Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Comunique-se

CASO DANIEL DANTAS
Comunique-se

Juiz que mandou prender Dantas defende aproximação da Justiça com a imprensa, 18/07

‘O juiz federal Fausto Martin De Sanctis, que tem recebido críticas de outros magistrados e de advogados dos investigados pela Polícia Federal por conceder entrevistas a jornalistas, defendeu a aproximação da Justiça com a imprensa.

Por meio de nota divulgada nesta sexta-feira (18/07), De Sanctis, que pediu, por duas vezes, a prisão de Daniel Dantas, afirma que a divulgação de informações sobre a Operação Satiagraha se fez necessária ‘a fim de se evitarem distorções ou especulações de qualquer ordem acerca das atividades deste juízo’.

De Sanctis ressaltou que as entrevistas não são usuais, já que a Lei Orgânica da Magistratura Nacional veda a manifestação de opinião sobre processo pendente de julgamento ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças. Entretanto, defendeu enfaticamente a aproximação do judiciário com a imprensa, desde que preservado o sigilo das partes.

‘Este magistrado tem consciência de que, como funcionário público, serve ao povo, verdadeiro legislador e juiz, e para corresponder à sua confiança não abre mão dos deveres inerentes ao cargo que ocupa, sempre respeitando os sistemas constitucional e legal, e a necessidade de bem esclarecer à população acerca do exercício do poder público, nunca violando sigilo legalmente previsto ou externando considerações sobre o fato concreto. As informações eventualmente veiculadas contribuem para a transparência do serviço concebido para o público e para a concretização, real, do Estado de Direito’, afirmou.

O juiz diz ainda que, por meio da imprensa, o judiciário se aproxima da população e a publicação de informações serve para ‘dirimir dúvidas e propiciar esclarecimentos sempre tendo em vista o bem da sociedade brasileira’.’

 

 

Milton Graça

Quem merece castigo? Quem vaza ou é vazado?, 18/07

‘Vazamento de informação, na linguagem de governantes e seus auxiliares, significa que alguém – na estrutura do poder público – decidiu revelar a um ou mais jornalistas algo que outros nessa mesma estrutura não desejam que chegue ao conhecimento público. O sigilo pode ou não estar determinado por lei. Mas quando a Lei protege o sigilo, fora de interesses coletivos da sociedade, litígio familiar, comportamento íntimo ou envolvimento de menores, o objetivo do legislador, na grande maioria dos casos, é proteger safadeza.

O presidente Bush invocou informações sigilosas sobre ‘armas de destruição em massa’ no Iraque e ‘ligações de Saddam Hussein com Al-Qaeda’ para justificar ao povo americano a invasão do Iraque. Foi graças a vazamentos de funcionários do Estado (não do governo) que o mundo começou a saber que eram lorotas. Foi graças também a vazamentos de um funcionário do Estado, o ‘Garganta Profunda’, que o povo americano tomou conhecimento da verdade sobre o arrombamento criminoso no edifício Watergate e apoiou a conseqüente renúncia do presidente Nixon.

Aqui no Brasil raramente um vazamento de informações prejudica interesses legítimos da sociedade. Por que as revelações sobre as investigações relativas a Daniel Dantas deveriam ser sigilosas? Ou sobre qualquer deputado ou senador? O Imposto de Renda e a Justiça têm o correto direito de quebrar o sigilo bancário e telefônico de qualquer cidadão. Quando se investiga uma violação das leis impostas a todos os outros cidadãos, por que estes, cumpridores de suas obrigações legais, não têm o direito de tomar conhecimento da investigação?

O vazamento, em geral, significa quebra de disciplina e da hierarquia. O funcionário do Estado, quando toma conhecimento de que, em qualquer ponto da estrutura de poder, está ocorrendo e sendo encoberto uma violação ilegal de direitos individuais ou coletivos, tem ou não o dever de denunciá-la? A quebra de disciplina e o vazamento, através da imprensa, protegida pela liberdade de informação e expressão, é ou não o verdadeiro cumprimento do dever com os interesses e valores éticos do país e da sociedade?

O capitão Sérgio ‘Macaco’, da Força Aérea Brasileira, recusou-se em 1968 a cumprir a tresloucada ordem do brigadeiro Burnier de explodir o gasômetro do Rio, o que iria ser atribuído a um ato terrorista dos comunistas. Em 1981, o então capitão Wilson Machado e o sargento Rosário, do Exército, receberam outra ordem, também louca, do comando do I Exército: jogar bombas no Riocentro, onde milhares de jovens comemoravam o Dia do Trabalho. Quem realmente cumpriu o seu dever como funcionário militar do Estado brasileiro: o capitão Sérgio ou o capitão Wilson e o sargento Rosário?

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E QUEM INVESTIGA

O APAGÃO DA INTERNET?

Celso Ming, em sua coluna do Estadão de 12/7, publicou carta de um respeitado técnico, Virgílio Freire, denunciando que o apagão de internet em São Paulo teria sido causado por falta de equipamentos adequados na Telefônica. Ming teve também o cuidado de publicar um resumo das explicações da Telefônica. Nem o Ministério das Comunicações nem a Anatel podem fazer de conta que não leram, porque se trata de questão fundamental para a confiança do público no sistema. Mas até agora nem um nem outro deram uma palavra. Nem os outros jornais.

(*) Milton Coelho da Graça, 77, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’

 

 

Carlos Chaparro

Prender corruptos, sim. Mas sem sacrificar valores da Democracia, 15/07

‘A democracia brasileira precisa, com urgência, de remédios jurídicos e políticos para acabar com a impunidade dos corruptos engravatados que roubam da Nação recursos que tanta falta fazem à saúde e à educação dos brasileiros pobres. Mas, ao mesmo tempo, necessita, com igual urgência, aperfeiçoar leis, costumes e instituições para a defesa e a afirmação dos direitos humanos, a fim de que os avanços civilizatórios já conquistados nas leis maiores se realizem na vida real das pessoas.

Vem isso a propósito dos recentes episódios que envolveram a Polícia Federal, o Poder Judiciário e o milionário Daniel Dantas.

O ‘prende e solta’ do banqueiro propicia debates que podem contribuir para o aperfeiçoamento da democracia brasileira. Até porque, nas democracias, esse é o papel das crises.

Pois a crise gerada pela prisão de Daniel Dantas teve, no seu ápice, o confronto entre dois pólos do Poder Judiciário – de um lado, o corajoso juiz federal de primeira instância, dr. Fausto Martin De Santis, que determinou a prisão do controlador do Banco Opportunity; no lado oposto, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, que tirou Daniel Dantas da prisão, nas duas vezes em que o dr. De Santis o mandou prender.

A briga entre as duas instâncias da Justiça colocou na mesa dos debates não apenas divergências técnico-jurídicas sobre questões como a validade da prisão provisória, as formas policiais de prender e o foro privilegiado concedido a Daniel Dantas pelo STF. Trouxe ao debate, também, conflitos entre valores constitucionais igualmente importantes.

E o debate tem de ser feito pela sociedade, talvez a partir da questão que os fatos e as circunstâncias deste caso tornaram prioritária – esta:

– O que vale mais, o direito à informação, atendido pela ágil e ampla cobertura jornalística das prisões efetuadas, ou o direito à imagem, à honra, à dignidade e à presunção de inocência, vilipendiado na constrangedora exposição pública de suspeitos presos e algemados?

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À semelhança do que tem acontecido em outras ações policiais, envolvendo gente famosa, a prisão de Daniel Dantas ocorreu diante de câmeras de TV, em transmissões ao vivo que, evidentemente, não aconteceram por acaso.

Foi um show jornalístico previamente planejado, e exibido para uma platéia de âmbito nacional. As imagens mostraram o banqueiro e os outros presos submetidos ao constrangimento das algemas.

O alarido da exposição jornalística fez aflorar, entre outros, o conflito entre princípios fundamentais da cidadania – um deles, o valor constitucional que garante aos cidadãos o direito de serem e estarem informados. Em função desse princípio, nada pode ser feito que dificulte ou iniba o trabalho jornalístico de informar.

Mas há outros direitos constitucionalmente garantidos que, neste caso, como em tantos outros da história policial recente, são sacrificados sob o pretexto do direito à informação – um deles a garantia constitucional de que ‘ninguém será considerado culpado até o trâmite em julgado de sentença penal condenatória’.

A prisão de gente famosa planejada e divulgada como show televisivo pode até alegrar a alma do povo. Mas vilipendia direitos fundamentais da cidadania. E nada acrescenta à eficácia da Lei.

Ao contrário: favorece a impunidade.

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O Brasil deve ser capaz de pôr na cadeia a corja de corruptos e corruptores que enriquecem à custa do dinheiro público. Mas deve também ser capaz de fazê-lo sem sacrificar valores da democracia.

(*) Manuel Carlos Chaparro é doutor em Ciências da Comunicação e professor livre-docente (aposentado) do Departamento de Jornalismo e Editoração, na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, onde continua a orientar teses. É também jornalista, desde 1957. Com trabalhos individuais de reportagem, foi quatro vezes distinguido no Prêmio Esso de Jornalismo. No percurso acadêmico, dedicou-se ao estudo do discurso jornalístico, em projetos de pesquisa sobre gêneros jornalísticos, teoria do acontecimento e ação das fontes. Tem quatro livros publicados, sobre jornalismo. E um livro-reportagem, lançado em 2006 pela Hucitec. Foi presidente da Intercom, entre 1989-1991. É conselheiro da ABI em São Paulo e membro do Conselho de Ética da Abracom.’

 

 

MÍDIA & POLÍTICA
Sérgio Matsuura

Kassab entra com representação contra Alckmin por vídeo publicado no Youtube, 18/07

‘A coligação ‘São Paulo no Rumo Certo’, que tem o atual prefeito Gilberto Kassab (DEM) como candidato, entrou na última quinta-feira (19/07) com uma representação na 1ª Zona Eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) contra a campanha do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Baseados na resolução 22.718 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que rege a propaganda eleitoral, a representação argumenta que os vídeos hospedados no site de campanha de Alckmin estão em links do Youtube, o que seria proibido. O artigo 18 do capítulo IV da resolução diz que ‘A propaganda eleitoral na Internet somente será permitida na página do candidato destinada exclusivamente à campanha eleitoral’.

A coligação do ex-governador já apresentou defesa, argumentando que a utilização de links externos à página do candidato não é vedada pela lei eleitoral e a resolução do TSE permite dupla interpretação. Preventivamente, os vídeos foram retirados da internet até que o caso seja julgado.

Pelos dois partidos serem aliados históricos, a representação apresentada por Kassab causou estranhamento para o coordenador da campanha de Alckmin, Edson Aparecido.

‘O que nos causa estranheza é que a coligação do Kassab só representou contra a gente, sendo que outras campanhas estão fazendo a mesma coisa’, diz Aparecido.

O advogado Francisco Otávio de Almeida Prado Filho, que representa o prefeito Kassab, afirma que não tem conhecimento sobre os outros candidatos. Diz ainda que o não pagamento pela hospedagem dos vídeos é uma vantagem em relação aos outros candidatos.

‘É um benefício de custo, não ter que hospedar os vídeos como os outros candidatos fazem. Nós pedimos a retirada do ar e que o valor estimado referente à hospedagem seja contabilizado na previsão de gastos de campanha do candidato’, diz o advogado.’

 

 

INTERNET
Bruno Rodrigues

Confiamos demais na tecnologia?, 17/07

‘Gostemos ou não de ficção científica, a saga ‘Fundação’, de Isaac Asimov, nos deixa lições importantes, das que não esquecemos jamais.

Para quem ainda não leu ‘Fundação’, vale o resumo que transcrevo abaixo* e que, por si só, explica muito sobre alguns alertas que farei a seguir.

Em um futuro distante, a glória do Império Galático, que já dura doze mil anos, parece eterna, mas Hari Seldon, um jovem matemático, sabe que isso não é verdade. Seldon dedica-se à ‘psico-história’, ciência que une psicologia, história e matemática, e é capaz de prever eventos relacionados a uma

imensa quantidade de seres humanos.

Através de seus estudos, Seldon prevê que o Império está entrando em decadência e que deixará de existir em 300 anos, fazendo com que a galáxia mergulhe num período de 3.000 anos de barbárie.

Ciente de sua responsabilidade, ele realiza o grande projeto de constituir uma ‘fundação’ para editar a ‘Encyclopaedia Galactica’, na qual seria reunido todo o conhecimento do Império, passado à posteridade, permitindo à futura civilização retornar ao estado atual em apenas mil anos.

Contudo, Seldon e seu grupo de cientistas encontram resistência e, juntamente com suas famílias, são exilados em um pequeno planeta na periferia da galáxia, sem grandes recursos naturais ou qualquer vestígio de civilização, onde devem desenvolver o projeto sem qualquer ajuda externa.

Contudo, com o passar dos anos, surge algo não previsto pela psico-história de Seldon: um perigoso ser chamado ‘O Mulo’, capaz de dominar mentes, e que é o contraposto ao poderio tecnológico do Império – o que nos leva a pensar que mesmo os melhores planos estão sujeitos a desvios inesperados, e aqueles que não se adaptam à realidade correm grandes riscos.

Como diz o primeiro volume de ‘Fundação’, ‘tecnologia pode ser muito boa e poderosa, mas não é tudo na vida’. A História está cheia de exemplos de como grandes poderes sofrem derrotas por parte de grupos menos equipados, mas bem organizados, e que lutam pela própria sobrevivência.

No ‘Mulo’, vemos Hitler, Bin Laden, tantos outros; no contra-ataque, sempre haverá uma Résistance ou, pesar dos pesares, a invasão de um Afeganistão. Contudo, no centro estarão sempre Mente versus Tecnologia, Megalomania versus Retorno às origens.

Daí, tiro uma dúvida e uma provocação: podemos confiar tanto na internet? Estamos colocando na Rede tudo o que produzimos durante milênios como forma de armazenamento, concentração do saber e facilidade de acesso ou a aceitamos como um real ciberespaço, como ele estivesse ali sempre, como nossa própria atmosfera?

Se nem nela confiamos mais, e há décadas lutamos com fervor para perpetuar o ar que respiramos, o que dizer do que pensamos, produzimos e registramos?

Há ingenuidade em nossa atitude, sim. É preciso que tentemos pressentir, tal qual Hari Seldon, de onde virá o perigo, por mais science fiction que pareça.

Há alguns pontos a observar, portanto:

• Sofremos da Síndrome do Século XX

É bom apresentá-la: a imensa maioria dos que vivem neste início de século é filha do século XX e, portanto, confia em excesso em si mesma. Vivemos duas grandes guerras como jamais o mundo vira. Assistimos, maravilhados, a tecnologia levar o homem à Lua e criar o microcomputador. No apagar das luzes, já éramos amantes da internet e escravos do celular. Tínhamos nossos defeitos, mas quem superaria o século da

penicilina? Somos produto da Era que se achou o ápice da evolução, aquela que apontava para o futuro como uma

conseqüência do que já foi feito, apenas. Será? Veio o 11 de Setembro e ficamos quase isolados, a internet a cambalear. A

barbárie está a 300 anos daqui, ou basta um ruído no tempo para os anos que faltam ser contados nos dedos?

• Não sabemos armazenar Conteúdo

A ‘Encyclopaedia Galactica’ não lhe parece algo frágil, a última esperança do Saber da Humanidade sendo conservada em algum canto do universo, perfeita para um alvo? Vejo assim a internet. Mesmo sabendo da capacidade regeneração que tem a informação posta na Rede – se um computador some daqui, há outro acolá para acessá-la, e multiplique esta ação por milhões, em caso de perigo -, ainda assim contamos com a

energia elétrica. A web é o primeiro repositório de informações onde sua permanência depende de um fator externo, ao mesmo tempo responsável por sua existência e seu extermínio. Fosse assim com o papel, ainda estaríamos na Pré-História.

• Não sabemos o que é Conhecimento

A produção de Conhecimento ainda vive seus primeiros momentos, se vista pela lente apocalíptica e redentora de ‘Fundação’. De que serve uma ‘teia’ de informações se o que fazemos é apenas consultá-las, como em um grande arquivo? Poucos são os que retornam à web para registrar a modificação que ela fizeram em suas vidas, seja em um fato corriqueiro do dia-a-dia ou em uma guinada de vida.

Ou seja, a participação do cidadão comum ainda é pouca como a vemos hoje; não é subindo vídeos pessoais para a Rede, criando galerias de fotos ou ajudando a pautar ou comentar matérias jornalísticas que tornaremos a internet em algo realmente ‘orgânico’.

A história de ‘Fundação’ não teve um fim, Isaac Asimov faleceu em 1992 deixando os fãs no limbo, ainda que tenha escrito obras derivadas, quatro delas prólogos – à esposa do escritor, Janet, ele confessou não ter a mínima idéia de como encerrar a série. Não importa: a grande lição que a saga nos deixa – seria esta a intenção do autor, decididamente um visionário? – é que a ‘teia’ de verdade está em nós, no Conhecimento que produzimos a cada Informação que colhemos, nas experiências que vivemos e trocamos, no que de transformador há no Saber – a saída está em cada uma de nossas mentes, portanto.

O ‘Mulo’, a grande ameaça, usa a mente para combater a tecnologia – e é bem sucedido. Tomara que ainda tenhamos tempo para aprender com o que construímos e notar que utilizar a nós mesmos como o maior repositório de Conteúdo que a Humanidade, em qualquer tempo, poderia sonhar, é a saída para o futuro e a Informação Sustentável.

É para isso que trabalho: sinto que há uma ‘Encyclopaedia Galactica’ em cada um de nós, só nos falta vontade para acreditar. Mas chegaremos lá, com ou sem Isaac Asimov ou Hari Sledon, com ou sem psico-história.

* Site ‘NetSaber’ – www.netsaber.com.br.

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Este texto é parte do livro ‘Internet – O Encontro de 2 Mundos’, da editora Brasport. É a primeira grande coletânea de textos que abordam em profundidade a web e a mídia digital, elaborados por gente de entende do riscado.

O objetivo de ‘Internet – O Encontro de 2 Mundos’ é reunir não apenas textos, mas conselhos, desafios e reflexões de 44profissionais ligados à Comunicação Digital no país. O leque de assuntos inclui de tecnologia a direito, de publicidade a comércio, de gestão a empreendedorismo, de blogs a

webwriting, de usabilidade à carreira.

O colunista que vos escreve contribuiu com o texto que você acabou de ler, um dos mais árduos de criar em toda a minha carreira – mas um dos que considero mais útil e pertinente.

Espero que você tenha gostado! 🙂

(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’

 

 

MERCADO EDITORIAL
Eduardo Ribeiro

Imprensa baiana moderniza-se, 16/07

‘A imprensa baiana não é mais aquela. Os veículos de comunicação da terra de Dorival Caymmi acompanham os passos da modernidade e se igualam, em proposta editorial, aos melhores jornais do País, ganhando musculatura internacional.

A correspondente deste Jornalistas&Cia em Salvador, Mariana Trindade, que também dirige a Darana Comunicação, traz esta semana duas boas novidades de lá, uma no campo da mídia tradicional, com o Correio da Bahia, e outra na seara da mídia digital, com o Grupo A Tarde. Ambas revolucionárias para os padrões locais de jornalismo e de veículos de comunicação.

Vamos a elas.

O Correio da Bahia, fundado por ACM e que em dezembro próximo completa 30 anos de vida, quer romper o marasmo e melhorar sua performance em relação ao líder A Tarde. Após grave crise familiar, que provocou problemas de toda a ordem para os negócios da família Magalhães, as coisas parecem ter se assentado e o jornal pôde fazer investimentos arrojados num novo projeto gráfico e editorial. Contratou para isso a consultoria Innovation, uma das mais importantes do mundo, com serviços prestados a diários de inúmeros países.

O novo projeto acaba de entrar no forno e em semanas deverá estrear no mercado com inúmeras novidades, a maior delas, o formato berliner, hoje adotado por jornais de várias partes do planeta – no Brasil o pionerismo esteve a cargo do Jornal do Brasil. A equipe da Redação foi convocada pelo editor-chefe Rodrigo Cavalcante e membros da consultoria Innovation na última 5ª.feira (10/7) para conhecê-lo.

Aguardadas com muita expectativa pelo mercado baiano, as mudanças deixarão a nova versão totalmente diferente do modelo atual. Além da mudança de formato, não terá mais cadernização e privilegiará o uso de fotos maiores e textos curtos. As editorias tradicionais darão lugar a quatro seções: 24 horas, com notícias rápidas; uma segunda com matérias mais completas; a terceira com reportagens sobre comportamento; e a última destinada à cobertura esportiva.

Em entrevista que concedeu com exclusividade a Mariana Trindade, Albuquerque salientou: ‘Fizemos um formato seguindo as novas tendências européias e americanas. Nosso objetivo é uma proposta nova e totalmente diferente de outros veículos existentes no mercado baiano.’

O tempo cada vez menor que as pessoas têm para dedicar à leitura dos jornais foi decisivo na definição do novo projeto, tanto para a escolha do formato berliner, quanto do estilo de fotos (maiores) e textos (mais curtos). Ou seja, nasce com a proposta de ser um jornal muito mais prático e confortável visualmente para seus leitores. Mas não se pense que a idéia é popularizar. Albuquerque garante que isso não está em questão.

Ele também afirmou que a equipe que trabalhará no jornal já está fechada. ‘Concluímos as mudanças no quadro para fazer a apresentação do projeto com a equipe definitiva’. Na última semana, houve mais uma série de mudanças na Redação. Deixaram o veículo Isabela Larangueira, editora-coordenadora do Folha da Bahia, caderno de entretenimento e cultura; Dilton Cardoso e José Carlos Mesquita, respectivamente editor e repórter de Esportes; e Aurora Vasconcelos, editora de Brasil e Internacional. Do caderno Aqui Salvador, responsável pela cobertura local e polícia, saíram os repórteres Josué Silva, Camila Vieira e Cilene Brito; e de Economia, as repórteres Adriana Patrocínio e Mônica Bichara.

Para reforçar a equipe foram contratados três editores: Oscar Valporto, Gustavo Acioli e André Renato de Souza, ainda sem funções definidas. Hagamenon Brito, crítico musical do jornal, substitui Isabela Larangueira, e Herbem Gramacho reforça a Reportagem de Esportes.

O novo portal de A Tarde

Nas hostes de A Tarde, jornal líder há muitos anos do mercado baiano, a palavra de ordem é o meio digital. No próximo dia 5 de agosto, o Grupo lança a mais nova versão do portal A Tarde Online, que segue a tendência mundial do uso da Web 2.0. Mais interativo, dinâmico e multimídia, ele reúne informações dos outros veículos de comunicação do grupo e destaca a participação dos internautas, que poderão enviar fotos, vídeos, comentar matérias e sugerir pautas. ‘Esta será uma nova forma de trabalhar a notícia que poderá influenciar até mesmo o nosso jornalismo impresso’, destacou Fernando Severino, gerente de Internet do Grupo. Além do investimento de R$ 300 mil nas mudanças estruturais e conceituais, o novo formato do site também exigiu novas competências no perfil dos profissionais que trabalham no portal.

Que os ares da modernidade continuem bafejando o mercado baiano e a gerar maiores oportunidades de trabalho. Nós estaremos de olho para trazer informações fresquinhas neste Comunique-se.

(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’

 

 

JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

Eis a abominável lista dos candidatos, 18/07

‘Serás, por lei, feliz, mesmo que finjas,

ou seremos condenados, à míngua,

a toda uma vida quarta de cinzas.

(Léo Bueno in Lei Magna)

Eis a abominável lista dos candidatos

Se o considerado leitor ainda não conhece, está mais do que na hora de conhecer a lista de políticos que ameaçam nosso cândido país. São 155 candidatos que pedem mas não merecem a confiança do eleitor, pois se envolveram em crimes e escândalos como sonegação fiscal, falsidade ideológica, estelionato, peculato, apropriação indébita, formação de quadrilha e por aí abaixo.

A lista, que mereceu tratamento técnico do considerado Fábio José de Mello (chegou numa linguagem que o colunista não domina), foi enviada pelo não menos considerado José-Itamar de Freitas, diretor-geral do Fantástico no tempo em que o programa era líder de audiência.

Confira e copie a lista no Blogstraquis, para não esquecer os nomes e, é claro, abominá-los, como o fiel às sordícias do capiroto.

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Maldade do ano

Janistraquis viu a chegada de Ronaldinho Gaúcho a Milão, recebido por 4 mil torcedores fanáticos, e cometeu esta que se candidata ao título de maldade do ano:

‘Considerado, o craque está a cara e o corpo do Mílton Nascimento.’

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Janistraquis e o País das Maravilhas

Aqui em casa, depois de assistir ao telejornal com o ar aflito de galinha que vai botar ovo grande demais, nosso vizinho Zé Boleco, fazendeiro empobrecido pelos custos de produção, exibiu um raro sorriso de felicidade:

‘O que vocês acham? Se o presidente disse que quem quiser viver de picaretagem vai se ferrar, tá na cara que haverá devassa grande no PT! Afinal, esse partido de m… tá enfiado em tudo quanto é sacanagem e filhadaputice desde 2002.’

Janistraquis, que estava sentado de costas para a TV e aparava as unhas do pé com a ponta duma peixeira, respondeu, cheio da autoridade de quem já foi cabo eleitoral de bandidos:

‘Ah!, Boleco, deixa de ser inocente; o pessoal do PT só vai pra cadeia quando Alice voltar do País das Maravilhas…’.

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De passarinhos

Nesta época de pouca floração e folhagem ressequida pela geada (ontem e hoje o termômetro marcou 4 graus negativos!!!), os beija-flores costumam invadir nosso escritório e alguns mais atrevidos aproximam-se do monitor na tentativa de extrair o néctar dalguma antese virtual. Numa destas manhãs, Janistraquis observou com enlevo essa inquietação da beleza e filosofou:

‘Pois é, considerado; aqui, os beija-flores nos chegam pelas janelas; nas redações por onde andamos, o que assoma porta adentro é o passaralho.

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Vírus sem-vergonha

O colunista recebeu a mensagem abaixo, mas não teve coragem nem curiosidade suficientes para conferir o chamado ‘teor’, pela inoportunidade do assunto e os erros de português; todavia, se alguém quiser se habilitar…

Procedimento Investigatório N.º 054/2008

Prezado usuário,

Atenção:

Venho-lhe através desse E-Mail, lhe informar que o seu CPF Estária sendo usado em varias compras On-Line, por favor, abra o nosso formulario e veja as compras efetuadas.

Formulario:

http://www.ministeriopublico.org.br/twiki/pub/safenet/WebHome/cpf.exe

Ministério Público Federal.

Procuradoria Federal

Coordenadoria de Administração.

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O sol e a peneira

Deu no Meio&Mensagem sob o título Campanha contra esfaqueamentos no Reino Unido:

Frente a um surto de ataques juvenis com facas, entidade do governo britânico lança uma campanha de teor forte, que lembra que quem carrega arma branca tem mais chances de ser atingido por ela própria numa briga.

Janistraquis leu e fez aquela cara de nojo de quem comeu e não gostou:

‘Considerado, pensei que somente aqui os politicamente corretos achavam que uma campanha publicitária ‘forte’ substitui as providências necessárias; o governo britânico também tenta tapar o sol com a peneira, porém uma coisa é certa: lá, essa ‘medida’ é bem mais fácil, pois o sol nunca aparece.’

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Piada cearense

A considerada Rebecca Fontes, assessora de imprensa em Fortaleza, informa que as últimas notícias da fúria policial no Rio se transformam em piadas na boca dos cearenses. Como esta:

Motorista vem dirigindo à noite pela Avenida Vieira Souto, em Ipanema, quando avista uma barreira policial; antes de chegar muito perto, exclama:

‘Valei-me Nossa Senhora, tomara que seja um assalto! Tomara que seja um assalto!’

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Léo Bueno

Provocado pelo colunista, o considerado jornalista e poeta, autor do soneto cujos versos são a epígrafe da coluna, respondeu com sinceridade:

Bom, quem me influencia? Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Drummond, Bandeira, Dante Milano, Ivan Junqueira, Francisco Alvim. Novalis, Byron, Shelley, Baudelaire, Apollinaire, Borges. Ih, rapaz, é gente demais. O poema ‘Lei Magna’, de certa forma, tem influência das letras de Chico Buarque; acho que o escrevi durante uma depressão, numa quarta de cinzas – também conhecida como ressaca.

Leia no Blogstraquis a íntegra de Lei Magna.

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Coisa de louco!

Num instante de insanidade temporária ou privação de sentidos, o técnico Caio Júnior desprezou milionária proposta de uma equipe do Catar e fica no Flamengo, aquele time de sorte que Joel Santana teve o bom senso de trocar pela Seleção da África do Sul. Janistraquis, veterano observador de tantas injustiças, meneou a fronte encanecida e vã:

‘Que loucura, considerado, que loucura… se os urubus perderem o rabo e mergulharem num rol de péssimos resultados no Brasileirão, a torcida começa por chamar Caio Júnior de burro e daí pro pontapé na bunda é um passo.’

O colunista discorda; afinal, viver é correr riscos.

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Quem é o acusador?

O considerado Hermes de Castro Moraes, advogado no Rio de Janeiro, envia indignada notinha:

O cultíssimo ministro da Justiça, Tarso Genro, declarou:

Será muito difícil Daniel Dantas provar sua inocência.

É mais uma besteira do homem, vocês concordam?

Janistraquis, que está a anos-luz da cultura, principalmente a jurídica, meteu a colher:

‘Você está coberto de razão, ó Moraes; quem tem de provar a culpa do banqueiro é quem o acusa!’

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‘Furos’ de mão beijada

Janistraquis está convencido de que se o excelente repórter César Tralli trabalhasse na TV Catioca, nossa vizinha aqui no meio do mato, dificilmente teria sido contemplado com tantos ‘furos’ dados de mão beijada pela Polícia Federal:

‘Considerado, nós, que infelizmente não nascemos ontem, sabemos que só os ricos vão de carro, os outros seguem a pé. Quando Pedro Collor resolveu denunciar o irmão, procurou a Veja, revista de maior tiragem e penetração por este país adentro; ora, por que cargas d’água não deu entrevista a seu próprio jornal, a Gazeta de Alagoas?!?!?!’.

É mesmo. Até o Ringo, vira-lata aqui do sítio, sabe a resposta.

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O latim e o latir

Nove entre dez leitores desta humilde coluna consideraram a frase do secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Pedro Abramovay, a quinta-essência destilada da irracionalidade nacional. Disse a criatura:

‘O direito à vida é um direito muito mais importante do que o de vender bebida para quem vai dirigir.’

Janistraquis acha que uma coisa nada tem a ver com as calças e que, depois dessa, Abramovay adquiriu o direito de latir nas entrevistas.

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De mineiros

O considerado Bill Falcão, jornalista em Belo Horizonte, envia a

frase da semana:

Cana na fazenda, dá pinga; pinga na cidade, dá cana.

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Decoração obrigatória?

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal em Brasília, de cujo banheiro, em subindo-se nas bordas do vaso sanitário, é possível divisar o presidente a pairar sobre as roubalheiras de sempre, pois Roldão deixou os jornais pra lá, em respeito ao aniversário da Queda da Bastilha, e revelou uma velha e procedente renitência:

Todas as salas de Plenário dos mais altos tribunais e das casas legislativas nacionais ostentam na mais nobre parede um crucifixo católico, algumas vezes no lugar das armas da República. Parece uma peça de decoração oficial, obrigatória quando o País é laico, desde a proclamação da República.

Janistraquis acha, ó Roldão, que o, digamos, acessório, ali está como tantos que enfeitam as paredes das casas de tolerância; tudo vêem e nada fazem.

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Amigos da onça

Janistraquis, que tem inúmeros e incuráveis males e recebia seus remédios por Sedex, perdeu a paciência com a greve dos funcionários dos Correios; esta manhã, a bater os dentes no frio dos já mencionados 4 graus negativos, lançou imprecações aos céus e determinou: os grevistas são inimigos públicos que se aproveitam do governo incompetente e vagabundo.

Mesmo depois de 17 dias de paralisação (virão outros mais, tudo indica), talvez ainda não mereçam tal epíteto, porém uma coisa é certa: amigos da gente esses caras não são.

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Nota dez

Até o momento em que encerrávamos a coluna (13 horas de hoje, quinta-feira, 17 de julho), 27 considerados leitores haviam despachado pra cá o texto do Ex-blog do César Maia, com data de 14/7, e todos apresentavam sua candidatura à nota dez da semana. O candente documento começa assim:

FINALMENTE OS ESCÂNDALOS CHEGAM AO CORAÇÃO DO PALÁCIO DO PLANALTO E À MÁXIMA INTIMIDADE DE LULA, COM GRAMPO E FIRMA RECONHECIDA!

Um efeito colateral -que poderia não ser tão colateral assim- da prisão de Daniel Dantas estilhaçou no coração político de Lula. Seu mais importante, íntimo e fiel escudeiro está de cabeça nas investigações. O problema é tão grave que Gilberto Carvalho imediatamente tirou férias de forma a que a imprensa não tenha acesso a ele.

Confira a íntegra no Blogstraquis.

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Errei, sim!

CAPA-E-ESPADA — Legenda no Caderno 2 do Estadão: Burt Lancaster está no capa-e-espada que a Record exibe à tarde. Na foto, o ator, de chapéu preto, estrela de xerife e revólver à mão, espreita algum bandido do faroeste. Em segundo plano, certamente atento aos acontecimentos, um cavalo aguarda o tiroteio. Janistraquis debochou: ‘Pois é, considerado; nem capa e tampouco espada …’. Lembrei que, pelo menos, tratava-se, indubitavelmente, de Burt Lancaster. (novembro de 1994)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada ‘Carta a Uma Paixão Definitiva’.’

 

TELEVISÃO
Antonio Brasil

ESPN Brasil também vai às Olimpíadas, 14/07

‘Sinal dos tempos. Os assessores de imprensa estão cada vez mais atentos ao noticiário, principalmente, na Internet.

A rede é, antes de tudo, uma nova forma de diálogo entre jornalistas e leitores. Também é um espaço importante para o trabalho dos assessores de imprensa. Pelo menos, para os bons assessores de imprensa.

A rede inaugura uma nova de comunicação entre jornalistas e leitores realmente interessados em melhorar a qualidade da informação e avançar o conhecimento. Mas esse novo diálogo exige, antes de tudo, educação e respeito.

Nesta coluna não respondemos a insultos ou ameaças. Após mais de 30 anos de jornalismo estamos mais do que acostumados com os insultos e ainda mais com as ameaças. As ditaduras e as tentativas de ditadura passam e o jornalismo avança.

Ter coragem de expressar opiniões polêmicas e divergentes, incomodar os donos temporários de poder, apontar erros e buscar soluções sempre foi muito arriscado em nosso país. O importante é acreditar na qualidade do conteúdo e do diálogo com os leitores. Confiar no poder da informação e na sinceridade da opinião que qualificam o bom jornalismo. Qualquer outra coisa não passa de ‘secos e molhados’.

E como diria o inesquecível Ibrahim Sued, ‘os cães ladram e a caravana passa’.

Na terra de monopólios

Esta semana recebemos diversos emails sobre a disputa entre a TV e a Internet pela hegemonia da cobertura das olimpíadas. Gostaria de destacar a seguinte mensagem da nossa colega Márcia Cirino:

‘Oi Antonio, Tudo bem? Faço assessoria para os canais ESPN e ESPN Brasil. Li hoje sua coluna sobre a cobertura da Olimpíada e fiquei surpresa ao ver que foram citados todos os canais de TV aberta e fechada que farão a cobertura, menos os canais ESPN. Nós havíamos postado no próprio Comunique-se as informações sobre a cobertura dos canais ESPN que terão mais de 30 horas por dia de transmissão ao vivo, além do jornalismo e de uma cobertura exclusiva para internet. Seria possível você incluir informações sobre a cobertura dos canais ESPN na sua coluna? Seguem abaixo mais informações. Obrigada’.

Primeiro, o agradecimento do colunista pela atenção. Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa!

Há muito tempo, queria escrever sobre a primeira rede de TV totalmente dedicada aos esportes, a ESPN.

Eles fazem um trabalho importante nos EUA e em diversos países do mundo. E aqui no Brasil, resolveram enfrentar o poderio ou quase monopólio da Globo e seus diversos canais por assinatura dedicados aos esportes, os canais Sport TV na cobertura de eventos esportivos.

Não deve ser tarefa fácil. Ainda mais para uma rede estrangeira, uma rede norte-americana. Vir ao Brasil enfrentar tanta concentração de poder e oferecer alternativas para o público.

Só por este motivo, já deveríamos dar atenção especial à ESPN. No país dos monopólios, estatais ou privados, no país da ditadura da Voz Do Brasil no rádio e do JN na TV, oferecer alternativas ao público deve ser considerado, no mínimo, audácia, ousadia ou pura sandice. É só escolher.

História, Tsunami e grande negócio

Mas, apesar dos contratos nebulosos que garantem exclusividade na transmissão de quase todos os eventos esportivos brasileiros e internacionais à rede hegemônica, o canal ESPN chegou no Brasil em 1989.

A ESPN do Brasil pertence à rede ESPN International que foi criada em 1988 como uma divisão da ESPN Inc. para os mercados fora dos Estados Unidos. A ESPN é 80% de propriedade da ABC, Inc., uma subsidiária indireta da The Walt Disney Company. Os outros 20% são de propriedade da Hearst Corporation.

Em 1995, foi criado o canal ESPN Brasil. Hoje a ESPN também está presente em rádio, com o projeto Eldorado ESPN, em celulares, com downloads, SMS e portal Wap, e também na internet, com o site www.espn.com.br e com o novo ESPN360 para banda larga.

Ainda sobre luta entre TV e Internet pela hegemonia das transmissões olímpicas, segundo a divulgação, durante os jogos de Pequim, a ESPN garante uma cobertura multimídia com ‘Mais de 30 horas de transmissão ao vivo por dia nos dois canais de TV por assinatura, além da cobertura completa na internet’.

Pela primeira vez, haverá um repórter exclusivamente dedicado à cobertura online do evento. Direto de Pequim, a ESPN enviará notícias, matérias especiais, fotos e vídeos para o site.

A ESPN também vais disponibilizar centenas de vídeos com as matérias produzidas pela equipe da ESPN e diversas galerias de fotos.

Em termos de interatividade, os fãs da ESPN também vão encontrar os ‘twitters’, microblogs escritos pelos repórteres, editores e apresentadores da ESPN que estivererem em Pequim. Será possível acompanhar os passos da equipe na capital chinesa e assinar o conteúdo para ser avisado de todas as atualizações.

Mas nem tudo é presente ou futuro na cobertura da ESPN Brasil. Eles prometem relembrar o passado na seção ‘História das Olimpíadas’ com as informações mais importantes sobre cada uma das edições dos Jogos, como fatos marcantes e quadro de medalhas, e ainda um acompanhamento do desempenho do Brasil ao longo das Olimpíadas.

Na TV ou na Internet, agora só nos restar conferir as ‘promessas’ dessa mega cobertura das olímpiadas Pequim 2008. Nas próximas semanas, o telespectador ou internauta brasileiro estará diante de uma cobertura esportivo de grandes proporções. Um verdadeiro Tsunami de notícias sobre as olimpíadas e sobre o país anfitrião: a China. E isso deve ser um grande negócio! Um negócio da…

(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Atualmente, faz nova pesquisa de pós-doutorado em Antropologia no PPGAS do Museu Nacional da UFRJ sobre a ‘Construção da Imagem do Brasil no Exterior pelas agências e correspondentes internacionais’. Trabalhou na Rede Globo no Rio de Janeiro e no escritório da TV Globo em Londres. Foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. É responsável pela implantação da TV UERJ online, a primeira TV universitária brasileira com programação regular e ao vivo na Internet. Este projeto recebeu a Prêmio Luiz Beltrão da INTERCOM em 2002 e menção honrosa no Prêmio Top Com Awards de 2007. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’, ‘O Poder das Imagens’ da Editora Livraria Ciência Moderna e o recém-lançado ‘Antimanual de Jornalismo e Comunicação’ pela Editora SENAC, São Paulo. É torcedor do Flamengo e ainda adora televisão.’

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Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.

Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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