Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Cresce procura por TV paga no Brasil

Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 17 de dezembro de 2007


MERCADO
Alberto Komatsu


TV paga conquista novo público


‘Aos 83 anos, a pensionista Aracy Vieira Dias só descobriu a TV por assinatura há cinco meses. Por insistência da família, se rendeu à imagem com melhor qualidade e, de quebra, fez um agrado aos 12 netos e seis bisnetos nos fins de semana, quando todos freqüentam sua casa para assistir a desenhos. ‘Sei que tem um monte de recursos, mas não sei mexer nisso não. Só uso para ver meus filmes e novelas. As crianças é que aproveitam’, diz.


Aracy faz parte de um novo contingente de clientes da TV por assinatura, que, no terceiro trimestre deste ano, alcançou a marca de 5,2 milhões de assinantes no País, segundo a Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil).


Na comparação com 2006, o crescimento é de 15%, o maior em sete anos – desde 2000 esse número estava estacionado entre 3 milhões e 4 milhões de usuário. E boa parte dos novos assinantes, dizem os executivos do setor, é de poder aquisitivo mais baixo. De janeiro a outubro, o setor registrou uma receita de R$ 4,7 bilhões, 15,3% mais que no mesmo período do ano passado.


Executivos do setor dizem que, a partir de agora, a competição entre as empresas se dará por meio do sinal digital de alta definição, novos serviços e canais cada vez mais segmentados. Com essas estratégias, o mercado, em 2008, deve alcançar 5,8 milhões de assinantes, conforme o instituto de pesquisas de TV por assinatura PTS.


A reviravolta do setor se deu por um conjunto de fatores: a entrada das empresas de telefonia no capital das operadoras de TV a cabo, o crescimento da renda e a oferta de pacotes com TV por assinatura, internet banda larga e telefonia fixa. Esse ambiente propiciou uma onda de fusões e aquisições – que deve continuar em 2008.


‘Existe mais espaço para consolidação do mercado. Temos discutido muito isso. Estamos abertos. Também queremos novas licenças que deverão ser licitadas (em 2008)’, afirma a superintendente da TVA, Leila Loria. Segundo ela, este ano a base de clientes da empresa vai passar de 327 mil para 400 mil.


Teve peso decisivo para a expansão da empresa a parceria com a Telefônica, em São Paulo, para oferecer TV a cabo, 200 minutos de telefonia fixa mais internet banda larga. Até o fim do primeiro semestre de 2008, a Telefônica consolida sua participação no capital da TVA, que vai funcionar como porta de entrada da empresa no Rio, Curitiba e Porto Alegre, já que os planos são os de oferecer banda larga e telefonia por meio de ondas de rádio (MMDS).


‘Sempre vai existir mercado para várias empresas. Não existe espaço só para uma ou duas grandes operadoras. Para nós, se o preço for bom, não descartamos (comprar outra empresa)’, diz o vice-presidente de marketing da Sky, Agricio Neto. A base de assinantes da empresa vai passar de 1,4 milhão para 1,6 milhão. A empresa fez parceria com a operadora Oi.


O primeiro movimento de consolidação da TV paga ocorreu em 2004, quando a Sky anunciou a fusão com a DirecTV. O negócio só foi aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em novembro de 2005. Em outubro do ano passado, a Net comprou a segunda maior operadora de TV por assinatura em número de assinantes, a Vivax.


Numa operação de troca de ações com a Vivax, a Net passou a deter 45% do mercado de TV paga. Em 2005, a mexicana Telmex, controladora da Embratel, já havia comprado 7,2% do capital votante da Net.


‘Em meados de 1996, se dimensionou o mercado brasileiro com algo em torno de 12 milhões de assinantes para 2003. Os investimentos foram planejados conforme essa previsão’, afirma o diretor do PTS, Otávio Jardanovsky. Segundo ele, grande parte da estagnação da base de assinantes foi resultado desse superdimensionamento. Agora, esse quadro parece que começa a mudar.’


 


BIOGRAFIA
Ubiratan Brasil


Talento estimulado pela necessidade


‘Oscar Lourenço Jacinto de la Imaculada Conceição Teresa Diaz e Sebastião Bernardes de Souza Prata eram os reis da comédia na época em que a televisão ainda engatinhava no Brasil, anos 1940 e 50. Conhecidos respectivamente como Oscarito e Grande Otelo, eram as grandes estrelas da Atlântida, marco do cinema industrial no País e usina das principais comédias (as conhecidas chanchadas) do período. Em filmes que faziam versões bem-humoradas de Hollywood (como Matar ou Correr) ou em divertidas gozações com o imperialismo (O Homem do Sputnik), Oscarito e Otelo eram gênios da comédia, como comprovam duas biografias que detalham suas trajetórias.


Em Oscarito – O Riso e o Siso (Record, 336 págs., R$ 45), o escritor e dramaturgo Flávio Marinho mostra como o alucinado comediante das chanchadas e teatro de revista era, na vida real, um careta. E, em Grande Otelo – Uma Autobiografia (Editora 34, 320 págs., R$ 44), o jornalista e crítico musical Sérgio Cabral revela a trajetória do artista que fez de seu talento uma estratégia de sobrevivência para toda a vida. O livro será lançado hoje no Arte Sesc do Flamengo, no Rio, uma das iniciativas do projeto Grande Otelo 90 anos, que inclui ainda a criação de um site oficial (www.grandeotelo.com.br) e a transferência do acervo pessoal do artista para a Funarte. Haverá, ainda, um documentário dirigido por Evaldo Mocarzel. Sobre a biografia, Cabral conversou, por e-mail, com o Estado.


Nas grandes chanchadas da Atlântida, Oscarito fazia a diferença, mas a parceria com Grande Otelo era essencial. Como você avalia a participação de Otelo nesses filmes? E a relação entre eles?


Era uma relação curiosa. De um lado, Oscarito, muito engraçado, cômico fantástico, cumpridor de horários e obrigações e, na vida privada, um chefe de família exemplar, enfim, um burguês do velho estilo. De outro lado, Grande Otelo, também muito engraçado, cômico fantástico, mas faltoso ao trabalho, indisciplinado muitas vezes e um chefe de família um tanto ou quanto complicado. Mas os dois se davam muito bem, mais no trabalho do que fora dele.


A dificuldade em vencer na vida pode explicar a diversidade de qualidades de Otelo?


De fato, seria muito difícil encontrar um ator para representar Grande Otelo em todas as atividades que desempenhou, levado, quase sempre, pela necessidade de trabalho. Mas, sem dúvida, tal multiplicidade deu a ele a oportunidade de trabalhar mais e de desenvolver o seu talento.


Como todo grande artista, Otelo construiu uma carreira recheada de lendas, como a de ter ajudado o escritor paulistano Mário de Andrade a construir o personagem Macunaíma. Como biógrafo, como foi lidar com essas lendas?


Não creio que ele tenha ajudado Mário de Andrade a construir Macunaíma. Parece que Mário o viu ainda menino se apresentando em São Paulo. Creio mesmo é que Macunaíma, levado ao cinema por Joaquim Pedro, é que ajudou a construir o ator Grande Otelo.


Há alguma informação que você gostaria de checar com o próprio Grande Otelo, caso pudesse?


Por ter feito a certidão de nascimento depois de adulto, resolveu inventar que havia nascido dois anos antes. Ele poderia ter usado esse artifício para trabalhar quando era menor. Mas, ao cuidar da certidão, já era maior, não precisava disso. Por que então resolveu nascer a 18 de outubro de 1915 e não a 18 de outubro de 1917, como descobri na igreja em que foi batizado? Gostaria de perguntar a ele.


Havia um grande preconceito contra o negro no cinema carioca, na época em que Otelo começou. Como explicar o sucesso dele, mesmo assim?


Sem dúvida, Otelo superou o racismo desde o início da sua carreira, quando trabalhava ainda bem menino na Companhia Negra de Revistas, que se apresentou no Rio, em São Paulo e em vários outros Estados. Estava tão acima dos preconceitos que nem percebeu que havia racismo, pois raríssimas vezes se sentiu discriminado, tanto que, já na década de 1940, achava que Abdias do Nascimento exagerava nos pronunciamentos contra o racismo quando criou o Teatro do Negro. A primeira vez que se pronunciou com alguma indignação ocorreu no início da década de 1950, quando escreveu uma crônica protestando contra a ausência de negros nos anúncios publicitários. Mais tarde, em entrevistas e depoimentos, falava da mágoa que lhe causava a lembrança de certos fatos ocorridos quando era menino, como, por exemplo, ser chamado de ‘negro fedido’ por colegas do colégio em que estudava em São Paulo.


Como explicar o fascínio que diretores estrangeiros (Orson Welles, Werner Herzog) tinham por Otelo?


Não tenho a menor dúvida de que Grande Otelo foi um dos melhores atores do mundo em sua época, o que explica a admiração de cineastas tão importantes. Em relação a Orson Welles, porém, não sei quem admirava mais: se o ator Grande Otelo ou o personagem Sebastião Bernardes de Souza Prata. Ele adorava os dois. Na verdade, são dois grandes personagens.’


 


Só depois da palavra ‘ação’, ele virava um louco irreverente


‘A expressividade corporal forjada no circo facilitou a carreira de Oscarito no cinema, trabalhando em 47 filmes. Ao lado de Dercy Gonçalves, Oscarito foi um dos criadores de um estilo brasileiro de comédia, a irreverência, como comenta Flávio Marinho na seguinte entrevista.


Por que Oscarito e Charlie Chaplin não eram comparáveis?


Oscarito era um gênero da comédia pura, simples, ingênua (mesmo quando se pretendia malicioso) e veio ao mundo apenas para fazer rir (o que já é coisa à beça) – um riso alegre e descompromissado. Já Chaplin tinha o tragicômico, o patético rondando o seu trabalho, além de uma constante preocupação social – não é por acaso que seu grande personagem (Carlitos) era um vagabundo, um digno representante de uma massa de desvalidos. Os dois, porém, eram geniais.


Como sua origem espanhola influenciou não apenas em sua conduta pessoal, mas também artística?


Apesar de ter saído da Espanha com apenas 2 anos, Oscarito viveu e morreu como um espanhol conservador: voltado para o lar, para a família, para o trabalho, muito religioso, sem tocar numa gota de álcool. No plano artístico, seu profissionalismo, sua pontualidade, sua concentração, sua conduta impecável eram dignas de um sir inglês (talvez aí ele se parecesse com Chaplin). O brasileiro, o malandro carioca só entravam em cena quando o diretor gritava ‘ação!’. Aí, ele virara aquele louco irreverente que todos amamos.


O Oscarito se dizia um malandro. Como, se era muito reservado?


Acho que ele queria ser visto como malandro. E sabia fazer um muito bem, fruto, unicamente, da sua extraordinária capacidade de observação. Mas creio que esta imagem de malandro (como era o oposto do que ele era) devia, de alguma forma, fasciná-lo. Talvez por achar que, assim, ele seria mais visto como um autêntico ‘brasileiro’ – nacionalidade que ele adotou. Mas que malandro é esse que, inseguro, antes de dar uma entrevista importante, cai de joelhos numa igreja pedindo ajuda aos céus? Isso mais parece coisa de um bom espanhol conservador.


Em qual aspecto Oscarito e Grande Otelo se completavam ?


A química dos dois nascia, a meu ver, da velha máxima de que os opostos se atraem. Otelo era considerado um ‘diseur’, precisava de texto para fazer graça. Oscarito, com um meneio facial ou corporal ou com apenas uma interjeição, era capaz de matar o povo de rir. Otelo tinha uma tristeza, uma melancolia que estava presente mesmo em seus momentos mais engraçados. Oscarito era de uma alegria de viver descontrolada. Não se percebia, no seu trabalho, a sisudez com que conduzia a sua vida.


Qual filme prefere de Oscarito?


Acho que Os Dois Ladrões, por motivos de memória afetiva. Foi o primeiro que vi e a imagem dele, fazendo barba, saindo de um tubo na Lagoa Rodrigo de Freitas povoa meu imaginário. É, também, desse filme a antológica ‘cena do espelho’ com Eva Todor no corredor do Hotel Glória. O diretor Carlos Manga diz que tudo estava previsto no roteiro. Eva afirma que foi improvisação do Oscarito. Com quem estará a verdade?’


 


TELEVISÃO
Alline Dauroiz


Polícia fecha boate que inspirou Alzira


‘Alexandra Valença, a dançarina que ensinou a arte do pole dance a Flávia Alessandra – responsável por levantar o ibope cada vez que sua personagem Alzira dança no poste em Duas Caras -, perdeu um de seus trabalhos.


Na última sexta-feira, um dos clubes de strip onde Valença dava aulas de pole dance, o Solid Gold, em Moema (Zona Sul da capital), foi lacrado em uma operação conjunta entre o Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil (GOE) e a Prefeitura de São Paulo. O gerente da casa, Bruno Carlo Cilento, foi preso após constatado flagrante de exploração e favorecimento à prostituição. O clube tinha licença para funcionar como boate e o hotel e foi denunciado.


Comenta-se que a boate tenha sido usada em gravações de Duas Caras, pois há nela um aquário idêntico ao que aparece na uisqueria da novela. A Globo nega e garante que as cenas da uisqueria são todas feitas em estúdio, cujo cenário foi inspirado em diversas casas de strip do Nordeste. ‘Se for verdade, Alzira terá de arranjar outro lugar para dançar’, diz o subprefeito da Vila Mariana, Fábio Lepique, que participou do fechamento da boate.’


 


Luiz Carlos Merten


Xuxa avisa: ‘Eu ainda não acabei’


‘No outro dia, a produção de Xuxa recebeu um telefonema da China. Do outro lado da linha (e do mundo), um fabricante queria saber mais detalhes sobre essa tal de Xuxa, porque as fábricas da região estavam produzindo, para todo o mundo, mais produtos da sua marca do que da Barbie. Como? A ?nossa? loira consegue bater a dos gringos, que representa, como item de consumo, a própria cara dos EUA? Em hotel na Marginal Pinheiros, Xuxa ouve sua assessora Mônica contar essa história. Ela olha para o repórter, faz aquela cara de ?não disse?? e segue falando sobre a próxima estréia do novo filme, o 17º – Xuxa em Sonho de Menina, sexta, dia 21, em 220 salas – e também sobre o anúncio, feito pela imprensa do Rio, de que a Globo, insatisfeita com seu números de audiência, estaria eliminando a apresentadora de sua grade de programação em 2008.


Parece uma coisa esquizofrênica, o repórter não se furta em observar. Afinal, o filme dirigido por Rudi Lageman – o primeiro da nova parceria entre a Xuxa Produções e a empresa Conspiração – celebra o sonho de criança de menina da estrela, que queria ser apresentadora infantil. Como um filme desses pode vir a público justamente no momento em que o reinado de Xuxa – a rainha dos baixinhos, dos ?bajitos? em espanhol – está chegando ao fim?


‘Mas não está’, ela diz. A mensagem que recebeu da direção da Globo é outra – ‘Só queremos que você seja feliz.’ O problema é que a emissora tem tentado muitas coisas com ela. Xuxa passou a gravar somente as ?cabeças? – chamadas e apresentações de desenhos – do seu programa matinal, o TV Xuxa, para se concentrar na gravação, muito mais trabalhosa, da sua atração dos sábados, Conexão Xuxa. Ocorre que os baixinhos, vendo pouca Xuxa, desertaram para outras atrações matinais e os índices de audiência do Conexão também não foram dos melhores. Xuxa acabou como atração televisiva? Ela faz outra análise.


‘Não sou só eu que estou perdendo audiência, é a Globo como um todo. As coisas mudaram muito desde que eu era a única atração para as crianças. Hoje existem várias, até canais inteiramente voltados para elas. É um fato que as crianças não identificavam o programa da manhã como meu porque não me viam o tempo todo e desertavam para outras atrações. No sábado, a competição está acirrada. É uma mudança de hábitos muito grande. A própria novela das 8, que sempre foi o carro-chefe da Globo, está perdendo audiência. O quadro é mais complicado do que simplesmente dizer que acabei.’


No cinema, é a mesma coisa. O público da Xuxa vem diminuindo, mas ela ainda é uma das raras atrações do cinema brasileiro que emplacam um milhão de espectadores. De novo, mais do que se defender, ela analisa – ‘Existem muitas atrações para o público infantil, porque, de repente, este virou um filão muito disputado. As animações da Disney, da Pixar, da DreamWorks consomem dezenas de milhões de dólares, são feitas durante anos. Nós trabalhamos rapidamente, e com menos dinheiro. Os efeitos nunca são o mais importante, o que é outra diferença. Temos de assumir que somos tupiniquins.’ E não é apenas isso. As atrações infantis estrangeiras sempre foram fortes, mas agora a marca Shrek estabeleceu parâmetros que superaram toda expectativa e virou um fenômeno. Ao mesmo tempo em que isso ocorre, o cinema como um todo, o de Hollywood, inclusive, perde público.’


A questão é econômica. ‘Tenho um público diversificado. Os produtos da minha marca que mais vendem, por incrível que pareça, são os mais caros. Ao mesmo tempo, outra faixa dispõe de muito menos poder aquisitivo. Continua ganhando X. O cinema custa 2X e, como é de shopping, termina envolvendo vários outros gastos e acaba virando 3X. E existem muitas outras atrações. Estou sendo derrotada não apenas por elas, mas por uma questão salarial, social.’ Esse discurso de Xuxa não é muito diferente do de produtores brasileiros que querem fazer cinema popular e trombam com a elitização dos shoppings. Muitos vêem a solução na construção de salas populares, para atender à periferia. Há outro problema. Enquanto existe TV em praticamente todos os municípios brasileiros, apenas 8% possuem salas de cinema. A grande maioria é atendida pela TV e pelo DVD – e cada vez existem mais cópias piratas.


O que Xuxa observa é muito interessante. Seu público encolhe na TV e no cinema, mas seu prestígio continua intacto. Aonde ela aparece, junta-se uma multidão. No Parque da Xuxa, onde foi realizada a sessão de Sonho de Menina, foi uma loucura. ‘Meu público encontrou outras formas de manifestar seu carinho por mim.’ Xuxa continua dizendo que não é atriz. Foi uma modelo que deu certo como apresentadora e teve de ampliar sua cota de tela, buscando o cinema, para poder passar a mensagem que não conseguia na TV. Essa é outra característica importante. Xuxa faz questão de passar mensagens positivas. Não é só uma aposta na auto-estima das pessoas. São também recados relativos a comportamento, a meio-ambiente. Sim, ela leu O Segredo – livro que virou filme, uma espécie de bíblia da auto-ajuda por estimular o público a buscar sinais para atingir seus objetivos.


‘Sou a prova viva de que aquilo funciona. Quando menina, queria um passarinho e minha mãe era contra. Mas eu rezava e pedia. Um dia ele entrou pela minha janela e era azul. Fiz questão de colocar isso no filme, porque faz parte da minha vida.’ O que você quer, você alcança. O importante é sonhar o próprio sonho, não o sonho dos outros. Xuxa está saindo de férias. Passa o Natal com a mãe, em Orlando, e depois vai a Nova York ‘para ver peças, filmes, o que tiver’. Em 2008, até onde sabe, volta à TV e agora com mais tempo para se dedicar a outros projetos. ‘Todo mundo quer que eu mude, que trabalhe para adolescentes e para o público adulto, mas não quero. Adoro as crianças, é com elas que consigo ser mais eu.’’


 


 


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 17 de dezembro de 2007


IGREJA UNIVERSAL
Fernando de Barros e Silva


Fé do bilhão


‘SÃO PAULO – Enquanto a Igreja Católica gasta o seu latim, dividida em torno da greve de fome do bispo do São Francisco, a Igreja Universal do Reino de Deus trata de cuidar do milagre da multiplicação -não dos peixes, mas da fortuna alavancada pelos dízimos de seu rebanho.


São 23 emissoras de TV, 40 rádios próprias e outras 36 arrendadas, dois jornais de grande circulação, duas gráficas, empresas de participações, uma agência de turismo, uma imobiliária, uma seguradora de saúde e -surpresa- até mesmo uma empresa de táxi aéreo. Haja fé.


A ótima reportagem de Elvira Lobato publicada no sábado pela Folha revela uma rede diversificada de negócios ligados à Universal, a que não falta pelo menos uma conexão com o paraíso fiscal de Jersey, aquele mesmo de Maluf.


A Rede Record, avaliada em R$ 2 bilhões, seria só o centro nervoso a partir do qual Edir Macedo comanda um império em expansão. Lembre-se, ainda, que o PRB, de José Alencar, é o braço institucional da igreja, embora sua presença na política vá muito além desse partido.


Nem o céu parece ser o limite para os neobucaneiros da fé, cuja máxima é a de qualquer negociante de sucesso: encontre (ou crie) uma necessidade e a satisfaça. Organização empresarial, técnicas agressivas de convencimento e mobilização, idéia de felicidade associada à promessa de ascensão social e conquistas materiais -só por herança ainda chamamos isso de religião.


Ao contrário dos católicos, reféns do juízo final, a Igreja Universal propõe a salvação aqui e agora; ao contrário das utopias de esquerda, coletivistas, estimula a redenção do indivíduo, só ele.


Uma igreja assim aderente ao espírito do capitalismo encontrou na perdição das décadas perdidas de 80 e 90 terreno fértil para vicejar: desemprego, tráfico de drogas, famílias despedaçadas e jovens sem futuro nas periferias ofereceram o palco ideal ao apelo neopentecostal. Como Silvio Santos, Edir Macedo explica muito do Brasil.’


 


ROBERTO CARLOS
Paulo César de Araújo


Não posso e não devo me calar


‘FOI UM ‘erro de digitação’. Essa foi a resposta que o advogado de Roberto Carlos forneceu à Folha ao ser indagado sobre a denúncia de adulteração do conteúdo do livro ‘Roberto Carlos em Detalhes’ na queixa-crime que seu escritório enviou à Justiça contra mim. Recapitulando: no livro, digo que na jovem guarda havia uma ‘combinação de sexo, garotas e playboys’. Pois na página 16 da queixa-crime essa frase é citada com a troca da palavra ‘garotas’ por ‘drogas’ e, em seguida, os advogados escreveram: ‘(…) e por aí vai o querelante, misturando sexo grupal com homicídio, consumo de drogas com corrupção de menores e bestialismo’. Ressalte-se que não apenas naquele documento como também em entrevistas o advogado Marco Antônio Campos tem atribuído ao livro frases que não escrevi. À revista ‘Aplauso’, por exemplo, ele afirmou que no livro está dito que o cantor ‘era assíduo freqüentador da cobertura de Carlos Imperial, onde as festinhas eram regadas a todos os tipos de drogas’, e que, ‘uma vez, uma menor foi estuprada e morta numa dessas festas’. Ocorre que o livro não fala em drogas ou homicídios na casa de Imperial e muito menos associa Roberto Carlos a isso. Narra, sim, um escândalo que abalou a jovem guarda em 1966, com Imperial e outros artistas acusados de se envolver com garotas menores. No texto, enfatizo que aquilo não atingiu Roberto Carlos. Qualquer um pode confirmar isso no livro, da página 306 até a página 311. Basta ler! É lamentável que Roberto Carlos tenha entrado na Justiça sem ao menos ter lido a sua biografia. ‘Fizemos um resumo para ele’, confessa Campos. Se o resumo que o advogado fez ao cantor foi o mesmo que está na queixa-crime e propaga em entrevistas, está finalmente explicado por que Roberto Carlos ficou tão furioso com um livro que engrandece a sua vida e a sua arte. E agora também finalmente sabemos a que ele estava se referindo quando, na primeira manifestação contra o livro, disse em entrevista coletiva que nele haveria ‘coisas não verdadeiras’. Ou seja, diante de toda a imprensa brasileira, um dos maiores artistas do país desqualifica o trabalho de um profissional apenas baseado num resumo adulterado que lhe foi fornecido por colaboradores. Campos fala agora em ‘erro de digitação’. Roberto Carlos, assim como o presidente Lula, provavelmente vai dizer que nada sabia. E, aí, estamos conversados? Não, não estamos. Como bem afirmou Paulo Coelho meses atrás em artigo aqui mesmo na Folha, o que está em jogo nesSa polêmica não é apenas o meu livro, não é apenas o meu caso. É a liberdade de expressão no Brasil, direito adquirido depois de longa luta contra a ditadura. Porque, se valer para outras figuras públicas o que está valendo para Roberto Carlos, ninguém mais poderá escrever a história deste país. Várias personalidades que já leram ‘Roberto Carlos em Detalhes’, como Caetano Veloso, Nelson Motta e Ruy Castro, declararam que se trata de um livro carinhoso e positivo para o cantor. Em recente entrevista à ‘Veja’, o renomado jurista Saulo Ramos afirmou que o livro ‘é uma biografia perfeita. Não tem um ataque moral contra o Roberto. Ele me consultou e eu o aconselhei a não tomar nenhuma providência. Recusei a causa, e ele procurou outros advogados’. Será que todas essas pessoas estão erradas e apenas os advogados que o cantor procurou estão certos? É óbvio que esses advogados estão fazendo o papel deles, mas daí a tergiversar no processo, adulterar o conteúdo da obra para induzir a Justiça a erro vai uma grande diferença. E, diante disso, não posso e não devo me calar. Pois foi baseado no conteúdo dessa queixa-crime que o juiz Tércio Pires, do Fórum Criminal da Barra Funda (SP), julgou que o livro cometia grande ofensa à honra de Roberto Carlos. Acreditando nisso, por duas vezes esse juiz ameaçou mandar fechar a editora Planeta durante aquela fatídica audiência, em 27 de abril. Sentindo-se coagida, a editora decidiu aceitar o acordo, me deixando abandonado. Resultado: o livro foi proibido, 10.700 exemplares do estoque foram apreendidos, e outros tantos, recolhidos das livrarias e entregues a Roberto Carlos para serem destruídos. É uma violência cultural sem precedentes em países sob vigência do Estado democrático de Direito. Para o cantor, esse imbróglio trouxe desgaste de imagem e nenhum sentido prático, pois o conteúdo do livro está na internet. Além disso, o tempo ficou cada vez menor e até agora ele não conseguiu aprontar um novo álbum ou lançar uma ou duas novas músicas -fato que não acontecia desde que gravou seu primeiro disco, há 48 anos! Portanto, 2007 ficará marcado na história de Roberto Carlos como o ano em que ele não lançou nenhum novo CD, mas, ao contrário, tirou de circulação a sua biografia.


PAULO CESAR DE ARAÚJO é historiador e jornalista, autor de ‘Roberto Carlos em Detalhes’.’


 


GOVERNO
Rubens Valente


Governo pagou quase R$ 1 bi a publicitários ligados ao PT


‘O governo federal deve anunciar nos próximos dias o resultado de duas das maiores concorrências lançadas para contratação de serviços de publicidade desde a posse do presidente Lula. A conta da Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto, cujo resultado é esperado para hoje, prevê o valor anual de R$ 150 milhões e a estatal Petrobras anuncia gastos de R$ 250 milhões por ano. Os dois contratos originais datam de 2003 e desde então vinham sendo renovados pelo governo.


O retrospecto da distribuição das verbas publicitárias pelo governo indica que é grande a chance de as contas caírem ou continuarem nas mãos de marqueteiros afinados com o PT. Segundo levantamento feito pela Folha, publicitários que trabalharam em campanhas de Lula ou com administrações do PT abocanharam pelo menos R$ 983 milhões em verbas publicitárias da Esplanada dos Ministérios e da Petrobras desde a posse do presidente.


O valor representa quase a metade (49,1%) de tudo o que foi gasto por todos os ministérios e a Presidência no período 2004-2007 e pela estatal no período 2003-2007, num total de R$ 2 bilhões. Em média, as agências ficam com 14% do bolo publicitário, e o restante vai para meios de comunicação, gráficas, produtoras de vídeo e outras empresas terceirizadas voltadas para produção e divulgação das peças -o que projeta um faturamento de R$ 137 milhões para as agências.


Três marqueteiros que atuaram em campanhas de Lula estão ligados a agências que receberam R$ 920 milhões desde 2003. São eles Duda Mendonça, Paulo de Tarso, da agência Matisse, e Eduardo Godoy, ex-secretário de Comunicação do governador Zeca do PT (MS) entre 1999 e 2000 e presidente da Quê Comunicação.


A agência presidida por Godoy obteve R$ 339 milhões da Petrobras e cerca de R$ 15 milhões da estatal BR Distribuidora. Godoy trabalhou na campanha de Lula de 1998 e na de Marta Suplicy (PT) ao governo de São Paulo no mesmo ano.


No ano passado, seu nome apareceu no noticiário durante as investigações sobre os aloprados -assessores da campanha de Lula à reeleição envolvidos numa tentativa de compra de um dossiê contra tucanos.


A Polícia Federal detectou um telefonema de Godoy para Hamilton Lacerda, ex-assessor do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) apontado pela PF como a pessoa que teria levado a um hotel de São Paulo o dinheiro para a compra do dossiê. Godoy disse que a conversa foi uma sondagem de Lacerda para que ele fizesse a campanha de Mercadante.


Líder


Com o escândalo do mensalão, em 2005, o publicitário Duda Mendonça, marqueteiro de Lula na eleição de 2002, perdeu a conta da Secom (Secretaria de Comunicação) da Presidência. Mas manteve-se na liderança das verbas publicitárias, com R$ 417 milhões entre 2003 e 2007, principalmente por causa dos repasses da Petrobras (R$ 294 milhões no período).


Na crise do mensalão, Duda admitiu ter recebido pelo menos R$ 10 milhões no exterior.


O publicitário Agnelo Pacheco, que deteve a conta de publicidade da Prefeitura de São Paulo na gestão Marta, registra ascensão meteórica na distribuição de verbas publicitárias do governo Lula. Em 2004, a agência obteve R$ 4,4 milhões do Ministério do Turismo. Venceu a licitação na Saúde naquele ano e os pagamentos passaram a R$ 33 milhões em 2005. O valor manteve-se em R$ 31 milhões em 2006.


A ministra do Turismo, Marta Suplicy, que tomou posse no início deste ano, lançou nova licitação para publicidade. Até então, a Agnelo Pacheco recebia anualmente sempre menos de 30% do valor total da verba máxima de R$ 30 milhões anuais, enquanto a empresa mineira Perfil, do mesmo Estado do ex-ministro das Relações Institucionais Walfrido dos Mares Guia (PTB), recebia cerca de 70%. A Perfil perdeu para a 141 Worldwide a licitação, concluída há dois meses. A partir de agora, a verba anual será de R$ 40 milhões, distribuída entre a Agnelo Pacheco, que venceu a nova disputa, e a 141.


‘A Agnelo é uma das empresas que atendem a conta do governo do Rio, Sérgio Cabral, que é do PMDB, e ganhei a SPTrans, que é do seu Kassab [DEM]. Quer dizer, a Agnelo não tem carimbo.’’


 


Publicitários dizem não haver relação com PT


‘Os publicitários Eduardo Godoy, presidente da Quê Comunicação, e Agnelo Pacheco, da agência de mesmo nome, negaram haver relação entre seus trabalhos anteriores com políticos e administrações do PT e a distribuição de verbas de publicidade do governo Lula.


Duda Mendonça e Paulo de Tarso, da Matisse, procurados, não deram retorno a um pedido de entrevista.


‘Não sou do PT. Fui assessor de imprensa de Ulysses Guimarães [PMDB]. Tenho o PT como referência porque houve trabalho. Eu não sou publicitário do PT, não sou filiado, não sou nada’, disse Godoy. O publicitário confirmou ter trabalhado nas campanhas de Lula e de Marta em 1998: ‘Fiz a campanha da Marta e a de Lula, porque a Marta estava do lado da campanha do Lula. Na verdade eu não fui o marqueteiro. Quem fez foi o Toni Cotrim, eu fui lá porque estava fazendo a campanha da Marta’, disse. ‘Tenho um trabalho exemplar no trato público. Sou profissional nisso.’


Godoy afirmou que o mercado publicitário retirou diversas lições do episódio do mensalão. ‘Marketing público não tem nada a ver com empréstimo de bancos. Existe uma coisa que é publicidade e existem essas coisas todas, que vão num balaio só.’


Pacheco disse que sua empresa deteve por cinco anos a conta da Caixa Econômica durante o governo FHC (PSDB). ‘A gente não está no governo agora, mas desde Fernando Henrique. Atendi o Ministério do Desenvolvimento, atendia o Sérgio Amaral na Secom. Não foi no governo Lula, vinha de muito tempo.’ Pacheco negou que sua empresa seja beneficiada com as verbas da Saúde.


‘O Ministério da Saúde, hoje, vem sendo administrado de maneira muito profissional. As agências são medidas pelo desempenho delas. Se você desempenha bem, tem faturamento melhor.’


A assessoria de imprensa da Petrobras afirmou que a Quê Comunicação venceu uma licitação disputada em 2003, mas que ‘a Rede Interamericana de Comunicação, da qual faz parte a Quê Comunicação, atende a conta da Petrobras desde 1996, quando venceu a licitação de publicidade da companhia’.


A assessoria do Ministério do Turismo disse que não houve discrepância entre os valores pagos à Agnelo Pacheco e à Perfil, de Minas, durante a gestão Walfrido.’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Enquadra ou descarta


‘Sexta e a manchete do ‘JN’ era que Lula não quer ‘ressuscitar a CPMF’. Sábado e era outra, de Guido Mantega, ‘um imposto permanente para a saúde’. Nas manchetes on-line, ontem, a reação de Lula, que ‘desautoriza’, ‘enquadra’, ‘desmente Mantega’. Até Agência Brasil, ‘descarta’. O blog de Míriam Leitão listou os ‘vários erros’ do ministro. E que Lula ‘sabe’.


Antes, quinta, o blog de Lauro Jardim já avisava que ‘sobre sua cabeça despenca a artilharia governista’, pós-CPMF. Antes ainda, o Relatório Reservado deu que Antonio Palocci estava para voltar. Mas sábado, no site de ‘O Estado de S. Paulo’, o Ministério Público paulista já saiu atirando no ex-ministro, por Ribeirão.


NO RODAPÉ


‘Washington Post’ etc. deram que Bali, como queriam os EUA, não fechou tetos ‘para corte de emissões’. Mas ‘não é razão para dizer que fracassou’, opinou editorial do ‘Financial Times’. No ‘El País’, ‘melhor um acordo imperfeito que ruptura’. Já o blog de Marcelo Leite, não dourou, ‘fracasso’. No título, ‘Bali, rodapé da história’.


‘GOLPE’


‘New York Times’, ‘Miami Herald’ e outros já dão títulos para ‘convocação às armas’, temem ‘guerra civil’, vêem ‘balcanização’. Mas notando que a Bolívia não está ‘tão horrível’, pelo apoio de Lula e Michele Bachelet, ambos lá.


E o ‘La Razón’ dizia ontem que, ‘ao contrário de todas as previsões’, foi dia de festa nas ruas, pela Constituição e pela autonomia. O enunciado mais tenso atacou a Fifa por proibir jogos na altitude, um ‘golpe’.


PÃO DE AÇÚCAR


Segue ecoando o possível novo campo, ‘maior do que Tupi’, com longas análises do Investor’s Business Daily etc.


EM COMPENSAÇÃO


A ‘unidade de inteligência’ da ‘Economist’ previu e a BBC ecoou que em 2008 os Brics vão ‘compensar queda de ricos’. Foi antes da CPMF.


CARNAVAL SUL-SUL


O site Fahamu e o portal All Africa dão novo longo texto com ‘as rotas da globalização Sul-Sul’, entre ‘continente e Brasil’. Argumentam com Gil, Milton Santos, Zumbi, Bahia.


E o site New Kerala deu que o Brasil quer elevar de US$ 1 bi para US$ 10 bi em 2010 as trocas com a Índia. E já vai participar ‘pela primeira vez’ do Carnaval em Goa, para destacar ‘a herança comum e a cooperação para o futuro’.


DA TROPA


Na Globo, mais do lutador ‘encontrado morto na cela da delegacia em São Paulo’. E a nova de que, ‘em Bauru, seis PMs são presos por torturar e matar garoto’, o corpo com ‘choques e queimaduras’. E o ‘quebra-quebra nas ruas’


ESPETACULAR


Na Record, agora dona da maior rede de concessões no país, como informou Elvira Lobato na Folha, no sábado, o ‘Domingo Espetacular’ destacou ‘a igreja evangélica que mais cresce no Brasil’.


FANTÁSTICO


Na Globo, o ‘Fantástico’ voltou a explorar, seguidas vezes, a cena de uma grávida sendo agredida no trânsito. E acrescentou o ‘drama’, no dizer do ‘show da vida’, de outra grávida, seqüestrada.


‘FELIZ SÉCULO’


‘Feliz século, querido Oscar’, dizia o título do ‘FT’. De sites de arquitetura à Al Jazeera e à alemã ‘Der Spiegel’, esta com as aspas ‘O povo precisa de beleza’ no título, o aniversário de Niemeyer ecoou com imagens de Brasília.


‘NYT’ VS. ‘WSJ’


Desde quinta, o ‘NYT’ dedica reportagens à presença de Rupert Murdoch no ‘WSJ’, ao temor na redação etc. Já o ‘Times’ de Murdoch deu que o ‘NYT’ quer acordo com a Reuters, contra o ‘WSJ’ e sua agência, Dow Jones.


E o ‘FT’ recusou até o anúncio publicitário do ‘WSJ’.’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Marca Net já domina 81,5% da TV paga


‘Com a aprovação da aquisição da Vivax pela Net Serviços, na semana passada, a marca Net passou a dominar 81,49% do mercado de TV paga do país.


Isso significa que, de cada cem assinantes, 81 vêem programação gerenciada pela Net Brasil, empresa 100% da Globo. Criada em 1993, ela licencia a marca Net e contrata canais, difundindo os da Globosat e dificultando a entrada de concorrentes nacionais. Atende a 30 grupos. A Net Serviços, com mais de 40% do mercado, e a Sky são suas maiores afiliadas.


O crescimento da Net Brasil nos últimos anos é impressionante. Em março de 2005, ela tinha 63,1% do mercado, segundo dados da PTS (empresa que monitora o setor). Em setembro de 2006, quando a Sky incorporou a DirecTV, passou a dominar 75,1%.


A Vivax, operadora do ABC (Grande São Paulo), cuja compra pela Net Serviços acaba de ser aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), tinha 7,1% do mercado em março.


A participação da Net Brasil deve crescer ainda mais no início de 2008, com a provável aquisição de duas operadoras por uma de suas afiliadas.


Com o domínio da Net Brasil, a NeoTV perde relevância. Até alguns anos atrás, o mercado se dividia entre Net Brasil (representada pelos canais da Globosat/Telecine) e NeoTV (representada por TVA e HBO). A Vivax era associada à NeoTV.


BARREIRA 1 A Casa Civil fez uma série de exigências ao Ministério das Comunicações para aprovar a renovação das concessões vencidas neste ano, entre elas as da Globo. Quer relatórios sobre o cumprimento da Constituição (se as TVs deram ‘preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas’) e de leis e decretos _como mínimo de 5% de jornalismo e máximo de 25% de publicidade.


BARREIRA 2 A exigência, conforme apurou o noticiário especializado ‘Tela Viva’, não terá conseqüências. Isso porque deveriam ter sido feitas antes do vencimento das concessões (já renovadas automaticamente) e porque o Ministério das Comunicações não tem condições de preparar esses relatórios, pois não fiscaliza as TVs.


DESESPERO A cúpula da Globo discutiu, em reunião na semana passada, se contratava ou não um menino de seis anos que tocou teclado no ‘Domingão do Faustão’. Avaliou-se que, na concorrência, o garoto poderia incomodar a Globo no Ibope.


DRAMA Uma das personagens mais queridas dos telespectadores de ‘Sete Pecados’, Juju (Nicete Bruno) vai ficar doente. No capítulo do dia 2, será revelado que ela tem leucemia.


REDE Primeiro canal de TV na internet brasileira, a AllTV está virando rede. Fez parceria com sites de jornalismo regionais e passará a cobrir 18 Estados. As afiliadas usarão a marca AllTV e produzirão conteúdo para uma programação nacional.’


 


Cristina Fibe


‘Animais ao Ataque’ destaca cobras


‘Para os que adoram conhecer pelas lentes alheias o que não têm coragem de ver de perto, o Animal Planet estréia hoje, às 21h, uma série cujo título já diz muito: ‘Animais ao Ataque’.


No caso, os referidos ‘animais’ são as cobras, que terão seu mundo virado do avesso em cinco episódios, exibidos até sexta-feira, sempre no mesmo horário -no próximo domingo, dia 23, o canal exibe a série completa, a partir das 19h.


Hoje, ‘A Beleza das Cobras’ começa leve, se comparado ao que ainda virá por aí. O episódio mostra os hábitos alimentares de diversas espécies de serpentes, o acasalamento (quais desses programas sobre animais não passam por essa questão?), a forma com que caçam suas presas etc.


Amanhã, a coisa piora um pouco de figura: ‘Veneno de Emergência’ mostra os casos que passam por um hospital na Califórnia especializado em lesões provocadas por animais venenosos. Já na quinta-feira, a série viaja para a Amazônia (depois de passar pela Índia, na quarta, em busca da ‘maior serpente venenosa do mundo’), em um episódio sobre a perigosa anaconda verde.


Na sexta-feira, finalmente, um especial promete mostrar ‘o mundo das serpentes a partir de sua própria perspectiva’, usando, para isso, de efeitos gráficos a imagens de raio-x. Haja estômago.


ANIMAIS AO ATAQUE


Quando: estréia hoje, às 21h; reprise no domingo, às 19h


Onde: Animal Planet’


 


ARTE
Tereza Novaes


Grafiteiros vendem gravuras na internet


‘Eles estão nos muros das grandes cidades do mundo e, embora muita gente ainda torça o nariz, ganham cada vez mais o status e o prestígio de grandes artistas. Depois de freqüentar galerias de arte, os grafiteiros se tornaram objetos do desejo de colecionadores -com preços que seguem a crescente demanda.


Mas essa nova geração defende que sua arte (ou pelo menos parte dela) deve ser acessível ao público. E, para isso, nada melhor que a internet, onde cresce o número de galerias virtuais especializadas na venda de gravuras realizadas por grafiteiros.


O britânico anônimo Banksy é um deles. No site Pictures on Walls (www.picturesonwalls .com), há gravuras dele à venda por preços entre 250 libras e 600 libras (R$ 900 e R$ 2.160, respectivamente).


Pode até parecer muito dinheiro, mas uma obra de Banksy, feita a partir de um estêncil, foi vendida por 66,5 mil libras, ou R$ 240 mil, na última quarta-feira, em Londres.


A pechincha, no entanto, é limitadíssima. Todas as gravuras assinadas por ele estão esgotadas. A dica do site é entrar no ‘mailing list’ e esperar um aviso de chegada de novas obras.


Não são apenas as obras de Banksy que acabam rapidamente no Pictures on Walls. As do brasileiro Titi Freak levaram três horas para esgotar.


Titi foi escolhido pela produtora do site para ser comercializado por eles. No Brasil, ele é representado pela Choque Cultural, galeria pioneira em arte originada do grafite.


A galeria já editou mais de cem gravuras, com no máximo 150 cópias. ‘Os estrangeiros compram metade da produção’, diz Baixo Ribeiro, um dos donos. Inglaterra, Espanha, França, Alemanha, Japão, EUA são os principais mercados.


A grande procura pelos trabalhos dos brasileiros fez com que a galeria criasse um site para vendas no exterior, o www. choquecultural.co.uk; para comprar dentro do Brasil, é necessário entrar em contato com a galeria (tel. 0/xx/11/ 3061-4051). Há hoje 25 títulos disponíveis, um dos mais recentes é o de Stephan Doitschinoff. As gravuras custam em média R$ 90 cada uma, mas podem chegar a R$ 600.


A idéia de colocar os grafiteiros para produzir gravuras foi uma forma de tornar o trabalho viável economicamente -explorando uma linguagem diferente das ruas, mas mantendo-se o traço e a temática de cada um. ‘Mostramos para o artista que existia uma forma de ele entrar na casa das pessoas e não apenas que ele ficasse gastando dinheiro pintando na rua’, explica Ribeiro.


Obey, um dos codinomes precursores da arte de rua nos EUA, também percebeu o potencial negócio. O site www.obeygiant.com vende pôsteres a partir de US$ 20. As obras de Obey também são disputadas e esgotam rapidamente.’


 


ARTISTAS DE NY FAZEM MOSTRA EM SÃO PAULO


‘No dia 19 de janeiro a galeria Choque Cultural vai inaugurar uma exposição com artistas da galeria nova-iorquina Jonathan LeVine, que também vende gravuras on-line (jonathanlevinegallery.com/cfwebstore). A exposição terá obras de nomes importantes da arte de rua norte-americana, como Shepard Fairey (criador do Obey), Shag, Gary Baseman, Tim Biskup, Jeff Soto, Shag, Souther Salazar, Dalek e Andrew Brandou.’


 


 


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