Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Emissoras pressionam por
padrão japonês na TV Digital


Leia abaixo os textos de quarta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 22 de março de 2006


CRISE & JORNALISMO
Roberto Romano


Defesa da moralidade, da imprensa e da lei


‘Na sessão que absolveu um político do PT e outro do PFL, tanto os acusados quanto os seus defensores atacaram a moralidade (dita por eles ‘moralismo’) e a opinião pública (a qual separaram do povo), proclamando que algo contrário à lei (o caixa dois, segundo parece, se com origem particular, não é crime) seria inocente. Vejamos a desculpa que fundamenta agora a licença no Congresso Nacional.


No capítulo VII da nossa Carta Magna, lemos que a administração pública, direta ou indireta -nos três Poderes-, obedecerá aos princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência. Deixo o último quesito, porque eficácia no cumprimento de seus deveres não é o forte de nosso Estado.


A legalidade foi pisoteada com a benção do plenário. Temos o paradoxo de uma ‘Casa de Leis’ na qual os seus integrantes não se sujeitam à legalidade. Eles se declaram acima e à margem da lei comum.


A impessoalidade foi violentada pelos deputados, visto que o parecer do Conselho de Ética aplicou a lei ‘sine ira et studio’. No plenário, vigoraram os laços de amizade, o partidarismo, contrário aos fatos e ao direito.


Um deputado chegou a falar em ‘centavos’ para diminuir a carga destinada ao seu colega. Um centavo usufruído contra a lei é passível de punição, pois se trata de moeda extraída, direta ou indiretamente, de todos os contribuintes. Um centavo a mais ou a menos define a diferença entre a República democrática e a desordem dos privilégios autoconcedidos no poder público.


No item moralidade, a nação brasileira ouviu os acusados e seus defensores, num sofisma, confundirem palavras. Foi satirizada a moral com a ajuda do ‘ismo’, para tornar palatáveis práticas proibidas para as consciências retas.


Não apenas a moral sofreu violenta anamorfose no Parlamento. O realismo político, a suposta razão de Estado, foi conduzido a sua pior face. Em um país no qual um político que teve o próprio assessor pego com dinheiro em roupa íntima proibiu tal assessor de confessar o dolo ‘por razões de Estado’, Maquiavel só poderia ter mesmo a sorte lastimável de servir para desculpar o privilégio corporativo de políticos.


Os ataques à opinião pública -vitupérios disfarçados contra a imprensa livre e não corrompida- feriram o quesito da publicidade. Ao contrário do que insinuam os interessados, eles devem prestar contas de seus atos à opinião pública, da qual a mídia é integrante.


O princípio do poder que reside no Parlamento foi conquistado a duras penas na revolução democrática inglesa do século 17, com a tese da ‘accountability’. Nessa doutrina, encontra-se a essência de todas as democracias que merecem esse nome. O mesmo escritor que defendeu a liberdade de imprensa contra a tirania e os privilégios aristocráticos, John Milton, defendeu a tese de que o rei, os deputados e os juízes devem prestar contas à cidadania e à sua opinião. Caso oposto, perdem o cargo.


Ainda no quesito publicidade exigido pela Constituição Federal, temos o segredo que define o passaporte para a impunidade, com a artimanha de esconder o voto, de não apresentá-lo lealmente à cidadania.


Rousseau, outrora admirado pelos jacobinos do PT, louva o costume romano de declarar o voto abertamente. ‘Esse uso’, afirma ele em ‘O Contrato Social’, ‘era bom enquanto a honestidade reinava entre os cidadãos e cada um tinha vergonha de fornecer publicamente seu sufrágio a um juízo injusto ou num assunto indigno; quando o povo se corrompeu e seus votos foram comprados, foi conveniente que eles o concedessem em segredo para conter os compradores pela desconfiança e fornecer aos salafrários (‘fripons’) o meio de não serem traidores’.


Rousseau considera que o voto secreto é remédio adequado a povos corruptos. Ele aceita a sua inevitabilidade. Se o voto mostra covardia e dissolução ética quando secretamente exercido pelo cidadão, no caso dos seus representantes, ele é técnica de burlar a fé pública, esteio do Estado democrático.


Com o corporativismo do Parlamento e com o desprezo pela moral (mesmo que retoricamente se acrescente o ‘ismo’), os congressistas dão um tiro no pé e subvertem o Estado.


Que, nas urnas de outubro, a cidadania saiba recuperar a soberania contra a representação perversa exercida nesta legislatura. Os deputados não corporativos nos perdoem, mas eles não souberam ou não puderam moderar a filáucia indevida de seus pares.


Roberto Romano, 59, filósofo, é professor titular de ética e filosofia política na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e autor de, entre outras obras, ‘Moral e Ciência – A Monstruosidade no Século XVIII’ (ed. Senac/São Paulo).’


TV DIGITAL
Steve Solot


O outro debate da TV digital


‘O recente debate nacional sobre o melhor modelo de TV digital para o país foi um dos mais intensos já ocorridos no Brasil sobre temas de comunicação de massa.


No entanto, há um aspecto subjacente que é absolutamente fundamental e que nem sequer foi mencionado pela mídia. Trata-se de uma questão que oferece um perigo real para as bases futuras da TV digital aberta no Brasil: a proteção do conteúdo a ser transmitido por esse novo meio de comunicação de massa.


O problema surge porque, com o advento da transmissão digital, a radiodifusão livre, aberta e gratuita não será viabilizada a não ser que a transição do sistema analógico para o sistema digital seja acompanhada por medidas tecnológicas e legais que impeçam a redistribuição não autorizada do conteúdo pela internet.


Podemos exemplificar o problema com a seguinte seqüência lógica: 1) uma emissora local obtém os direitos e transmite sua grade de programação ao mercado local; 2) a transmissão digital não codificada é recebida pelos telespectadores-alvo; 3) por não estar protegido, o conteúdo pode facilmente ser redistribuído na internet por meio do compartilhamento de arquivos ‘peer-to-peer’; 4) o conteúdo desprotegido pode ser acessado por um número enorme de pessoas em todo o mundo; 5) com os avanços do poder de processamento, da capacidade de armazenamento e acesso em banda larga… qualquer pessoa poderia ser uma emissora!


Mas, antes que o cenário acima se transforme em realidade, entrariam em cena as relações comerciais entre os setores de distribuição e as emissoras.


O risco de redistribuição via internet provavelmente levaria os distribuidores a preferir o licenciamento de seus produtos para as plataformas codificadas mais seguras, como, por exemplo, a TV a cabo e via satélite. Esse cenário tenderia a inviabilizar o modelo de negócios baseado na venda de publicidade local -modelo esse convencionalmente utilizado pelas emissoras- e, mais importante ainda, privaria o telespectador do acesso gratuito ao conteúdo da TV aberta.


O perigo é real para todas as emissoras e fornecedores de conteúdo, independentemente da nacionalidade.


Produtores de conteúdo audiovisual nos EUA relutarão em licenciar programas e filmes às redes de televisão brasileiras que não ofereçam proteção eficiente ao conteúdo transmitido, e produtores brasileiros, independentes ou não, temerão a desvalorização de seus produtos pela redistribuição indiscriminada na internet, o que impossibilitaria a venda de novelas e filmes brasileiros em mercados externos nos quais já estariam disponíveis na internet.


O que pode ser feito? Há dois métodos básicos de proteção contra a redistribuição não autorizada de conteúdo de TV digital:


1) codificar o sinal na fonte (medida utilizada no Japão);


2) inserir uma ‘marca’ no sinal transmitido, sendo necessário o reconhecimento dessa ‘marca’ pelo receptador do sinal (opção já escolhida pelos EUA e em estudo na Europa).


A primeira alternativa, em uso no Japão desde 2004, garante a codificação do conteúdo antes da sua transmissão. Esse sistema também é usado pela transmissão digital por satélite. A decodificação é feita pelo ‘set-top box’ convencional, não havendo custo para o consumidor.


A segunda alternativa não requer a codificação da transmissão digital, mas a emissora insere no conteúdo uma ‘marca’ com as informações do detentor dos direitos autorais. O aparelho receptador do telespectador terá que ‘procurar’ essas informações, de modo a impedir a redistribuição do conteúdo. Caso esse sistema seja adotado no Brasil, o governo teria de tornar obrigatória a sua adoção, o que teria um custo irrisório para o consumidor. Nos EUA, essa forma de proteção do conteúdo digital é chamada de ‘broadcast flag’.


O risco da distribuição não autorizada existe em qualquer sistema de TV digital, e a maneira de evitá-lo é um assunto à parte. Cabe a cada país escolher o método de proteção que melhor lhe convém. Trata-se de uma escolha distinta da opção entre os três padrões, mas igualmente importante.


Agora é o momento certo para tomar as providências necessárias no sentido de garantir a proteção do conteúdo transmitido pela TV digital aberta brasileira. O governo federal e o Congresso Nacional demonstraram grande liderança no combate à comercialização não autorizada do conteúdo criativo protegido por direito autoral em outras áreas, graças aos esforços da CPI da Pirataria e do Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos Contra a Propriedade Intelectual (CNCP).


As autoridades brasileiras agora têm mais uma oportunidade para demonstrar a mesma liderança no setor da TV digital aberta. Impedir a redistribuição não autorizada via internet das transmissões da TV digital aberta é uma questão fundamental, até agora ausente do debate nacional, que não pode ser deixada de lado.


Steve Solot, mestre em economia pela Universidade de Boston (EUA), é vice-presidente sênior para a América Latina da Motion Picture Association (entidade que representa os sete maiores estúdios cinematográficos americanos).’


Daniel Castro


Em anúncio, emissoras pedem TV digital japonesa com urgência


‘Em anúncio a ser publicado amanhã nos principais jornais do país, as redes de TV aberta farão sua primeira manifestação pública conjunta defendendo a adoção no Brasil do padrão de modulação de TV digital japonês. No comunicado, as TVs também pedem urgência no anúncio do vencedor, pelo governo, que inicialmente estava marcada para fevereiro. A Folha publicou, há duas semanas, que o governo já se decidiu pelo padrão japonês.


As redes decidiram fazer um manifesto conjunto em reunião ontem de manhã na Globo em São Paulo. Há seis anos os radiodifusores defendem o padrão de TV digital japonês, mas sempre se manifestaram isoladamente.


Os donos de emissoras decidiram fazer o comunicado porque detectaram que, nos últimos dias, cresceu a pressão dos defensores do sistema europeu sobre o governo. As redes temem que os europeus se comprometam a instalar uma fábrica de semicondutores (chips) no país e que isso leve o governo a adotar sua tecnologia.


A fábrica de semicondutores é uma das contrapartidas negociadas pelo governo. Europeus e japoneses, por enquanto, só afirmaram estudar a questão, que exige investimentos de US$ 2 bilhões.


Além dos padrões japonês e europeu, está na disputa também, mas praticamente sem chances, a tecnologia americana.


As TVs defendem o padrão japonês porque ele é o mais recente (e, portanto, mais ‘evoluído’). Ele permite que as redes transmitam simultaneamente em altíssima definição para televisores fixos, em resolução standard para aparelhos em movimento (carros, ônibus) e em baixa definição para telefones celulares usando uma faixa de freqüência de 6 MHz (megahertz), que é o espaço do espectro eletromagnético que elas ocupam atualmente.


Ou seja, as TVs poderão transmitir para celulares diretamente, sem que seu sinal passe por operadoras de telefonia móvel.


Embora a tecnologia européia também permita transmissão simultânea em alta definição e para celulares, não é esse o modelo de exploração que foi adotado na Europa. Lá, o espaço ocupado por um canal analógico foi dividido em quatro, ou seja, transformou-se em quatro ‘emissoras’ sem alta definição. E não há transmissão direta das TVs para celulares.


Esse modelo favorece as telefônicas, que poderiam usar parte dos canais de UHF e VHF para transmitir conteúdo pago. Esse é o grande temor das TVs: a concorrência com as teles e o risco de perder a possibilidade de transmitirem em altíssima definição.


No comunicado, as redes defendem uma união da modulação japonesa com ‘aperfeiçoamentos criados por cientistas nacionais’, o que, para elas, forma o ‘único sistema que garantirá, gratuitamente, a todos os brasileiros, todos os benefícios da TV digital’.


A nota afirma que ‘o que está em jogo’ é ‘qual é o melhor modelo de televisão para o Brasil’, numa defesa de uma solução que traga às redes o menor impacto, mantendo o atual modelo de negócios, sem o compartilhamento do espectro de UHF e UHF com novos operadores, como as teles.


Por fim, o texto prega decisão urgente afirmando que a TV digital vem sendo estudada desde 1998. ‘Essa decisão é urgente. Não faltam elementos para a tomada de decisão. Não faz sentido que a TV livre e gratuita fique condenada ao atraso tecnológico.’’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Atmosfera


‘Ao vivo do Senado, entra a repórter Délis Ortiz, com o semblante crispado:


– Aqui, a oposição se reveza com discursos de ataque ao governo e o governo se defende argumentando que a movimentação toda é disputa eleitoral.


Foi a manchete nos sites noticiosos desde a manhã, com enunciados variados.


Na Folha Online, o dia todo, ‘Ministro vê ‘precipitação’ em acusação sobre sigilo’. Era Jaques Wagner, em resposta à informação de que a violação ocorreu na Caixa.


No final da tarde, ao menos um portal, o Terra, arriscou em manchete o nome da diretora supostamente responsável -segundo o tucano Álvaro Dias, da CPI do Fim do Mundo. Na escalada do ‘Jornal da Band’, depois:


– Polícia Federal já tem suspeito do vazamento do sigilo do caseiro que denunciou o ministro Antônio Palocci.


E da longa primeira manchete do ‘Jornal Nacional’:


– A quebra ilegal do sigilo do caseiro que desmente o ministro Palocci leva a CPI dos Bingos à Caixa. O banco admite que crime pode ter sido obra de funcionário com nível de gerência. Parlamentares do governo e da oposição trocam acusações. E Francenildo abre informações bancárias para a CPI.


Antes, nem os blogs arriscavam. Fernando Rodrigues, ao meio-dia no UOL, avisava que ‘a oposição espalha para quem desejar ouvir’ o nome do suspeito, que ‘tem negado’.


Prosseguiu o blog que ‘já não é segredo para ninguém que Antero Paes de Barros foi um dos padrinhos’ do caseiro. Fim de tarde e o tucano, também da CPI, admitiu ao Globo Online o encontro com Francenildo, uma semana antes.


Acrescentou o Blog Brasil, com Thomas Traumann:


– O presidente Lula decidiu que os governistas devem reagir vigorosamente à nova ofensiva da oposição contra Palocci. Ou, na definição de um ministro, ‘vamos para o pau’.


No Senado, desde a noite anterior, descrevia Josias de Souza na Folha Online, ‘respira-se uma atmosfera de guerra’.


Para o blog de Alon Feuerwerker, ‘o Senado está em clima de República do Galeão’.


DO GLOBOCOP


Ao vivo, ‘rebeliões em série’


Em meio à ‘guerra’ em Brasília, cenas de guerra eram o destaque nas entradas ao vivo com Fátima Bernardes, na Globo, e José Luiz Datena, na Band. Alguns trechos de narração global, ‘a bordo do Globocop’:


– Aqui em Mauá, 654 presos mantêm seis reféns desde as duas da tarde… A tropa de choque acaba de entrar aqui no presídio de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, para colocar fim à rebelião… E neste momento acontecem outras duas rebeliões no Estado…


Aqui, não


O tucano Geraldo Alckmin enfrentou seis manifestantes ontem e bradou, em destaque nos sites noticiosos e na escalada do ‘SBT Brasil’, ‘Aqui em São Paulo não tem ladrão’.


Acrescentou que ‘qualquer um do nosso partido pode olhar nos olhos de vocês’.


Arcas


Naquele momento, surgia na home page da Folha Online a notícia de que, no Senado, ‘Conselho de Ética arquiva processo contra Azeredo’.


Como registrou o blog de Josias de Souza, ‘as arcas da campanha de Eduardo Azeredo foram nutridas por um esquema em tudo semelhante ao que foi montado pelo petismo’.


Duro


Com o atraso habitual, o francês ‘Le Monde’ descobriu que ‘Alckmin enfrentará Lula no Brasil’. Ouviu o cientista político Bolívar Lamounier:


– Alckmin será duro com Lula sobre gestão e ética, pontos fortes de sua experiência.


Secretos


E os jornais ingleses só falam dos ‘empréstimos secretos’ de 12 empresários à campanha de Tony Blair, ano passado.


Nos editoriais, enquanto o conservador ‘Daily Telegraph’ questiona o Partido Trabalhista, ‘corrupto, apodrecido em seu núcleo’, o ‘Independent’, de centro-esquerda, defende o financiamento público.


Mais ou menos como aqui.


OUTRO LADO


Na manchete do site Carta Maior, ontem:


– CPI dos Bingos ofende o Estado de Direto e deveria ser suspensa, diz jurista.


Para Pedro Estevam Serrano, professor de Direito Constitucional da PUC-SP, a comissão ‘investiga tudo, menos a finalidade para a qual foi criada’ -e seria ‘uma ofensa à democracia’.’


PASQUIM EM LIVRO
Marcelo Coelho


‘O Pasquim’ e sua sombra


‘Pensei que, com o tempo, a maior parte daquilo tivesse perdido a graça. Mas a seleção de páginas do ‘Pasquim’ (volume 1, 1969-1971), recém-publicada pela editora Desiderata, com organização e apresentação de Jaguar e Sérgio Augusto, ainda hoje traz coisas divertidíssimas, inteligentes, ótimas de ler.


Claro que um dos critérios da seleção foi eliminar os artigos mais datados. Mesmo assim, tratando-se de um semanário de humor lançado poucos meses depois do AI-5, eu imaginava que a função de catarse, de puro desafogo político, respondesse por muito do seu sucesso na época; e que, passado o terror daqueles anos, nas graças do ‘Pasquim’ transparecesse um sentimento de amargura, desnorteio e pânico.


É bem o contrário: as páginas dessa antologia constituem até hoje uma lição de coloquialidade, de leveza e de liberdade jornalística. Mesmo contando com um conjunto de colaboradores muito variado -de Otto Maria Carpeaux a Ziraldo, de Caetano Veloso a Paulo Francis, de Luiz Carlos Maciel a Millôr Fernandes-, o ‘Pasquim’ tinha um ‘projeto’, como se diz no jargão jornalístico, coerente ao extremo, capaz de dar um ‘ar de família’ a textos de origem diversa.


Dizem que Paulo Francis, antes pesado e sisudo, aprendeu no ‘Pasquim’ os segredos da velocidade, da elipse e do desbocamento característicos de seu estilo posterior. Não foi, ao que tudo indica, um caso isolado. Basta ler, nas primeiras páginas desta antologia, o curto texto de Otto Maria Carpeaux sobre as gravuras eróticas de Picasso para ver as subversões de linguagem que o ‘Pasquim’ era capaz de sugerir a seus articulistas.


Essa marca é tão forte no ‘Pasquim’ que hoje temos a impressão de que a luta do jornal contra a censura concentrava-se mais na questão do palavrão -haja vista a famosa entrevista com Leila Diniz, incluída nesta antologia com todos os seus asteriscos- do que no teor político dos textos. O tema retorna com insistência: seja numa longa teorização sobre a pornografia, escrita por Rubem Fonseca, seja no recurso ao ‘pasquinês’, com aqueles ‘duca’, ‘praca’ etc. que em seu tempo conquistaram ampla aceitação.


Temos, muitas vezes, a impressão de surpreender os autores no meio de uma conversa, sem que recorram a introduções, esclarecimentos de contexto ou andaimes de sintaxe. Mesmo quando não estão ‘dizendo nada’, numa prosa abstrata de cronista, eles não perdem tempo. Veja-se o início deste texto que Ivan Lessa mandava de Londres.


‘Agora falando de saudades: saudades mesmo eu tenho de pastel e fanho. Pastel de queijo aqui não tem, fanho não é a mesma coisa. Fanho bom é aquele mal-humorado, agressivo. Fanho acha que a humanidade está por fora, que tudo isso é uma safadeza enorme pra cima dele…’, e por aí vai.


A razão desse coloquialismo, dessa intimidade por escrito, não era neutra do ponto de vista sociológico. Correspondia, certamente, ao espírito de gueto, ou de ‘patota’, que tomava conta do jornal. Tanto por uma circunstância objetiva (a intelectualidade de esquerda estava, é claro, sitiada em meio à perseguição do regime militar) quanto pela vontade dos próprios participantes do ‘Pasquim’.


Chama a atenção, e seria mesmo irritante se não tivesse seu sabor característico, a freqüência com que todos se citavam, se auto-elogiavam, se perdiam numa ‘transa’ (hum!) entre eles mesmos. A redação se apresentava como uma permanente festa masculina, na qual os sintomas de homofobia só não eram mais obsessivos do que a menção, a toda hora e todo pretexto, às marcas do uísque escocês -Buchanan’s, em especial- que todos se orgulhavam de consumir em quantidades industriais.


Acrescente-se a isto o assumidíssimo paroquialismo ipanemense -com clássicas tiradas antipaulistas para acompanhar- e o sucesso enorme de ‘O Pasquim’ (tiragens de 200 mil exemplares, sete meses depois de seu primeiro número) talvez tenha outras razões, para além de sua evidente qualidade jornalística e do papel liberador que certamente teve, num Brasil ainda puritano.


Desconfio que, pelo avesso, ‘O Pasquim’ também representou aquilo que seria o lado mais dinâmico, e também questionável, da economia brasileira nos anos 70. Na era do milagre e do avanço das telecomunicações, a técnica publicitária insistia fortemente na idéia de que a classe média ascendia a um plano de privilégio e exclusividades invejáveis. Passava-se do fusquinha às pretensões do Chevrolet Opala e do Ford Galaxy. Ao mesmo tempo, a Rede Globo inovava ao introduzir, nos seus intervalos comerciais, chamadas para seus próprios programas.


Ibrahim Sued foi o primeiro entrevistado do ‘Pasquim’. Uma ótica de privilégio, mesmo por parte de um grupo que objetivamente estava entre os perseguidos do regime militar, surge quase como estratégia compensatória em vários textos.


‘Estou aqui na cobertura do meu bom e velho [Rubem] Braga, o cavaleiro do Atlântico, em gozo de justas férias pascoalinas, ouvindo César Franck na Rádio Ministério da Educação e saboreando um gim-tônica sazonado com uma rodela de limão da horta suspensa do bravo capitão…’. Assim escreve Vinícius de Moraes, num texto sobre Chico Buarque.


‘Top, top’, dizia o Fradinho de Henfil, brincando sadicamente com a desgraça alheia. É sobre Sade o primeiro texto de Paulo Francis para o jornal. Como em toda época de terror, também aqui a revolta e a liberdade dependiam de uma parte de sombras para florescer.’


FRANÇA
João Batista Natali


Internet quebra em blocos protesto francês


‘‘Senhor ministro, não dê ouvidos a esses estudantes e mantenha-se firme na aplicação da nova lei. Nós lhes seremos antecipadamente agradecidos.’


O trecho é parte de uma mensagem insólita, redigida por uma universitária francesa chamada Virginie. No mesmo blog, momentos depois, outro estudante, que assina como François, exorta os manifestantes a exigirem a demissão do presidente Jacques Chirac, do premiê Dominique de Villepin e a impor a democratização do Banco Mundial, o fim da globalização e do neoliberalismo e os mesmos direitos trabalhistas em Paris e Pequim.


Os blogs e fóruns que surgiram na França sobre a lei do primeiro emprego dão uma idéia bem menos unitária sobre o que pensam os principais interessados, os recém-formados e os já formados com menos de 26 anos.


Nas trocas de informação pela internet eles têm uma característica comum: não falam na lideranças do movimento, porque entidades como a Unef (União Nacional dos Estudantes Franceses) estão a reboque de um processo hoje bem mais horizontalizado.


Não há lideranças fortes e palavras de ordem unificadas, como no movimento estudantil de esquerda de Maio de 1968.


Os blogs dão a oportunidade aos que se opõem às greves parciais. ‘Eu cheguei, e a faculdade já estava ocupada. Perguntei a umas 20 pessoas quem havia decidido aquilo. Ninguém sabia. A ocupação não é uma decisão democrática, é a lei do mais forte.’


Quem assina é Eurofranc. Ele é contra a lei do primeiro emprego. Mas não quer que a interrupção das aulas prejudique os exames finais, marcados para junho.


Fala-se muito no dispositivo da lei que permite a demissão injustificada do jovem trabalhador durante os 24 meses de contrato. ‘É um exemplo do projeto de criação de um regime de escravidão que favorece os plutocratas’, diz Astares. Um estudante de direito chamado Hocus Pocus relata nos pormenores a jurisprudência sobre a demissão sem justa causa e diz que a lei do primeiro emprego não poderá escapar dela.


Mas o tema não é predominante. Discute-se bem mais, por exemplo, o papel dos baderneiros que têm dado um desfecho violento às passeatas parisienses.


‘A esquerda não os condena, deveria condená-los’, diz Vanémel. Zicher afirma que é injusto acusar pela violência apenas a polícia. O silêncio cúmplice com os bagunceiros é, a seu ver, perigoso. Langelot diz que a imprensa deveria falar sobre os policiais feridos.


Os blogs também tentam se contrapor às informações oficiais. Um estudante da cidade de Nantes se indignava ontem porque sua universidade não estava na lista das paralisadas, divulgada pelo Ministério da Educação. Um outro, de Marselha, se esforçava por uma informação precisa: letras, ocupada; ciências, dois terços ocupadas; medicina, normal.


Por detrás de pseudônimos há enxurradas de preconceitos, como o cidadão para quem os secundaristas hoje protestam porque há dois anos proibiram que eles fumassem no intervalo. Ou alguém que sugere que a violência é provocada por sem-teto com alto teor de álcool no sangue.


Existem, por fim, informações precisas que tendem a orientar o debate. Jeremias, estudante de administração de empresas, cita em primeira mão pesquisa pela qual 50% dos responsáveis por recursos humanos não recrutariam com base na nova lei, e só 12% contratariam jovens para todos os cargos.’


INTERNET
Juliano Barreto


Blog explora intimidade de dono do Google


‘Onde há dinheiro, há excesso. E onde há excesso, há fofoca. Esse é o lema do Valleywag (www.valleywag.com), um blog totalmente dedicado a explorar a vida pessoal dos famosos do Vale do Silício, região de San Francisco, nos EUA, que concentra as mais importantes empresas de internet e de tecnologia.


Material para a página não falta. Em uma semana, o Valleywag mostrou fotos do co-fundador do Google, Larry Page, com sua namorada a bordo de um jato particular em cenas íntimas.


Dias depois, o site contou detalhes sobre a noitada de um dos executivos da loja virtual de músicas Napster, que apareceu bêbado e foi expulso de um bar.


Outro escândalo que virou manchete foi a batida de carro do criador do projeto de videogame portátil Gizmondo, que destruiu sua Ferrari batendo em uma Mercedes-Benz igualmente cara.


Indústria da fofoca


O autor da página, Nick Douglas, é um universitário que diz não ter fontes dentro das empresas. Segundo ele explica no blog, há muita coisa acontecendo, mas as assessorias de imprensa são eficientes em esconder escândalos.


Douglas escrevia para o diário virtual Blogebrity, que chamou a atenção devido ao rápido aumento de popularidade. Atento às novidades, o grupo de mídia Gawker, que mantém vários blogs famosos, convenceu o estudante a escrever em um novo site, o Valleywag. Agora, o site de Douglas faz parte de um time que conta com páginas de conteúdo especulativo, como o Wonkette.com, que traz fofocas sobre políticos de Washington, e o Defamer.com, que trata da vida pessoal dos astros e dos figurões de Hollywood.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


SBT lucra R$ 60 mi e investe em novela


‘O SBT fechou 2005 com um lucro líquido de R$ 60 milhões, quase sete vezes mais do que em 2004 (R$ 9 millhões). O resultado, que constará em balanço a ser publicado em jornais nos próximos dias, foi o melhor da década.


O mérito é atribuído ao mexicano Eugenio López Negrete, que assumiu a vice-presidência há dois anos, após o SBT amargar um prejuízo de R$ 54,2 milhões em 2003. Além de um equilíbrio nas receitas (R$ 750 milhões) e despesas, o SBT contou com a ajuda do câmbio. Como tem contratos milionários com Warner e Televisa, a rede se beneficiou da queda do dólar em relação ao real.


A emissora, porém, vive um início de 2006 turbulento. A audiência está em queda e, nos dois primeiros meses, a meta de faturamento não foi alcançada.


Silvio Santos está assumindo a gestão temporariamente _Negrete sai no dia 31. A atenção do dono do SBT atualmente está voltada para a teledramaturgia.


‘Cristal’, que teve suas gravações interrompidas e 90 cenas jogadas fora, deverá marcar o fim do ‘padrão Televisa’ nas produções do SBT, um indício de reação à Record. O SBT também tentará se aproximar do padrão Globo.


Silvio Santos autorizou a revisão do orçamento da novela, que será abrasileirada. O texto original mexicano será totalmente reescrito (um roteirista está sendo contratado). Estudam-se também novas mudanças no elenco.


OUTRO CANAL


Caiu Maurício Nunes não é mais diretor do ‘Domingo Legal’. Ex-diretor do programa, Homero Salles é o mais cotado para o cargo. Mas Nunes continuará no SBT. Como está envolvido em processo pelo ‘caso PCC’ (dirigiu a edição que levou a farsa ao ar, em 2003), poderá ser deslocado para o ‘Programa do Ratinho’.


Beleza Namorada de Rodrigo Santoro, a modelo Ellen Jabour será a nova ‘repórter’ do ‘Vídeo Show’ no Rio, substituindo Ana Furtado. Ellen venceu disputa com Didi Wager, ex-MTV.


Alerta A nova novela das seis da Globo, ‘Sinhá Moça’, tem uma boa imagem, mas não está decolando. Depois de uma estréia de 36 pontos, caiu anteontem para 27. Perdeu público principalmente para o SBT, que na segunda estreou ‘A Feia Mais Bela’, versão mexicana da colombiana ‘Betty, a Feia’ _que cravou nove pontos.


Estável Já ‘Cidadão Brasileiro’ voltou anteontem a marcar os 15 pontos da estréia. A novela da Record, no entanto, caminha para uma crise nos bastidores. É grande a insatisfação com a direção.


Medo Saiu a audiência do primeiro episódio da segunda temporada de ‘Lost’, que estreou dia 6 no AXN. O seriado foi líder disparado entre os canais pagos no horário em que foi ao ar (179% a mais de público do que o segundo, o Discovery Kids). Alcançou 486 mil telespectadores, uma fábula para a TV paga.’


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O Globo


Quarta-feira, 22 de março de 2006


ELEIÇÕES 2006
Cláudia Lamego


Garotinho vai divulgar contas de pré-campanha


‘O ex-governador Anthony Garotinho adiou para a próxima semana a divulgação das contas de sua pré-campanha à Presidência pelo PMDB. Garotinho afirmou que vai pôr na internet todos os gastos e os doadores. Em entrevista anteontem, ele prometera divulgar as contas ontem.


– Não deu tempo de fechar tudo para hoje, mas os gastos estarão na internet, inclusive com o nome dos doadores, na próxima semana – afirmou.


Na luta interna para ser o candidato indicado pelo PMDB na convenção de junho, Garotinho disse que tem ligado para cerca de 40 peemedebistas por dia. Ontem, ele disse ter conversado com Germano Rigotto e obtido apoio do governador gaúcho para sua candidatura.


– Estou ligando para os líderes do PMDB do país inteiro para unir o campo a favor da candidatura própria. Vou continuar travando a luta dentro do partido até a convenção. Falei hoje também com o vice-governador do Maranhão, que lamentou não ter havido votação nas prévias no estado. Vamos vencer na convenção.


O ex-governador do Rio confirmou ter recebido um telefonema de Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidência, para felicitá-lo pelo resultado das prévias. Garotinho disse que ligou para o tucano quando ele foi escolhido pelo PSDB.


– Ele me felicitou pela escolha e eu brinquei dizendo que a dele tinha sido mais fácil que a minha.


Garotinho disse que agora vai se dedicar à elaboração do seu plano de governo, coordenado por Carlos Lessa. Ontem, o economista reuniu sua equipe na sede do PMDB e anunciou, ao lado do candidato, que vai continuar ouvindo as bases do partido para ampliar o programa.


– Se o PMDB não tiver candidatura própria, peço desculpas a Ulysses Guimarães e saio do partido – disse Lessa.’


CHINA
Gilberto Scofield Jr.


‘Reality show’ é novo alvo da censura chinesa


‘Depois de aumentar a censura à imprensa escrita e à internet, chegou a vez da televisão. O Escritório de Administração de Rádio, Cinema e Televisão da China, o poderoso organismo que decide ao que os chineses podem ou não assistir na mídia, anunciou que reality shows nos moldes do ‘Supergirl’ (a versão chinesa para o programa de calouros ‘Fama’) terão que passar pelo crivo do governo antes de ir ao ar. Até agora, a censura era feita pela própria estação de TV que veicula o programa.


Segundo governo, a idéia é ‘evitar irregularidades’ cometidas na primeira versão do programa, como a participação de menores de 18 anos ou o uso de ‘linguagem considerada inadequada ao público-alvo’, ou seja, jovens entre 12 e 20 anos.


Objetivo é evitar materialismo, diz governo


‘A imposição de uma idade mínima evita a propagação indiscriminada do materialismo entre os cerca de 370 milhões de jovens chineses’, diz o jornal estatal ‘China Daily’ sem citar fontes específicas. O jornal observa que a vencedora da primeira edição do programa, Li Yuchun, de 21 anos, foi parar em sexto lugar na lista anual de celebridades mais bem pagas da China em 2005 após ganhar o concurso em julho do ano passado.


Ainda segundo o jornal, após o sucesso de Li, ‘jornais locais começaram a publicar histórias de adolescentes do campo que tentaram fugir da pobreza rural participando de testes de talentos em programas de televisão de grandes cidades, deixando para trás suas famílias ou seus estudos’.


Apesar da preocupação com a cultura da celebridade, internautas chineses garantem que o governo está mesmo preocupado é com a forma de escolha do ganhador do concurso – os telespectadores podem votar por telefone ou por mensagens de celular nos seus candidatos preferidos. Trata-se, na verdade, do único processo democrático de escolha na China.


Ano passado, em meio a uma audiência de 400 milhões de pessoas, Li Yuchun foi escolhida menos por suas qualidades de cantora e mais por seu comportamento/aparência. A jovem se parece com um rapaz e comporta-se na antítese da jovem mulher chinesa socialmente ‘aceitável’: delicada, tímida e um tanto abobalhada.


Propaganda de cachaça com menor não é proibida


Curiosamente, o governo da China nada fala sobre o mais novo comercial estrelado pelas cinco finalistas do ‘Supergirl’: uma gigantesca campanha de uma conhecida cachaça local, que na China se chama maotai . Uma das garotas é menor de idade, mas a campanha, ainda assim, continua em todos os outdoors, revistas e TVs do país.


Em janeiro, o Google, a mais popular ferramenta de busca da internet, foi lançado na China sem e-mails e a possibilidade de criação de blogs ou chats. A concordância da empresa em se submeter à censura determinada pelo Partido Comunista chinês foi criticada pelo Congresso Americano e entidades de defesa da liberdade de expressão.’


ARGENTINA
Janaína Figueiredo


Ecos da guerra suja


‘A Marinha argentina ordenou o fechamento preventivo de todas as suas centrais de inteligência, em meio a um escândalo desencadeado pela descoberta de que oficiais da base Almirante Zar, na província de Chubut, sul do país, espionavam funcionários do governo, políticos, dirigentes sociais, sindicalistas e até jornalistas. Ontem, o chefe de Estado-Maior da Marinha, almirante Jorge Godoy, assumiu a responsabilidade pelo grave incidente, mas assegurou tratar-se de um fato isolado.


A Lei de Defesa Nacional da Argentina proíbe qualquer tipo de espionagem militar.


– Fechamos todas as centrais de inteligência e enviamos inspetores navais, junto com observadores do Ministério da Defesa, para comprovar como funcionavam essas centrais – assegurou o almirante.


Segundo o almirante, é preciso esclarecer, ‘explicar o que não tem explicação, porque nada disso tem sentido’.


– Não é informação que nos sirva para alguma coisa. Para realizar operações militares a Marinha não precisa conhecer a orientação sexual ou os costumes de pessoa alguma – disse ele.


Segundo o governador de Chubut, Mario Das Neves, entre os papéis encontrados havia, até mesmo, informações sobre o presidente Néstor Kirchner.


Anotações sobre Kirchner


A crise militar veio à tona em meio aos preparativos do governo Kirchner para o novo feriado de 24 de março, em recordação ao golpe de Estado de 1976, aprovado pelo Congresso semana passada. Na sexta-feira, quando se completam 30 anos do golpe que derrubou Maria Estela Martínez de Perón (1973-1976), o governo realizará uma série de atos públicos em Buenos Aires e nas embaixadas no exterior.


A denúncia apresentada sexta-feira pelo Centro de Estudos Legais e Sociais (Cels), sobre espionagem militar na base da cidade de Trelew, caiu como balde de água fria na Casa Rosada.


– A denúncia mostra que temos de continuar aprofundando o processo de democratização das Forças Armadas, já que muitos setores ainda aplicam lógicas da época da ditadura (1976-1983) – disse ao GLOBO uma fonte do Ministério da Defesa.


Por ordem do chefe do Estado-Maior da Marinha e do Ministério da Defesa, foram desativadas as centrais de inteligência que funcionavam nas bases de Puerto Belgrano, Zarate, Trelew, Ushuaia e no Edifício Libertad, em Buenos Aires. Segundo a fonte, o governo aguarda com grande expectativa o resultado das auditorias para saber se existiam outros centros de espionagem.


As auditorias serão realizadas por comissões integradas por oficiais da Marinha e funcionários civis do Ministério da Defesa. Entrarão em ação dez comissões para verificar como funcionam as centrais de inteligência da Marinha. A investigação será comandada pelo vice-almirante Benito Rótolo, número dois da Marinha argentina. Em Trelew, o caso está nas mãos do juiz Jorge Pfleger. Os oficiais das centrais de inteligência serão enviados a outros setores da Marinha.


– A Marinha realizava um controle ideológico. Eram monitorados dirigentes políticos, sociais e jornalistas. Trata-se de uma metodologia que não vem sendo aplicada há uns três anos, mas parece que nunca deixou de ser usada desde a ditadura – disse o governador Das Neves.’


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‘Continuam atuando como se o país ainda estivesse numa ditadura’


‘BUENOS AIRES. O escândalo sobre espionagem militar que veio à tona nos últimos dias mostrou, segundo o advogado Diego Morales, do Centro de Estudos Legais e Sociais (Cels), que ‘alguns setores das Forças Armadas, sobretudo da Marinha, continuam atuando como se o país ainda estivesse vivendo uma ditadura’. O Cels foi o organismo encarregado de apresentar a denúncia à Justiça, sexta-feira passada.


Como chegou ao Cels a denúncia sobre espionagem militar?


DIEGO MORALES: A denúncia chegou às mãos do Cels há pouco mais de uma semana. No começo achamos que os militares estavam espionando apenas pessoas vinculadas ao massacre de Trelew (ocorrido em 1972), porque em fevereiro passado foi reaberto o processo sobre o caso. A denúncia foi feita por um oficial da Marinha que trabalha na base militar de Trelew, onde funcionava o centro de espionagem e onde, coincidentemente, ocorreu o massacre. Ele fez a denúncia porque sabia que estava fazendo um trabalho ilegal. Os militares estavam espionando políticos, sindicalistas, líderes indígenas e até mesmo jornalistas. Consideramos o fato gravíssimo e apresentamos uma denúncia à Justiça.


Desde quando estava funcionando este centro de espionagem militar?


MORALES: Temos registros de 1997 e também de 2006. Acreditamos que o grupo estava trabalhando há bastante tempo. Foram encontradas fichas relacionadas a fatos que ocorreram há algumas semanas. Também foi encontrada uma ficha sobre a ministra da Defesa, Nilda Garré, que assumiu o cargo em novembro do ano passado.


Qual era o objetivo dos militares?


MORALES: As hipóteses são variadas, mas não existe finalidade que justifique este delito. Pode ser desde seguir os movimentos de determinados setores sociais ou apenas monitorar a situação política do país. Mas a Lei de Defesa Nacional proíbe qualquer tipo de espionagem por parte das Forças Armadas.


Vários militares foram afastados de seus cargos. Os acusados poderiam acabar sendo presos?


MORALES: Sim, poderiam ficar até dois anos detidos porque não cumpriram seus deveres como funcionários públicos. Este fato comprova que alguns setores das Forças Armadas, sobretudo da Marinha, continuam atuando como se o país ainda estivesse vivendo uma ditadura. Isso mostra o quanto é importante continuar democratizando as Forças Armadas e reforçar o controle civil.’


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 22 de março de 2006


TV DIGITAL
Jamil Chade


TV digital japonesa isolará o País, diz UE


‘A União Européia (UE) alerta que o Brasil ficará isolado se adotar o padrão japonês da TV Digital. O comissário de Comércio da UE, Peter Mandelson, confirmou ontem que, em sua viagem a Brasília, na semana que vem, tentará convencer o governo brasileiro a adotar o padrão europeu. Ele também oferece ao País um assento no conselho que discute o futuro do padrão europeu.


‘O Brasil precisa decidir: ou adota um modelo com melhor preço, melhor tecnologia e participação da gestão ou ficará isolado’, disse Mandelson. Ele admite que a opção brasileira é importante para a UE e não descarta o investimento de empresas. Mas passa a idéia de que é o Brasil quem mais ganha.


‘O padrão europeu é o melhor para o Brasil por causa dos preços mais reduzidos do sistema e porque, pela nossa proposta, o Brasil estaria incluído no desenvolvimento da tecnologia da TV digital, principalmente em pesquisa’, explicou.


Mandelson será o mais alto representante da UE a debater esse assunto com autoridades brasileiras nos últimos meses e mostra que os europeus estão se esforçando para vencer a concorrência com japoneses e americanos. ‘Isso significa que o Brasil vai se unir a um padrão global. Já o modelo japonês não é adotado por nenhum outro país’, disse Mandelson.


‘O modelo japonês vai isolar o Brasil internacionalmente. Vai tirá-lo das atividades de pesquisa, não dará um lugar na infra-estrutura global da tecnologia nem um posto na administração desse sistema.’’


TELEFONIA & INTERNET
Graziella Valenti


Net e Embratel se unem para disputar a telefonia local


‘Depois de meses de espera, a Net e a Embratel lançaram ontem sua oferta conjunta de telefonia, para competir com as três grandes concessionárias locais (Telefônica, Telemar e Brasil Telecom). Chamado Net Fone via Embratel, o serviço de telefonia das duas companhias ligadas ao grupo mexicano Telmex usará a rede de TV a cabo para chegar à casa do cliente e terá uma assinatura mensal flexível de R$ 34,90, incluindo impostos, para São Paulo, Campinas, Santos, Belo Horizonte, Brasília e Florianópolis. O valor sem impostos é de R$ 24,90 e o preço final depende de cada praça atendida, conforme os impostos locais, podendo alcançar R$ 37,53 (Rio de Janeiro). O valor da assinatura poderá ser usado em ligações para fixo, móvel e longa distância com o código da Embratel.


Caso o usuário faça somente ligações locais para telefone fixo, a franquia equivale a 300 minutos. As chamadas locais para outro Net Fone terão custo zero, enquanto as de longa distância para outro terminal da empresa serão tarifadas como uma ligação local (R$ 0,1163 por minuto, incluindo impostos).


A instalação do Net Fone custará entre R$ 300 e R$ 322,61, dependendo da localidade. Entretanto, para os usuários que já possuem algum dos produtos da Net – TV paga ou Vírtua – não será cobrada esta tarifa. Os assinantes do Vírtua que contratarem o Net Fone, além da instalação gratuita, terão seis meses sem assinatura e pagarão apenas pelo que consumirem. Os usuários que possuem assinatura de TV paga Net Digital terão 12 meses sem assinatura e mais R$ 20 de desconto quando a franquia passar a ser cobrada.


O diretor de produtos e serviços da Net, Márcio Carvalho, destacou que esta estratégia é o conceito principal do triple play (voz, dados e vídeo de uma operadora): ‘Quanto mais serviços o cliente contrata, menos ele paga. Tudo numa conta única’. Segundo o executivo, no futuro, serão desenvolvidos pacotes alternativos, após as companhias estudarem o perfil de consumo dos usuários. O foco da comercialização neste momento é mercado residencial.


O diretor da Embratel, Alexandre Gomes, destacou que a empresa não deixará de comercializar o Livre, telefone local sem assinatura com tecnologia sem fio. De acordo com ele, este produto tem foco em um público de profissionais liberais e pequenos negócios, diferentemente do Net Fone.


Gomes afirmou que uma das vantagens do Net Fone é ter um único preço para cada modalidade de ligação. As fixas locais custarão R$ 0,1163 e, nas locais para terminais móveis, o valor será de R$ 0,65. Nas chamadas de longa distância, o preço do minuto é de R$ 0,25 para um aparelho fixo e de R$ 1,20 para um terminal móvel. Nas ligações internacionais, o valor por minuto é de R$ 0,95 para todos os países, com exceção dos Estados Unidos – nesse caso, custarão R$ 0,5326. Os valores incluem os impostos e são válidos para São Paulo, Santos, Belo Horizonte, Brasília e Florianópolis.


O diretor comercial da Net Serviços, Sérgio Wainer, explicou que o usuário pode contratar uma linha com numeração de qualquer das cidades atendidas, independentemente de onde more, como é possível em outros telefones IP (sigla inglês de protocolo de internet) disponíveis no mercado.


A numeração e, portanto, o telefone, serão portáteis. Para usar o produto, o cliente necessita de um adaptador, fornecido em sistema de comodato pelas companhias. Os clientes que já forem assinantes do Vírtua (banda larga) terão seus cable modens trocados. O usuário poderá levar o aparelho para instalar o telefone em qualquer outro acesso de cabo da Net.’


INTERNET
Adriana Chiarini


Banda larga deve chegar a 11,63 milhões em 2010


‘A banda larga cresce no mundo a uma velocidade média de 120% ao ano, superior ao ritmo de expansão da telefonia móvel, de 110% ao ano, disse ontem o vice-presidente de negócios da indústria de equipamentos de telecomunicações Ericsson Brasil, Jesper Rhode.


As previsões da empresa para o Brasil são de que, em 2010, as habitações com banda larga devem mais que dobrar, saindo dos quase 5 milhões esperados para este ano e chegando ao número de 11,63 milhões, representando 16% dos domicílios brasileiros. Mesmo onde não há microcomputadores, a banda larga pode se fazer presente por outras tecnologias, como os telefones celulares.


Para Rhode, a banda larga e os serviços de valor adicionado que ela permite, como a televisão por protocolo internet (IPTV), representam um desafio, mas também uma solução para as operadoras de telefonia. Esses serviços podem gerar receita em um ambiente em que a tendência é reduzir os recursos vindos do transporte de voz, principalmente na longa distância, por causa da concorrência com os serviços de voz sobre IP (protocolo internet), os chamados VoIP.’


PUBLICIDADE
Carlos Franco


Ronaldo dá ‘olé’ em campanha da Brahma


‘A má fase de Ronaldo nos campos de futebol não o impediu de dar um ‘olé’ em outra arena, a dos touros. Ele dribla o animal para abrir uma cerveja Brahma e para enfatizar o ‘olé’ do produto em campanha publicitária da AmBev que começa a ser veiculada hoje. O objetivo é preparar a torcida brasileira para a Copa, procurando fazer com que o jingle do ‘olé’, criado pela agência de publicidade Africa, tenha o mesmo efeito que a ‘tartaruga’ da mesma cerveja teve na Copa de 2002.


Paralelamente ao filme, a cervejaria começa a distribuir uma Brahma com novo sabor, em edição especial voltada para a Copa: a Brahma Bier, que será vendida oficialmente a partir de abril. Trata-se de uma cerveja do tipo ‘helles’, originária da Alemanha, e que é ligeiramente mais encorpada e com uma coloração mais dourada.


Vivian Serebrinic, gerente de Marketing de Inovações da AmBev, ressalta que a intenção foi surpreender o consumidor com um novo líquido, mais do que com nova embalagem decorada para a Copa: ‘Há muito tempo não lançávamos um produto novo, com faixa de preço médio, e aproveitamos a Copa para dar esse presente ao consumidor. A cerveja chegará aos bares ao preço sugerido de R$ 2,50 e será vendida no auto-serviço (sobretudo supermercados) ao preço sugerido de R$ 1,09 a lata’.


A empresa também se prepara para reforçar, na Europa, a presença da cerveja Brahma, que lá é vendida em garrafas ‘long neck’ modernas e arrojadas – a mesma da Skol Beat. O produto, porém, ainda não chegou à Alemanha, mas a AmBev tem mantido negociações com a controladora belga InBev para ações naquele país durante a Copa. Ela quer se valer do patrocínio da seleção brasileira que a permite usar jogadores, sem falar dos contratos específicos, como o que tem com Ronaldo.


Como o mercado brasileiro de cerveja responde por vendas anuais de R$ 10 bilhões, a AmBev não estará sozinha na disputa. A Kaiser (agora Femsa Cerveja do Brasil) e o Grupo Schincariol também preparam ações para a Copa, que podem ir além das latas decoradas.’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Olha aí quem está de volta às novelas


‘Sônia Braga subiu no telhado e, ao contrário do mau presságio que cerca essa expressão, deu-se muito bem. Afinal, Gabriela escalando aquelas telhas na TV Globo em 1975 é um clássico. Uma volta ao mundo depois e incontáveis convites recusados para fazer novela, ela retorna ao País e ao gênero que a consagrou: faz 20 anos que não encara um folhetim inteiro. Em abril, começa a gravar Páginas da Vida, próxima novela das 9 da Globo, de Manoel Carlos.


O retorno não veio antes, não por falta de propostas tentadoras. Em 1999, fez dez capítulos de Força de Um Desejo, de Gilberto Braga, claro. Mas o que a seduziu a deixar Nova York, desta vez, foi puro destino. Assim conta Sônia ao Estado.


Foi durante a nossa entrevista que ela tomou conhecimento do elenco que a espera na novela a seguir. ‘Bete Mendes?! Adoro!’ ‘O Thiago (Lacerda) também está? Nossa, que elenco!’, entusiasma-se. Franqueza na ponta da língua, 55 anos feitos, não se esquiva de falar em menopausa e bisturi. A seguir, um resumo da nossa prosa.


Por que só agora você resolveu fazer novela de novo no Brasil?


Nunca estive fechada a isso. O que aconteceu é que esses convites coincidiram com outros projetos meus lá fora, nunca dava certo. Desta vez calhou de dar certo, tudo. Já existia uma intenção minha de ficar fisicamente no Brasil de novo, tanto é que arrumei uma casa em Niterói (Rio). Parece que decidi de repente, mas não foi. Esta volta demorou quase dez anos.


Em outras ocasiões você disse que não tinha aceitado porque o salário não era o que você queria?


Isso é parte de uma verdade. A questão não era só dinheiro, é a hora mesmo.


E deixa de vez os EUA?


Não quero abandonar o país. Gosto muito do meu estilo de trabalho lá. Sempre escolhi o que fazer, desde os filmes às pequenas participações. Se me apaixono por filmes pequenos, simples, independentes, faço. Fiz muitos projetos assim, coisas que não chegaram na tela grande, mas correram festivais, ganharam prêmios. O Beijo da Mulher Aranha era um filme experimental. Sabe que eu fiz um filme todo improvisado? Agora acabei de filmar um projeto independente, The Hottest State, do Ethan Hawke, baseado em um livro dele.


Sua participação em Sex and the City foi muito comentada por aqui…


Lá também! Foi maravilhoso. Nos Estados Unidos é uma honra ser convidado para um seriado desses. Poxa, depois entrou o Mikhail Baryshnikov na série.


Como será seu papel na novela?


Sei o nome dela, Tônia, e que será casada no futuro com o Tarcísio Meira, só. Ainda não conversei com o Jayme Monjardim (diretor) nem com o Manoel Carlos direito.


O que a marcou mais: Gabriela ou Júlia Mattos?


Gabriela é uma das novelas mais importantes da minha vida, é a que fez a minha imagem. Se algum dia me viram como uma mulher bonita, a culpa é dela, mais precisamente do Jorge Amado (risos). Foi a Gabriela que abriu as portas para mim. Mas sou uma colagem de todas essas mulheres que fiz : Gabriela, Dona Flor, Júlia Mattos…


O que pensa de a Record planejar um remake de Gabriela?


Como todos os clássicos, Gabriela tem de passar, seja em reprise ou remake, para que as novas gerações possam conhecê-la, assim como Macunaíma e outros.


Você acha que o público brasileiro ainda a vê como sex symbol?


Seria bom, né? Existem dois tipos de mulher bonita: a que sai para caminhar, chega no topo de uma montanha suada e com sua missão cumprida, e é linda, linda de viver. A outra é a que as pessoas acham bonita. Esta segunda é o que ofereço, esta é a minha imagem.


Você demorou a fazer plástica…


É, fiz quando eu fiz (risos). Não tinha idéia de fazer, mas aí começou a crescer algo em minha pálpebra e procurei o Pitanguy. Ele disse: ‘Sônia, sabe o que eu faria? Faria algo para mudar esse rosto cansado, você está com uma fisionomia cansada.’ Disse que com um procedimento simples eu já me sentiria bem. Voltei para Nova York e fiquei pensando. Depois liguei e pedi para minha irmã marcar. Tinha medo de mudar meu rosto. Aí, parei de fumar, voltei a malhar, mas engordei muito. Fiz plástica de novo e comecei a fazer escalada. Não gosto de academia.


Não tem medo de envelhecer?


Por incrível que pareça não me sinto diferente de 20 anos atrás. As mulheres estão envelhecendo com menos medo. Quando entrei na menopausa, fiquei feliz com aqueles calores (risos). Eu pensava: Nossa, se de repente me der aquele calor, e eu ficar ensopada de suor, será legal, vai parecer que saí de uma aula de ginástica sem ir a lugar nenhum. É assim que a gente tem de lidar com a vida.’


Cristina Padiglione


Game Corp no 21


‘Não faz parte dos planos do Grupo Bandeirantes eliminar da programação da Rede 21 o Jornal 21 e o Saca-Rolha, talk show com Marcelo Tas, Lobão e Mariana Weickert. O acordo com a produtora Game Corp, prestes a ser fechado, poderá englobar até 7 horas de programação diária na Rede 21. Mas o cardápio encomendado à Game Corp deverá somar uma variedade de temas, como musicais e infantil, e não apenas games, cartão de visitas da produtora.


O mote, de todo modo, é igualmente o jovem, target que tem garantido bons índices à Game Corp na TV Mix, canal de João Carlos Di Gênio onde a produtora já ocupa uma larga faixa diária.


Empresa que tem entre seus sócios Fábio Lula da Silva, filho do presidente Lula, a Game Corp tem merecido crédito da Band pelos números alcançados no ibope. Em São Paulo, o G4 Brasil, programa de games exibido no ingrato horário das 23h às 23h30 de sábado, fez gloriosos 3 pontos de média em plena Bandeirantes, no mês de fevereiro. É um patamar surpreendente para a emissora. Ainda na Band, o G4 tem cinco minutos na madrugada de segunda a sexta, à 1h20.’


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