse o senso crítico e lhes enriquecesse a aptidão intelectual que o ofício cada vez mais exige.

(*) Carlos Chaparro é português naturalizado brasileiro e iniciou sua carreira de jornalista em Lisboa. Chegou ao Brasil em 1961 e trabalhou como repórter, editor e articulista em vários jornais e revistas de grande circulação, entre eles Jornal do Commercio (Recife), Diário de Pernambuco, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, Diário Popular e revistas Visão e Mundo Econômico. Ganhou quatro prêmios Esso. Também trabalhou com comunicação empresarial e institucional. Em 1982, formou-se em Jornalismo pela Escola de Comunicação de Artes, da USP. Também pela universidade ele concluiu o mestrado em 1987, o doutorado em 1993 e a livre-docência em 1997. Como professor associado, aposentou-se em 1991. É autor de três livros: ‘Pragmática do Jornalismo’ (São Paulo, Summus, 2007), ‘Sotaques d’aquém e d’além-mar – Percursos e gêneros do jornalismo português e brasileiro’ (Santarém, Portugal, Jortejo, 1998) e ‘Linguagem dos Conflitos’ (Coimbra, Minerva Coimbra, 2001). O jornalista participou de dois outros livros sobre jornalismo, além de vários artigos (alguns deles sobre divulgação científica pelo jornalismo), difundidos em revistas científicas, brasileiras e internacionais.’

TELEVISÃO
Antonio Brasil

‘Nossas câmeras são seus olhos’, 14/06/07

‘Assim começava o jornal de vanguarda. Um jornal diferente. ‘O jornal de quem sabe compreender o mundo de hoje e ver o mundo de amanhã. Um jornal livre para brasileiros livres. Um show de notícias’. Criado por Fernando Barbosa Lima para a TV Excelsior, o jornal de Vanguarda é, sem dúvida, o melhor telejornal jamais produzido no Brasil.

‘Nossas câmeras são seus olhos’ também é o título do novo livro do homem cuja vida, segundo Villas Boas Correia, ‘confunde-se com a história da televisão brasileira, no que ela tem de melhor, de mais inteligente, de mais criativo’ (ver aqui).

Acabei de ler de virada. Não conseguia parar. ‘O texto é enxuto, de frases curtas e impactantes como um soco no estômago…’, como bem descreve Villas Boas Correia.

Sempre em busca da criatividade e da liberdade, FBL não é somente ‘mais um saudosista’. Apaixonado pelo meio, continua na ativa como ‘uma criança de uma certa idade’. Sempre antenado nas questões mais fundamentais e polêmicas do meio, FBL tem opinião formada sobre quase tudo e certamente merece a nossa atenção.

Procurei selecionar alguns dos melhores trechos para os nossos leitores. Tarefa difícil, considerando a quantidade de boas histórias e ainda melhores dicas para o futuro:

Nenhum veículo de comunicação, em toda a história da humanidade, teve a força que tem a televisão.

A linguagem da TV não é cinema nem teatro e, muito menos, rádio.

Emoção é fundamental. Um jogo de futebol, gravado em VT, não chega a 5% de audiência. O mesmo jogo, ao vivo, alcançará certamente, mais de 30%.

Essa é a força da televisão. Para os segmentos sociais mais pobres, com alto índice de analfabetos ou semi-analfabetos e que representam mais de 80% da audiência, a TV sabe e pode tudo.

Entretanto, ela pode muito mais. Acabou, por exemplo, com a paralisia infantil no Brasil em pouco tempo, bastando veicular a imagem da gotinha numa campanha bem-feita. Hoje não vemos nenhuma criança com paralisia. Essa é a força da TV.

Resgate da memória da TV: as dálias

A idéia deste livro não é contar a história da televisão brasileira. O meu objetivo é contar, de forma leve e direta, a minha passagem pela televisão.

Existem no Brasil duas televisões: antes e depois do golpe militar de 1964. Eu vivi esses dois tempos.

É do tempo da TV ao vivo a história que deu origem à expressão ‘as dálias’ e me foi contada por um velho contra-regra da antiga TV Tupi do Rio.

Naquele tempo, o teleteatro, aliás, a programação inteira, era ao vivo. O ator Fregolente, ao lado de grande força de interpretação, tinha péssima memória…

Num determinada noite, Fregolente colou seus papéis pelo cenário, um deles numa jarra de dálias.

..;

Já no ar, Fregolente não encontrava o jarro de dálias. Sem saber o que dizer, ficou andando de um lado para o outro do cenário, erguendo dramaticamente os braços e perguntando aos demais atores, todos perplexos:

– As dálias? Onde estão as dálias?

Daí por diante esse artifício de atores passo a ser designado por ‘dália’.

FBL e os telejornais

Tendo dirigido por três vezes a TVE do Rio de Janeiro, jamais valorizei seus telejornais. Embora minha história na televisão sempre tenha sido ligada aos telejornais, eu conhecia os limites do jornal numa televisão estatal, completamente diferente dos que ocorrem na televisão comercial.

Os telejornais das televisões comerciais, até por uma questão de concorrência e credibilidade, convivem muito mais com a verdade e a crítica. Muitas vezes; nem sempre.

Existem muitos casos, mas sabemos que a grande pressão é sobre as televisões públicas – basta um funcionário do governo dizer que o jornal de uma televisão está fazendo oposição, que está criado um grande problema. Daí a submissão total.

FBL, o Brizolista

Conversei com Brizola e quase o convenci a fazer esses comícios no Nordeste, que seriam gravados para a TV, mais disse-me que a sorte já estava lançada e não fez. Hoje, fico imaginando Brizola no segundo turno debatendo com Collor. Ele seria absolutamente invencível. E esse era o maior medo de Collor. Lula era mais fácil. E tem mais: se Brizola fosse eleito, o Brasil seria diferente, a história seria outra.

FBL e as TVs universitárias

Participei da criação da TV Universitária, a UTV, que é transmitida pelo canal 16 da NET do Rio de Janeiro.

Meu único conselho para os jovens que estão produzindo programas para a UTV é que não procurem copiar programas das TVs abertas. É muito importante que eles procurem novos caminhos e novas idéias. Essa será a diferença.

A universidade pode ser uma grande ponte para uma nova e inteligente TV. Acredito que, um dia, um dono de universidade de vanguarda descubra isso.

Dúvidas digitais

Muito se fala e se discute sobre a TV Digital. As explicações são complicadas, técnicas demais para o grande público entender. Eu mesmo, que trabalho em televisão, também acho essas explicações difíceis de produzir uma compreensão simples, completa e direta.

Depois de muitos anos de discussão, o presidente Lula, a pedido do ministro das Comunicações e das televisões abertas, assinou o decreto instituindo o sistema japonês para a nossa TV. Embora as teles que lutavam pelo padrão europeu para distribuir conteúdo tenham muito mais dinheiro, a TV comercial tem mais força política. Os japoneses ganharam.

O Brasil deverá ser o único país a usar o sistema japonês na América Latina. Será que estamos realmente no caminho certo? Será que é mesmo impossível uma abertura ampla da TV brasileira?

Internet

Lembro-me de que Sérgio Porto costumava dizer que a televisão só seria perfeita quando, diante de um programa ruim, o espectador desligasse o aparelho de TV, e o dono da estação, em sua sala, escutasse o ‘clique’ de desligue.

A TV trafegando pelo computador vai permitir isso…

Dentro de pouco tempo vamos ter muitos canais de televisão via computador.

Otimista realista

Se a TV aberta não abre suas portas para a produção independente, como é feito nos países do Primeiro Mundo, a TV por assinatura muito pouca coisa tem feito nesse sentido, até porque custa muito menos comprar um longa-metragem, um desenho animado, um documentário que pagar a produção local. E, assim, nossa televisão afasta cada vez mais o nosso público da realidade brasileira.

Espero que o futuro possa reverter isso.

A TV que eu imagino

Minha maior preocupação com este livro é buscar uma reflexão sobre a nossa televisão e sua importância para o nosso povo. A nossa geração não pode perder a oportunidade única de usar a televisão como um forte instrumento de conhecimento e cultura.

Nossa televisão poderia ser um forte instrumento par alfabetizar o nosso povo.

Entretanto, isso depende da vontade do governo e de nossos políticos Para isso, era preciso criar uma TV pública de verdade – não essas que ficam querendo concorrer com a TV comercial.

Uma TV pública que fizesse parte de um grande plano educacional, que fosse vista dentro das escolas apoiando os professores.

Temos que fazer como a Coréia fez: ter uma filosofia radical para a educação. A educação tem que ser mania nacional. A TV pode fazer isso no Brasil; ela tem esse poder. Nossas crianças merecem isso.

Tentei fazer isso na TVE. Não consegui o apoio do governo federal. Diante dessa barreira intransponível, deixei a TVE e voltei para a produção independente.

DVD nas escolas

E para quem não gosta, não tem tempo para ler ou, simplesmente não consegue se desligar da TV, ‘Nossas câmeras são seus olhos’ vem acompanhado de DVD. O menu interativo inclui uma longa entrevista com o autor e trechos dos seus melhores programas.

Para jornalistas, é uma fonte preciosa de informações sobre a TV brasileira. Para professores e alunos de comunicação ou jornalismo, um recurso didático poderoso para enriquecer aulas e pesquisas.

(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Trabalhou no escritório da TV Globo em Londres e foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’ e ‘O Poder das Imagens’. É torcedor do Flamengo e não tem vergonha de dizer que adora televisão.’

JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

Relaxa e goza, 14/06/07

‘Um amor que me levasse às falésias de sol

e lá de cima, tonto de anticrespúsculo,

me pedisse carícias duras.

(Nei Leandro de Castro, in Um amor em Natal.)

Relaxa e goza

A considerada Mirthes Andrade Lopes, arquiteta em São Paulo, ficou indignada com a frase da ministra Marta Suplicy, que lançou o Plano Nacional de Turismo 2007/2010:

‘Relaxa e goza porque depois você esquece todos os transtornos.’

Mirthes viu no ‘conselho’ um verdadeiro deboche, algo que não combina com a postura ministerial:

‘Isso é linguagem de uma autoridade ou mesmo de mulher respeitável?! Já pensou a ministra dizer semelhante absurdo diante de turistas exaustos pelo excesso de irresponsabilidade nos aeroportos?!’

É verdade, Mirthes; não seria surpresa se alguém que perdeu o vôo também perdesse a paciência com a chavasquice da ministra.

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Galho dentro

O considerado José Truda Júnior, que vive nas alturas e certamente por isso enxerga longe, despacha de seu minarete em Santa Tereza:

Como era de se esperar, o Globo Online faz a melhor e mais completa cobertura dos preparativos para os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, que se iniciam daqui a um mês. E foi acompanhando essa cobertura que o esportista interessado conheceu, sob o título Bisneta de Lampião levou tocha em Sergipe, um pedacinho da bonita história de Luana Oliveira, de 18 anos, ex-integrante da seleção sergipana de natação, que conduziu a sagrada chama pelas ruas de Canindé de São Francisco, cidade próxima ao local onde foram mortos seus famosos bisavós.

Na matéria, não assinada, Luana conta da grande emoção em ‘resgatar a tradição de família junto com o esporte’.

Pois pelo que se sabe das tradições daqueles antepassados, dá para entender a razão de o autor de um título daqueles não assinar o texto, não é mesmo?

É sim, Truda; segundo Janistraquis, há momentos nesta vida de jornalista que o melhor que se faz é botar o galho dentro.

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Milagres de São João

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de onde é possível enxergar um cardume de pintados no espelho d’água do palácio, pois Roldão lia o caderno de turismo do Correio Braziliense quando encontrou esta notícia sobre as festas juninas de Campina Grande:

A abertura ocorreu no dia 1º de junho, com show pirotécnico de 15 minutos e reuniu cerca de 100 mil pessoas no Parque do Povo, que é um imenso arraial e centro do evento, com 42 mil metros quadrados ocupados por barracas e adereços para entrar no clima de São João. Mas os festeiros não precisam se preocupar porque o São João está só começando, são 31 dias de festa, shows de artistas consagrados como Alceu Valença na sexta-feira e Dominguinhos dia 21/06.

Roldão, que já viu (e leu) de tudo neste mundo, fez duas observações

1. Se o Parque do Povo tem mesmo 42 mil metros quadrados, merece ir para o livro dos récordes.

2. Lá em Campina Grande, a festa é tão animada que o mês de junho tem 31 dias…

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Neil de Castro

Leia no Blogstraquis a íntegra do inspiradíssimo poema cujo excerto encima esta coluna.

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De progressistas

Teórico petista daqueles bons (os há, os há!), o sociólogo Gilson Caroni Filho, professor da Facha, escreveu na Agência Carta Maior:

É hora de a própria esquerda se livrar do imaginário herdado do padrão fordista e incorporar a luta pela preservação natural ao seu horizonte político. Fora disso, a palavra progressista torna-se um vocábulo vazio.

Leia no Blogstraquis a íntegra desse artigo bem escrito e, principalmente, honesto.

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Cidade gay

O considerado Altemar de Oliveira Mattos, de São Paulo, e mais 17 leitores desta humilde coluna (Altemar ‘assina’ a nota por ser o primeiro na ordem alfabética), enviaram a mesma matéria da Folha Online, intitulada Comentário: Em festa, verdadeiros ‘donos’ da cidade celebram Parada Gay, sob o qual se lia:

(…) Para se ter uma idéia, a Parada Gay é o evento que, ‘disparado’, traz mais turistas à cidade, quase 300 mil; ganha, de longe, dos desfiles de carnaval e da corrida de Interlagos.

Os remetentes se assustaram com os 3,5 milhões de participantes e, principalmente, com o estado em que ficaram ruas e logradouros da cidade, segundo o artigo de Fabio Rigobelo:

Na volta pra casa, fazendo o caminho reverso até a Paulista, o lado ruim: lixo, muito lixo. Milhões de pessoas produzem muito lixo, e São Paulo já não anda tão limpa nos últimos tempos. Os banheiros químicos não eram suficientes: qualquer pedacinho de muro acabou virando banheiro, então. E um monte de ‘participantes’ caindo pelas tabelas, calçadas, sarjetas. Culpa do vinho barato em garrafa de plástico, imagino. E só.

Janistraquis leu a matéria, gostou muito do texto de Rigobelo e exalou:

‘Considerado, ainda bem que a gente veio morar no mato; já pensou como vai ficar São Paulo quando os ‘donos da cidade’ saírem todos do armário? Eu disse to-dos!’.

É mesmo, ainda bem! E a gente morava ao lado da Paulista…

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De crônicas

O colunista pede licença a este C-se para fazer humilíssima propaganda de seu livro Carta a uma paixão definitiva, que será lançado na livraria Cultura do Conjunto Nacional, terça-feira, dia 19, entre 18h30 e 21h30. A editora Nova Alexandria enviou convites e releases, porém não se deve confiar em computadores e é mais prudente reforçar aqui esse tão fundamental trabalho de divulgação.

Carta… é uma coletânea de crônicas escritas no Jornal da Tarde, entre 1986 e 1989, experiência prazerosa e exitosa, a julgar pelo volume de cartas recebidas pelo autor durante todo aquele período.

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Deus armado

A considerada Marluce Pinheiro, de São Paulo, envia matéria do jornal paulistano Agora, na qual se lê, abaixo do preocupante título Budista bate em monge em sessão de meditação.

Um budista bateu em um monge durante uma sessão de meditação no Templo Busshinji, da Comunidade Budista Sotozenshu da América do Sul, na rua São Joaquim, Liberdade (região central).

A briga aconteceu no último sábado, e o caso foi parar na delegacia do bairro. Durante o seu depoimento, o monge prometeu processar o budista. Ele não foi preso e a reportagem não conseguiu localizá-lo.

O monge de 39 anos, que sofreu a agressão, contou à polícia que é voluntário no templo. Ele e o budista acusado ensinam no local técnicas de meditação.

Marluce enxergou no incidente mais um sinal de que a coisa não anda nada boa neste país de m…:

Veja só, budista dá uma surra no monge! Se esses religiosos, que vivem a meditar e pregam a tolerância e a paciência, já partem para a ignorância, avalie qual a disposição ‘guerreira’ do resto da população. Acontece que ninguém suporta mais o dia-a-dia de violência em todas as cidades, nem mesmo os budistas

É verdade, Marluce, ninguém agüenta mais, nem mesmo os pacifistas empedernidos. Janistraquis acha que se repete aqui o clima do grande sertão, com Riobaldo a clamar: ‘Deus mesmo, quando vier, que venha armado.’

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Nota dez

A considerada Marcia Neder, diretora de Redação de Claudia, escreveu em sua carta à leitora:

INDIGNADA. É assim que tenho me sentido com a questão da educação no Brasil. E por um milhão de motivos. Que as escolas públicas têm uma lista interminável de mazelas – de falta de luz a falta de segurança -, antes mesmo de considerarmos a qualidade do ensino, todo mundo sabe, está em todos os jornais e até o presidente já descobriu. Mas o que pouco se fala é que TODAS as escolas vão mal. Muito mal. Até mesmo aquelas caríssimas, com instalações luxuosas e grife tradicional reluzindo na fachada.

Leia a íntegra no Blogstraquis.

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Errei, sim!

‘GRANDE EUCLEDES – O Estadão anunciou assim sua mostra Capas que fizeram história: ‘(participe) da 81a Semana Eucledeana’. Janistraquis assimilou o golpe, tanto que até me convidou: ‘Considerado, vamos ver as capas do Estadão nessa homenagem ao grande repórter do jornal e emérito escritor Eucledes da Cunha?’. Fomos.’ (setembro de 1993)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

(*) Paraibano, 64 anos de idade e 45 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu oito livros, dos quais três romances.’

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Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.

Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

Terra Magazine

Agência Carta Maior

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