Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Daniel Castro


‘O Grupo Bandeirantes de Comunicação decidiu dificultar a vida das Organizações Globo nos processos de fusão das operadoras de TV paga Sky e DirecTV e na compra de parte da Net pela telefônica mexicana Telmex.


Há cerca de 40 dias, a Band se habilitou nos dois processos, que correm na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), e que serão julgados pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão ligado ao governo federal que disciplina a concorrência. Assim, a Band entra como terceira parte nos processos e poderá oferecer e contestar provas e solicitar documentos.


João Carlos Saad, presidente da Band, afirma que a fusão Sky/DirecTV cria um ‘monopólio’ no serviço de TV via satélite, também conhecido como DTH (de ‘direct to home’). Juntas, Sky e DirecTV, agora sob o controle da News Corp., do magnata Rupert Murdoch, possuem 95% dos assinantes desse serviço.


No caso da Net/Telmex, Saad denuncia a ‘desnacionalização’ de um serviço, o de TV paga via cabo, em que a legislação brasileira limita o capital estrangeiro a 49% da participação societária.


Para viabilizar a associação, Globo e Telmex criaram uma empresa, a GB Empreendimentos e Participações. A Globo tem 51% das ações ordinárias (com direito a voto) da GB, e a Telmex, 49%. A mexicana ficou com todas as ações preferencias (sem direito a voto, mas com prioridade no recebimento de lucros) da GB.


A GB ficou com 51% das ações com direito a voto na Net. A Telmex adquiriu 37,3% das ações ordinárias e 49% das preferenciais da Net. Somadas as participações, a Telmex acumula mais de 60% do capital total da Net. A Anatel e a Globo afirmam que a operação está dentro dos parâmetros legais brasileiros, porque o controle permanecerá com a brasileira Globopar [holding da Globo, que é majoritária na GB].


Tanto na fusão Sky/DirecTV como na compra de parte da Net pela Telmex, a Globo perdeu participação acionárias nas empresas. Mas se livrou de parte de pesadas dívidas e manteve o controle sobre o conteúdo nacional distribuído pela Net, Sky e DirecTV.


É aí que as operações afetam diretamente a Band. O grupo paulista, que possui rádios, duas redes de TV aberta e três canais pagos, reclama que não consegue distribuir seu conteúdo na Net e na Sky. Seus canais BandNews e BandSports estão na DirecTV, mas tendem a sair dela, porque a operadora vai desaparecer, migrando seus assinantes para a Sky.


Hoje, os canais da Band atingem 1,1 milhão dos 3,8 milhões dos assinantes de TV paga no Brasil. Mantido esse cenário de controle pela Globo do conteúdo nacional de Net, Sky e DirecTV, a Band perderá espaço. Hoje, as três operadoras somam 2,8 milhões de assinantes (75% do mercado).


A reclamação da Band de que é barrada pela Globo na Net, Sky e DirecTV também é feita pela MTV, do Grupo Abril. A MTV planeja lançar novos canais, de música e de humor, mas tem dúvidas se o fará porque teme não ter mercado suficiente. Nem a TV Rá-Tim-Bum, o único canal pago infantil brasileiro, da TV Cultura, consegue entrar na Net. A Globo nega que barra canais de programadoras que não seja a sua Globosat.


Há dois meses, a Band lançou seu terceiro canal pago, o rural Terra Viva, que transmite ao vivo durante dez horas por dia. Mesmo sendo oferecido de graça às operadoras, o canal foi rejeitado e só não se tornou inviável porque está na chamada banda C, faixa de freqüências via satélite captada por antenas parabólicas comuns, sem custo ao telespectador. E o canal sobrevive da receita de leilões de gado que transmite.


A recusa do grupo Globo ao Terra Viva impulsionou a Band a entrar nos processos que serão julgados pelo Cade. Nessa batalha junto a órgãos do governo, a Band já sofreu sua primeira derrota. A Anatel se recusou a fornecer cópia integral de despacho da agência que concedeu anuência prévia à operação Net/Telmex, que, para a Band, desrespeita a lei brasileira.


A Anatel argumentou que o processo tramita em ‘tratamento sigiloso’. Isso levou João Carlos Saad a enviar uma carta, no último dia 19, ao presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, em que pede ‘providências cabíveis no sentido de impor à agência o dever de cumprir a lei e demais obrigações regulamentares do serviço público’. Na carta, Saad afirma que os principais serviços de TV paga do país estão nas mãos de estrangeiros.


‘A TV paga no país vive um drama de distribuição que vai levar à asfixia do setor’, disse Saad à Folha. ‘A Argentina tem muito mais canais nacionais do que o Brasil porque lá não há essa concentração. Nosso modelo é errado, caro, baseado na programação de fora. Estamos num deserto em que só um [a Globo] grita, diz que é bonzinho, que defende a cultura brasileira, mas na verdade a destrói’, afirmou.


Saad diz que tentará todos os ‘ferramentais’ possíveis para tentar barrar a compra da Net pela Telmex. Vai apelar também ao Ministério das Comunicações. ‘Tenho esperanças de que o Ministério das Comunicações e a Anatel revejam isso’.


No caso da operação Sky/DirecTV, o empresário considera impossível evitar a fusão do ponto de vista econômico, uma vez que há muito capital em jogo. Mas o Cade pode impor contrapartidas à fusão, como a obrigatoriedade de a nova superoperadora distribuir mais canais brasileiros e de o grupo News Corp. abrir espaço a programadoras do Brasil em suas operadoras em outros países. A Band pedirá isso ao Cade.


‘Esse monopólio tem que estar aberto. Nós temos que brigar, equilibrar a distribuição de canais. Se não tivermos densidade, vai chegar um dia em que só teremos acesso à opinião de um grupo’, diz Saad.’



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‘‘Não há veto aos canais da Band’, diz Globo’, copyright Folha de S. Paulo, 7/06/05


‘Presidente-executivo das Organizações Globo, Roberto Irineu Marinho disse à Folha, por e-mail, que nunca houve veto de seu grupo aos canais pagos da Bandeirantes na Sky e na Net. A Globo controla o conteúdo nacional dessas operadoras por meio da empresa Net Brasil.


Marinho também contesta a afirmação de João Carlos Saad, presidente da Band, de que a fusão da Sky com a DirecTV cria um ‘monopólio’ na TV paga.


A seguir, as declarações de Roberto Irineu Marinho:


‘A Globopar [holding das Organizações Globo] é uma das acionistas da Sky Brasil, empresa de distribuição de televisão por assinatura via satélite. A Sky Brasil busca obter a melhor combinação de gêneros e qualidade de canais e tem autonomia para programá-los, desde que atendam aos desejos de seus assinantes e a critérios comerciais, de viabilidade técnica e econômica definidos. A Globo tem responsabilidade editorial e garante a qualidade do conteúdo da programação brasileira veiculada pela Sky Brasil’.


‘O Grupo Bandeirantes vem negociando desde setembro de 2004 com a Sky Brasil a distribuição de seus canais. Nenhuma proposta feita pela Sky Brasil ao Grupo Bandeirantes, através de sua representante Net Brasil, teve resposta até o momento. Não houve veto da Globo aos canais da Bandeirantes. Cópias desses documentos estão à disposição das autoridades.’


‘Quanto à fusão Sky Brasil/DirecTV, o processo vem sendo acompanhado por todas as autoridades competentes e ampla divulgação vem sendo dada à imprensa. Nenhuma ação foi tomada sem anuência prévia dessas autoridades. Cabe lembrar que esta fusão não está sendo analisada no contexto isolado da distribuição por satélite do tipo DTH, mas no âmbito da televisão paga como um todo, bem mais amplo’.


‘Destacamos, ainda, que a combinação de Sky Brasil e DirecTV não formaria a única plataforma satelital disponível no Brasil. O canal Terra Viva, do Grupo Bandeirantes, por exemplo, é distribuído pelo satélite Brasilsat B1 na banda C, que atende mais de 12 milhões de domicílios, número quase dez vezes maior do que a base de Sky Brasil e DirecTV somadas’.


‘A compra de participação da Net Serviços, empresa de televisão a cabo, pela Telmex, atendeu à Lei do Cabo, que rege o setor, e a toda legislação pertinente. A Net Serviços continua sob controle da Globopar, que detém a maior parte das ações ordinárias da controladora daquela empresa, GB Participações’, concluiu Marinho.


Anatel


A Anatel, por meio de assessoria de imprensa, disse apenas que, no caso Net/Telmex, ‘todos os atos relativos à decisão da agência são públicos e adotados de acordo com os preceitos legais’. A agência não comentou porque se recusou a fornecer dados à Band.


Quanto à fusão Sky/DirecTV, a Anatel se recusou a fazer qualquer comentário, porque ‘ainda não houve decisão e, portanto, [o processo] está sob análise’.’



GLOBO vs. SBT


Daniel Castro


‘Justiça nega à Globo veto a Padrão no SBT’, copyright Folha de S. Paulo, 8/06/05


‘A Globo tentou na Justiça impedir a estréia de Ana Paula Padrão no SBT. A emissora entrou com ação judicial no último dia 30 exigindo a volta imediata da jornalista ao trabalho e o cumprimento de seu contrato até 31 de outubro de 2006, bem como a proibição de sua ‘participação em qualquer programa de televisão produzido por outra emissora’, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.


Mas a juíza Fernanda Xavier de Brito, da 44ª Vara Cível do Rio de Janeiro, negou a liminar pedida pela Globo. Ou seja, por enquanto, nada impede que a ex-apresentadora do ‘Jornal da Globo’ ancore telejornal no SBT. A Globo ainda estuda se vai recorrer.


Padrão rompeu com a Globo no último dia 11. Assinou contrato com o SBT por quatro anos. A jornalista, por meio de advogados, tentou entregar à Globo cheque pagando multa de rescisão contratual no valor de R$ 3,729 milhões, bancada pelo SBT. A Globo se recusou a receber o cheque, e Padrão fez depósito consignado em agência bancária. O valor da multa inclui tudo o que Padrão recebeu da Globo desde que assinou contrato, em 2002, e o que ganharia até seu término, em 2006.


A Globo argumentou na Justiça que o contrato não poderia ser rompido unilateralmente. Mas a juíza Brito entendeu que não há veto à ruptura de contrato, mesmo porque Padrão demonstrou interesse em não mais mantê-lo e se dispôs a pagar multa.


OUTRO CANAL


Subiu A saída de Ana Paula Padrão do ‘Jornal da Globo’ não causou nenhum impacto na audiência do telejornal. Nas duas primeiras semanas de maio, com Padrão, o ‘JG’ marcou média de 14 pontos, mesma audiência do período em que Chico Pinheiro o ancorou. Já na semana passada, com William Waack e Christiane Pelajo, o ‘Jornal da Globo’ marcou 15 pontos de média.


Estratégia A Record vai lançar um novo telejornal no mesmo dia e horário em que Ana Paula Padrão estrear no SBT, o que deve ocorrer em agosto. O jornalístico será apresentado por Marcelo Rezende (ex-’Cidade Alerta’). Será popular, mas não popularesco.


111 O longa ‘Carandiru’, exibido pela Globo até o início da madrugada de ontem (terminou por volta de 1h20), massacrou a concorrência. O filme deu 43 pontos (só perde neste ano para ‘Homem-Aranha’, que rendeu 47). No horário, o segundo colocado, o SBT, marcou só quatro pontos (o ‘Hebe’, com Ana Paula Padrão, ficou nos cinco pontos). Até o ‘Eu Vi na TV’ (Rede TV!), que marca até dez, não passou dos três pontos.


Transparência É normal dirigente de emissora interferir na escolha de entrevistados de seus programas. A Cultura resolveu deixar isso claro. Nos créditos do ‘Roda Viva’, seu presidente, Marcos Mendonça, aparece como integrante do ‘comitê de pauta’.’



 


TV RECORD


Daniel Castro


‘Manual da Record proíbe minissaia e decote’, copyright Folha de S. Paulo, 7/06/05


‘A Record está adotando um ‘Manual de Telejornalismo’. As regras, que visam dar um padrão nacional, foram reunidas em um livro de 110 páginas que ficou pronto na semana passada.


O livro é dominado por normas básicas, como texto, língua portuguesa, padrões de edição, técnicas de reportagem, postura, voz, figurino e até como conduzir uma reunião. Apenas cinco páginas e meia são ocupadas com verbetes de ‘princípios editoriais e éticos’.


O manual determina que o jornalista não deve julgar, porque ‘um cidadão só deve ser identificado como assassino depois de condenado’, mas é omisso sobre a exibição de imagens, sem o consentimento prévio, de pessoas detidas pela polícia _como fazia o ‘Cidade Alerta’, extinto em São Paulo, mas ativo no Rio.


O texto diz que a Record não noticia andamentos de seqüestros (mas apenas inícios e desfechos), veta a identificação de vítimas de crimes humilhantes e detalhes ‘escabrosos’ de crimes brutais. No verbete ‘Manual do Crime’, orienta os repórteres a não revelarem valores de quantias de drogas nem ganhos com prostituição, porque ‘o crime não compensa’.


O capítulo sobre figurino proíbe a repórteres o uso de ‘decotes profundos, minissaias e transparências’, porque ‘desviam a atenção do espectador’. É detalhista: ‘Os óculos nunca podem estar presos no cabelo. Jornalista não é pagodeiro’.


OUTRO CANAL


Maquiagem Kadu Moliterno e Evandro Mesquita interpretarão duas mulheres moralistas em ‘Bangue-Bangue’, de Mário Prata, próxima novela das sete da Globo, que será no estilo western, ambientada em uma cidade como as dos filmes do Velho Oeste americano. Na cidade da novela, ninguém sabe que os personagens são homens. A trama terá o tom de sátira.


Adiado O SBT adiou para outubro a estréia da versão nacional do ‘reality show’ ‘American Idol’. Não daria tempo de colocar a produção no ar em agosto, até porque haverá inscrições e seleções de candidatos a cantores em várias capitais.


Pedalada O ‘Pânico na TV’ finalmente bateu o ‘Domingo Legal’ no Ibope. Ficou na frente do SBT durante 15 minutos consecutivos (19h27/19h42). Chegou a abrir três pontos de diferença (15 a 12). A média do programa foi de dez pontos, contra 14 do SBT e 25 do ‘Domingão do Faustão’ (Globo) no horário.


Provocação Enquanto ficou na frente do SBT, o ‘Pânico’ exibiu na tela os caracteres ‘Pedala, Gugu’.


Esforço Apesar de não transmitir os jogos do Brasil nas Eliminatórias da Copa (só os das outras seleções), o canal ESPN Brasil mandou equipe de comentaristas e repórteres a Buenos Aires para cobertura e entradas ao vivo sobre Argentina x Brasil, amanhã.’



SENHORA DO DESTINO


Daniel Castro


‘Autor revela ‘podres’ de novela em livro’, copyright Folha de S. Paulo, 6/06/05


‘Autor de ‘Senhora do Destino’, Aguinaldo Silva está escrevendo um livro em que revelará bastidores da indústria da novela. ‘Sessenta e Dois Tiros de Audiência’ marcará o retorno de Silva, autor de 13 livros, à literatura -seu último lançamento foi em 1992.


A obra (cujo título faz alusão à audiência almejada por autores de novelas das oito) sairá no final do ano pela Geração Editorial, que também relançará pelo menos cinco romances de Silva, entre eles ‘O Homem que Comprou o Rio’, de onde saiu o personagem Giovanni Improtta.


O 14º livro de Silva será um romance policial, mas nem tudo é ficção. Segundo Silva, será como uma ‘grande reportagem’ sobre o que ele viu em 28 anos de TV.


O ponto de partida é o assassinato da protagonista de uma novela, Diva Constanti. O ‘todo-poderoso’ de uma emissora manda o autor da trama matar a personagem de Diva, mas alguém resolve extrapolar a ordem. Diva é assassinada em casa, por uma pessoa que sai de dentro do armário. Leva um tiro no peito, que ‘espalha silicone para todos os lados’.


‘É um daqueles romances em que nenhuma semelhança é mera coincidência, e por isso tenho a impressão de que, assim que ele for publicado, serei assassinado também’, brinca o escritor. ‘Usei três atrizes reais para construir a Diva Constanti. Todas são conhecidas pela maneira difícil com que lidam com o veículo’, diz.


OUTRO CANAL


Opção A Globo está equipando um segundo estúdio no Rio para poder fazer dois programas de auditório ao vivo num mesmo dia. Atualmente, só o estúdio F, usado por Fausto Silva, é capacitado para tanto. Com o novo estúdio, o ‘Caldeirão do Huck’ deverá continuar ao vivo mesmo com a estréia de ‘Fama’, aos sábados.


Bolsa Subiu a ‘cotação’ de Mário Lúcio Vaz, diretor-geral artístico da Globo, na cúpula da emissora. Os principais executivos da Globo atribuem a ele o ‘conserto’ da novela ‘América’. Vaz conseguiu minimizar a crise entre Glória Perez e Jayme Monjardim e apontar os erros da trama, bem como as respectivas soluções.


Fronteiras João Kléber vai apresentar um ‘talk-show’ na TVI, rede de TV portuguesa. Lá, vai ressuscitar a personagem Charlote Pink, uma drag queen, que será a ‘entrevistadora’. O apresentador da Rede TV! já faz sucesso em Portugal com uma versão do ‘Teste de Fidelidade’.


Oportunidade A produção de ‘Belíssima’ vai aproveitar a próxima temporada de desfiles de moda em São Paulo e no Rio para arregimentar modelos para a novela de Silvio de Abreu. Quer aproveitar a passagem de tops internacionais pelo país e gravar com elas desfiles da trama, próxima das oito.’