Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Curta brasileiro ganha concurso no YouTube

Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 6 de dezembro de 2007


INTERNET
Talita Figueiredo


Brasileiros vencem no YouTube


‘Filmado em menos de 12 horas e com verba mínima apenas para pagar o aluguel da ilha de edição das imagens e o almoço do dia de trabalho para menos de dez pessoas de sua equipe, o curta-metragem brasileiro Laços (Ties) ganhou o concurso Project: Direct, promovido pelo YouTube. O filme desbancou outras 19 produções de vários países, incluindo Estados Unidos, França, Canadá, Itália e Reino Unido. No total, mais de 3.500 vídeos participaram do concurso. O anúncio do prêmio, de US$ 5 mil, foi feito ontem.


O curta foi idealizado pelos estudantes de cinema Clarice Falcão, de 18 anos, e Célio Porto, de 17, especialmente para o concurso. A roteirista da TV Globo Adriana Falcão, mãe de Clarice, produziu o filme e também bancou o projeto, que custou menos de R$ 2 mil. Adriana chamou Flávia Lacerda, que já foi assistente do pai de Clarice, o diretor João Falcão, para dirigir. Flávia também trabalha atualmente na TV Globo.


A partir daí, foi só chamar os amigos. ‘Ocorreu tudo na base da amizade, com investimento quase zero, sem gastar com produção nem nada. Até para reduzir custos, a gente fez o filme para ser mostrado no formato do YouTube, com a tela pequena. Ele não teria qualidade para passar numa tela de cinema, por exemplo. Nós, que já estávamos surpresos de ficar entre os 20 finalistas, ficamos mais ainda em ganhar o prêmio’, comemorou Flávia.


O curta conta a história de uma menina que volta do enterro do pai quando é abordada por um jovem que lhe pede para fazer um laço em sua gravata. A interação dos dois e o surpreendente final do filme duram apenas 6 minutos e 43 segundos.


Segundo Flávia, o concurso fazia três exigências. Primeiramente, a personagem principal deveria passar por uma situação que ela não teria maturidade para viver. O filme também deveria conter a frase: ‘Eu exijo que você dê explicações para essa bobagem. O que você tem a dizer?’ E, em algum momento, um personagem deve entregar uma foto para o outro.


Além do prêmio em dinheiro, o vencedor ganhou a chance de passar nove dias em um festival de filmes internacional (a ser definido), além de se encontrar com produtores executivos do estúdio americano Fox Searchlight Pictures.’


 


EM DETALHES
Jotabê Medeiros


Biógrafo acusa Roberto Carlos de reunir citações falsas em processo


‘Um pouco mais de lenha na fogueira da biografia proibida de Roberto Carlos: advogada do autor do livro, Deborah Sztajnberg, acusa os defensores do cantor de terem adulterado (na queixa-crime que resultou no recolhimento do livro) palavras e trechos e distorcido argumentos para dar a impressão de que o cantor se envolveu com drogas no seu tempo de Jovem Guarda. No trecho mais polêmico, que caracterizaria adulteração intencional, segundo Deborah, a defesa de Roberto troca uma palavra na frase que diz, no livro, que havia na Jovem Guarda ‘uma combinação de sexo, garotas e playboys’. Na página 16 da queixa-crime à Justiça, a frase surge como ‘combinação de sexo, drogas e playboys’.


‘Induzida a erro, a Justiça acabou sendo favorável aos reclames de Roberto Carlos’, disse o escritor e pesquisador Paulo César de Araújo, autor de Roberto Carlos em Detalhes. ‘Por causa de erros como esse, o juiz (Tércio Pires) considerou as acusações graves e ameaçou duas vezes de fechamento a Editora Planeta’, acusa o escritor. A advogada de Araújo usará essa argumentação na esfera cível – em que o processo segue no Rio. ‘O que eles fizeram é um fato gravíssimo’, disse Deborah.


Os advogados de Roberto foram Marco Antônio Campos e Norberto Flach, de Porto Alegre. Ontem, Campos rebateu a acusação, dizendo que ‘numa petição em que são citados 20 ou 30 trechos do livro, não é uma palavra que pode induzir a um tipo de situação’. Ele disse que pode ter havido um equívoco, mas jamais teria sido por má-fé. Segundo Campos, o assunto está ‘juridicamente encerrado’, uma vez que as partes fizeram acordo perante o juiz em São Paulo.


Segundo Campos, Araújo também comete uma ‘meia-verdade’ ao dizer que não faz ilações entre Roberto Carlos e o uso de drogas por integrantes da Jovem Guarda. O livro diz que o cantor seria freqüentador assíduo de festas na cobertura de Carlos Imperial. ‘Embora exclua Roberto, diz que ele vivia lá. Primeiro, não é verdade. Segundo, o autor interpreta um fato ilícito: quando diz que Roberto era freqüentador contumaz, e ali se consumia drogas, faz insinuações. Quando diz que uma menor foi violentada e morta naquelas festas, e diz que Roberto estava sempre lá, não há como não enxergar que é altamente ofensivo. Sobre esse tipo de técnica, de referência indireta, há muita jurisprudência a respeito. É considerada o pior tipo de ofensa, porque insinua, não tem nem coragem de afirmar.’


Araújo lembra que a obra não menciona morte nas festas de Imperial. ‘É uma coisa com menores. É narrada em diversos livros, como Noites Tropicais, do Nelson Motta. Se eu não falasse disso, meu livro ficaria com uma lacuna.’


CITAÇÕES


Leitura torta: Paulo César de Araújo aponta alguns pontos da queixa-crime que, acredita, teriam sido deliberadamente distorcidos pela defesa de Roberto Carlos. As citações são usadas para justificar que o nome do cantor é associado ao uso de drogas. ‘Na página 295 escrevi que a tríade sexo, drogas e rock’n’roll mereceu de Roberto Carlos adesão diferenciada: ?Maconha, cocaína e drogas similares ele descarta, chegando mesmo a se autoproclamar um careta?. Outra referência está na página 220, quando digo que do repertório de Erasmo Carlos, Roberto jamais gravaria a canção apologética Maria Joana, pois na letra Erasmo exaltaria não uma mulher, mas a marijuana (maconha). E a terceira referência à droga está na página 463, com a citação da música Apocalipse, na qual Roberto Carlos adverte que ‘perto do fim do mundo / drogas num mar sem porto…’. Ou seja, as três citações enfatizam que o artista não compartilha do consumo de drogas e foram usadas em sentido inverso.’


 


Caso leva cantor a romper uma tradição de 48 anos


‘O caso da biografia banida do cantor Roberto Carlos, em vez de esfriar, esquenta progressivamente. Agora são os americanos que demonstram grande interesse no assunto. O escritor Paulo César de Araújo foi convidado pelo brasilianista Christopher Dunn, do Departamento de Espanhol e Português da Tulane University, de New Orleans, para encabeçar um debate na cidade americana no dia 27 de março. Araújo participará do 9º Congresso Internacional da Brasa (Brazilian Studies Association), entidade que congrega pesquisadores dedicados a temas brasileiros. O tema da mesa: Privacidade versus livre expressão: o caso ?Roberto Carlos em Detalhes?.


SEM PRECEDENTES


‘É uma exceção sem precedentes no âmbito da liberdade de expressão e os americanos se interessaram pelo caso’, diz Araújo. Do outro lado, a batalha para tirar a biografia de circulação fez Roberto Carlos quebrar uma tradição de 48 anos – desde 59, ele sempre lança uma canção inédita todo ano. Manteve a tradição mesmo no ano da morte de sua mulher, Maria Rita, de câncer, em 1999, quando lançou três canções novas. Mas este ano, pela primeira vez, não haverá nada inédito.


Serão lançados apenas, no início de 2008, um CD e um DVD do show que o cantor fez em Miami, este ano, após quase uma década sem se apresentar nos Estados Unidos, e no qual cantou um repertório quase totalmente em espanhol, intitulado Roberto Carlos en Vivo.


Segundo a Assessoria de Imprensa do cantor, ele teria ficado insatisfeito com o resultado de algumas faixas e transferido o lançamento para fevereiro. No sábado, ele gravou (com convidados como a atriz Camila Pitanga e o ministro Gilberto Gil) o seu tradicional Especial de Fim de Ano pela Rede Globo, que será exibido no dia 25.’


 


VENEZUELA
Lourival Sant´Anna


Chávez agora busca assinaturas para reforma da Constituição


‘Caracas – O presidente Hugo Chávez ordenou ontem aos seus comandantes militares e seguidores que ‘se preparem’ para uma nova iniciativa destinada a implantar o ‘socialismo bolivariano’ na Venezuela. ‘Preparem-se, porque virá uma segunda ofensiva rumo à reforma constitucional’, disse Chávez, que chegou de surpresa a uma entrevista coletiva do ministro da Defesa, general Gustavo Rangel Briceño, no Palácio Miraflores. Diante do alto-comando das Forças Armadas, Chávez traçou sua nova estratégia para obter as mudanças: recolher assinaturas para uma proposta ‘popular’ de reforma constitucional. Numa entrevista na madrugada de ontem, o presidente tinha dito que essa iniciativa popular poderia ocorrer já em 2008 ou dentro de três anos.


‘Se a maravilhosa Constituição de 1999 não for reformada e o povo disser que meu mandato termina em 2013, vou embora’, resignou-se Chávez, referindo-se à reeleição presidencial ilimitada, incluída na reforma rejeitada no domingo. ‘Bom, não vou embora, continuo como ?ente político?, como diz minha mãe’, acrescentou o presidente. ‘A revolução chegou aqui para ficar.’


O presidente disse que foi iniciativa dele vir a público e reconhecer a derrota quando haviam sido apurados 88% dos votos. ‘Se terminassem de contar até as últimas atas, as manuais, se contassem até 90%, 95%, a diferença (entre o ?não? e o ?sim?) poderia ser zero’, afirmou Chávez. ‘Mas eu disse: ?Não quero uma vitória assim?’, acrescentou. ‘A esta altura, este país estaria incendiado e nunca teria ficado claro quem ganhou.’ Ele se dirigiu então à oposição: ‘Saibam administrar sua vitória, mas já a estão enchendo de m…, é uma vitória de m…, e a nossa, podem chamá-la de derrota, mas é de coragem.’


A Constituição pode ser reformada por iniciativa da Assembléia Nacional, do presidente ou de ‘um número não menor de 15% dos eleitores inscritos’. A Venezuela tem 16 milhões de eleitores, o que significa que seriam necessários 2,4 milhões de assinaturas para solicitar a reforma. No domingo, cerca de 4,4 milhões de eleitores votaram a favor da reforma e outros 4,5 milhões se opuseram a ela.


Entretanto, a Constituição não permite duas tentativas de reforma constitucional no mesmo mandato, ‘não importando de quem seja a iniciativa’, disse ontem ao Estado o constitucionalista Alfredo Parés, diretor da Escola de Direito da Universidade Católica Andrés Bello. Só resta ao presidente, na visão de Parés, a alternativa de uma Constituinte. ‘Finalmente, fica nas mãos do Tribunal Supremo de Justiça’, ponderou Parés. O tribunal é dominado por chavistas.


A reforma foi dividida em dois blocos, ambos rejeitados por estreita maioria no referendo. No bloco A, proposto por Chávez, o ‘não’ obteve 50,70% dos votos e o ‘sim’, 49,29%. Já no bloco B, apresentado pela Assembléia Nacional, dominada pelo governo, o ‘não’ venceu por 51,05% a 48,94%. A abstenção foi de 44%.’


 


ARTE
Antonio Gonçalves Filho


Um artista que usa os olhos dos outros


‘Julio Le Parc completa 80 anos no próximo ano como um dos mais dinâmicos artistas do movimento cinético, que já passou do meio século de existência. Le Parc não é, porém, só um nome histórico ao lado de Soto e outros mestres. Por fidelidade à idéia de metamorfose que marcou a arte cinética nos anos 1950 – e que estabeleceu uma ponte com movimentos subseqüentes – o artista argentino radicado na França continua em busca de novos suportes para envolver o espectador e tirá-lo de sua passividade. Prova disso é a exposição individual que se abre hoje, na Galeria Nara Roesler, com 20 obras que cobrem praticamente todos os períodos de produção do artista, sendo a principal delas uma gigantesca instalação projetada para a Bienal de Paris em 1962 e refeita especialmente para a mostra paulistana.


Esse ambiente – que já era um ‘penetrável’ antes de ser cunhada a palavra – antecipou em muitos anos obras de artistas de diferentes movimentos, do minimalista Richard Serra ao ilusionista Anish Kapoor. Mesmo sem ter a consciência de seu mentor, artistas como esses devem algo a Le Parc. Os labirintos de Serra, por exemplo, começam no envolvente ambiente que forja espectadores interativos nesse ‘penetrável’ da bienal parisiense agora remontado em São Paulo. O fascínio das superfícies polidas de Kapoor, que ampliam a imagem do espectador, dialogam com a presença contundente das lâminas refletoras de Le Parc que interceptam corpos em movimento. Exemplos do espírito visionário do artista são inúmeros. Seria inútil prosseguir nessa linha.


Sobre seus discípulos, Le Parc, aliás, mantém discreto silêncio. Nunca se julgou mestre de ninguém. Tampouco se importa se seu nome aparece associado ao de artistas cinéticos ou da ‘op art’, aqueles que, a exemplo de Vasarely e Bridget Riley, nos anos 1960, brincaram com a percepção ótica do espectador. ‘A vida não é classificável, só a arte’, observa Le Parc, resistindo ser reduzido a uma escola ou a um catálogo de obras históricas. Ele foi experimental sem ser voluntarioso, antes que essa palavra fosse desgastada pelo uso. Seu desejo de envolver o espectador sempre obedeceu a um programa ideológico, ele que lutou contra ditaduras latinas, chegando a boicotar a Bienal de São Paulo, em 1969, por conta do Ato Institucional 5 (AI-5), que deu ao regime militar poderes absolutos. Isso não significa, porém, que Le Parc, expulso da França por ativismo político, em 1968 (ele ficou apenas cinco meses fora), fez arte panfletária. A função dinâmica do espectador, em seu caso, é a de contemplar e interagir com a obra, não com o discurso sobre ela.


Há algo de borgiano em suas obras especulares e em seus labirintos que convidam à interação. ‘Nos anos 1960, quando Borges visitou Paris, eu e meus amigos do Grupo de Pesquisas de Artes Visuais resolvemos prestar uma homenagem a ele, mas, como já estava cego desde 1955, projetamos uma obra interativa e tátil especialmente para ele.’ Tudo em reconhecimento ao que a literatura do autor de Ficções fez pela imaginação. ‘Quando mudei para a França, em 1958, levei comigo a lembrança dos textos de Borges sobre espelhos e labirintos’, diz, enfatizando o papel modificador desse intercâmbio entre artes visuais e literatura. ‘ Mas, ao contrário da literatura, a arte se dirige a todos, indiscriminadamente, e não precisa de bula para ser entendida’, diz. Algumas obras na mostra, como Cercles Virtuels (1965), são mais borgianas que outras, recorrendo à metáfora dos espelhos velados sem ser literal – o aço inox da referida peça reflete imagens fragmentadas, desconcerta e leva o espectador a um confronto interno por conta dessa instabilidade.


E é essa mesma instabilidade – característica da produção cinética, que se rendeu à realidade dinâmica do mundo, rejeitando a pintura estática – o principal elemento do ambiente reconstruído para a mostra, a partir do modelo original da Bienal de Paris de 1962. Nele, as paredes internas dessa estrutura circular refletem luzes e alteram a percepção de quem está lá dentro, sendo as formas dinamizadas pelo movimento do espectador. A experiência vai além de um jogo lúdico. Tenta conjugar sensação e reflexão num campo neutro em que o olhar culturalmente condicionado resiste à ordem visual ditada pela arquitetura mental do criador da obra. Em outras palavras, Le Parc propõe ao espectador que ele abdique de sua contemplação passiva.


A consciência da função ativa do espectador, segundo o artista, é o que motiva sua obra. Le Parc lembra que os primeiros vanguardistas russos, que surgiram na esteira da revolução, tinham uma idéia de movimento artístico não dissociada de movimento político. Se a sociedade avança, a arte também tem de avançar. O artista vive do encontro inesperado da arte com espectadores que podem virar co-autores. ‘De qualquer modo, nunca tentei forjar esse encontro ou provoquei o espectador de maneira insolente, sempre o convidei de forma respeitosa a participar de minha obra’, observa Le Parc, criticando promotores de happenings ‘grosseiros e insultantes’ que tentam converter na marra as muitas vítimas da mistificação artística.


Por ser modesto, Le Parc nem mesmo assinou muitas obras públicas. Ao contrário de Richard Serra, tem medo de incomodar. ‘Minha natureza não é a de impor uma obra a alguém’, explica. Ele tampouco usa materiais raros para valorizar suas peças. Usa coisas simples como madeira, plástico, aço inox e tinta acrílica e cria obras de grande complexidade visual, como as que estão em sua individual na Galeria Nara Roesler. Já recorreu a líquidos fosforescentes e fios de nylon (como Soto) para criar efeitos extraordinários, chegando a usar um sistema ótico especular numa de suas obras públicas, a das Galerias Pacífico em Buenos Aires. Tudo, porém, a serviço de um princípio, o de revelar a impermanência (do real) e a instabilidade (da luz), que leva o espectador de uma situação ordenada ao caos.


‘Com toda a tecnologia, ainda não saímos da caverna’, diz o artista, referindo-se ao ato de o homem primitivo dar testemunho material (com o corpo) de sua passagem pelo planeta. Ele se rendeu à mídia virtual não para enfatizar sua história. Sua geometria dinâmica na web anuncia a arte do futuro que, para ele, será uma criação coletiva, ‘diluída para permitir o exercício da imaginação individual’.


Serviço


Julio Le Parc. Galeria Nara Roesler. Avenida Europa, 655, tel. 3063-2344. 2.ª a 6.ª, 10 h às 19 h; sáb., 11 h às 15 h. Até 31/1/2008. Abertura hoje, às 20 horas, para convidados’


 


LITERATURA
Elder Ogliari


‘Literatura é para esquecer a vida’


‘Conhecido por seus textos sarcásticos e provocadores, o escritor francês Michel Houellebecq expôs, mais uma vez, sua visão irônica e sombria sobre o futuro da humanidade durante entrevista coletiva em Porto Alegre, onde proferiu a palestra de encerramento do curso de altos estudos Fronteiras do Pensamento deste ano, na terça-feira. O romancista sustentou que a literatura é um entretenimento para fazer as pessoas esquecerem da vida e previu a derrocada do islamismo diante da força do capitalismo.


Entre as obras do escritor francês estão Plataforma, condenada por ativistas dos direitos humanos por demonstrar alguma simpatia pelo turismo sexual, Extensão do Domínio da Luta, história de um homem deprimido que não faz sexo há anos, e Partículas Elementares, abordagem dos dilemas de dois meios-irmãos na sociedade moderna. Seu livro mais recente, A Possibilidade de uma Ilha, descreve um futuro no qual os clones acabam com os relacionamentos pessoais – está em fase de adaptação para o cinema.


Ao falar sobre o mal-estar da modernidade e as contradições da sociedade, temas presentes em seus textos, Houellebecq não se distanciou de sua ficção. ‘Eu sou um típico europeu ocidental, tenho os mesmos defeitos daqueles que eu descrevo’, afirmou, referindo-se aos personagens qualificados por seus detratores, em diferentes momentos, como obscenos, perversos, alienados, politicamente incorretos e reacionários.


Houellebecq não citou seus defeitos e nem fez a defesa deles, mas ressalvou que o romancista não exerce o mesmo papel de um intelectual. ‘Ele (o romancista) deve ser reacionário, revolucionário, ser tudo, para animar os personagens, dar vida a eles’, proclamou. ‘Se há racismo num livro, o personagem deve ter um discurso convincente em relação ao racismo.’


O escritor disse que, entre as acusações que recebe, não está a de ser racista, mas antimuçulmano. ‘Eu não tenho grande simpatia pelo Islã, costumo pensar que sem o Islã o mundo se sairia melhor’, confirmou.


Houellebecq também entende que ‘há um conflito inevitável entre o hedonismo de massas e o Islã’, semelhante ao que já aconteceu em países cristãos, como a Espanha, onde, avalia, ‘o catolicismo desapareceu’. O destino do islamismo, acredita, é semelhante, porque ‘o capitalismo é mais forte’.


Apesar das posições fortes e de livros provocadores, Houellebecq trata a literatura mais como entretenimento ‘para esquecer a vida’ do que como um convite às transformações. Mas mostra sua preferência ao fazer a ressalva de que ‘uma literatura muito realista também tira você do mundo, tanto quanto uma literatura de fantasmagoria’. Ao buscar motivos para suas obras serem associadas a divagações sobre o mundo político, encontrou explicações no fato de que seus personagens expressam opiniões, algo que ‘desapareceu há algum tempo da literatura francesa’.’


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


TV paga protesta


‘A TV paga declarou guerra contra um projeto que quer estipular cotas de conteúdo nacional.


A Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA) acaba de lançar a campanha ‘Liberdade na TV’, que protesta contra o projeto de lei do deputado Jorge Bittar (PT-RJ) que pretende estabelecer cotas de conteúdo nacional na TV por assinatura.


A proposta, que segue em votação na Câmara, na Comissão de Ciência e Tecnologia, Informação e Comunicação, propõe que as operadoras trabalhem com uma cota de 50% de canais com conteúdo nacional. Detalhe: canais obrigatórios como TV Câmara e TV Senado não contam na tal cota. Na dança entram até os canais internacionais, que, segundo o projeto, devem exibir 10% de produção nacional.


A ABTA, que está lançando esta semana campanha na TV contra a proposta, encabeça ainda um abaixo-assinado no site da campanha www.liberdadenatv.com.br para enviar à Câmara.


A entidade alega que, além de privar o consumidor do direito de escolher a programação pela qual paga, o projeto de lei trará graves impactos econômicos ao setor.’


 


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 6 de dezembro de 2007


PRÊMIO
Folha de S. Paulo


Folha é eleita jornal do ano e recebe hoje prêmio da Aberje


‘A Folha foi eleita mídia do ano, na categoria jornal, pela Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial).


Segundo a entidade, a homenagem reconhece a ‘criatividade, originalidade, capacidade de constante evolução e compromisso com a sociedade brasileira’ do meio de comunicação.


Além da Folha, receberão o prêmio ‘Época Negócios’ (categoria revista), CBN (rádio), Rede Minas de Televisão (TV) e ‘Revista Imprensa’ (mídia especializada). A seleção foi feita por diretores e membros do conselho e da diretoria da Aberje.


A cerimônia acontece hoje, no hotel Unique , em São Paulo, às 12h.


A associação reúne companhias e entidades representativas dos mais diversos setores da economia, assessorias de comunicação e órgãos de mídia. Seu objetivo é discutir a comunicação entre as organizações e a sociedade e dentro das organizações. Hoje também serão conhecidos os vencedores da 33ª edição do Prêmio Aberje, em que concorrem empresas como Vale e Petrobras.’


 


LITERATURA
Folha de S. Paulo


Academia Brasileira de Letras elege hoje seu 42º presidente


‘A Academia Brasileira de Letras elege hoje o 42º presidente de sua história. O jornalista Cícero Augusto Ribeiro Sandroni, 72, secretário-geral, deve suceder o advogado Marcos Vilaça, 68. A eleição será às 16h, em sessão fechada na ABL, no Rio.


Também integram a chapa única o poeta Ivan Junqueira (secretário-geral), o historiador Alberto da Costa e Silva (primeiro-secretário), o cineasta Nelson Pereira dos Santos (segundo-secretário) e o gramático Evanildo Bechara (tesoureiro).


O mandato é de um ano, renovável por mais um.


Sandroni vai comandar a ABL no ano do centenário da morte do fundador da entidade, Machado de Assis. Estão previstos diversos eventos em comemoração à data.


A intenção de Sandroni é manter e ampliar a política de abertura da Academia.


Na gestão Vilaça, a ABL passou a transmitir seus eventos pela internet, distribuiu livros em comunidades carentes e criou o ABL Responde para tirar dúvidas de português. ‘A ABL procurou se tornar popular sem ser vulgar’, disse Vilaça.’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Show e os bastidores


‘‘R$ 90 bi para a saúde’, cercado por governadores, e Lula até ‘incorpora Raul Seixas a favor da CPMF’, na escalada dos telejornais da Band e da Record, ontem. Mas não foi o bastante e, entrando pela noite na Folha Online, ‘base aliada manobra para adiar a votação’.


Na blogosfera da corte, o jogo era outro. Os blogs de Ricardo Noblat e Claudio Humberto diziam que José Sarney não é candidato. ‘Apesar das afirmações em contrário, continua atuante a articulação para fazer de Sarney o presidente’, avisava o de Lauro Jardim.


O ‘JN’ evitou destacar Raul Seixas ou José Sarney. Abriu com ‘Renan se livra de todas as acusações’.


SEM AMEAÇA


Ecoaram por agências, em sites como o ‘Wall Street Journal’, as declarações do diretor da agência nuclear da ONU, Mohamed El-Baradei, de que há ‘vastas diferenças’ entre o programa brasileiro e o iraniano. Também que não vê ‘ameaça’ na Venezuela.


SEM PAZ


O Terra entrevistou Raúl Isaías Baduel, o ex-ministro agora ‘ator-chave’ ao vencer o referendo. Diz que ‘ganhou a paz’ e espera de Chávez que ‘honre o compromisso’ de respeitar as urnas. Mas não tardou e, num programa em que Baduel foi alvo, Chávez atacou a ‘vitória de merda’ e avisou que vai tentar de novo.


PETRÓLEO CANDENTE


O ‘Financial Times’ deu que a prospecção no mar é a ‘questão candente do futuro’, com a indústria alertando nos EUA que ‘países como Brasil e Noruega investem pesado’ -e cobrando o mesmo por lá.


ELDORADO


O ‘Le Monde’ deu que o Mercosul ‘é o novo Eldorado da indústria automobilística européia’. Por Mercosul, no texto, entenda-se Brasil, onde lideram Fiat e VW. Agora ‘as francesas querem recuperar o atraso’ com mais inversões.


E o ‘WSJ’ deu nova mostra de que as montadoras ‘estão sob pressão para transferir seu dinheiro aos Brics’. No caso, a GM vai à Rússia.


OUTRA ALTA DEFINIÇÃO


Ecoou no site da ‘Wired’ e, por aqui, no blog de mídia de Tiago Dória o lançamento pela gigante Adobe da nova versão do Flash Player. É o primeiro ‘update’ com suporte para vídeo de alta definição ou HDTV. No mesmo dia, o Hulu, o recém-lançado site de vídeo de NBC e da News Corp., com conteúdo de Sony, MGM e outros, passou a distribuir -em teste- vídeos também em HD. A ‘Wired’ arriscou que, com o novo Flash, em menos de um ano o YouTube e outros poderão estar postando vídeos em alta definição.


Dória informa que até aqui, no Brasil, pelo menos dois sites, Colméia e Videolog, já ‘publicam’ os vídeos em HD.


SEM INTERAÇÃO


A blogosfera de mídia não gostou nada da HDTV, como apelidou a Globo. Em suma, o premiado Alexandre Inagaki questionou ‘a programação medíocre de sempre’ na tela.


E Silvio Meira, postando no Globo.com, avisou que ‘para dar certo’ deveria ‘ter jeito de internet, porque a audiência vai estar lá, na internet’. Mas no Brasil a TV digital é de ‘alta definição. E sem interação’.


PARA FUTEBOL


Meira ironizou que a alta definição serve para futebol, não para a programação de sempre. E que o velho PAL-M só colou ‘aqui e no Laos’.


BRASIL E JAPÃO, SÓ


Como ressaltou o próprio ‘Japan Times’, ao noticiar a estréia da TV digital por aqui, o Brasil foi ‘a primeira nação a adotar as especificações tecnológicas do Japão’.


ESCULACHO ‘FAKE’


O Globo Online postou vídeo com ator de ‘Tropa de Elite’ ‘esculachando camelô’ que vendia pirata. O blog de Rosana Hermann achou ‘fake’. E o Globo Online postou ontem que era mesmo. O vídeo não está mais ‘disponível’.’


 


VENEZUELA
Fabiano Maisonnave


Oposição teve ‘vitória de merda’, afirma Chávez


‘Ao lado do alto comando militar da Venezuela, o presidente do país, Hugo Chávez, tachou ontem de ‘vitória de merda’ o triunfo da oposição no domingo e disse que sua proposta de reforma constitucional deverá passar por um novo referendo.


‘Deixem quieto a quem está quieto. Saibam administrar sua vitória, mas já a estão enchendo de merda, é uma vitória de merda. E a nossa -chamem-na de derrota, chamem-na- é de valor, é de dignidade. O império golpeia. Não movemos um milímetro. Bom, não moveremos, vamos para a frente’, disse Chávez, que apareceu de surpresa numa entrevista coletiva do ministro da Defesa, Gustavo Rangel Briceño, concedida no Palácio Miraflores.


O presidente venezuelano voltou a deixar claro que a reforma constitucional será reapresentada e sugeriu que será por meio de coleta de assinaturas. Dirigindo-se à oposição, falou: ‘Haverá uma nova ofensiva com a proposta da reforma. Essa ou transformada ou simplificada, mas estou seguro (…) O povo sabe: se recolherem assinaturas, podem submeter ao referendo de novo’.


Pelo artigo 342 da Constituição, um projeto de reforma constitucional pode ser apresentado por um mínimo de 5% dos eleitores inscritos. As outras formas de apresentar são por meio do Executivo -já utilizado por Chávez- ou do Legislativo. Depois, a proposta é submetida a referendo.


Chávez levantou até a hipótese de não ter perdido a votação no domingo, apesar de o Conselho Nacional Eleitoral ter dito que o resultado da apuração, ainda não totalmente concluída, é irreversível.


‘Não é que não conseguimos [a vitória], porque, se terminassem de contar (…) essa diferença poderia ser zero.’


Numa metáfora do beisebol, ele se comparou a um rebatedor que deixou a primeira bola passar para esperar as próximas duas chances.


Plano desestabilizador


Outra revelação de Chávez foi que, na noite do referendo, mobilizou tropas para tomar de assalto as sedes do governo de Zulia (oeste) e Sucre (leste), ambos sob comando oposicionista. Ele disse que também estava preparado para cortar o sinal da emissora oposicionista Globovisión caso um suposto ‘plano desestabilizador’ fosse colocado em marcha.


De forma parecida com o das recentes crises diplomáticas com a Colômbia e a Espanha, as duras declarações de Chávez ontem foram precedidas de um tom mais ameno, quando reconheceu a derrota na madrugada de segunda.


Chávez interrompeu uma confusa entrevista coletiva do general Rangel Briceño, convocada para desmentir versões não confirmadas de que o presidente venezuelano foi obrigado a aceitar a derrota (veja texto nesta página) pelo comando das Forças Armadas.


Ao elogiar a atuação das Forças Armadas, o substituto do general dissidente Raúl Isaías Baduel disse ‘os felicito, os quero, sou e me sinto parte de vocês, sou capaz de sentar-me na calçada para comer uma manga com um soldado’.


A reforma constitucional de Chávez, que prevê a reeleição indefinida para presidente, foi derrotada por 50,7% dos votos válidos, contra 49,3% dos que a apoiaram. A votação, marcada pela alta abstenção entre os chavistas, foi a primeira derrota nas urnas do presidente venezuelano em nove anos.


Chávez anunciou também ações legais para ver a sua filha mais nova, Rosinés, de nove anos. No domingo, a menina apareceu ao lado da ex-mulher María Isabel Rodríguez, que fez campanha pelo ‘não’ e diz que está sendo ameaçada por setores ligados ao governo.


‘Colocam a minha filha agora no centro do furacão, e isso me dói muito. Já quase não posso ver a Rosinés (…) vou ter de recorrer ao direito, ela tem um pai, um pai’, afirmou.’


 


Ministro da Defesa desmente coluna de jornal reproduzida pela cadeia CNN


‘Numa rara entrevista coletiva, o ministro da Defesa venezuelano, Gustavo Rangel Briceño, desmentiu ontem a versão difundida pelo jornal ‘El Nacional’ e reproduzida pela TV CNN en Español de que Chávez foi pressionado pelo alto comando militar, numa reunião, a aceitar a derrota no domingo.


‘Quero contar algo de que sou testemunha: [o chefe da Casa Militar, general López Ramírez, e eu] fomos os únicos militares que, por volta das 23h, fomos chamados ao despacho do presidente para uma reunião com os ministros’, afirmou Briceño.


O ministro negou também que o seu antecessor, o general reformado Raúl Isaías Baduel, ex-aliado de Chávez, houvesse pressionado o presidente por meio de militares fiéis. ‘Ele é um general sem Exército.’


Durante a entrevista, Chávez apareceu de surpresa e tomou a palavra, dizendo à oposição que ‘não se meta com as nossas Forças Armadas’. Ele chamou de ‘merda’ o jornalista do ‘El Nacional’ Hernán Lugo, autor da nota, e voltou a ameaçar a CNN com um processo.


Numa rara menção direta a um opositor, Chávez disse que Baduel foi comprado pelo ‘império’ ao escrever um artigo para o ‘New York Times’.


De acordo com o relato do jornal ‘El Nacional’, escrito sem identificação de fonte, um general disse a Chávez no início da noite de domingo que o Exército ‘não sairia a reprimir a população’ caso houvesse distúrbios devido ao atraso na divulgação do resultado, que só saiu à 1h (3h no Brasil).


Segundo o jornalista, Chávez recebeu mensagens de militares identificados com o general Baduel exortando-o a reconhecer o resultado. Pressionado e com números desfavoráveis, o presidente teria admitido a derrota pelas 21h locais.’


 


TV POR ASSINATURA
Folha de S. Paulo


TVs por assinatura não poderão mais cobrar por ponto extra


‘As operadoras de TV por assinatura não poderão mais cobrar pelo ponto extra. A medida faz parte do novo regulamento do setor, que entrará em vigor em 180 dias, contados a partir de ontem. Pelas novas regras, determinadas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), os usuários passam a ter direito ao recebimento, em dobro e em dinheiro, das quantias pagas em decorrência de cobrança indevida.


De acordo com a Anatel, as operadoras de TV poderão cobrar pela instalação e pela ativação do ponto extra, mas não uma mensalidade fixa pela programação. As duas cobranças deverão ser feitas uma vez.


As empresas também poderão cobrar pela manutenção do ponto extra se houver solicitação de prestação de serviço feita pelo assinante. Segundo a agência, quem já tem ponto extra não precisará pagar instalação e ativação novamente.


O regulamento garante ao assinante o direito de contratar outra empresa para instalar pontos extras em sua casa. A fornecedora de TV por assinatura não poderá ser responsabilizada por interferências no sinal e o assinante poderá ser responsabilizado por danos no equipamento da operadora.


As novas regras garantem ao usuário o direito de pedir, sem custos, a suspensão do serviço por períodos entre 30 e 120 dias, uma única vez em um período de 12 meses.


A ABTA (associação das operadoras) criticou a publicação da mudança das regras para os assinantes. O principal alvo foi a obrigatoriedade de instalação de ponto adicional de TV sem custo da mensalidade. ‘[A instalação de um ponto a mais sem custo] não é possível porque é necessário um terminal e ele tem custo’, disse o vice-presidente de tecnologia da ABTA, Antônio João Filho. Ele disse que as operadoras devem cumprir as novas determinações.’


 


TV DIGITAL
Tatiana Resende


Varejo vê pouca vantagem em linha de R$ 1 bi para TV digital


‘A linha de financiamento de R$ 1 bilhão do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para os varejistas que vendem conversores para a TV digital corre o risco de ter poucas redes interessadas. O motivo é que as taxas de juros oferecidas para as empresas captarem os recursos são as mesmas do programa Computador para Todos, criada no início de 2006, quando a Selic era 17,25% ao ano.


Agora, com a taxa em 11,25%, as condições não são mais tão atraentes. Além disso, o prazo de financiamento, que era de 30 meses na linha para os PCs, agora é de até 24 meses.


Frederico Trajano, diretor de marketing e vendas do Magazine Luiza, terceira maior rede varejista de eletros e móveis do país, avalia que, se o BNDES ‘não reduzir a taxa de juros, [a linha] não vai ter uma representatividade tão grande’.


Ele lembra ainda que a produção de conversores não tem isenção fiscal, o que ajudou a diminuir o preço dos computadores populares. Nesta semana, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, ratificou a intenção do governo de replicar para o conversor os incentivos, mas nada saiu do papel ainda.


Outros grandes varejistas preferiram não opinar sobre a linha do BNDES, mas, em algumas redes, as condições oferecidas ao consumidor já são iguais ou até melhores do que a imposta pelo banco estatal para conceder o empréstimo.


Para pagar TJLP (taxa de juros de longo prazo, atualmente em 6,25% ao ano) mais 1% ao ano de remuneração básica do BNDES, o varejista deve se comprometer a cobrar até 2% ao mês do cliente que comprar o conversor para TV digital.


No Extra, que faz parte do Grupo Pão de Açúcar, o consumidor já consegue comprar no cartão de marca própria da empresa em 24 vezes com juros de 1,99% ao mês. No Wal-Mart, o prazo é um pouco menor (18 meses), sem entrada, mas os juros são de 1,47% ao mês com o cartão Hipercard.


O consultor especializado em varejo Eugênio Foganholo, da Mixxer, argumenta que haverá pouco interesse dos lojistas, já que as condições de crédito da linha de financiamento são piores e a procura pelos conversores ainda é restrita. ‘Tudo começa pela demanda do consumidor.’ Para ele, ‘a TV digital foi muito mal lançada como produto’ e muitos consumidores ainda confundem a novidade tecnológica com as disponíveis nas televisões de plasma e LCD de alta definição há anos no mercado.


Até o final de 2008, um estudo prevê que serão vendidos 3 milhões de conversores ou TVs com o aparelho já integrado. ‘Anualmente são vendidos no Brasil 12,5 milhões de TVs. Estamos falando em cerca de 10% disso’, comentou Paulo Cury, da Condere, consultoria responsável pela projeção.’


 


Veridiana Sedeh


Para comércio, vendas de conversores nos primeiros dias superam expectativas


‘Para o comércio, as vendas de conversores digitais superaram a expectativa, mas o setor não divulga números. Muitos consumidores, entretanto, ainda vão às lojas em busca de informação e esperam os preços caírem para adquiri-los.


A rede varejista Wal-Mart afirma que estão dobrando os pedidos de conversores Philips e Positivo, à venda desde sexta, para atender à demanda. Na Fnac da avenida Paulista, o conversor da Philips, comercializado por R$ 1.099, esgotou-se. Uma funcionária da loja, que prefere não ser identificada, diz que foram vendidos cerca de 30 aparelhos, desde quinta-feira, mas afirma que as vendas poderiam ser melhores, caso tivesse mais conversores na loja e o sinal digital pegasse ‘em todo lugar’.


Há regiões que não recebem o sinal, as ‘áreas de sombra’. Além disso, os conversores disponíveis no varejo não têm o software Ginga, que permite a interatividade plena.


‘As pessoas vêm mais pedir informação. Estavam esperando um conversor a R$ 100 e vem a R$ 1.000’, diz um vendedor do Extra do Itaim. Um outro funcionário da loja diz que as vendas estão acima do previsto.


‘Estou pensando em comprar, mas estou achando muito caro. Ainda mais depois que o ministro [Hélio Costa, das Comunicações] disse que deveria custar bem menos’, diz o auxiliar de informática Marcelo Fraga.


O Carrefour disse por meio de sua assessoria de imprensa que as vendas estão dentro das estimativas, mas que muitos consumidores ainda vão às lojas em busca de informações.’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Novelista do SBT acusa a Globo de plágio


‘Bas-fond no mundo das novelas. Letícia Dornelles, que assina ‘Amigas e Rivais’, no SBT, está acusando Walcyr Carrasco, autor de ‘Sete Pecados’ (Globo), de plagiar expressões e temáticas de sua novela.


Segundo Letícia, a novela das sete ‘tem bordões e situações muito parecidas’ com as de ‘Amigas e Rivais’. ‘Chegam a incomodar de tão parecidas.’


Letícia afirma que Walcyr copiou dela o bordão ‘modéstia à parte, eu sou perigosa’ e as variantes que terminam em ‘eu sou brilhante’, ‘deslumbrante’ e ‘o máximo’. Ela diz que essas expressões são a marca de sua vilã Rosana Delaor (Talita de Castro). Em ‘Sete Pecados’, apareceram na boca de Claudia Raia, que fazia a vilã Ágatha.


‘A referida vilã [Ágatha] deve ser fã de Rosana. É uma ‘homenagem’’, ironiza Letícia, que diz também ter sido ‘plagiada’ pela Globo em uma trama envolvendo criança com Aids.


Carrasco esnoba a ‘colega’. ‘Não assisto a ‘Amigas e Rivais’. Não tenho a menor idéia do que acontece nessa novela.’ Ele afirma que ninguém pode ser acusado de plágio por usar palavras e expressões que fazem parte do vocabulário moderno.


‘Quanto a personagens soropositivos, se há acusação de plágio, sinto muito. O plágio será de ‘Amigas e Rivais’. Eu sou autor do livro ‘A Corrente da Vida’, lançado há 14 anos, que aborda justamente uma escola onde um personagem, no caso um garoto, tem Aids’, diz.


ENQUADRADO Autor de ‘Duas Caras’, Aguinaldo Silva não tem mais respondido a e-mails de jornalistas. Ele foi repreendido pela cúpula da Globo por ter divulgado informações sobre a novela, o que, pelas normas da emissora, é função da assessoria de imprensa. Silva também parou de anunciar desdobramentos de tramas em seu blog.


PERTINÊNCIA O Ministério da Justiça enviou carta à Globo questionando ‘a pertinência’, ‘em relação às crianças e adolescentes’ que assistem a ‘Duas Caras’, da exibição da ‘nudez nítida de nádegas’ de Flávia Alessandra. A Globo diz que seu departamento jurídico está ‘trabalhando nas respostas’. A novela corre o risco de ser reclassificada para as 21h, o que pode trazer problemas no Norte e no Nordeste.


DIREITOS 1 A Anatel publicou ontem o ‘Regulamento de Proteção e Defesa dos Direitos dos Assinantes dos Serviços de Televisão por Assinatura’, que entra em vigor em seis meses.


DIREITOS 2 Entre as novidades, estão o direito do assinante de suspender os serviços de 30 a 120 dias, uma ver por ano, sem ônus, e o de ter abatimento ou ressarcimento por quedas de sinal superiores a 30 minutos.


LADEIRAS Nova novela da Record, ‘Amor e Intrigas’ vem perdendo mais de um ponto no Ibope por semana. Começou com 11,2. Já está com 8,4. A ‘Sessão da Tarde’ (Globo) também está em queda livre. Há um mês, tinha 18 pontos. Na semana passada, fechou com 12.’


 


Cristina Fibe


Série busca analisar mundo dos célebres


‘O primeiro de três documentários da série ‘O Preço da Fama’, que o canal pago GNT estréia amanhã, é mais uma análise sobre o mundo das celebridades do que uma tentativa de mostrar as desvantagens de ser uma, como o nome sugere.


O episódio de amanhã, exibido às 22h30, discute superficialmente a ‘história’ da fama, desde os anos 30, com o cinema, até as mudanças que a TV trouxe na relação com os fãs.


Aqui, entrevistados anônimos despejam clichês, comentando ‘a fama que se pode perder amanhã’, as pessoas comuns que querem ‘escapar de seu dia-a-dia, vivendo a vida daquelas pessoas lindas’ e a TV, ‘que coloca a celebridade dentro de sua casa’.


Como não poderia faltar em um programa desse gênero, estão presentes também aqueles que brigam por um lugar ao sol, topando basicamente qualquer coisa para ter, que seja, um minuto de fama. Uma cover de Britney Spears (como se não bastasse a original no mundo das fofocas), sem esconder o orgulho por estar sendo entrevistada, comenta a felicidade que é ser fotografada e a rejeição que sente quando não emplaca.


Ainda acerca do mundo das celebridades, o canal exibe hoje, às 21h, ‘A Construção de um Sonho’, documentário sobre a escola que a apresentadora norte-americana Oprah Winfrey abriu na África do Sul.


O PREÇO DA FAMA


Quando: amanhã, às 22h30


Onde: GNT’


 


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