Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

David Eimer

‘Milhares de potenciais empresários principiantes chineses estão disputando uma vaga em ‘Wise Man Takes All’ (‘o homem sábio leva tudo’), um novo programa de televisão que vem sendo divulgado como uma espécie de encontro de Confúcio com Donald Trump. O homem sábio que sair vencedor receberá 1 milhão de iuans (R$ 300 mil).

Inspirado no imensamente bem sucedido programa americano ‘O Aprendiz’, no qual os participantes disputam a chance de trabalhar para o magnata Donald Trump, o seriado irá ao ar na China ainda neste ano. ‘Wise Man Takes All’ é a mais recente em uma série de produções de TV-realidade que vêm cativando a imaginação do público chinês, mais acostumado a assistir a telenovelas históricas, ‘game shows’ e propaganda política.

Cada um dos mais de 10 mil candidatos a participantes de ‘Wise Man Takes All’ teve que enviar ao programa um plano de negócios descrevendo como gastaria o prêmio, se o recebesse.

Através de entrevistas preliminares, que serão realizadas em Pequim, Xangai, Chonqing, Wuhan e Shenzhen, os candidatos, que precisam ter entre 20 e 40 anos, serão reduzidos para os 16 finalistas, os que irão participar do programa.

Diferentemente de ‘O Aprendiz’, porém, ‘Wise Man Takes All’ não vai humilhar seus participantes, que não serão demitidos com a frase que virou a marca registrada de Trump, ‘You’re fired!’ (‘você está despedido!’).

Tom pedagógico

‘Nossa versão será diferente’, disse Chen Lian, executivo-chefe da Dragon TV, criadora do seriado. ‘Ela vai refletir o pano de fundo social e econômico que é próprio da China.’ Em lugar da concorrência acirrada entre participantes, a ênfase será sobre a natureza educativa do programa.

‘Queremos afiar o espírito empreendedor dos jovens’, comentou Vincent Lo, o magnata imobiliário de Hong Kong cuja empresa, a Shui On Land, patrocina o programa.

Lo não é uma personalidade tão bombástica e direta quanto Donald Trump. Conhecido como ‘o rei do guanxi’ (o termo chinês que significa ‘relacionamentos’), o empresário de 57 anos tem associações próximas com o prefeito de Xangai, Han Zheng, e financiou o projeto Xintiandi na cidade, um complexo de bares e restaurantes ao estilo de Covent Garden, em Londres, que custou US$ 170 milhões. Lo não vai aparecer pessoalmente em ‘Wise Man Takes All’, cujos participantes serão julgados por professores das maiores escolas de administração de empresas da China.

O enorme público televisivo chinês já aderiu em peso ao formato da TV-realidade, garantindo cifras de audiência que deixariam estarrecidos os executivos de televisão ocidentais. O programa de maior audiência do momento é ‘Super Girl’, a versão chinesa de ‘Pop Idol’, que terá seu episódio final na sexta-feira.

A maioria das 350 milhões de famílias chinesas possui televisão, e 40 milhões de televisores são vendidos por ano no país. Hoje, existem na China mais de 3.000 emissoras de televisão, em sua maioria locais, não nacionais, e o governo já anunciou planos para ampliar a rede nascente de emissoras a cabo. Os anunciantes se apressam para tirar partido do público imenso.

Os produtores de ‘Wise Man Takes All’ não querem candidatos tímidos. O diretor do programa, Zhang Zhipeng, deixou claro: ‘Apreciamos personalidades extrovertidas’. Tradução de Clara Allain’



Gilberto Scofield Jr.

‘Disputa na TV chinesa dá emprego a brasileiro’, copyright O Globo, 29/08/05

‘O mundo empresarial tem rituais próprios e poucos causam tanta ansiedade quanto o processo de seleção para um emprego. Agora, imagine se, para conseguir um emprego de US$ 50 mil anuais numa multinacional chinesa, os candidatos tivessem que passar pela seleção através de um programa de auditório na TV, assistido por milhões de pessoas. TV da China, diga-se de passagem. E em Pequim.

Parece ousado? Pois foi exatamente o que aconteceu no último dia 21, quando os brasileiros Paula Balthazar, 23 anos e Márcio de Lucca, 34 anos, competiram com o alemão Christian Schotmann, 33 anos, pelo cargo de gerente de marcas da fabricante chinesa de equipamentos de telecomunicações ZTE, no Brasil. A empresa decidiu contratar um executivo através do programa ‘Absolute Challenge’, transmitido nas noites de sábados pela estatal CCTV-2, um canal especializado em economia.

A cada edição, o programa, lançado em outubro do ano passado e já líder de audiência, escolhe entre três candidatos quem ocupará um emprego de destaque numa empresa chinesa. Os candidatos passam por três fases de avaliação e a escolha é feita por representantes da empresa contratante e especialistas em recursos humanos da China.

Foi a primeira vez que candidatos estrangeiros participaram do ‘Absolute Challenge’ que, também pela primeira vez, escolheu um executivo para um emprego fora da China.

– Achamos que o processo de seleção do programa é feito com a seriedade que adotamos, com a vantagem de dar destaque à empresa na China – afirmou o vice-presidente sênior da ZTE em Xangai, He Shiyou, um dos três jurados.

Os nomes de Paula, administradora de empresas recém-formada, Márcio, ex-gerente de Relacionamento com clientes da Vivo, e Christian, sociólogo e ex-gerente de Marketing da empresa de engenharia alemã M+W Zander, foram escolhidos de formas diferentes. Christian e o paulista Márcio foram pré-selecionados, respectivamente, na China e no Brasil, por headhunters . A carioca Paula foi recrutada pela própria ZTE.

Após seis horas de gravação de ‘Absolute Challenge’, assistido por uma platéia de cerca de cem chineses, fica-se com a impressão de que os processos de seleção nas empresas podem ser realmente muito divertidos para quem assiste e um tremendo constrangimento para os candidatos. Pelo menos na TV.

A apresentação dos candidatos, por exemplo, jamais ocorreria num processo seletivo normal. Márcio, que já chamava a atenção dos chineses por seu perfil, digamos, diferente (de barba, anéis, cabelo preso num rabo-de-cavalo e brincos ) entrou cantando ‘Aquarela’, de Toquinho e Vinicius de Moraes. Paula entrou fazendo embaixadas com uma bola de futebol e acabou sambando com um desengonçado Márcio. E Christian, de casaco e leque, declamou versos num chinês razoável.

– Queremos uma pessoa que tenha afinidade com a cultura brasileira, capacidade de gerência e liderança, e alguma experiência do mercado brasileiro de telecomunicações – afirmou a vice-presidente de Marketing e Inovação da ZTE, Michelle Zhou, a segunda jurada do programa. Por este perfil, a disputa parecia já ter vencedor, mas quem já fez negócios com a China sabe que os chineses podem surpreender no fim da conversa.

Samba na rua, no meio da chuva

Surpresa mesmo foi a seleção. Na primeira fase foram exibidos vídeos dos candidatos feitos na semana que antecedeu a gravação do programa. Cada um tinha a missão de, com mil yuans (US$ 123), vender na rua mais movimentada de Pequim produtos tipicamente chineses. Paula ficou com o chá, Márcio, com os espetinhos de frutas caramelizados e Christian, com os bolinhos recheados. Apesar da desenvoltura de Christian com a língua chinesa, foram Márcio e Paula que fizeram a alegria da platéia com o jeitinho tipicamente brasileiro para vender.

– Eu achei que, se eu soltasse o cabelo e pusesse uma camisa amarela chamaria atenção – explicou Márcio.

De fato. A roupa e os desengonçados passos de samba chamaram a atenção dos espantados chineses. Paula também apelou para o samba e, de quimono, rebolou debaixo de forte chuva. Apesar do desempenho, Paula foi eliminada.

– Paula demonstrou criatividade. Mas ela ainda carece da experiência – explicou a especialista em Recursos Humanos da Universidade de Pequim, Wang Yafei, a terceira jurada.

Mas o pior – pelo menos para os candidatos – ainda estava por vir. Na fase seguinte, Márcio e Christian precisaram desvendar o significado dos movimentos feitos por um casal de atores da Ópera de Pequim. Os dois foram muito bem na tarefa e, em seguida, tiveram que imitar os atores. Por escolha do público, Márcio representou a frágil e apaixonada donzela chinesa, com direito a olhos revirados, e Christian, um jovem príncipe, bem desengonçado. A platéia foi ao delírio. Nem os jurados conseguiram esconder o riso.

Na terceira e última fase, os dois candidatos precisaram vender, em um minuto, o Brasil como destino turístico. Os dois apelaram para fotos e vídeos. Márcio de Lucca venceu a disputa e terá como missão construir a estratégia de marketing da empresa no Brasil. E uma surpresa: Paula não era concorrente. Ela já trabalha na ZTE do Brasil.

– Foi tudo muito divertido – disse Márcio. A platéia do programa e os milhões de espectadores chineses concordaram, sem dúvida alguma.’



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‘O aprendiz e sua versão’, copyright O Globo, 29/08/05

‘A febre de reality shows na China é pano de fundo para uma briga de titãs: o multimilionário americano Donald Trump e seu parceiro de negócios em Hong Kong, o igualmente rico Lo Hong-sui, presidente do conglomerado Shui On. Os dois já estavam envolvidos numa disputa legal sobre a venda de US$ 1,7 bilhão em imóveis quando Trump anunciou a versão chinesa de ‘O aprendiz’.

Seria apenas mais um investimento não tivesse Lo Hong-sui seu próprio reality show , chamado ‘Wise Man Takes All’ (algo como, o esperto leva tudo), descaradamente copiado de ‘O Aprendiz’. Trump quer tirar a audiência do concorrente:

– Já houve 11 cópias ilegais do programa mas nenhuma fez sucesso – disse Trump.’



Laura Mattos

‘Brasileiro é ‘astro’ na TV chinesa’, copyright Folha de S. Paulo, 28/08/05

‘Com esse visual da foto acima, o brasileiro Márcio Roberto de Lucca, 34, vendeu comida nas ruas de Pequim e foi o vencedor do ‘reality show’ da TV chinesa ‘Absolute Challenge’ (desafio total).

Espécie de ‘O Aprendiz’, o programa seleciona executivos a pedido de empresas. Lucca levou a vaga de gerente de marketing da ZTE (telecomunicações) e irá trabalhar na filial de São Paulo.

Ele foi um dos três finalistas selecionados por headhunters (caça-talentos dos negócios) para a gravação do ‘game’, em Pequim.

Numa tradicional rua da capital chinesa, Lucca vendeu ‘tanghulu’ (frutas carameladas em espetinho). Vestindo uma camiseta verde-amarela, sambava durante três segundos a cada venda realizada. Assim, chamou a atenção dos que passavam pelo local. Foi escolhido pela cúpula da empresa e pelo público do programa em razão do ‘estilo bem brasileiro’ e dos ‘comportamentos criativos’.

Casado, com um filho, Lucca é formado em comunicação social, com MBA em telecomunicações. Atua no mercado há 14 anos e, entre outras empresas, já trabalhou para a Vivo Celular, como gerente de relacionamento. O ‘game’ foi gravado no último dia 21 e irá ao ar em 9 de outubro pela CCTV-2, canal de um importante grupo de mídia da China, com alcance de 1 bilhão de telespectadores.

‘Absolute Challenge’ é exibido desde 2003 e a cada semana seleciona um profissional para uma empresa diferente.’



TV CULTURA
Bruno Yutaka Saito

‘‘DocTV II’ abre espaço para experiências’, copyright Folha de S. Paulo, 28/08/05

‘O telespectador acostumado com os tiros de Charles Bronson no melancólico fim de domingo corre o risco de cair do sofá. O choque causado por uma série como ‘DocTV II’, que começa hoje em todas as redes públicas do país (na TV aberta em SP, pela TV Cultura), é quase térmico.

Afinal, grande parte dos 35 filmes que serão exibidos nessa faixa não está preocupada com os padrões de velocidade e didatismo consagrados por tudo que tradicionalmente povoa (e às vezes polui) a TV. São documentários que buscam uma linguagem experimental, daquelas de cinema de poesia (longos planos, silêncios etc.). O que resulta em um caráter tão político quanto a essência de sua criação: um programa de fomento à produção e teledifusão do documentário brasileiro, desenvolvido pela Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, TV Cultura e a Abepec (Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais).

Até 7/5/2006, a série exibe, às 23h dos domingos, documentários de 55 minutos cada um, que representam os 26 Estados mais o DF. Os filmes, inéditos, foram selecionados entre 810 inscritos; cada escolhido recebeu R$ 100 mil.

Além do aumento no número de filmes e Estados contemplados em relação à primeira edição do projeto, exibida no ano passado, essa segunda etapa buscou novos caminhos. Para isso, foram organizados debates e oficinas com os contemplados, que contaram com a participação de nomes mais conhecidos, como Eduardo Coutinho, Joel Pizzini, Jorge Bodanzky, Maurice Capovilla e Geraldo Sarno. ‘A questão não é apenas possibilitar a criação de um filme e garantir a sua exibição na televisão’, diz o coordenador do núcleo de documentários da TV Cultura, Beto Tibiriçá. ‘Quisemos buscar um aprimoramento da linguagem e da estética dessas produções.’ Quem torce o nariz (ou troca de canal) toda a vez que ouve falar em filmes com temáticas regionais terá boas surpresas no ‘DocTV II’.

Caso exemplar da depuração proposta é ‘As Vilas Volantes – O Verbo contra o Vento’ (CE), de Alexandre Veras, 36. Filmado na vila Tatajuba, registra a reconstrução, por meio da oralidade, de regiões destruídas ou encobertas pela ação das dunas e marés. O diretor dá voz a habitantes/sobreviventes que descrevem uma cidade que não é mais possível ser vista, em uma relação cara à própria ilusão cinematográfica de reconstrução do real, entre longos planos silenciosos da região. ‘Acho uma chatice o clichê nordestino’, diz Veras, que se diz muito mais influenciado pelo cineasta iraniano Abbas Kiarostami e pelo russo Andrei Tarkóvski do que por qualquer coisa da televisão. ‘A preservação do tempo na TV é quase questão política. É praticamente uma preservação ecológica’, diz em tom de brincadeira.

Mesmo espírito incorpora ‘Passagem’ (RS), de Jaime Lerner (não o político), 45, que abre hoje a programação. Gravado na rodoviária de Porto Alegre, é uma observação sobre os personagens que por lá transitam. Lerner, no entanto, não conta ‘historinhas’: ‘Esses filmes são olhares diferentes, que já povoam os documentários do cinema brasileiro há algum tempo. O bom de levar essas propostas para a TV é que elas podem mexer a cabeça de quem raramente vai ao cinema’.’



TV PAGA
Daniel Castro

‘Canal estréia série sobre Guerra do Iraque’, copyright Folha de S. Paulo, 27/08/05

‘‘Over There’, primeira série de TV a retratar um conflito em andamento, a atual Guerra do Iraque, estréia no Brasil em novembro, no canal Telecine Premium.

A rede de canais de cinema das Organizações Globo comprou os 13 episódios de ‘Over There’, que estreou nos EUA no final de julho, no canal pago FX, da Fox, com boa audiência. A série será apresentada aos domingos, às 22h.

‘Over There’ é uma série dramática que mostra a Guerra do Iraque sob a ótica de oito soldados norte-americanos, que já aparecem em combate no primeiro episódio. Usa linguagem da cobertura jornalística do conflito. Há seqüências noturnas captadas com câmeras de infravermelho, imagens granuladas esverdeadas e tempestades de areia.

A crítica norte-americana considerou ‘Over There’ realista, mas apolítica, por não tomar partido de ninguém na guerra. A série foi criada por Steven Bochco (‘Nova York contra o Crime’).

Outra novidade na rede Telecine, já em outubro, será o alinhamento da exibição do principal filme do dia com a novela das oito da Globo. Os filmes, que hoje iniciam às 21h, passarão a começar às 22h. A mudança é baseada em pesquisas e na constatação que o pico de audiência da TV paga é entre 22h e 0h. ‘É inquestionável que a maioria dos assinantes vê novela da Globo. Achamos que às 22h teremos mais audiência’, diz João Mesquita, diretor-geral.

OUTRO CANAL

Bolo Raul Gil não compareceu à reunião marcada para quinta-feira com Alexandre Raposo, presidente da Record, em que definiria se renova ou não contrato, que vence em outubro. Na Record, já se especula que Raul Gil teria fechado com a Band, que nega.

Astro Fora das novelas desde ‘Celebridade’, Márcio Garcia cedeu à pressão da Record e topou fazer uma participação nos primeiros capítulos de ‘Prova de Amor’, próxima produção da emissora. Interpretará um chefe de quadrilha que assalta casas na Barra (Rio).

Efemérides O canal Globo News começa em outubro campanha institucional para comemorar seus dez anos no ar, em 2006. E o SBT, que no ano que vem completa 25 anos, também terá campanha.

Território 1 Comprada da família Marinho há dois anos, pelo empresário Omar Rezende Peres, a TV Panorama, de Juiz de Fora, afiliada da Globo, está à venda por cerca de US$ 10 milhões. O empresário Fernando Camargo, que em menos de três anos tornou-se sócio ou dono das Globo de Natal (RN), Campos, Cabo Frio e Nova Friburgo (RJ), é tido como comprador favorito.

Território 2 José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, confirma que recebeu proposta para comprar a Panorama, mas nega interesse. Diz que sua prioridade é montar uma nova cabeça-de-rede em São Paulo, segmentada.’



MIAMI VICE
Tom Leão

‘Os dois policiais mais ‘mauricinhos’ da televisão’, copyright O Globo, 29/08/05

‘No começo dos anos 80, quando a maioria das séries de TV americanas não tinha a mesma qualidade técnica e apelo visual que vemos nas séries atuais, uma produção se destacou justamente por trazer uma linguagem nova e com um apelo pop: ‘Miami Vice’. Criação de Anthony Yerkovich, teve produção de Michael Mann, especialista em thrillers policiais para cinema, como ‘Viver e morrer em Los Angeles’ (1985) e ‘Manhunter’ (86).

Agora, até para conferir se a série resistiu ao tempo, vale a pena dar uma olhada na caixa de DVDs com a primeira temporada de ‘Miami vice’, que está sendo lançada aqui pela Universal. São oito discos com os primeiros 22 episódios da série, produzidos entre 1984/1985, com opção de ouvir a dublagem original ou a dublagem em português da época. Há também diversos extras, que tratam da criação, do visual, da música e da cidade de Miami, entre outros.

Os fãs e os curiosos pela cultura pop dos anos 80, tão em voga atualmente, poderão (re)ver as aventuras da dupla de detetives mais mauricinha que se tinha visto até então: Sonny Crockett (Don Johnsson, que virou galã por conta da série) e Ricardo Tubbs (Phillip Michael Thomas) estavam sempre na última beca, trajando Versace e Hugo Boss. Ainda que Crockett fosse o mais desleixado dos dois. Mas, mesmo assim largado, ele guiava uma Ferrari.

Tubbs é um policial negro que sai de Nova York para Miami em busca do assassino de seu irmão (é sobre isso que trata o episódio piloto de longa metragem, ‘Brother’s keeper’). Encontra apoio para ajudá-lo na busca em Crockett. E acabam se envolvendo com um chefão do tráfico chamado Calderone, que foi um dos vilões recorrentes da série.

Crockett tem um jacaré de estimação chamado Elvis

Entre as aventuras, vemos o estilo de vida de Crockett – que mora num barco cujo ‘cão’ de guarda é um jacaré chamado Elvis – e passeamos com a dupla, a pé ou em perseguições de carro, pelas ensolaradas ruas estilo art déco de Miami Beach. Aliás, a série deve muito ao ‘Scarface’ revisitado de Brian De Palma, que veio um ano antes, pois continua a explorar o submundo latino e do tráfico de drogas naquela cidade, fazendo de Miami a co-protagonista.

Originalmente, a série ficou no ar entre 1984 e 1989 (com 114 episódios no total), sempre com enorme sucesso de público e crítica (ganhou dois Globos de Ouro), inclusive no Brasil, onde foi exibida primeiro pelo SBT (que a lançou com pompa e circunstância) e depois pela Rede Globo. Nos EUA, foi um dos maiores sucessos da NBC até hoje, fazendo com que as pessoas só saíssem de casa na sexta-feira à noite (dia em que era exibido) após o fim do episódio.

Com o tempo, ‘Miami vice’ não só se tornaria cult e um dos ícones televisivos dos anos 80, como também influenciaria outras séries que vieram depois. E, mais recentemente, foi uma das inspirações para o visual do videogame campeão de vendas ‘Grand theft auto: Vice City’, um dos mais jogados em PlayStation, que não por acaso se passa nos anos 80 numa Miami disfarçada.

O programa também absorveu um certo estilo MTV e tinha cenas que pareciam clipes (a trilha de Jan Hammer virou sinônimo de ação), inclusive com a música incidental tendo muita importância nos episódios. Músicas como ‘In the air tonight’, de Phil Collins, por exemplo, ganharam grande impulso por terem sido apresentadas no programa. Outros nomes daquela época new wave, como Cindy Lauper, Devo, Frankie Goes to Hollywood e The Police, também compareciam na trilha sonora.

Todos estes elementos reunidos fazem de ‘Miami Vice’ uma das série policiais de TV mais famosas e importantes não só dos anos 80, mas de sempre. Vale uma vista.’