Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Diego Assis

‘O céu é o limite para a animação coreana. Mais que a utopia dos cidadãos de Marr, o gueto superpoluído onde vivem os excluídos do longa ‘Wonderful Days’, que será exibido hoje e amanhã no Anima Mundi, a metáfora vale também para o estado da indústria de animação daquele país, que, em pouco mais de dez anos, saltou de reserva de mão de obra barata para um dos mais promissores setores da economia de Seul.

Homenageada com mostras especiais no festival brasileiro, a Coréia do Sul é um exemplo de como uma política conjunta entre produtores e o setor público pode impulsionar o desenvolvimento dessa indústria, seja com o estabelecimento de quotas na TV aberta (40% da programação anual deve trazer conteúdo nacional), seja com a criação de escolas e fundos específicos de investimento em mão-de-obra especializada.

O país produz de quatro a cinco longas por ano e cerca de 8.000 minutos de conteúdo para séries para a TV aberta. Em 2005, a expectativa é dobrar a meta.

‘A animação coreana surgiu a partir de trabalhos para estúdios dos EUA, Japão e Europa. Mas isso foi transferido para a China e a Indonésia, que oferecem preços ainda mais baixos. Então precisávamos encontrar uma forma de sobreviver’, explica Bang Joong Hyuk, 40, diretor-executivo do Centro de Animação de Seul, órgão ligado ao governo federal coreano. ‘Daqui a poucos anos estaremos fazendo animação tão qualificada quanto a da Disney ou a japonesa’, desafia.

Apesar da proximidade geográfica e de indícios dessa influência na produção mais comercial coreana, como é o caso de ‘Wonderful Days’ e sua evocação de elementos característicos de animês como ‘Ghost in the Shell’ e ‘Akira’, engana-se quem pensa que a animação coreana é simplesmente uma versão de segunda linha dos desenhos japoneses.

‘Respeito muito o trabalho deles, mas não quero seguir o mesmo caminho da animação japonesa’, afirma Park Won-chul, 28, diretor de ‘Drawing Freedom’, curta em stop motion em que um prisioneiro usa um livro velho para rabiscar imagens que transportam o personagem para bem longe de sua cela. Da Coréia ao Brasil.’



PEOPLE + ARTS
Elizabete Antunes

‘O aprendiz’ estréia no People+Arts’, copyright O Globo, 23/07/04

‘Quem está acostumado a associar o nome dele a bilhões de dólares e muitas empresas, do tipo arranha-céu em Nova York, terá uma surpresa. A partir de agosto (ainda sem data definida), o canal a cabo People+Arts exibirá com exclusividade o reality show ‘O aprendiz’, apresentado por ninguém menos que o megaempresário Donald Trump.

Na atração, que na final, em abril, foi assistida por 28 milhões de telespectadores nos Estados Unidos, 16 participantes disputam uma vaga em uma das empresas da Trump Organization, com um salário anual de US$ 250 mil. Os candidatos, homens e mulheres entre 21 e 35 anos, são divididos em dois times e precisam cumprir tarefas como organizar um estande para vender limonada. No fim de cada episódio, o time perdedor é chamado a uma sala onde o big boss decide quem será o jogador eliminado. No caso do ‘paredão’ de ‘O aprendiz’, Trump é categórico e anuncia: ‘Você está demitido’.

A figura do multimilionário, segundo Guilhermo Sierra, vice-presidente de programação e produção da Discovery Networks Latin America, foi fundamental para o êxito da atração, cuja segunda versão já está sendo gravada nos Estados Unidos.

– Pesquisas de opinião pública, realizadas durante a pré-produção do reality show , indicaram que algumas pessoas têm a imagem de Trump como alguém arrogante, mas ele tem uma personalidade magnética que acaba enfeitiçando o público – diz Sierra. – A presença dele definitivamente teve muito a ver com o sucesso do programa.

Quando o aprendiz a executivo é ‘demitido’, ele sai da Trump Tower, na Quinta Avenida, onde fica a sede do grupo e todos os participantes são confinados. Em entrevistas, Trump não costuma comentar as atuais dificuldades de suas empresas, mas a multidão que disputou uma das vagas para ‘O aprendiz 2’ (que vai ao ar no fim do ano, nos EUA) gritava ‘Fire me, Trump’ (‘Demita-me, Trump’).

– O programa teve um equilíbrio perfeito entre tensão, fato, drama e provocação, que acabou viciando os telespectadores – analisa Sierra.

E o vencedor?

– Está muito feliz com seu novo emprego – garante ele.’