Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Cubano diz que presidente
Lula é vítima da imprensa

As críticas do presidente da Assembléia Nacional de Cuba à imprensa brasileira, reproduzidas na Folha de S. Paulo, são o destaque de um dia de poucas notícias sobre mídia e imprensa nos grandes jornais brasileiros. Segundo a Folha, o cubano Ricardo Alarcon afirmou, durante debate no 6º Fórum Social Mundial, em Caracas, ‘que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é vítima da imprensa e que os meios de comunicação são o mais poderoso instrumento do imperialismo norte-americano no mundo hoje.’


Outro assunto que permanece nos jornais é a (in)definição da TV Digital brasileira. Em artigo também na Folha, o colunista Luís Nassif revela as razões do impasse, mas garante que a decisão sobre o padrão a ser adotado no Brasil sai em fevereiro.


Leia abaixo os textos desta sexta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 27 de janeiro de 2006


IMPRENSA vs. LULA
Rafael Cariello


‘Império’ ataca Lula via mídia, diz cubano


‘O presidente da Assembléia Nacional de Cuba, Ricardo Alarcon, disse ontem durante um debate promovido pela Fundação Perseu Abramo no 6º Fórum Social Mundial, em Caracas, na Venezuela, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é vítima da imprensa e que os meios de comunicação são o mais poderoso instrumento do imperialismo norte-americano no mundo hoje.


Saudado com gritos de ‘Viva Fidel’, o segundo homem de Cuba afirmou que os Estados Unidos não são mais todo-poderosos nem na economia nem na área militar -usou a crise de empresas automobilísticas norte-americanas e a ocupação do Iraque como argumentos-. No entanto, disse que, ‘no plano da propaganda e da ideologia, são’.


‘Eles [os EUA] dominam os meios de comunicação. Sabemos os cubanos, sabem disso os venezuelanos e sabem os brasileiros. O império não se conforma que um metalúrgico se torne presidente.’


Na opinião dele, a imprensa combate os três presidentes (Fidel Castro, Hugo Chávez e Lula) com mentiras. ‘Temos sempre de enfrentar a distorção e a calúnia dos que controlam os meios de comunicação’, afirmou.


Entidades de defesa dos direitos humanos e da liberdade de expressão criticam os limites impostos por Cuba à prática do jornalismo. Os Repórteres Sem Fronteiras, por exemplo, classificam o país como ‘a maior prisão do mundo para jornalistas’.


Valter Pomar, secretário de Relações Internacionais do PT, que também participava do debate sobre integração latino-americana -um dos assuntos mais discutidos neste ano no fórum, na esteira da onda de chefes de Estado esquerdistas na região-, também tratou da imprensa em seu discurso, enumerando entre os erros da esquerda a ‘pouca iniciativa no sentido de combater o monopólio dos meios de comunicação, que persistem em poucas mãos’.


‘Fuzil e voto’


Mais cedo em sua participação, Pomar afirmou que ‘existe lugar para a luta de massas, para o fuzil e para o voto’ na luta da esquerda. ‘As três formas podem e devem ser utilizadas’, disse o petista.


Questionado pela Folha, o dirigente petista disse que as três ‘formas de luta’ são legítimas ‘dependendo das condições históricas’, e que a ONU (Organização das Nações Unidas) reconhece a ‘rebelião dos povos’ como legítima sob um regime ditatorial.


A questão militar fez parte também de outra manifestação, dessa vez do almirante venezuelano Luiz Cabrera Aguirre, também convidado para o ciclo de debates.


De acordo com ele, é necessário estimular em toda a América Latina ‘uma unidade cívico-militar’, ou seja, ‘que o povo trabalhe unido com as forças armadas’ e que receba treinamento, como, segundo ele, já acontece na Venezuela. ‘Nosso povo já não é um espectador da atividade militar, mas sim participante ativo.’


O objetivo, segundo disse, é ‘defender-se de qualquer tipo de ataque de alguma potência estrangeira’. Questionado se os Estados Unidos eram o inimigo ao qual ele se referia, afirmou que sim, ‘em particular’.


‘Se nos integrarmos, seremos invencíveis. E se qualquer potência, qualquer imperialismo que queira invadir e se meter com um só, que entenda que meter-se com um é meter-se com todos’, concluiu Cabrera Aguirre.’


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Planalto nega descartar ex-sócio de Duda


‘O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, afirmou que a notícia de que um dos cotados para ser o marqueteiro da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição, João Santana, enviou mais de US$ 500 mil para o exterior por meio de doleiros não é suficiente para que o seu nome seja descartado.


‘Não é possível que só por uma notícia se comece a rifar todas as pessoas. Se for assim, teremos poucos para trabalhar’, disse.


Segundo um assessor direto do presidente, Santana tem visitado o Palácio do Planalto com certa freqüência e prestado uma espécie de ‘consultoria’ a Lula na área de comunicação. Não existiria, no entanto, nenhum contrato formal firmado com o marqueteiro.


Segundo dados levantados pela CPI do Banestado, uma pessoa identificada como João C. de Santana Filho e outra (ou a mesma) apenas como João de Santana fizeram cinco depósitos, no valor de US$ 528 mil, na conta da Agata International Holdings no MTB Bank de Nova York. A Agata é uma offshore -empresa que não tem o nome dos sócios identificados- com sede no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, cuja conta bancária seria controlada por doleiros. O nome completo do publicitário é João Cerqueira de Santana Filho.


A maior transação entre as cinco operações foi realizada em 12 de março de 1999, no valor de US$ 350 mil. Todas as transações foram transferências a partir de conta no BankBoston International à conta da Agata no MTB.


Segundo investigação da Polícia Federal, Duda Mendonça teria usado o mesmo caminho para movimentar recursos no exterior. A PF identificou operações no sistema bancário americano atribuídas ao publicitário e à sua sócia Zilmar Fernandes Silveira.


Conforme a base de dados do MTB Bank, eles movimentaram cerca de US$ 2 milhões entre 1998 e 2000, sempre utilizando como intermediária a Ágata.


Procurado pela Folha, o publicitário não quis fornecer detalhes sobre supostos depósitos que recebeu no exterior, ainda quando era sócio de Duda Mendonça, no início desta década. ‘Acho surpreendente esse fato surgir agora. Os dados me parecem inconsistentes e contraditórios. Já estou constituindo um advogado para tratar do assunto.’


Wagner disse que o marqueteiro ainda não foi escolhido, já que Lula ‘insiste que quer continuar governando no seu tempo de presidente’. Ex-sócio de Duda, Santana fez campanhas no exterior também, como a do ex-presidente argentino Eduardo Duhalde.’


TV DIGITAL
Luís Nassif


Os impasses na TV digital


‘A novela da TV digital está no seguinte capítulo:


1. Na terça-feira, o CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações) apresentou seu relatório sobre TV digital a vários ministros, incluindo os ministros da Fazenda, Antonio Palocci, e do Planejamento, Paulo Bernardo.


2. Na quarta, houve reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi uma apresentação ligeira.


3. Há ainda questões controvertidas. O CPqD juntou um conjunto de instituições de pesquisa para desenvolver o modelo brasileiro de TV digital. Existem divergências em pelo menos dois pontos: a questão da modulação e transmissão (desenvolvida pelo Mackenzie) e o terminal de acesso (desenvolvido pela Poli). Nos próximos dias, técnicos das três instituições se reunirão para chegar (ou não) a um consenso.


4. Mesmo dentro do governo, há quem julgue que o debate está insuficiente. Há necessidade de organizar todas as informações, separá-las em categorias, como as questões técnicas, os modelos de negócio, os interesses de todas as partes envolvidas.


5. A decisão sobre a TV digital sairá em fevereiro mesmo, não no dia 10. Nessa data será entregue apenas o relatório final da parte técnica e também da parte econômica, com estudos sobre projeções de penetração do set top box (espécie de decodificador), em função de preço.


6. Apesar das boas intenções do presidente da Câmara, Aldo Rabello, recomenda-se cuidado com o seminário que será realizado no Parlamento. Isso porque há uma enorme quantidade de deputados e senadores donos de concessões de rádio e televisão -muitas delas, inclusive, arrendadas para terceiros.


O grande problema na decisão é o rolo compressor montado pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa. O ministro defende um modelo que permita às emissoras abertas terem competitividade diante das TVs a cabo e da telefonia. Se se considerasse apenas esse elemento, o modelo japonês poderia ser o adequado, pelo fato de permitir a imagem em alta definição e a mobilidade (a capacidade de transmitir para celulares sem passar pela operadora).


Mas há outros pontos relevantes:


Política industrial: o sistema tem que permitir a fabricação de um aparelho que seja exportável. O padrão japonês só permite exportar para o Japão -que não é importador de televisores. O MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) tem que participar das decisões.


Tecnologia: o sistema precisa permitir que o Brasil consiga se colocar como produtor de tecnologia, associando-se a um dos sistemas globais existentes. O japonês não dá essa abertura. De qualquer modo, o Ministério de Ciência e Tecnologia tem que participar desse debate.


Administração do espectro: com a convergência digital, há toda uma discussão sobre a alocação do espectro eletromagnético, o que bate direto no sistema de concessões, na questão do acesso à produção cultural, inclusão digital etc. O Ministério da Cultura tem que participar dessa discussão.


Até agora, se está falando de agentes do governo. Mas essas informações, de forma sistematizada, têm que chegar à opinião pública.’


CRÔNICA
Carlos Heitor Cony


Sociedade, mídia e autocrítica


‘Está na moda falar em sociedade. Durante o regime militar, era comum a alusão à sociedade civil, em oposição a outro tipo de sociedade, a do sistema totalitário, que incluía alguns civis, mas era predominantemente gerenciada, tutelada e policiada por integrantes das Forças Armadas.


Agora se fala em sociedade, sobretudo nos meios acadêmicos e midiáticos. Tudo é cobrado em nome dessa tal sociedade, isolando-a do Estado, dos poderes constituídos, da economia, da polícia, até mesmo das manifestações culturais e artísticas.


A sociedade está sendo considerada consensualmente como uma vestal, integrada por anjos e querubins, a turma do bem, politicamente correta, que enaltece a virtude e condena o vício. Todos os que pecam ou ameaçam pecar atentam contra a sociedade e são previamente advertidos que ela não mais tolerará isso ou aquilo.


De tempos em tempos, elabora-se a lista dos maus, dos que agridem os valores da sociedade, que sempre está do lado correto, imune ao erro e ao mal. Listas mais ou menos fixas, com pequenas flutuações em torno de um eixo: o Estado em si mesmo, o Legislativo como um todo, alguns setores do judiciário e do empresariado, todos eles acusados de falcatruas feitas ou possíveis de serem feitas. Eventualmente, aparece na lista o bandido comum em circunstancial evidência.


A sociedade exige reparações, impõe regras aos outros, como um Catão pintado de marrom, Matrona de Éfeso sem jaça e, aqui entre nós, também sem graça. Afinal, que sociedade é essa sem o pecado original?


Uma sociedade que foi a última, em escala mundial, a abolir a escravatura. Sociedade que mantém e fomenta uma distribuição de renda que os próprios governantes admitem como obscena, necessitada de 304 anos para se tornar alguma coisa que preste. Sociedade em que a divisão maniqueísta dos bons e maus esconde preconceitos que vão da condição racial (a democracia das raças é uma ficção cultivada pela hipocrisia social) à condição econômica, criando e aumentando os excluídos dos bens e serviços indispensáveis à condição humana: saúde, educação e trabalho.


Sim, há os maus. Congressistas que ganham sem trabalhar, que vendem votos para atender os apetites do governo ou do poder econômico; juízes de futebol que aceitam propinas; marqueteiros bandidos que têm contas ilegais no exterior. São muitos e diversificados os que formam a lista dos maus, da ‘perduta gente’ que Dante colocou na ‘città dolente’. De onde vieram os Valérios, Dirceus, Delúbios, Malufes, Pittas, Dudas – estou citando a esmo, sem entrar no juízo de valor de cada um deles. São nomes que aparecem em quase todas as listas dos maus, das ratazanas apontadas à execração pública.


De onde vieram esses abomináveis espécimes humanos? São extraterrestres, aqui largados por um Ovni de más intenções para desgraçar o planeta Terra e, em especial, a sociedade brasileira? Ou foram aqui infiltrados pelo Bush para solapar nossas resistências físicas e nossas forças morais, corromper os justos que cultivam a decência e a honra da pátria estremecida?


Quem elegeu Lula, o homem mais bem informado do país, jurando que não sabe nada do que aconteceu e continua acontecendo em seu governo e no partido que fundou e do qual é presidente de honra? Quem elegeu FHC, que vendeu grande parte do patrimônio nacional a grupos de fora que pagaram o que nos deviam com o nosso próprio dinheiro? Que sociedade é essa que, a cada eleição, comete a burrice de eleger quem não deve, subornada por cestas básicas, camisetas de malha ordinária e bonés de plástico vagabundo? Ou, na outra ponta da corda, por cargos e verbas que recompensam o sacrifício de apoiar esse ou aquele grupo que toma o poder?


Uma sociedade que se expressa pela mídia, que não recebeu mandato algum, a não ser aquele que a si mesmo se atribui, da noite para o dia, se investindo na função de novo Adão dando nome às coisas, um Petrônio Árbitro que investiga a seu modo e em sua conveniência, que apura, julga e condena os adversários ou desafetos dos setores que representam e por eles são pagos.


Sociedade e mídia que dobraram-se ao arbítrio de um regime militar durante 23 anos, o espaço de toda uma geração que, com as exceções de praxe, ‘refugiou-se nas canções e poemas de protesto’, na estrada da paz e do amor dos movimentos tidos como contestatórios que, afinal, se limitavam ‘à barba e à maconha’ (Paulo Francis).


Esta crônica pode ser entendida como a autocrítica de um profissional da mídia que está na estrada há 59 anos. Tempo para burro, até demais, mesmo para um burro como o cronista. Numa das seis prisões durante o regime militar, um coronel me perguntou por que eu escrevia tanta besteira no jornal em que então trabalhava. Dei razão a ele. Até hoje, acho que não fiz outra coisa.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Globo reprisa ‘A Viagem’ pela segunda vez


‘O título que substituirá ‘Força de um Desejo’ na sessão ‘Vale a Pena Ver de Novo’, a partir de 13 de fevereiro, será ‘A Viagem’, de Ivani Ribeiro, ‘remake’ de produção da Tupi em 1975 exibido originalmente pela Globo em 1994 e já reprisado em 1997.


‘A Viagem’ é a maior audiência na faixa das 19h há quase 16 anos. Marcou média de 52 pontos em 1994, índice que hoje nem novela das oito consegue (a última a atingir isso foi ‘O Rei do Gado’, em 1996). Sua audiência foi quase o dobro do que dá atualmente ‘Bang Bang’. Sua segunda reprise já está sendo comemorada por noveleiros na internet.


A trama é inspirada em Alan Kardec, com temas relacionados ao espiritismo. Guilherme Fontes é Alexandre, um rapaz que mata um homem e se suicida na cadeia. Vai parar no Vale dos Suicidas (uma pedreira com tochas de fogo repleta de atormentados). Seu espírito passa a perturbar desafetos na Terra. O final feliz é numa representação do Céu (um campo de golfe), entre Dinah (Christiane Torloni) e Otávio (Antônio Fagundes), que, antes vivem um ‘amor transcendental’ (ele, morto, e ela, viva). A ausência de negros no Céu gerou protestos.


‘A Viagem’ não era a primeira opção da Globo. Sua preferência era reprisar ‘Porto dos Milagres’ (Aguinaldo Silva, 2001), mas o Ministério da Justiça, mesmo após a análise de fitas reeditadas, não a liberou para o horário livre.


OUTRO CANAL


Bolo Carlos Dorneles virou motivo de zombaria na Globo. A Record se comprometeu com o jornalista a pagar sua multa de rescisão com a Globo, de R$ 2 milhões. Mas se arrependeu e deixou o repórter, que já havia comunicado sua chefia sobre a proposta da concorrente, esperando um contrato que não chegou.


Divisão 1 A decisão do PMDB de lançar candidatura própria à Presidência (que terá de ser ratificada em março) reduziu as chances de o governo anunciar em fevereiro componentes do Sistema Brasileiro de TV Digital (como o padrão de modulação).


Divisão 2 Principal defensor no governo da definição já da TV digital, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, é do PMDB. E o PT não quer que um político de partido adversário nas eleições de outubro leve o título de ‘pai’ da TV digital no Brasil.


Velocidade Com quase um ano de atraso, o Ministério da Justiça publicou no ‘Diário Oficial’ da União de ontem despacho em que considera o ‘Programa do Ratinho – Versão 2005’ adequado para o horário livre. O programa, que o SBT já vinha exibindo às 17h, era impróprio para menores de 12 anos (20h).


Sobe Melhorou a audiência de ‘Casamento à Moda Antiga’, cuja edição semanal com Silvio Santos passou nesta semana a ser exibida às quartas. Anteontem, marcou 14 pontos (aos domingos, dava 9).’


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O Globo


Sexta-feira, 27 de janeiro de 2006


INTERNET
O Globo


Brasil é o 6 na lista de ‘spam’


‘NOVA YORK. O Brasil foi responsável por 2,6% das mensagens eletrônicas indesejadas que circularam pela internet no último trimestre do ano passado. Isso coloca o país no sexto lugar do ranking mundial de spam , divulgado pela SophosLabs, líder mundial em proteção contra vírus de computador, programas-espiões e mensagens indesejadas.


A lista continua liderada pelos Estados Unidos, que responderam por 24,5% do spam no período. No entanto, pela primeira vez nos últimos anos, o volume de spam no território americano diminuiu e o país respondeu por menos de um quarto das mensagens indesejadas na internet.


A queda nos EUA tem a ver com o endurecimento das penas contra empresas e pessoas que enviam spam . Recentemente, um provedor de acesso de Iowa venceu na Justiça uma causa de US$ 11,2 bilhões contra o internauta da Flórida James McCalla, acusado de enviar spam . Em Detroit, Daniel Lin foi condenado a dois anos de prisão pelo envio de mensagens eletrônicas indesejadas.


– É bom para os EUA que as sentenças mais duras estejam nos calcanhares de quem envia spam – disse Graham Cluley, consultor sênior de tecnologia da Sophos.


O segundo lugar da lista ficou com a China, com 22,3% do tráfego de spam , e o terceiro, com a Coréia do Sul, com 9,7% do total. Nas posições seguintes, ficaram França (5%) e Canadá (3%). Segundo o relatório da Sophos, o spam tem crescido fortemente nos países de língua não-inglesa, e a maioria das mensagens indesejadas é enviada automaticamente, por computadores controlados a distância por meio de vírus ou de programas cavalo-de-tróia. Para elaborar o ranking mundial de tráfego de spam , a Sophos verifica as mensagens recolhidas por sua rede anti-spam em todo o mundo.


A divulgação do ranking da Sophos desmoralizou Bill Gates, dono da Microsoft, como profeta tecnológico. Na edição 2004 do Fórum Econômico Mundial, o magnata previu que dentro de dois anos o spam teria se tornado um problema do passado.


– Dois anos depois, a previsão de Gates parece extraordinariamente otimista – comentou Cluley, da Sophos.’


GABO INATIVO
O Globo


García Márquez passa por crise de criatividade


‘O escritor colombiano Gabriel García Márquez, Prêmio Nobel de Literatura em 1982, disse estar sofrendo de uma crise de criatividade e que 2005 foi o primeiro ano em que não escreveu uma só linha.


– Com a minha experiência, poderia escrever um novo romance sem problemas, mas as pessoas se dariam conta de que não tinha posto meu coração ali – disse ele ao jornal ‘La Vanguardia’ em sua casa, na Cidade do México, em entrevista que será publicada amanhã.


Famoso pelo romance ‘Cem anos de solidão’, de 1967, García Márquez admitiu que a criatividade começou a secar quando ele escrevia o segundo volume de suas memórias, ‘Viver para contar’ – cujo primeiro livro se tornou um blockbuster quando foi publicado, em 2002. Além dos problemas pessoais – o escritor, de 78 anos, sofre de câncer linfático desde 1999 – ele disse ter dificuldades com o computador.


Escritor foi mediador para tentar pôr fim à guerrilha


Mas Gabo, como é universalmente conhecido, manteve seu envolvimento político. Mês passado foi mediador entre o governo colombiano e o Exército de Libertação Nacional, para pôr fim à guerrilha permanente no país:


– Conspiro pela paz na Colômbia desde que nasci.


Na zona de guerrilha está Aracataca, sua cidade natal, modelo para a imaginária Macondo de ‘Cem anos de solidão’. Apesar de a casa onde o escritor ouvia as histórias de sua avó ter se tornado um museu, o prefeito da cidade, Pedro Sanchez, quer uma homenagem maior. Ele propõe que o local passe a se chamar Aracataca-Macondo:


– Temos que usar Gabo, no melhor sentido da palavra, para gerar recursos.’


CHINA
O Globo


Governo chinês fecha jornal que fazia críticas


‘PEQUIM. A polêmica entrada na China de empresas da internet, como Google, Yahoo! e Microsoft – que aceitaram as limitações de assuntos e ferramentas da rede impostas pelo Partido Comunista – é mais um capítulo na frustração de expectativas sobre a abertura da mídia chinesa. Na quarta-feira, o Departamento de Propaganda da China fechou o jornal ‘Bing Dian’, um semanário conhecido por suas críticas à atuação do governo, especialmente nos recentes embates entre polícias locais e camponeses revoltados com os despejos para a construção de grandes prédios. Ou à falta de ações eficazes no combate a epidemias, como Sars e gripe aviária.


O ‘Bing Dian’, suplemento do gigantesco ‘China Youth Daily’ – ligado ao presidente Hu Jintao – era uma das poucas publicações investigativas chinesas, ainda que majoritariamente pró-Pequim. O que incomodou o governo, segundo o editor do jornal, Li Datong, foi um artigo criticando os livros de História chineses, que destacam a violência dos estrangeiros na Guerra dos Boxers, na Guerra do Ópio ou na destruição do antigo Palácio de Verão por Inglaterra e França, sem observar os erros estratégicos da dinastia Qing.


Mas Li disse que fará uma queixa formal ao governo e que aumentarão as denúncias sobre o controle da mídia:


– Toda a comunidade intelectual ficou irritada – disse Li à Reuters, acrescentando que recebeu apoio de muitas pessoas, principalmente jornalistas.’


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 27 de janeiro de 2006


TELEVISÃO
O Estado de S. Paulo


SBT aposta alto no Victoria’s Secret


‘O SBT está tratando como um grande evento a transmissão do desfile do Victoria’s Secret no domingo, às 22h30. Tanto é que colocou à venda quatro cotas nacionais do evento, cada uma no valor de R$ 472 mil. O desfile ocorreu em dezembro, em Nova York, e levou para a passarela beldades de lingerie, entre elas Gisele Bündchen e Alessandra Ambrosio. O show é famoso na TV americana e reúne, além do desfile, apresentações musicais e entrevistas. Rick Martin e Seal se apresentam no evento. O SBT, que pensava em colocar alguém para apresentar a atração, fará apenas tradução simultânea.’


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