Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Emissoras de TV paga abrem
‘guerra’ contra telefônicas


Leia abaixo os textos de quarta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Globo


Quarta-feira, 2 de agosto de 2006


TVs vs. TELEFÔNICAS
Ronaldo D’Ercole


TVs pagas vão à Justiça contra Telemar


‘SÃO PAULO. As operadoras de TV por assinatura vão recorrer à Justiça para tentar barrar a entrada do grupo Telemar nos negócios do setor. A afirmação foi feita ontem pelo diretor-executivo da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA), Alexandre Annenberg. Segundo ele, a entidade estuda ‘caminhos legais’ para anular a venda da Way TV, operadora de TV paga e serviços de banda larga em Belo Horizonte, para a TNL PCS Participações, do grupo de telefonia fixa. A TNL adquiriu a Way TV por R$ 132 milhões em leilão na semana passada.


– O contrato é bem claro – afirmou Annenberg, referindo-se às regras de concessão das operadoras de telefonia fixa, que vetam que essas empresas atuem como provedoras de TV paga em mercados onde já exista uma outra companhia prestadora desse serviço.


O grupo de telecomunicações argumenta que a TNL PCS é uma holding , criada em 2000, que não é controlada nem coligada da Telemar ou da Oi, sua operadora de telefonia celular. O interesse crescente das operadoras de telefonia de entrar no mercado nacional de TV paga dominou o primeiro dia de debates da Feira e Congresso da ABTA 2006, que começou ontem em São Paulo.


Presente ao evento, o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Plínio de Aguiar Júnior, esquivou-se de opinar sobre a questão alegando que o assunto não havia sido submetido à apreciação do órgão.


Único representante das telefônicas na mesa de debates, Ricardo Knoepfelmacher, da Brasil Telecom, defendeu a abertura do setor de TV paga como uma ‘quebra de paradigma’ necessária. Convidado a se manifestar, o presidente da Net Serviços, Francisco Valim, que também compunha a mesa, rebateu.


– Concordo que paradigmas têm que ser quebrados, assim como os monopólios na telefonia fixa – disse Valim, afirmando que as três grandes operadoras de telefonia fixa do país atuam sem concorrentes em suas áreas. – As empresas de telefonia podem entrar no mercado de vídeo (TV paga), mas depois que houver competição em voz e banda larga.


Além do impedimento legal, as empresas de TV paga argumentam que, na situação atual, as operadoras de telefonia atuariam de forma predatória nesse mercado, com preços desleais ( dumping ), já que as receitas que obtêm com serviços de telefone fixo e móvel supera em muitas vezes todo o faturamento do setor.


– Mais de 90% da nossa receita vêm de TV paga e quando esse serviço sofre o efeito nocivo desse tipo de competição é impossível sustentar nosso modelo de negócios – disse Valim.’


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 2 de agosto de 2006


FENAJ DERROTADA
Ethevaldo Siqueira


Uma federação contra os jornalistas


‘A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) não aprende com os próprios erros. Depois do infeliz projeto do Conselho Federal de Jornalistas, há menos de dois anos, a entidade volta a defender uma atualização ainda mais retrógrada da regulamentação da profissão de jornalista, ignorando críticas e apelos de centenas de jornalistas, líderes e entidades respeitáveis – como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI).


A nota de protesto da Fenaj contra o veto total do presidente Lula à lei de atualização da regulamentação, na semana passada, é um retrato da entidade: ‘Os patrões venceram. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva capitulou mais uma vez aos interesses das grandes empresas de comunicação do País ao vetar integralmente o projeto de lei que atualiza as funções da profissão de jornalista.’


A verdade é outra: não houve nenhuma vitória de patrões, porque não se trata de luta de classes. Derrota para o País seria a sanção de uma lei absurda como aquela. A nota diz ainda que a atualização da regulamentação profissional é uma reivindicação legítima dos jornalistas. Sim, mas para oxigenar e aprimorar o jornalismo, acabando com o protecionismo jurássico introduzido por um decreto da ditadura, em 1969, época de censura e repressão.


A Fenaj argumenta que sem o diploma obrigatório as empresas contratariam os profissionais menos competentes, para pagar baixos salários. É um raciocínio tão absurdo quanto afirmar que a indústria automobilística prefere contratar operários ou gerentes incapazes.


Sou jornalista há 39 anos e filiado ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo. Concluí o curso de Jornalismo da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), além de outros cursos universitários. Creio, portanto, estar em condições de discutir o tema e contribuir para o debate.


Contrariamente à opinião da Fenaj, a exigência do diploma não valoriza o jornalista. Ao contrário, ameaça a qualidade do jornalismo, pois a maioria desses cursos é ruim ou medíocre. Conheço-os bem, pois fui professor de Jornalismo durante mais de dez anos, na USP e em outras universidades. É claro que há bons cursos de graduação e que podem ser úteis ao futuro jornalista. Mas nem eles devem ser o único caminho para formar jornalistas. E muito menos condição sine qua non para a obtenção do registro profissional e do direito de trabalhar.


Poucas atividades humanas são mais diversificadas e variadas que o jornalismo. Como todo jornalista especializado, sou obrigado a viajar, estudar, freqüentar seminários e ler tudo o que puder para me manter atualizado em minha área. Existem centenas de especialidades diferentes de trabalho e cobertura jornalística, cada uma com suas exigências. Como achar, então, que um único curso profissional básico possa suprir todas essas exigências e, ao mesmo tempo, ser obrigatório para todos?


Outro contra-senso é exigir diploma específico, quando o jornalismo não traz maiores riscos à sociedade, como ocorre com a medicina, que cuida da vida humana, ou da engenharia, que precisa construir prédios seguros, ou da advocacia, que nos ajuda a obter justiça.


A tecnologia está mudando o mundo. E o jornalismo não poderia estar a salvo de grandes transformações. Quando concluí meu curso de Jornalismo, em 1970, a revolução digital estava na infância e a humanidade não conhecia microcomputadores, nem CDs, nem DVDs, nem celulares, nem redes de banda larga, nem a internet. Basta lembrar que o mundo tem hoje mais de 150 milhões de blogs, a maioria dos quais fazendo jornalismo eletrônico, virtual, mas com a mesma natureza do jornalismo tradicional. E os podcasts, que funcionam como uma forma de radiojornalismo na web. Vamos exigir diploma também desses milhares de jornalistas virtuais brasileiros?


No início de 1967, começou a trabalhar comigo, na redação do Estado, um jovem que, como eu, acabava de ingressar na primeira turma do curso de Jornalismo da ECA-USP. Seu nome: Ricardo Kotscho. Repórter de talento, texto magnífico, fluente em alemão, ele não teve paciência para freqüentar o curso de Jornalismo. O diploma não lhe fez nenhuma falta. Como já tinha obtido registro profissional antes da regulamentação, Kotscho fez carreira brilhante e foi, até 2004, assessor especial do presidente Lula.


Quantas pessoas de talento e competentes, como Ricardo Kotscho, não são hoje impedidas de ingressar no jornalismo pela legislação burra, mesmo tendo outros cursos superiores? O jornalismo se transforma, assim, num clube fechado, impedindo a entrada de mais pessoas competentes e talentosas. Nem que sejam ganhadoras do Prêmio Nobel.


Para o trabalho cotidiano de produção de notícias o trabalho jornalístico não exige mais que o domínio de algumas técnicas, ensinadas nos cursos de graduação de Jornalismo, em oito semestres na universidade. Não precisava durar tanto. A rigor, seu conteúdo essencial poderia ser dado em seis meses de bom treinamento on the job.


É claro que apenas treinamento não basta para formar o verdadeiro jornalista e o profissional competente, é preciso experiência de anos, com especialização, cursos de pós-graduação e/ou e xtensão universitária, num processo de atualização cultural permanente.


Embora seja essa a formação ideal, não acredito que a regulamentação profissional possa nem deva torná-la requisito essencial e obrigatório para o jornalista. Uma abertura razoável seria exigir pelo menos um curso superior combinado com exame de suficiência. A Fenaj não aceita nenhum tipo de provão.


Não podemos permitir que a degradação do nível dos jornalistas comprometa a democracia, pois o jornalismo tem papel relevante na construção e no aprimoramento de uma sociedade livre, bem informada e aberta ao debate de idéias.


Ethevaldo Siqueira é jornalista’


TVs vs. TELEFÔNICAS
Graziella Valenti


TV paga ameaça recorrer à Anatel contra Telemar


‘A Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA) estuda como proceder a respeito da compra da empresa de TV a cabo mineira Way Brasil pela Telemar, em leilão realizado na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O diretor-executivo da associação, Alexandre Annenberg, afirmou que os advogados estão avaliando a questão detalhadamente para verificar como a iniciativa da operadora pode ser questionada.


As empresas de telefonia têm problemas para atuar como operadoras de cabo, em razão de restrição presente no contrato de concessão. O texto assinado pelas companhias no final do ano passado diz: ‘ressalvadas as hipóteses previstas em lei específica, concessão ou autorização de serviço de TV a cabo, na mesma área referida na cláusula 2.1, não será outorgada nem transferida pela Anatel à Concessionária, suas coligadas, controladas ou controladora, até que seja expressamente revogada tal vedação’.


‘Parece não haver mais dúvidas de que a empresa vencedora é uma coligada da Telemar’, disse Annenberg, referindo-se à TNL PCS Participações, veículo utilizado pela operadora para participação no leilão. Para a Telemar, não existem impedimentos legais para a aquisição.


A operadora pagou R$ 132 milhões pela Way Brasil, equivalente a um ágio de 65% sobre o preço mínimo de R$ 80 milhões. A Net Serviços desistiu de disputar a empresa pouco antes do início do leilão. A Way Brasil oferece TV a cabo em Belo Horizonte, Barbacena, Poços de Caldas e Uberlândia (MG).


APROVAÇÃO


Annenberg afirmou que a instância adequada para questionar a iniciativa da Telemar é a Anatel. No entanto, a ABTA está estudando se existem outros fóruns em que o tema possa ser tratado. A efetivação do negócio entre a operadora e a Way Brasil depende de aprovação prévia do órgão regulador. Até que saia o aval da agência, o pagamento à vendedora Infovias ficará depositado em uma conta vinculada.


O presidente da Anatel, Plínio de Aguiar Júnior, disse que o tema e os documentos pertinentes ao caso ainda não chegaram ao conselho diretor da agência. Ele não quis se posicionar sobre o tema. No entanto, afirmou que existem diversas restrições, mas também várias formas de participação das operadoras na convergência. Annenberg e Aguiar Júnior participaram ontem da abertura da Feira e Congresso ABTA 2006, que acontece até amanhã no ITM Expo São Paulo.’


MERCADO EDITORIAL / EUA
James Rainey


‘LA Times’ busca novas fontes de receita


‘Numa tentativa de aumentar a receita, o jornal Los Angeles Times começará a aceitar anúncios nas primeiras páginas de algumas seções, incluindo entretenimento e esportes. Com a iniciativa, anunciada pelo publisher Jeff Johnson, o LA Times une-se a vários jornais americanos que anunciaram recentemente a venda de espaço publicitário em uma ou mais capas de seções, entre eles The Wall Street Journal, The New York Times, The Boston Globe e Chicago Tribune.


A medida destina-se a melhorar o abalado faturamento do Los Angeles Times, que reduziu seu pessoal no ano passado para atingir metas financeiras estabelecidas pela matriz, Tribune Co., de Chicago. No mês passado, a Tribune anunciou uma queda de 62% nos lucros no segundo trimestre e o declínio crescente da circulação de seus jornais. Ainda assim, os jornais da companhia permanecem altamente lucrativos.


No século 19, era comum os jornais americanos venderem anúncios nas capas de seções. A prática continua na Europa e em outras partes do mundo. Mas a maioria dos principais jornais dos Estados Unidos a abandonara na segunda metade do século 20.


O espaço nobre era reservado a artigos e fotos, com a publicidade restrita às páginas internas e à última página. Mas os padrões do setor vêm mudando rapidamente nos últimos anos, à medida que os canais de mídia tradicionais perdem receita, graças em parte à concorrência da internet.


Johnson anunciou a mudança de política num memorando enviado por e-mail aos empregados na segunda-feira. Os anúncios serão publicados na parte inferior das capas das seções entretenimento, esportes, negócios e viagens. Não há planos de inclusão de anúncios na primeira página do jornal.


‘Estamos avaliando se oportunidades de receita similares são adequadas para as outras seções’, afirmou Johnson. ‘Para continuar competitivos, precisamos oferecer aos anunciantes meios inovadores de atingir nossa grande e influente massa de leitores.’


O editor do Los Angeles Times, Dean Baquet, disse ter manifestado sua preocupação com os anúncios na capa da seção entretenimento. Ele temia que artigos sobre filmes fossem publicados junto da publicidade dos filmes, talvez dando a impressão de que a cobertura fora comprometida. Mas Baquet contou ter recebido garantias de que haveria maneiras de separar os anúncios do conteúdo editorial.


‘É uma questão de tradição, mais que de ética, e creio que há um modo de lidarmos com isso’, disse Baquet.


O New York Times informou em junho que publicaria anúncios na capa da seção de economia. Em julho, o Wall Street Journal disse que começaria a vender espaço na primeira página.’


VIOLÊNCIA & JORNALISMO
O Estado de S. Paulo


Brasil se destaca em mortes de jornalistas


‘EFE – Colômbia, México e Brasil são os três países da América com mais casos de assassinato de jornalistas entre 1995 e 2005, informa a Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da Organização dos Estados Americanos. No período, foram mortos 172 profissionais, sendo 82 na Colômbia, 24 no México e o mesmo número no Brasil.’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Eu me demito!


‘Estréia domingo na Record a terceira e possivelmente última edição de O Aprendiz com Roberto Justus. Possivelmente porque, segundo o empresário e apresentador, a trilogia do reality show encerra sua missão com o formato.


Isso não quer dizer que Justus vá abandonar o show business. Não, ele provou e gostou do veneno da fama. Está negociando uma nova atração com a Record, mantendo o foco no mundo dos negócios, algo que misture aconselhamento profissional e talk-show.


‘Como homem de mídia que sou, não quero ver a imagem de um projeto se desgastar, por isso prefiro sair’, fala Justus. A Record, por sua vez, vai insistir para que o publicitário fique – tudo pode até ser uma estratégia de marketing – e pretende fazer outras edições de O Aprendiz, nem que seja com novos ‘patrões’. A negociação de uma nova edição deve ser fechada até o fim de O Aprendiz 3, no dia 24 de setembro.


Entre as novidades da 3ª edição estão o nível dos candidatos – todo mundo estudou lá fora -, o salário de R$ 500 mil anuais, cargo nos Estados Unidos e exibição aos domingos, para incomodar o Fantástico, da Globo.


Helenas do bem e Martas do mal


Manoel Carlos, sobre sua obsessão por terríveis Martas – a de Páginas da Vida vem na pele de Lília Cabral e a cisma com as heroínas Helenas já é batata: ‘Essas coincidências existem em minhas novelas, mas não tenho nenhuma Marta semelhante às personagens em minha vida.’


O autor se diverte com outras ‘coincidências’, como ele mesmo diz. ‘Outro dia uma sobrinha me perguntou quando é que ia colocar a cena de uma criança ser atropelada. Fiquei surpreso e ela me disse que em todas as minhas novelas uma criança é atropelada. E é verdade.’


entre-linhas


A atriz Laura Allen, a Lilly da série The 4400, participa de House: o episódio vai ao ar amanhã, às 23 h, no Universal Channel.


Vencedor de Ídolos, Leandro Lopes canta sua primeira música de trabalho no especial que o SBT coloca no ar dia 9, às 21h45.


A Sony estreará no dia 8, às 19 horas, Love, Inc, comédia sobre relacionamentos amorosos em uma agência de matrimônio.


Ana Paula Padrão é a primeira âncora a entrevistar o presidente Lula na condição de candidato. Hoje, via SBT Brasil, às 18h50, do Palácio da Alvorada.’


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 2 de agosto de 2006


TVs vs. TELEFÔNICAS
Adriana Mattos


TV por assinatura e teles trocam farpas


‘Operadoras de telefonia e empresas de TV por assinatura travaram um embate público recheado de farpas e ironia ontem em congresso setorial, em São Paulo, que abordou a entrada das teles nos serviços de TV paga no país.


‘A concorrência [teles] tem dados golpes abaixo da cintura. Estão querendo contratar em massa pessoas da nossa empresa [Net]. Nós já atuamos num mercado competitivo. Se eles entrarem, não vai aumentar a competição, e sim diminuir’, disse Francisco Valim, presidente da Net Serviços.


O pano de fundo da disputa é o início do avanço das companhias de telefonia sobre o mercado de TV paga, assim como o interesse da TV por assinatura em explorar cada vez mais o serviço de telefonia fixa por meio de parcerias. Em junho, a Telefônica registrou na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) um pedido para adquirir uma licença de TV por assinatura via satélite para completar sua oferta de serviços. Na semana passada, uma holding do grupo Telemar, a TNL PCS Participações, arrematou a empresa Way Brasil, que oferece televisão a cabo em Minas Gerais. No campo da TV paga, a Net já oferece pacotes em promoção com a Embratel.


Valim, da Net, disse mais. Afirmou que essa é uma disputa entre um setor monopolista -o de telecomunicações- e um setor não-monopolista- o de TV por assinatura: ‘E uma competição nesse sentido não pode acontecer em campo desnivelado’, completou. Enquanto o faturamento bruto do setor de TV paga atingiu R$ 4,5 bilhões no país em 2005, só a Telefônica, por exemplo, faturou R$ 20 bilhões, e a Telemar, R$ 23,6 bilhões no ano passado.


Quem ouviu não gostou. Brasil Telecom e Telemar -essa procurada pela Folha- discordaram das afirmações. ‘[Francisco] Valim esqueceu que ele já é Telmex [maior empresa de telefonia do México], e não mais Globocabo. Ele foi Globocabo, não é mais, e esse discurso não cola’, ironizou Ricardo Knoepfelmacher, o Ricardo K., presidente da Brasil Telecom. A Net se defende (leia texto ao lado). A Telmex é sócia da Globopar na Net.


‘Não vou me autoflagelar por ser uma empresa de grande porte. Somos grandes, sim, mas esse não é um jogo para quebrar TVs a cabo. Nesse mercado, há espaço para uma empresa de TV paga de tamanho menor, como a Vivax, competir, sim’, disse Knoepfelmacher.


As teles e as TVs já haviam entrado em disputa na definição da TV digital no país. As TVs apoiavam o padrão japonês -escolhido pelo governo-, e as teles, o padrão europeu.’


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É ‘conversa de cocheira’, diz Telemar


‘O presidente do grupo Telemar, Luiz Eduardo Falco, disse à Folha que é ‘conversa de cocheira’ dizer que a entrada das empresas de telecomunicações no mercado de TV paga pode reduzir a competição no setor e ser danosa ao mercado. Afirmou também que a atual lei que proíbe a entrada dessas companhias no setor de TV por assinatura é anacrônica e ultrapassada.


‘As empresas são do tamanho de seus investimentos. Se eu invisto pouco, eu tenho pouco, se invisto muito, tenho muito. Isso aí é conversa de cocheira. Somos grandes porque geramos muitos empregos, porque pagamos muitos impostos e investimos muito.’


O diretor-executivo da ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura), Alexandre Annenberg, afirmou ontem que a entidade vai estudar ‘os caminhos legais’ para impedir que a Telemar assuma o controle da operadora de TV a cabo Way Brasil, comprada em julho.


Falco disse que isso é ‘bravata’ e afirmou ainda que é preciso jogar um ‘ventinho’ contra a ‘cortina de fumaça que se está armando’ no mercado. ‘Não há uma concorrência entre a área de telefonia e de TV paga. Estamos falando de algo que envolve uma telecom de fora, no caso a Telmex, e uma telecom daqui, a Telemar’, afirmou. A Telmex (mexicana) é sócia da Globopar na Net. A Net Serviços refuta a declaração. O presidente da empresa, Francisco Valim, disse ontem que a Net tem crescido com caixa próprio.’


ELEIÇÕES 2006
Valdo Cruz e Fábio Zanini


PT testará discurso ético de Lula antes de colocá-lo na TV


‘O PT vai submeter a pesquisas qualitativas cerca de 30 minutos de gravações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para seu programa de TV, com o objetivo de testar, entre outros pontos, o tom e o formato do discurso sobre a ética na campanha pela reeleição.


A dosagem exata de como Lula abordará o assunto é um tema delicado para a campanha petista. Segundo a Folha apurou, o marqueteiro do petista, João Santana, tem defendido que o tema seja tratado de forma secundária, mas sem ficar escondido. A abordagem deve ser feita ‘no atacado’, de acordo com Santana. Ou seja, sem referências específicas ao escândalo do mensalão.


O comando de campanha realizará as pesquisas a partir da semana que vem, para avaliar essa tese a tempo de corrigir a rota, caso necessário, antes da estréia do programa de TV, em 15 de agosto.


O presidente gravou os trechos na última quinta-feira, em um estúdio alugado por Santana em Brasília. O tema da ética é minoritário na fala de Lula e ocupa cerca de cinco minutos.


O restante das gravações (cerca de 25 minutos) trata do assunto com o qual os petistas hoje se sentem mais confortáveis: as realizações do governo, com ênfase na comparação com os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB (1995-2002).


As pesquisas analisam também como a apresentação das realizações do governo repercute entre eleitores de diferentes segmentos. Existem ainda cinco horas de material bruto à disposição do marqueteiro de Lula, entre imagens do presidente no cargo e de eventos de campanha. A edição final só ficará pronta no último momento, após os resultados das pesquisa serem conhecidos.


O PT está gastando R$ 3 milhões com a contratação de dois institutos de pesquisas, o Vox Populi e o Criterium. O pacote inclui qualitativas feitas simultaneamente em diferentes regiões do país, além de um ‘tracking’ (acompanhamento) domiciliar diário para avaliar a qualidade dos programas.


Ao tratar da ética ‘no atacado’, o presidente, conforme relatos obtidos pela Folha, segue duas linhas básicas. Cita dados para dizer que nunca a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União trabalharam tanto, e com tanta liberdade, para desbaratar esquemas de corrupção -caso da Operação Sanguessuga. Além disso, faz uma crítica sutil à oposição. Diz que nenhum adversário tem ‘moral’ para criticar o compromisso do seu governo com a ética, porque historicamente essa sempre foi uma bandeira empunhada pelo PT.


Figuras-símbolo do escândalo, como o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, ou a revelação de quem ‘traiu’ o presidente durante o mensalão, passam longe do discurso petista. As pesquisas dirão se isso basta, ou se será preciso Lula se explicar durante mais tempo e com mais ênfase.


Santana, segundo apurou a Folha, aposta que está próximo do tom ideal. Na avaliação dos lulistas, a tônica deve ser a prestação de contas do governo, com a promessa de manutenção e ampliação de programas sociais na próxima gestão.’


RAÇAS EM DEBATE
Sérgio Danilo Pena


Ciência, bruxas e raças


‘DO PONTO de vista biológico, raças humanas não existem. Essa constatação, já evidenciada pela genética clássica, hoje se tornou um fato científico irrefutável com os espetaculares avanços do Projeto Genoma Humano. É impossível separar a humanidade em categorias biologicamente significativas, independentemente do critério usado e da definição de ‘raça’ adotada. Há apenas uma raça, a humana.


Sabemos, porém, que raças continuam a existir como construções sociais. Alguns chegam mesmo a apresentar essa constatação com tom de inevitabilidade absoluta, como se o conceito de raça fosse um dos pilares da nossa sociedade. Entretanto, não podemos permitir que tal construção social se torne determinante de toda a nossa visão de mundo nem de nosso projeto de país.


Em recente artigo na ‘Revista USP’, eu e a filósofa Telma Birchal defendemos a tese de que, embora a ciência não seja o campo de origem dos mandamentos morais, ela tem um papel importante na instrução da esfera social. Ao mostrar ‘o que não é’, ela liberta pelo poder de afastar erros e preconceitos. Assim, a ciência, que já demonstrou a inexistência das raças em seu seio, pode catalisar a desconstrução das raças como entidades sociais. Há um importante precedente histórico para isso.


Durante os séculos 16 e 17, dezenas de milhares de pessoas foram oficialmente condenadas à morte na Europa pelo crime de bruxaria. As causas dessa histeria em massa são controversas. Obviamente, a simples crença da época na existência de bruxas não é suficiente para explicar o ocorrido.


É significativo que a repressão à bruxaria tenha vitimado primariamente as mulheres e possa ser interpretada como uma forma extrema de controle social em uma sociedade dominada por homens. Mas, indubitavelmente, a crença em bruxas foi essencial para alimentar o fenômeno. Assim, podemos afirmar que, na sociedade dos séculos 16 e 17, as bruxas constituíam uma realidade social tão concreta quanto as raças hoje em dia.


De acordo com o historiador Hugh Trevor-Roper, o declínio da perseguição às bruxas foi em grande parte causado pela revolução científica no século 17, que tornou impossível a crença continuada em bruxaria.


Analogamente, o fato cientificamente comprovado da inexistência das ‘raças’ deve ser absorvido pela sociedade e incorporado às suas convicções e atitudes morais. Uma atitude coerente e desejável seria a valorização da singularidade de cada cidadão. Em sua individualidade, cada um pode construir suas identidades de maneira multidimensional, em vez de se deixar definir de forma única como membro de um grupo ‘racial’ ou ‘de cor’.


Segundo o nobelista Amartya Sen, todos nós somos simultaneamente membros de várias coletividades, cada uma delas nos conferindo uma identidade particular. Assim, um indivíduo natural de Ruanda pode assumir identidades múltiplas por ser, por exemplo, africano, negro, da etnia hutu, pai de família, médico, ambientalista, vegetariano, católico, tenista, entusiasta de ópera etc. A consciência de sua individualidade e dessa pluralidade lhe permite rejeitar o rótulo unidimensional de ‘hutu’, que, como tal, deveria necessariamente odiar tútsis.


Pelo contrário, em sua pluralidade de identidades ele pode compartilhar interesses e encontrar elementos para simpatia e solidariedade com um outro indivíduo que também é ruandês, negro, africano, colega médico, tenista e cantor lírico, e que, entre tantas outras identidades, também é da etnia tútsi.


Em conclusão, devemos fazer todo esforço possível para construir uma sociedade desracializada, na qual a singularidade do indivíduo seja valorizada e celebrada e na qual exista a liberdade de assumir, por escolha própria, uma pluralidade de identidades. Esse sonho está em perfeita sintonia com o fato, demonstrado pela genética moderna, de que cada um de nós tem uma individualidade genômica absoluta que interage com o ambiente para moldar a nossa exclusiva trajetória de vida.


Alguns certamente vão tentar rejeitar essa visão, rotulando-a de elitista e reacionária. Mas, como ela é alicerçada em sólidos fatos científicos, temos confiança de que, inevitavelmente, ela será predominante na sociedade. Talvez isso não ocorra em curto prazo aqui no Brasil, principalmente se o Congresso cometer a imprudência de aprovar o Estatuto da Igualdade Racial, o qual forçará os cidadãos a assumirem uma identidade principal baseada em cor.


Um pensamento reconfortante é que, certamente, a humanidade do futuro não acreditará em raças mais do que acreditamos hoje em bruxaria. E o racismo será relatado no futuro como mais uma abominação histórica passageira, assim como percebemos hoje o disparate que foi a perseguição às bruxas.


SÉRGIO DANILO PENA, 58, médico, doutor em genética humana, é professor titular de bioquímica na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Foi presidente do Programa Latino-Americano do Genoma Humano (1992-1994) e presidente do Comitê Sul-Americano do Programa de Diversidade Genômica Humana (1994-1996).’


INTERNET
Folha de S. Paulo


Submarino lucra R$ 41,7 mi no 1º semestre


‘O portal de varejo eletrônico Submarino encerrou o primeiro semestre com lucro de R$ 41,7 milhões. Nos primeiros seis meses de 2005, a empresa teve prejuízo de R$ 2,5 milhões -em todo ano passado, o lucro líquido foi de R$ 18,684 milhões.


Somente no segundo trimestre de 2006, o lucro do portal somou R$ 36,6 milhões, ante ganhos de R$ 600 mil no mesmo período do ano passado. A receita subiu 52% e chegou a R$ 343,8 milhões.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Caravana do ‘JN’ ‘clona’ ônibus da CNN


‘A idéia da Globo de cruzar o país em um ônibus, na cobertura das eleições deste ano, não é nova. Já foi usada em 2004 pela CNN, canal de notícias dos EUA, e pela CTV, do Canadá.


Apelidado de Priscilão (em referência ao filme ‘Priscila – A Rainha do Deserto’), o ônibus da Globo estreou anteontem em um ‘Jornal Nacional’ cheio de falhas técnicas, parcialmente ancorado de São Miguel das Missões (RS), ponto de partida da ‘Caravana JN’, que percorrerá o país em dois meses.


O ônibus (a Globo prefere chamá-lo de ‘motorhome’) está equipado com um equipamento para transmissão via satélite, uma minirredação com notebooks, ilha de edição, minicozinha e dois beliches.


O ônibus da CNN, o ‘Election Express’, percorreu os EUA entre dezembro de 2003 e 2 de novembro de 2004, quando George W. Bush foi reeleito. Também era equipado com link para satélite e ilha de edição, além de um miniestúdio.


A Globo diz desconhecer os ônibus da CNN e da CTV. Afirma que a inspiração para a ‘Caravana’ veio de declarações de Peter Jennings, âncora da ABC morto em 2005, sobre seu orgulho de ter ancorado telejornal em todos os Estados americanos ao longo da carreira.


A estréia da ‘Caravana’, em um dia frio, deu 43 pontos, audiência pouco acima da média do ‘JN’. A Globo diz que as falhas foram normais e que não trouxeram prejuízo.


PROVEITO ELEITORAL 1 A Globo ainda nem marcou a data de estréia de uma nova série do ‘Fantástico’, apresentada por Drauzio Varella, sobre a terceira idade, mas já tem político pensando nela.


PROVEITO ELEITORAL 2 Do prefeito do Rio, Cesar Maia, dando dicas a Heloisa Helena, ontem em seu Ex-Blog: ‘Pegaria bem agora você dar um enorme carinho aos idosos no ‘JN’. O ‘Fantástico’ fará uma série a respeito dos idosos e com isso você facilitará o link na memória do eleitor!’.


NUVEM PASSAGEIRA A cúpula da Band passou quase todo o dia de ontem discutindo mudanças em sua programação. Os programas matinais, que sofrem para dar um ponto no Ibope, eram o principal alvo das críticas.


NOVO CONCEITO 1 A Rede TV!, quem diria, é a primeira das redes comerciais a exibir um programa com o selo ‘Especialmente Recomendado’, concedido pelo departamento de classificação indicativa do Ministério da Justiça a conteúdos educativos.


NOVO CONCEITO 2 Trata-se da série pré-escolar americana ‘As Pistas de Blue’, exibida originalmente pelo canal pago Nickelodeon.


MEMÓRIA ATÔMICA A TV Cultura exibe neste domingo o programa ‘Perigo Nuclear/Hiroshima’, que traz depoimentos de três sobreviventes das bombas atômicas de 6 de agosto de 1945 e um bloco de 20 minutos do documentário ‘Last Generation’, produzido na década de 80, com narração em inglês de Jane Fonda.’


Lucas Neves


‘Saia Justa’ estréia nova formação


‘Com a entrada da atriz Maitê Proença e da cantora Ana Carolina no time de apresentadoras, o ‘Saia Justa’ inicia hoje à noite a sua quarta encarnação no GNT. Da temporada passada, retornam a filósofa Márcia Tiburi, a atriz Betty Lago e a jornalista Mônica Waldvogel. Luana Piovani trocou o blablablá de comadres pelas (menos críticas) platéias infantis de ‘O Pequeno Príncipe’. Na estréia, segundo a assessoria do canal (o programa seria gravado ontem à tarde), as novas ‘melhores amigas’ trocam presentes, elucubram sobre os ensinamentos de um livro de auto-ajuda chamado ‘Mulheres Boazinhas Não Enriquecem’ e debatem a insólita e palpitante questão: ‘Sexo, família ou amigos: qual você escolheria se tivesse que optar por apenas um?’. Se as faces não corarem aqui, a segunda chance virá no quadro em que elas narram episódios curiosos (e picantes?) supostamente vividos por amigas. Fora Rita Lee ainda uma das ‘saias’, o segmento certamente faria um brinde ao desbunde e aos ditos maus costumes, ruborizando os ‘puretas’ de Caetano e fazendo jus ao nome da atração. A renúncia à caretice, à hipocrisia caberá agora à desbocada Betty Lago, à ‘bicho-grilo’ Maitê Proença? O palpite é que o posto ficará vago…


SAIA JUSTA – NOVA TEMPORADA


Quando: hoje, às 22h30


Onde: GNT’


TV DIGITAL
Maurício Kanno e Frank Honda


TV digital japonesa está em expansão, mas ainda atrai minoria naquele país


‘A TV digital ainda engatinha no Japão, pioneiro no desenvolvimento do sistema e fornecedor da tecnologia que será usada no modelo escolhido pelo Brasil. ‘Só a usa quem tem dinheiro, os ricos’, diz a estudante Kaori Imanari, 23, da província de Yamanashi.


Até maio passado, segundo pesquisa da Associação das Indústrias de Eletrônicos e Tecnologias da Informação do Japão (Jeita), foram vendidos, ao todo, 11,22 milhões de aparelhos que recebem sinal digital. Como há 49,53 milhões de lares japoneses, segundo censo de 2005, apenas 22,65% deles, no máximo, têm a possibilidade de usufruir dessa tecnologia. De fato, em 2005, de acordo com dados da emissora estatal NHK, 20% das casas japonesas assistiam à transmissão de sua TV digital via satélite.


Avanço digital


O brasileiro Hiro Ogawa, 37, decasségui na província de Aichi, utiliza o serviço há um ano, mas diz que, no seu prédio inteiro, só ele tem TV digital.


Essa situação, porém, deve mudar, pois o preço dos aparelhos vem caindo rapidamente, chegando a uma média de 5.000 ienes por polegada -um decasségui pode conseguir, em um ano de trabalho, cerca de 1 milhão de ienes.


Além disso, ainda neste ano, praticamente todo o país deverá ter acesso ao sinal digital -até dezembro, a parte sul do Japão será beneficiada. Com isso, segundo dados do Ministério de Negócios Internos e Comunicação (Soumushoo), 37 milhões de famílias (79% do Japão) poderão receber imagens digitais. Em dezembro de 2004, eram 18 milhões de famílias.


A transmissão via satélite começou em dezembro de 2000 e atingia, em maio passado, para 13,72 milhões de domicílios. Quem deseja assistir a esse tipo de programação assina um contrato para pagar mensalmente uma pequena taxa para a NHK, além de um extra para a instalação.


Atualmente, sete canais transmitem o sinal digital, mas, no começo, só a NHK trabalhava com ‘hi-vision’ -como é conhecida a tecnologia High Definition Television (HDTV), criada pela NHK. Até julho de 2011, todas as transmissões no país serão digitais.


Recursos


A maior diferença está na qualidade da imagem, que é comparável à do cinema. ‘Não tem chiadeira’, conta Hiro Ogawa, referindo-se à ausência de interferência que pode ocorrer na transmissão analógica. Outros benefícios também são destacados por Hayato Fuji: ‘Eu vi a Copa em TV digital. Foi muito interessante, pois pude ver os dados de jogadores e de jogos passados’. Também é possível acessar a programação e conhecer detalhes dos programas, como nomes dos artistas e sinopses.


Há a possibilidade de um acesso simultâneo, a qualquer momento, a informações como previsão do tempo e noticiário. O telespectador pode participar de programas ao vivo, respondendo a perguntas valendo prêmios, por exemplo. Para ter acesso ao serviço de dupla direção, é necessário haver uma conexão com a internet.


Outro caminho que começa a ser percorrido pela TV digital é a transmissão direta para celulares e outros receptores móveis, como em monitores automotivos.’


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