Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Eduardo Ribeiro

‘Na edição do último final de semana, além da surpreendente edição do luxo da Vejinha-SP (com mais de cem páginas de anúncios e uma encadernação super luxuosa, para fazer jus ao mote da edição), a revista Veja reservou outra surpresa: ao retomar o Caso Kroll, põe em destaque relatórios da Polícia Federal que colocam sob suspeição matérias feitas pelo editor da revista Dinheiro, Leonardo Attuch, sobre o assunto, insinuando que estaria ele, com seu trabalho, favorecendo a quadrilha formada pelas empresas Kroll e Opportunity, a serviço de Daniel Dantas.


Leonardo, que já trabalhou como jornalista da Abril, e por um bom tempo editou economia para o Estado de Minas, está na Dinheiro há vários anos. Fora do jornalismo, muitos também conhecem suas habilidades e a paixão que tem por tênis, sendo um participante assíduo dos vários torneios realizados para a imprensa.


Ataque dessa monta, na revista de maior circulação do Brasil, é soco certeiro na reputação de qualquer profissional, sobretudo dentro do jornalismo, que vive de credibilidade e reputação de seus profissionais.


Léo, como os amigos o chamam, escreveu e está distribuindo uma carta em que diz que foi covardemente atacado pela revista Veja. A ela ele deu o título ‘Um ataque à liberdade’.


Pela importância e pertinência do tema, Jornalistas&Cia, com a devida autorização do autor, publica a íntegra da carta e abre, junto aos usuários do Comunique-se, um debate sobre os limites éticos da profissão, sem fazer qualquer juízo de valor em relação ao episódio em questão. Dê sua opinião.


Um ataque à liberdade


Polícia Federal do governo Lula abre precedente perigoso: quando um jornalista incomoda, pede-se sua quebra de sigilo.


Leonardo Attuch *


Dias atrás, fui surpreendido ao ser citado, com destaque, na revista Veja. Meu nome apareceu numa reportagem sobre o caso Kroll, aquele da suposta espionagem contratada pela Brasil Telecom contra a Telecom Italia e que teria respingado em membros do governo federal. Num dos trechos, com o subtítulo ‘reportagens sob suspeita’, Veja afirma que a Polícia Federal teria descoberto que a Kroll faria uso da imprensa para publicar reportagens de seu interesse e de um de seus clientes: a Brasil Telecom, sob o controle do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Mais ainda: reproduzindo trechos de um relatório da Polícia Federal, que é parte de um processo que corre em segredo de justiça, Veja empresta suas páginas para acusações ainda mais graves. Uma delas: ‘Há, desse modo, indícios de que Leonardo Attuch favoreceria a quadrilha no procedimento criminal supracitado’. A suposta quadrilha, a qual se refere a Polícia Federal, seria formada pelas empresas Opportunity e Kroll.


Cabe a mim, portanto, não apenas rebater as acusações, como também trazer à tona fatos novos para a devida compreensão do assunto – e que foram omitidos pela revista Veja. Os ataques oficiais contra minha honra, contra a revista DINHEIRO e contra a Editora Três, agora públicos, já haviam sido feitos pela Polícia Federal, no dia 27 de setembro de 2004, quando foi pedida a quebra do meu sigilo telefônico ao juiz Luiz Renato Pacheco Chaves de Oliveira, da 5ª Vara Criminal de São Paulo. Para tanto, a Polícia Federal listou reportagens que, segundo as autoridades policiais, ‘favoreceriam a quadrilha’. Além disso, pediu que a investigação se desse sob SEGREDO DE JUSTIÇA (grifo da própria PF). Eis o argumento dos policiais: ‘Que a cautela dos autos do procedimento que se inicia fique com esta autoridade policial, a fim de que se mantenha o necessário sigilo da operação, resguardando as provas produzidas e protegendo os policiais federais envolvidos nas operações de Inteligência.’ Após receber tal pedido, eis o que responde o juiz Luiz Renato Pacheco: ‘Está-se diante de possível mitigação de direitos fundamentais; e, assim sendo, para que fosse possível invadir esta seara, seria necessário existir sólidos indícios de práticas criminosas, o que não restou patente no caso em tela’.


Portanto, a decisão foi clara. O juiz entendeu que não existem indícios de crimes. Ainda assim, atropelando a Justiça, a Polícia Federal listou as mesmas acusações contra mim, contra a revista DINHEIRO e contra a Editora Três em seu relatório final sobre o caso Kroll – e o documento, pasmem, foi vazado para a revista Veja! Ou seja: existe sigilo na hora de investigar, mas não existe sigilo na hora de se achincalhar a honra de um profissional sério, de uma publicação líder no mercado de economia e negócios e ainda de uma editora de revistas verdadeiramente independente – à revelia da decisão judicial. Por que tanta violência? Por que tanto arbítrio?


É possível que as reportagens da revista DINHEIRO, citadas pela Polícia Federal em seu pedido de quebra de sigilo, tenham incomodado muita gente. Será esse o motivo da violência oficial? Eis uma das reportagens: uma simples entrevista ping-pong, pergunta e resposta, com Jules Kroll, o fundador da agência Kroll. Entrevistá-lo on the records, passou a ser, segundo os policiais, indício de crime. Outra reportagem: uma denúncia também on the records, formulada por dois executivos que foram ligados à Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil, apontando que a Brasil Telecom havia sido forçada pelo governo federal e pela Telecom Italia a superfaturar em US$ 250 milhões a compra de outra operadora telefônica – tal reportagem, diga-se, foi finalista de um dos mais importantes prêmios de jornalismo do País. Um terceiro artigo citado pela PF: a revista DINHEIRO revelou, com exclusividade, o diário secreto da Parmalat, em que Stefano Tanzi, filho do fundador da empresa, narra sua angústia com a crise financeira da multinacional do leite. Aqui, há um caso curioso. Os policiais citam, como indício de crime, uma conversa do português Tiago Verdial, suposto espião da Kroll e um sujeito que jamais vi, com sua mãe, dizendo ser ‘responsável’ pela reportagem. A Polícia Federal leva a sério as lorotas de um português, mas sequer me chama para ser ouvido numa investigação a meu respeito. Finalmente, outra reportagem citada pelos policiais: aquela em que a revista DINHEIRO apontou contradições da Polícia Federal na condução do caso Kroll. Meses depois da publicação do artigo, eis o que disse o deputado Paulo Delgado (PT-MG): ‘A Polícia Federal não está agindo na defesa do Estado; ela interroga, indicia e atormenta a vida do Opportunity, visivelmente favorecendo um dos lados’. Estaria Paulo Delgado, um petista histórico, também a serviço de uma quadrilha?


Talvez a Polícia Federal não saiba, talvez alguns membros do governo Lula não saibam e talvez a própria revista Veja não saiba que os jornalistas podem, sim, errar. Muitas vezes, pagam caro por isso. Mas eles estão sujeitos, segundo a Constituição Brasileira, à Lei de Imprensa. O caminho correto para questionar uma reportagem é a via dos tribunais, apresentando argumentos e não aleivosias. No meu caso específico e da revista DINHEIRO, nenhuma das reportagens citadas pela Polícia Federal em seu pedido de quebra de sigilo jamais foi contestada por qualquer parte citada. Portanto, eu, que já estava convicto de que eram verdadeiras, hoje acredito que são irrefutáveis. Mas ainda há tempo. Caso alguém ainda discorde do que escrevi, seja na Polícia Federal, em alguma empresa ou no governo Lula, que me processe. É essa a regra do jogo. Por fim, esclareço ainda que nenhuma publicação informou tão bem seus leitores sobre o caso Brasil Telecom quanto a revista DINHEIRO. Enquanto a imensa maioria da imprensa apontava um desfecho, DINHEIRO antecipava que as ações do grupo Opportunity na operadora poderiam ser vendidas à Telecom Itália, fato que se confirmou. DINHEIRO serve aos interesses de seus leitores, que querem ser bem informados e, por isso, já lhe consideram a publicação de maior credibilidade no mercado de economia e negócios. E a revista Veja? A que tipos de interesses empresta suas páginas? Leonardo Attuch é editor de economia da revista Istoé DINHEIRO’




Comunique-se


‘Attuch desafia os colegas de Veja para o debate’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 20/05/2005


‘O jornalista Leonardo Attuch se diz inconformado, injuriado e injustiçado com o que considera ‘covarde’ o tratamento dado a ele pela Veja, que mencionou o nome do editor da revista Dinheiro na última edição. Para poder se defender e dar oportunidade à comunidade jornalística de conhecer detalhes do que ‘está por trás da matéria’ de Veja, ele pediu ao Comunique-se para aproveitar a área de comentários e dar início a um debate sobre o tema. E pede que os próprios colegas de Veja participem dessa discussão, de forma aberta e transparente. A reportagem em questão o cita, com base em documentos da Polícia Federal, como suposto membro de uma quadrilha, a serviço da Kroll e do Banco Opportunity, de Daniel Dantas.


Nesta quarta-feira, na coluna Jornalistas&Cia, de Eduardo Ribeiro, o Comunique-se abriu espaço para o caso, publicando a íntegra da carta de Attuch, enviada para amigos e outras pessoas – leia ‘A imprensa na berlinda’. Pela importância do assunto, considerou relevante dar continuidade ao tema para que a comunidade e os colegas de Veja possam se manifestar.


Attuch justificou seu desafio: ‘Eu queria convocar as pessoas da Veja para o debate num espaço democrático da categoria, como o Comunique-se. Não é fácil o que eu estou vivendo. Aliás, não apenas chamo para o debate como ofereço a quem queira a quebra do meus sigilos bancário, telefônico e fiscal – ofereço tais dados até à própria Veja. Ofereço ainda a análise do meu patrimônio: uma casa avaliada em R$ 250 mil pela Caixa, um Scénic 1999 e um Clio branco, financiado em 36 meses. Que eu comprei branco porque era 400 reais mais barato. Repito o que eu disse: são covardes. Só que o Civita, dez anos atrás, escrevia de próprio punho que eu era um baita jornalista: sério, sereno, responsável, lúcido — a ponto de ele utilizar trechos de um paper meu num discurso que fez em Londres’.


Sobre eventual ferida aberta, com a denúncia e contínua exposição do caso, disse Attuch: ‘No meu caso, não há ferida. Quero o debate porque a ferida está com os covardes. O que eu sugiro, única e simplesmente, é perguntar ao Márcio Aith, ao Mário Sabino, ao Marcelo Carneiro e à Thays Oyama que mal há em entrevistar figuras como Daniel Dantas, Jules Kroll e Naji Nahas? Que mal há em produzir matérias que, não apenas são furos, como também foram finalistas de prêmios jornalísticos? E, se eles suspeitam de algo, que analisem meu patrimônio. Não tem ferida. Não vejo mal em ter meu nome exposto. Só quero que ele seja exposto de uma forma honesta – e não de forma covarde como aconteceu depois do Lauro Jardim ter publicado aquelas notas sobre a Operação Gutenberg. Ou alguém se esqueceu daquelas notas? Que também foi exposto de forma covarde pela matéria da Veja, que sabia que o juiz havia negado a quebra de sigilo. É curioso. A PF colocou 21 nomes no relatório final – 20 indiciados e eu. Se eu não estou lá como indiciado, estou lá apenas para ser vazado para Veja. E ninguém acha nada demais. Bom, pelo menos alguém na Argentina se interessou. Lá publicaram um artigo sobre o caso. Repito: não quero solidariedade corporativa. Mas num país em que nem os jornalistas se importam com a liberdade, não vale a pena ser jornalista’.


Ainda sobre a Operação Gutenberg e as notas de Lauro Jardim: ‘Para que todos entendam melhor o contexto, vou dar mais informações. Em setembro do ano passado, o Lauro Jardim anuncia a operação Gutenberg, isto é (palavras dele), aquela que iria pegar ‘peixes graúdos e bagrinhos’ envolvidos em vendas de reportagens. Dez dias depois, a PF pede minha quebra de sigilo. Depois da primeira nota, começa a boataria na imprensa. É todo mundo acusando todo mundo. Lauro Jardim dá outra nota. Diz que a Gutenberg refere-se ao caso Kroll. No entanto, dias depois, o juiz nega o pedido de quebra de sigilo. E Lauro dá uma terceira nota, chamada ‘Murchou’, dizendo que a Gutenberg subiu no telhado. Perfeita sincronia com a PF. Depois vem o Aith e diz que a PF atribui a mim um e-mail para depois dizer, no mesmo artigo, que nem a PF sabe se o e-mail é meu ou não. Será que ninguém na Veja quer me atacar? Um detalhe: já houve outra operação Gutenberg no Brasil, foi aquela que matou o Vladimir Herzog. Hoje sou eu, amanhã serão eles’.


Attuch finaliza: ‘Só mais um detalhe. Mexendo nos alfarrábios, encontrei um bilhete de próprio punho, do Civita para mim, elogiando a seriedade profissional. Foi bom vocês terem lembrado que eu já trabalhei na própria Abril, onde ganhei até Prêmio Abril de Jornalismo’.


Antes de abrir espaço para esse debate, nossa redação procurou Eurípedes Alcântara, diretor de redação de Veja. Ele informou através de sua secretária que não iria se pronunciar. Democraticamente, o Comunique-se abre o debate e convida os colegas da Abril, citados por Attuch, e também todos os leitores, a usarem esse espaço para as considerações e informações que julgarem necessárias.’




O GLOBO, 80 ANOS
O Globo


‘O GLOBO comemora oito décadas’, copyright O Globo, 22/05/2005


‘Em 29 de julho de 1925, uma quarta-feira, do prédio do Lyceu de Artes e Offícios, na Rua Bethencourt da Silva, no Centro do Rio, quatro carros saíram para distribuir os 33.435 exemplares do mais novo jornal da então capital da República. A partir daquele momento, o destino do GLOBO estava nas mãos dos cariocas. Na primeira página – que trazia a manchete ‘Voltam-se as vistas para a nossa borracha’ – vinha a prece: ‘São Gutemberg proteja O GLOBO’.


Começava assim o primeiro capítulo de uma história que em julho completará 80 anos. A data não passará em branco: até o fim do ano uma série de iniciativas celebrará a trajetória do jornal – hoje um dos mais influentes do país – desde sua fundação.


E a festa de aniversário começa cedo. Na próxima quarta-feira, e durante as 25 semanas seguintes, uma coluna levará o leitor a um passeio pelos arquivos do jornal. O GLOBO relembrará alguns dos momentos mais representativos dos seus 80 anos de vida. Nas colunas, sempre às quartas-feiras, na editoria O País, serão publicados, por exemplo, textos, fotos e curiosidades sobre a trajetória do jornal que fizeram história na imprensa brasileira.


Na estréia da coluna, a chance de matar as saudades das crônicas de Nelson Rodrigues, com a reprodução de um texto de 1968, em que o mais importante dramaturgo brasileiro critica a moda do biquíni. Nelson foi colunista do jornal de 1931 a 1945 e de 1967 até sua morte, em 1980.


Série especial de revistas começa no sábado


Além disso, no próximo sábado, circulará encartada no jornal a primeira de uma série de seis revistas. Os suplementos especiais contarão oito décadas de história do Brasil e do mundo, através das páginas do GLOBO.


O primeiro número trará um panorama da cobertura dos principais fatos internacionais, com reproduções de edições históricas e depoimentos de profissionais que acompanharam de perto alguns dos principais fatos mundiais.


Com periodicidade mensal, no último sábado de cada mês, os números seguintes relembrarão como O GLOBO registrou a evolução do Rio, do país, da economia, do esporte, da cultura e do comportamento.


CCBB mostrará fotos e primeiras páginas famosas


Os 80 anos também serão comemorados, a partir de 26 de julho, no Centro Cultural Banco do Brasil, com uma exposição de fotos selecionadas no acervo de cinco milhões de imagens e de primeiras páginas do jornal, muitas delas históricas. A curadoria do evento é do colunista Luiz Garcia. Depois do Rio, a mostra segue para São Paulo e Brasília.


Uma segunda exposição, no segundo semestre, reunirá anúncios publicados no jornal desde a sua fundação. A seleção – que inclui temas como moda, transportes, saúde, utilidades domésticas e imóveis – retrata as mudanças de comportamento da sociedade brasileira, ao longo das últimas décadas. O curador da exposição é o publicitário Lula Vieira.


A partir de julho, os leitores também vão ter a chance de debater com profissionais do GLOBO e convidados temas referentes ao trabalho da imprensa. Na abertura da série especial, que faz parte do projeto Encontros O GLOBO, o tema será as relações do jornalismo com o poder.


Encerrando a festa, no fim do ano, será lançado um livro com a seleção das mais importantes primeiras páginas do GLOBO.’


***


‘Um jornal sempre em busca do novo’, copyright O Globo, 22/05/2005


‘Na primeira metade do século passado, houve épocas em que o Rio chegou a ter simultaneamente 30 diários. Foi num tempo assim, de forte concorrência, que O GLOBO nasceu. Se o jornal fundado por Irineu Marinho em 29 de julho de 1925 chega aos 80 anos, os cariocas assistiram ao desaparecimento de vários títulos da imprensa nacional, nascidos pouco depois de O GLOBO. Roberto Marinho, filho do fundador e que fez do GLOBO a semente do maior grupo de comunicação da América Latina, tinha uma explicação para a prosperidade de seu negócio:


– Nenhuma empresa prospera sem planejar. Para a empresa jornalística, trabalhar pensando nos dias que virão é também teste de competência em sua área de ação específica. De fato, nós que temos os fatos do presente como matéria-prima, faríamos triste papel se nos revelássemos ineptos na preparação do futuro – disse ele em 1992.


O GLOBO chega aos 80 anos após ter se modernizado, criado uma versão eletrônica na internet e construído o mais moderno parque gráfico da América Latina. O jornal conquistou numerosos prêmios de excelência. Um bom exemplo é o Prêmio Esso, o principal da imprensa brasileira. Nos 49 anos de existência da premiação, O GLOBO foi vitorioso 44 vezes em diversas categorias, com reportagens como ‘Os homens de bens na Alerj’ (2004), ‘Traficantes nos quartéis’ (2003) e ‘Sentenças suspeitas’ (2002), para citar exemplos recentes.


O GLOBO introduziu várias novidades na imprensa


Na biografia do jornalista Roberto Marinho, assinada por Pedro Bial, é destacada ‘a total sintonia do fundador do GLOBO, Irineu Marinho, com o gosto do carioca médio’, qualidade que seria herdada por seu filho.


Vinte e três dias depois da fundação do jornal, Irineu Marinho morria. E a responsabilidade de tocar o novo jornal foi passada ao seu primogênito, Roberto, então com 20 anos.


‘Um jornal começa a morrer dez anos antes’, costumava dizer Roberto Marinho para explicar a sua busca obsessiva pelo novo. Dentro dessa perspectiva, O GLOBO estreou no Brasil, por exemplo, o uso das cores diariamente na primeira página e a telefoto, tanto em preto-e-branco (1936) como em cores (1979).


Ao longo desses 80 anos, o jornal tem sido a casa de nomes que marcaram a imprensa e as artes. No passado brilharam os irmãos Nelson Rodrigues e Mário Filho, José Lins do Rego, Thiago de Mello, Antônio Maria, etc. Hoje, o time de profissionais traz Luis Fernando Verissimo, Zuenir Ventura, Arnaldo Jabor, Artur Xexéo, Joaquim Ferreira dos Santos, João Ubaldo Ribeiro, Chico Caruso, Roberto DaMatta, Míriam Leitão e Merval Pereira entre outros.


O jornal cresceu muito e depressa em suas primeiras décadas, investindo em campanhas que reforçaram sua marca no Rio. No início dos anos 50, a antiga redação da Rua Bethencourt da Silva se tornou pequena. Por isso, em outubro de 1954, o jornal se mudou para o atual endereço, na Cidade Nova.


A partir dos anos 60, jornal ganhou novos suplementos


A década de 60 trouxe mudanças no conteúdo, com novos suplementos. Em 1969, os classificados deixaram de se misturar com o noticiário do GLOBO e ganharam um caderno só seu. Pouco depois, em 72, finalmente o jornal passou a circular também aos domingos. Também neste ano nasceu o Jornal da Família. Em 82, O GLOBO diversificou ainda mais seus produtos, lançando 12 Jornais de Bairro. Nos anos 90 foi a vez da criação do caderno Informática Etc e do GLOBO On, o ingresso do jornal na internet.


Na apresentação da ampla reforma gráfica pela qual passou O GLOBO em 95, quando o jornal completou 70 anos, Roberto Marinho sublinharia a importância desse investimento: ‘Hoje você está lendo as primeiras páginas dos 70 anos que virão’, disse o jornalista num texto para explicar aos leitores a reformulação.


Nesta primeira década do século XXI, a primeira sem a presença do jornalista Roberto Marinho – morto no dia 6 de agosto de 2003 – O GLOBO continua a passar por transformações, unindo tecnologia e qualidade de informação. No ano passado, o jornal lançou sua revista dominical, um antigo sonho. O ano do 80 aniversário começou com uma prova de que O GLOBO está no caminho certo: o Estudo Anual Barômetro de Confiança da Edelman, apresentado no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, mostrou que o jornal é o que tem maior credibilidade entre todos os meios de comunicação brasileiros.’


***


‘Momentos marcantes’, copyright O Globo, 22/05/2005


‘1925: Em 29 de julho, circula o primeiro número do GLOBO. Vinte e três dias depois, morre o fundador, Irineu Marinho.


1925-27: O GLOBO realiza sua primeira grande cobertura, sobre a Coluna Prestes.


1931: Roberto Marinho assume a direção do jornal.


1938: Criados O Globinho, ‘O GLOBO Sportivo’ e o Bonequinho (que cota os filmes).


1944-45: O jornal envia um correspondente de guerra para a Itália e publica ‘O GLOBO Expedicionário’.


1954: Mudança para a sede atual.


1972: O GLOBO passa a circular aos domingos e lança o Jornal da Família.


1982: Estréia dos Jornais de Bairro.


1985: A primeira página passa a ter cores.


1996: Entra no ar o GLOBO On.


1999: Inauguração do novo parque gráfico.


2003: Morte de Roberto Marinho.


2004: Lançada a Revista O GLOBO.’


***


‘GLOBO Online terá site especial’, copyright O Globo, 22/05/2005


‘No começo dos anos 50, O GLOBO publicou uma série de denúncias sobre a corrupção que marcou o último mandato de Getúlio Vargas. No dia do suicídio do presidente, em 1954, o jornal pagou o preço da ousadia: a comoção pela morte do líder fez uma multidão de getulistas cercar e tentar invadir a redação. Acuados, Roberto Marinho e seu irmão Rogério preparam-se para o pior: de armas na mão, aguardaram os manifestantes. Iam defender O GLOBO até o fim.


A invasão acabou não acontecendo, mas os minutos de tensão são lembrados até hoje por Rogério Marinho, atualmente vice-presidente da Infoglobo Comunicações. A descrição emocionada desse episódio, contada por ele próprio, faz parte de uma série de depoimentos em vídeo sobre a história do jornal que o GLOBO Online (www.oglobo.com.br) exibe a partir de sábado que vem, como parte das comemorações pelos 80 anos do GLOBO.


Os depoimentos integram um site especial, carregado de recursos de multimídia e de interatividade. Nele, os internautas poderão acompanhar, por meio de uma linha do tempo interativa, rica em vídeos e imagens de época, as principais coberturas, fatos curiosos e perfis de grandes profissionais que passaram pelo GLOBO.


O ambiente on-line dos 80 anos do GLOBO também chamará o público para atuar na festa. No blog ‘O GLOBO e eu’, leitores poderão contar histórias que viveram com o jornal ao longo de seus 80 anos.’