Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Elis Monteiro


‘A partir da próxima segunda-feira, os internautas brasileiros poderão usar acentos e cedilha ao digitar o endereço dos sites nacionais (ou seja, aqueles com terminação ‘.br’). Quem digitar, por exemplo, <www.docecomaçúcar. com.br>, será naturalmente redirecionado para o endereço <www.docecomacucar.com.br>. Trata-se de uma determinação do Registro.br, em que são feitos todos os registros brasileiros de nomes de domínio – ‘.com.br’ ou ‘.gov.br’, por exemplo – obedecendo a normas internacionais.


O Registro.br <www.registro.br> é uma entidade controlada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Comitê Gestor da Internet Brasileira, formado por representantes da indústria e da sociedade civil.


Segundo o Registro.br, a resolução se baseia no fato de que muitos internautas inexperientes não conseguem acessar determinados sites por digitarem os acentos, porque eles até agora não existiam nos endereços web (www) no Brasil. Cada país cujo idioma use acentos é livre para criar suas próprias regras de endereçamento para a web. Usuários dos programas de navegação na internet (ou browsers) Firefox e Mozilla não terão problemas com as novas mudanças. Mas quem usa o Internet Explorer, browser da Microsoft que domina o mercado, terá que baixar da internet, por meio do site www.idnnow.com, os plug-ins (extensões) necessários.’



Folha de S. Paulo


‘Aola Brasil demite 80 funcionários ‘, copyright Folha de S. Paulo, 6/05/05


‘A Aola (America Online Latin America, Inc.) demitiu 80 de seus 580 funcionários no Brasil. Em dificuldades financeiras, a empresa, que foi colocada à venda por seus principais acionistas, tenta se ajustar, cortando custos para diminuir os prejuízos.


A empresa fechou o ano passado com prejuízo de cerca de US$ 92,7 milhões, mostra relatório anual divulgado no final de março. Já no relatório, a empresa admite que dificilmente conseguirá alcançar o equilíbrio entre despesas e receitas.


Os principais sócios da empresa são a norte-americana Time Warner, o provedor de internet AOL -America Online, que cedeu a marca à empresa para atuar na América Latina- e o grupo Cisneros. O Banco Itaú também é sócio da empresa.


Em junho de 2000, o Itaú anunciou parceria com a Aola, que teria a duração inicial de dez anos. Na prática, o Itaú presta serviços para a Aola, ao oferecer os produtos da empresa -acesso à internet- aos seus clientes.


Em troca, o banco recebeu ações que correspondiam a 12% do capital da empresa e que, em 2000, valiam aproximadamente US$ 253 milhões.’



AMÉRICA


Fabiano Maisonnave


‘Globo nega que ‘América’ estimule migração ‘, copyright Folha de S. Paulo, 6/05/05


‘O diretor da Central Globo de Comunicação, Luis Erlanger, disse ontem que é ‘risível’ atribuir à novela ‘América’, iniciada em março, o recente aumento de brasileiros que tentam chegar ilegalmente aos EUA.


‘Isso é culpar a janela pela paisagem’, disse Erlanger, em entrevista por telefone.


Números divulgados ontem pela Folha revelam um aumento sem precedentes de brasileiros tentando atravessar a fronteira México-EUA. Somente em abril, 4.802 foram detidos em território americano, uma média de 160 casos diários. É mais de dez vezes na comparação com o mesmo período do ano passado, quando houve 443 casos (15 por dia).


Erlanger afirma que nem sequer haveria tempo para alguém organizar a viagem após o início da novela e que a abordagem foi elogiada até pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil.


Questionado se, por outro lado, a novela não conseguiu inibir o fluxo migratório, o diretor da Globo disse que ‘a função de uma novela não é estimular nem desestimular a realidade’.


Erlanger comparou o tema da imigração à forma como foi retratado o universo das drogas durante a novela ‘O Clone’, também de autoria de Gloria Perez.


‘No começo, fomos acusados de estimular o uso das drogas. Mas temos de mostrar os dois lados, por que as pessoas são atraídas para isso’, afirmou.


O diretor da Globo disse que, diferentemente do tema da cegueira, a imigração não é tratada como uma campanha social na trama, mas que, ‘por princípio’, Gloria Perez não quer estimular a ida ilegal de brasileiros para os EUA.


Moralismo


Segundo ele, já foi amplamente divulgado que a tentativa da personagem principal, Sol, não será bem-sucedida. ‘Como a sociedade brasileira, as novelas da Globo são moralistas.’


A influência de ‘América’ tem dividido quem acompanha o tema da imigração. Segundo a socióloga Teresa Sales, do Nepo (Núcleo de Estudos de População da Unicamp), em entrevista publicada ontem pela Folha, a novela é a responsável direta pelo aumento.


‘Mesmo que a realidade mostrada na novela muitas vezes seja desestimulante, as pessoas ‘filtram’ a informação que recebem e ficam apenas com o ‘glamour’, da possibilidade de ganhar muito dinheiro e mudar de vida’.


O historiador da USP e consultor da novela global, José Carlos Meihy, diz que não é plausível a ligação entre a novela e o aumento de brasileiros que se arriscam na fronteira México-EUA.


‘A decisão de uma viagem como esta é tomada ao longo de muito tempo e demanda preparação -principalmente econômica. Como a novela ainda não passou dos 40 capítulos, é arriscado pensá-la como detonadora de qualquer movimento nessa direção’, afirmou Meihy.


Erros


Para o autor do livro ‘Brasil Fora de Si’, sobre brasileiros em Nova York, a novela ‘acerta no atacado e erra no varejo’ ao retratar a vida dos imigrantes. ‘Acerta ao colocar o drama de tanta gente ao público, passando a ser um referencial coletivo para pensar o problema’, disse Meihy.


‘Os erros -e são muitos- decorrem de informações inverídicas. As questões de indumentária, de trato intercultural entre ‘hispanos’ e brasileiros e a não-consideração da ‘mentira’ como parte do discurso dos migrantes são totalmente fora de propósito, mas isso é menor diante dos acertos e, sobretudo, da colocação pública do problema.’


Para dois diplomatas brasileiros que lidam com imigrantes diariamente, o fato de a nova leva continuar vindo de regiões tradicionalmente ‘exportadoras’, sobretudo Minas Gerais, sugere que o fator mais importante seja a rede de parentes e/ou amigos radicados nos EUA. No máximo, na opinião deles, a trama da Globo servirá apenas como um incentivo a mais.’



Keila Jimenez


‘Para Glória Perez, reforma em ‘América’ fez audiência subir ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 6/05/05


‘Com a saída do diretor Jayme Monjardim, não param de aparecer notícias sobre a crise que a Globo teve de enfrentar em América. Em entrevista ao Estado por e-mail, a autora da novela, Glória Perez, garante que as mudanças promovidas já estão refletindo positivamente na audiência e desmente atrasos nas gravações e a saída de personagens do folhetim.


É verdade que você quer reduzir o número de personagens da trama?


Não há nenhuma mudança na trama de América e nem haverá redução no número de personagens. Nas minhas novelas sempre trabalhei com vários núcleos. Era assim também em O Clone. Gosto de abordar vários temas e o número de personagens é definido em função da história.


A trama já teve grupo de discussão?


Como é de praxe na Globo, o primeiro grupo de discussão acontece por volta do capítulo 30. Já tivemos o primeiro e foi ótimo. A receptividade foi excelente e isso me deixou muito feliz. O segundo grupo será realizado por volta do capítulo 100.


As mudanças na novela já refletiram na audiência?


Com certeza. Em uma semana os resultados já foram visíveis. Temos tido picos de audiência entre 50 e 54 pontos, mesmo aos sábados, que tradicionalmente não é o melhor dia. Na verdade, nunca houve uma queda real de ibope. Houve, sim, uma tendência que conseguimos reverter com sucesso. Estamos mantendo um empate técnico com Senhora do Destino e isso é ótimo.


Atores andaram reclamando que alguns capítulos estão chegando em cima da hora da gravação? Por que está havendo atraso nos capítulos?


Não existe atraso na chegada de capítulos. O que às vezes acontece é um adiantamento de cenas a serem gravadas. Como temos muitas externas e as cenas de rodeio são mais complexas, para aproveitar o cenário, gravam-se cenas de capítulos que acabaram de chegar. Na verdade, isso acaba até facilitando a produção e o elenco, que não precisam ir tantas vezes ao mesmo local. É só isso. Aliás, sempre tive em todos os meus trabalhos esse cuidado em não atrasar a entrega de capítulos.


A novela tem capítulos de frente?


Estamos com 18 capítulos de frente (adiantamento em relação ao que está no ar) e isso muito é bom.


Como você vem recebendo esses protestos dos que são contra os rodeios e agora de organizações evangélicas indignadas com a personagem de Juliana Paes na trama?


Primeiro é importante dizer que a personagem da Juliana Paes nunca foi uma evangélica. Ela é uma falsa beata e acho que a comunidade evangélica já entendeu isso muito bem, porque, sinceramente, não recebi, seja por e-mail ou carta, nenhum tipo de protesto indignado a esse respeito. Quanto aos rodeios, acho que toda forma de censura deve ser combatida. Continuo acreditando que censura nem se discute.’



ALMA GÊMEA


Daniel Castro


‘Novela das seis da Globo terá reencarnação’, copyright Folha de S. Paulo, 6/05/05


‘O sobrenatural está em alta na Globo. Depois do mocinho Tião (Murilo Benício), que escuta o pai morto em ‘América’, a próxima novela das seis, ‘Alma Gêmea’, terá uma heroína, interpretada por Priscila Fantin, que será uma reencarnação de uma mulher.


A trama de Walcyr Carrasco, que estréia dia 20 de junho, começa nos anos 20, quando a mulher de Rafael (Du Moscovis), a bailarina Luna, leva um tiro em um assalto. Ela se vê em um túnel (de efeitos especiais), tenta fugir dele, mas morre. Naquele instante, numa aldeia indígena distante, nasce a mestiça Serena (Fantin), que incorpora o espírito de Luna.


A menina Serena terá memórias de rosas, que Rafael produz, e de prédios, que Luna viu. ‘Vinte anos depois, a aldeia é tomada por garimpeiros e Serena parte em busca de algo que não sabe o que é. Sente-se movida para uma direção. Acaba chegando na cidade das rosas e vai trabalhar na casa de Rafael’, diz Carrasco.


Na casa, Serena terá flashbacks como se fosse Luna: olha no espelho e a vê, reconhece ambientes. Rafael irá se apaixonar por ela.


‘A tendência é dizer que, por discutir a reencarnação, a novela seria espírita. Mas me baseei também em casos de reencarnação de crianças na Índia e numa lenda grega, segundo a qual homem e mulher eram um corpo só, foram separados pelo criador e agora buscam um ao outro, a alma gêmea’, diz o rosa-cruz Carrasco.


OUTRO CANAL


Altura Impulsionada por ‘A Escrava Isaura’, a Record teve um crescimento de 67% em sua audiência no horário nobre (18h/0h) em abril deste ano em relação ao mesmo mês de 2004. A média saltou de 5,2 para 8,6 pontos. SBT (34,5%) e Rede TV! (19,6%) também cresceram. Já a Globo, com a crise na novela das oito, caiu 19,2% (de 39,9 para 32,2 pontos).


Máscara 1 SBT e Record estão em pé de guerra por causa das imitações dos programas de Silvio Santos feitas por Tom Cavalcante. Mas a paródia do ‘Qual É a Música?’, da Record, e o ‘Qual É a Música?’, do SBT, têm algo em comum. O dublador das duas versões é o mesmo: o ator e jornalista Felipe Campos.


Máscara 2 Campos já tinha gravado dez edições do ‘Qual É a Música?’ de Tom Cavalcante quando foi chamado pelo SBT para voltar a fazer o programa de Silvio Santos. ‘Vou continuar fazendo os dois programas porque não tenho contrato, por enquanto, com nenhuma das duas emissoras’, afirma.


Real Glória Perez não tirou do nada a seqüência da novela ‘América’ em que Sol (Deborah Secco) foge da polícia dentro de uma caixa de papelão de uma empresa de encomendas expressas. Ela se inspirou em uma notícia, de agosto de 2004, sobre uma cubana que entrou nos Estados Unidos dessa forma, empacotada.’



TV / CRÍTICA


Rafael Cariello


No Rio, Solanas critica mídia e Hollywood ‘, copyright Folha de S. Paulo, 6/05/05


‘Para o cineasta argentino Fernando Solanas, 69, a TV é simultaneamente responsável pelo espaço que os cinemas nacionais perdem em relação a Hollywood e pela crise econômica por que passou o seu país no início desta década. ‘Estamos diante da falácia da democracia midiática.’


A idéia foi exposta durante sua conferência sobre cinema e política, acompanhada por cerca de 50 pessoas, que inaugurou anteontem o seminário ‘Estética da Periferia’, na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). O evento tem por objetivo discutir a produção cultural das regiões pobres das grandes cidades brasileiras.


Vencedor do Urso de Ouro do Festival de Berlim do ano passado pelo conjunto da obra, Solanas afirmou que a política econômica ‘neoliberal’ implementada na Argentina na década de 90 só pôde vingar por causa da ‘lavagem cerebral’ feita pelos meios de comunicação de massa em favor do receituário do FMI (Fundo Monetário Internacional).


Ele disse que ‘respeitáveis jornalistas, comunicadores, bonitas mulheres, todos com grande capacidade de sedução’ foram os atores de uma ‘campanha publicitária lançada como bombardeio em cadeia por meio do rádio e da TV’: ‘Nos anos 90, nos meios de comunicação, era impossível questionar o modelo’.


Ele tratou a TV como ‘o mais extraordinário instrumento de formação -ou deformação- dos modelos civilizatórios’. ‘Temos sociedades altamente midiáticas. As grandes maiorias não lêem os jornais’, declarou.


No caso da crise argentina, disse que os meios de comunicação criaram uma ‘cultura da resignação e da derrota’, que provocou, por mais de uma década, ‘um sentimento profundo de que a realidade não podia ser mudada’.


Sobre o cinema, a relação é a seguinte: para Solanas, a TV é ‘o maior circuito de filmes’ que há e forma, assim, ‘o gosto do espectador de cinema’. O problema, para ele, é que, como no caso econômico, só um modelo é apresentado nesse circuito. O hollywoodiano.


‘O espectador [de cinema] é o mesmo que todo dia vê TV -e ele já está acostumado a certo tipo de corte. Os canais estão saturados de filmes americanos.’


Para ele, o modelo é redutor. ‘O cinema de Hollywood responde a uma estrutura de causa e efeito. Não há ‘cinzas’. É sempre a luta do bem contra o mal, do assassino contra o justiceiro.’’