Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Estadão dá “barriga” com eleição na TV Cultura


Leia abaixo os textos de segunda-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


A eleição para presidente da TV Cultura está marcada para 7 de maio, ao contrário do que noticiou o jornal O Estado de S. Paulo na edição de segunda-feira.


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 9 de abril de 2007


TV CULTURA
Jotabê Medeiros


Cultura elege hoje novo presidente


‘Os 45 integrantes do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta (Rádio e TV Cultura) se reúnem hoje, às 9h30, para eleger o novo presidente da instituição e a mesa curadora do Conselho. O atual presidente é Marcos Mendonça, há dois anos e meio no cargo, conduzido à presidência por imposição do ex-governador Geraldo Alckmin (e que estaria desprestigiado pelo atual governador, José Serra, ambos do PSDB).


Marcos Mendonça, segundo fontes do conselho, diante da pressão, teria desistido de disputar nova eleição. O governo até já se encarregou de anunciar aos quatro ventos que o virtual presidente eleito é o jornalista Paulo Markun, de 54 anos, que apresenta o programa Roda Viva na emissora.


Markun evitou comentar a especulação durante a semana, nem por telefone (o Estado tentou infrutiferamente) nem em seu blog, mas ele dispôs em seu site oficial um texto do jornal Folha de S.Paulo, da semana passada, que dá como favas contadas que, em junho, ele assumirá a emissora.


Conselheiros mais independentes reclamam da deselegância com que o governo fez chegar sua decisão à imprensa, antes mesmo da reunião do Conselho Curador, que fica meio como uma ‘Rainha da Inglaterra’ na instituição: só ratifica o que o governador decide. A última eleição teria sido mais democrática, com os candidatos à época, Jorge Cunha Lima e Marcos Mendonça, procurando os conselheiros um a um para defender suas idéias.


Hoje, reconhecem que é um jogo de cartas marcadas. O governo dificilmente perderá alguma vez no conselho: entre os integrantes, cinco são secretários de Estado; cinco são ex-secretários; outros são ex-ministros (como José Carlos Dias); uma acaba de ser nomeada pelo governador para cargo no Condephaat (Regina Meyer); e vários são simpatizantes históricos do partido do governador (como a atriz Irene Ravache e a escritora Lygia Fagundes Telles).


Também já tinham sido ventilados para a sucessão nomes como os de Eugenio Bucci, da Radiobrás, e de José Fernando Perez, ex-Fapesp. Para evitar dissenções no partido, Marcos Mendonça, ex-secretário de Cultura e ex-deputado, poderá ir para o cargo que hoje é ocupado por Cunha Lima: o de presidente do Conselho.


Segundo disse Mendonça em entrevista ao Estado, no dia 16 de março, sua entrada na TV Cultura foi para ‘cumprir uma etapa’ e que, nesse período, não teria havido ingerência do governo na emissora. ‘Esse é o meu horizonte. Se houver uma manifestação do conselho em outra direção, para mim… A minha etapa vou cumprir, com muito orgulho e satisfação’.


Se for corroborada a escolha de Markun, o jornalista que pertenceu ao mítico jornal Opinião coroa assim uma carreira de sucesso. Ele é autor de nove livros, como O Sapo e o Príncipe e Meu Querido Vlado (Editora Objetiva), além de três coletâneas com as melhores entrevistas do Roda Viva.


Em um dos seus livros, ele descreveu sua situação política na época da ditadura militar. Um dos episódios mostra a dificuldade de encontrar emprego após a prisão, e a peregrinação pelos jornais. Um dos jornalistas que, em lugar de ajudar, o aconselhou a desistir e sair do País foi Bóris Casoy, então executivo na Folha de S.Paulo.


‘Em oito anos no comando do Roda Viva, coleciono resmungos e muxoxos de todo lado. Há quem veja o programa como um ninho de tucanos e os que enxergam ali um antro de petistas’, escreveu Markun, em seu blog.


Em 2004, durante palestra sobre TV Pública, em Ponta Grossa (PR), Markun lembrou frase do governador Mário Covas para exemplificar qual deveria ser a relação entre Estado e TV Cultura: ‘Eu pago e não mando nada.’ Se for mesmo o novo presidente, ele vai ter a chance de convencer o Palácio dos Bandeirantes da importância dessa frase.


Galeria de presidentes


ROBERTO MUYLAERT – Foi em sua gestão, e sob a direção artística de Beth Carmona, hoje na TV Educativa, que a TV Cultura viveu o auge, com programas infantis premiadíssimos.


JORGE DA CUNHA LIMA – Era candidato a Ministro da Cultura de Fernando Henrique Cardoso, mas teve de se contentar com algo ‘menor’, a Fundação Padre Anchieta. Enfrentou grave crise financeira e teve de demitir centenas de pessoas.


MARCOS MENDONÇA – Para ser eleito, tiveram de acomodar seu antecessor em um novo cargo na emissora. Aumentou as receitas publicitárias, mas viu a qualidade da programação cair.’


GOVERNO LULA
Editorial


A rede pública de TV


‘O que é uma rede pública de televisão? Considerando-se que todas as emissoras e redes de TV operam sob o regime de concessão pública, num sentido amplo se poderia dizer que públicas são as 470 geradoras de TV no País. Mas numa definição mais estrita, que excluísse os canais de TV de uso comercial e incluísse apenas as educativas, somando-se as 26 emissoras estaduais associadas a 53 retransmissoras e mais outros canais institucionais de programação educativa, mantidos pelo Poder Público – embora, em alguns casos, com o apoio de patrocínios privados -, já temos uma Rede Pública de TV, no Brasil, de 150 emissoras. Portanto, educativo é quase um terço dos canais de TV no Brasil.


Então, para que montar uma nova rede pública de televisão? Deixemos de lado os custos do empreendimento, sem dúvida elevados, e o cabide de empregos em que se transformará. O presidente Lula disse que quer uma TV pública para ser usada em aulas, cursos, programas culturais, exibição de artes – o que corresponde, precisamente, ao que se possa entender por uma televisão educativa. Isso já existe há muitos anos.


A TV Cultura de São Paulo foi uma das primeiras a adotar ensino supletivo em sua programação. Em 1969 começou a transmitir o ‘Curso de Madureza Ginasial’. Em 1977 a TVE do Rio de Janeiro já iniciava produção do Projeto Conquista, curso com formato de novela-aula, para o ensino supletivo de 1º grau. O sinal da TVE Brasil/RJ é transmitido via satélite e, não estando codificado, pode ser recebido por todas as 12 milhões de antenas parabólicas existentes no País. Diversas TVs educativas transmitem o hoje chamado Telecurso 2.000, criado há 30 anos – transmitido pela Rede Globo, TVE, Canal Futura (UHF), Rede Mulher, TV Cultura e Rede Minas para todo o País, e até para o exterior, via Globo Internacional -, englobando aulas de todas as disciplinas de 5ª a 8ª série, no ensino médio e no profissionalizante.


O presidente reclamou do horário do Telecurso, achando-o ‘muito cedo’. É o melhor horário, indicado em pesquisas, para a população trabalhadora. Lula deveria consultar, a esse respeito, o dr. Vicente Paulo da Silva – o deputado Vicentinho – que por meio do Telecurso se formou e chegou à universidade.


Mas a evidência que há é a de um disfarce educativo, na criação dessa ‘nova’ Rede Pública de TV, para uma intenção notoriamente política. O simples fato de dizer que não quer uma televisão que possa ‘pintar de cor-de-rosa’ nem ‘pichar’ já desvela a intenção de dar uma orientação editorial à sua ‘rede’ (já chamada de TV Lula), pois, certamente, gente do Planalto terá que definir até que ponto uma notícia ou uma opinião foi pintada de cor-de-rosa e até que ponto atos ou autoridades do governo receberam ‘pichação’. E o ‘colorido’ dessa TV já transpareceu nas palavras do novo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, ao dizer que é por ‘preconceito’ e por ‘resistência a tudo que não seja privado’ que se critica a iniciativa.


Sempre é bom lembrar que, além de já dispor da Radiobrás, da TV Nacional de Brasília e de outras TVs públicas, além de uma rede de mais de 3 mil emissoras de rádio que transmitem, obrigatoriamente, a Voz do Brasil, e de um programa semanal de rádio com o presidente da República, o governo federal tem a prerrogativa de convocar, a qualquer tempo, redes nacionais de televisão e de rádio, para pronunciamentos do próprio presidente ou de ministros de Estado. E nem seria preciso lembrar do enorme espaço que o governo federal ocupa no conjunto do noticiário da mídia privada, assim como da propaganda oficial da administração direta e de empresas estatais nos canais abertos de televisão. Então, seja ‘educativa’ a finalidade dessa nova Rede Pública de TV, como diz o presidente Lula, ou seja transmitir à população ‘atos e idéias do governo’, como confessa o ministro Hélio Costa, tudo isso já está coberto.Tanto que o seu colega Franklin Martins afirmava ao programa Observatório da Imprensa, na TVE, que ‘ninguém vai inventar a roda, é simplesmente fazer a roda rodar’.


Para fazer rodar a roda que já existe não era, e não é, necessário criar uma nova e dispendiosa TV. Basta gerir melhor a ampla rede já existente.’


AFEGANISTÃO
O Estado de S. Paulo


Jornalista é decapitado no Afeganistão


‘KABUL, AP E REUTERS – O jornalista e intérprete afegão Adjmal Naqshbandi foi decapitado ontem por guerrilheiros talebans. Adjmal trabalhava como tradutor do jornalista italiano Daniele Mastrogiacomo. Ambos foram seqüestrados no início de março. Mastrogiacomo fora libertado havia três semanas, trocado por cinco guerrilheiros talebans, mas seu intérprete continuava desaparecido. O motorista de Mastrogiacomo Sayed Agha, outro que havia sido seqüestrado, também foi decapitado. A decapitação de Adjmal foi confirmada tanto pelo serviço de inteligência afegão quanto pelos talebans. ‘Realmente ele foi executado pelos talebans’, disse Said Ansari, porta-voz do serviço secreto afegão, acrescentando que as autoridades locais tentaram entrar em contato com os rebeldes, mas não conseguiram evitar a morte de Adjmal.


Já os talebans, depois de confirmarem o assassinato, informaram que decapitaram Adjmal Naqshbandi porque as autoridades locais haviam se negado a negociar sua libertação, ao contrário do fizeram com o jornalista italiano. ‘Quando pedimos foi para negociar a liberdade de Mastrogiacomo, o governo libertou prisioneiros, mas quando foi a vez do jornalista afegão, eles não deram a menor bola’, disse Shahabuddin Atal, porta-voz do Taleban.


O serviço de inteligência do Afeganistão prendeu Rahmatulá Hanefi, diretor de um hospital em Lashkar Gah, capital da província de Helmand, no sul do país, sob acusação de participação no seqüestro de Mastrogiacomo.Ontem, o primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, lamentou a execução de Adjmal. ‘Recebi com angústia a notícia. Condenamos com veemência esse crime absurdo’, declarou Prodi.’


PUBLICIDADE
Marili Ribeiro


Empresas trocam o diet/light pelo zero


‘Primeiro surgiu a classificação light nos rótulos dos refrigerantes para identificar os produtos de baixa caloria. Foi adotada em inglês mesmo, embora seja mais usada nos países latinos, em especial o Brasil, por empresas globais como a Coca-Cola – nos países de origem anglo-saxônica, a categoria é definida por diet. Na semana passada, os primeiros lotes de latas pretas de Coca-Cola começaram a invadir os bares e as gôndolas dos supermercados de São Paulo com uma nova assinatura: zero caloria. Até o final deste mês, o refrigerante será lançado no resto do País.


A bebida que vai dentro não mudou. Trata-se apenas de mais uma sacada de marketing de uma indústria que busca crescer em meio à patrulha aos alimentos doces e gordurosos. Seja qual for a versão – diet, light ou zero açúcar -, a finalidade é atender à demanda por refrigerantes que poderiam ser chamados de mais saudáveis. No mundo, todas as aferições de participação de bebidas gaseificadas e adoçadas perdem espaço na opção do consumidor para produtos que prometem mais qualidade de vida.


A falta de uma identidade que reforce esse conceito fez soar o sinal de alerta nas empresas do segmento. A partir de pesquisas de campo, elas perceberam que era fundamental rejuvenescer a categoria, já que os jovens, os maiores consumidores de refrigerantes, passaram a associar diet/light a produtos para gente doente, como os diabéticos, ou obcecados com a forma física.


Os novos rótulos inauguram, no Brasil, até mesmo uma disputa entre as gigantes do setor, Coca e AmBev, sobre quem merece o crédito pela autoria da inovação. Mais do que isso. A Coca-Cola Brasil garante que, no caso específico da Coca Zero, existe efetivamente um novo produto, com sabor mais próximo da Coca-Cola tradicional. ‘Tanto que a Coca light, que é líder no segmento de baixas calorias, permanece no portfólio. A Zero vem em embalagem preta e a light, na prateada’, explica Ricardo Fort, diretor de marketing da companhia no País.


A Coca Zero foi lançada nos EUA em 2005. No Brasil desembarcou em janeiro deste ano em Porto Alegre e somente na semana passada chegou a São Paulo, o maior e mais cobiçado mercado para novidades. Não à toa. O mercado de bebidas diet/light cresceu 65% só na grande São Paulo nos últimos seis meses, enquanto o regular cresceu 22%, segundo dados do instituto AC Nielsen.


A solução ‘zero açúcar’ foi encontrada pela Coca-Cola da Grécia em 2003, e se aplica ao refrigerante Sprite Zero. ‘A nomenclatura diet remete à uma imagem ultrapassada. O zero é a melhor descrição para baixa caloria e muito bem aceito pelos jovens’, explica Fort.


Desde então, essa concepção vem se expandindo para outros mercados. No Brasil, o Sprite Zero, que substitui o diet, chegou em 2005 e foi seguido do Kuat Zero, que tirou do mercado o light, em 2006.


NOME PADRÃO


Na comunicação da indústria de bens de consumo, quando não há novidade na composição do produto em si, é corrente o uso da expressão posicionamento, para destacar alguma ação de marketing. No caso da onda zero açúcar, a ambição é definitivamente atribuir ares mais juvenis a uma geração de refrigerantes de baixa caloria. ‘Os produtos diet são zero açúcar. No caso dos light, têm de ter 30% menos calorias do que o regular para receber essa classificação. Mas, para obter esse resultado, os fabricantes trocam açúcar por adoçante, o que também torna o produto zero açúcar’, explica Adrianne Elias, gerente de refrigerantes da AmBev.


Apesar de diet, light e zero serem a mesma coisa, a AmBev decidiu também incluir a informação ‘zero’ em sua linha de refrigerantes a partir deste ano. A mudança vale para Guaraná Antarctica, Sukita, Tônica e até mesmo para a Pepsi, distribuída no Brasil pela companhia. ‘Foram feitas mais de dez pesquisas qualitativas e quantitativas ao longo de um ano que identificaram dúvida sobre as categorias diet e light, qual teria menos açúcar. Além disso, o estilo de vida do consumidor mudou. Tudo indica que ele busca uma vida mais saudável e equilibrada’, diz ela.’


TELECOMUNICAÇÕES
Dhéa Ramos


Convergência tecnológica tromba com legislação anacrônica do País


‘A entrada das empresas de telefonia no monopolizado mercado da televisão brasileira e a chegada da TV digital ao Brasil, prevista para dezembro, traz à tona um imbróglio que o governo federal, parlamentares e radiodifusores empenham-se em fingir que não existe: a defasagem e a dispersão das leis que regem as telecomunicações no país. Pior: na legislação existente, o Brasil é um dos raros países a fazer distinção entre radiodifusão e telecomunicações. Esta postura põe a regulação brasileira de costas para um futuro já transformado em presente, chamado ‘convergência tecnológica’.


Com esse cenário, especialistas ouvidos pelo Estado dizem que, diante dos pedidos das teles para explorar serviços de televisão, como fizeram a Telefônica e a Telemar, é hora de apressar a elaboração e promulgação de uma Lei Geral de Comunicação Eletrônica de Massa. ‘O ambiente hoje é outro’, diz Israel Bayma, engenheiro eletrônico e pesquisador do Laboratório de Políticas de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB). ‘A tecnologia avançou a tal ponto que, se o poder público não fizer (a lei geral), o mercado vai se encarregar de fazer.’ Assessor da Casa Civil entre 2005 e 2006, ele elaborou, quando estava no governo, um pré-projeto da Lei Geral de Comunicação que, à semelhança das outras quatro vezes anteriores, nunca chegou a ser discutido.


Num cenário em que até a internet já oferece canais de televisão – o Joost, desenvolvido pelos mesmos criadores do serviço de telefonia pela internet Skype – e em que as telefônicas aprimoram-se na oferta dos pacotes convergentes (telefonia fixa e móvel, internet de banda larga e TV por assinatura, o chamado triple play), a legislação brasileira sobre telecomunicações é anacrônica.


Para regular todo esse aparato tecnológico, o Brasil possui um Código de Telecomunicações da década de 60 (Lei 4.117/62), editado pelo presidente João Goulart. Uma época em que as TVs ainda eram em preto e branco e a grande novidade era o videoteipe.


‘A sociedade está desprotegida, porque as leis estão multiplicadas desnecessariamente, quando não, ultrapassadas. E não há a instituição de Estado que regule esse setor, que estabeleça as regras, que fiscalize e trabalhe essas questões de regulação’, diz o professor Murilo César Ramos, da Universidade de Brasília (UnB), um estudioso das políticas públicas do setor de telecomunicações.


Essa lei de 1962 – alterada por um Decreto-Lei de 1967 – é a espinha dorsal de um setor que possui em torno de 70 regulamentos em vigor, entre decretos, portarias e normas. ‘Para a engenharia, radiodifusão é telecomunicações, sendo esta um sentido mais amplo’, explica Israel Bayma. ‘Num cenário de convergência, a radiodifusão se confundirá com as redes de telecomunicações ao ponto de integrarem redes únicas de transmissão de dados.’


Além da fragmentação legislativa, a dispersão dos órgãos de controle também atrapalha. Enquanto a Anatel controla as teles, gerencia o espectro radioelétrico e administra a TV paga, o Ministério das Comunicações regula a radiodifusão aberta e comunitária. Setores da Casa Civil e do Ministério da Justiça – classificação indicativa – também têm ingerência na área. Até o Ministério da Cultura se envolve no setor.


Há meses, o ministro Gilberto Gil vem organizando o I Fórum Nacional de TVs Públicas, com a ajuda de setores da Casa Civil e da Secretaria Geral da Presidência. Gil foi atropelado, no mês passado, pelo anúncio feito pelo ministro Hélio Costa (Comunicações) de que o governo iria montar uma Rede Nacional de Televisão Pública, uma espécie de TV do Executivo. Faltou comunicação entre os ministros? ‘Esse é o pior ambiente que uma sociedade pode ter. Porque no meio dessa irracionalidade normativa, vai sempre predominar a lei dos mais fortes’, diz Murilo Ramos.


Historicamente, a contar da gestão do ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros e incluindo a frustrada tentativa da Casa Civil no governo Lula, houve cinco tentativas de elaboração de uma Lei Geral de Comunicação de Massa. Todas acabaram engavetadas, depois de esbarrar – segundo pesquisadores do assunto – na resistência dos radiodifusores, que não estão interessados em se submeter a algum regulamento novo ou a um órgão com efetivo poder de fiscalização.


TELES E TVS


Do ponto de vista do interesse público, para Bayma, a entrada das teles no mercado das TVs pagas é positiva. ‘Na radiodifusão, há uma concentração muito grande da propriedade, há verdadeiros monopólios. Por isso, é salutar ter outros prestadores de serviços.’ Ele exemplifica recorrendo ao Distrito Federal, onde para 2 milhões de habitantes, há apenas uma operadora de TV a cabo: a Net, do grupo Globo. As outras operadoras de TV paga que atuam na região transmitem os sinais por satélite ou MMDS.


Teles e redes de TV enfrentam-se em um ambiente de negócios milionários: enquanto as telefônicas movimentaram receita estimada em R$ 100 bilhões em 2006, no mesmo ano as e TV arrecadaram cerca de R$ 19 bilhões.


Segundo Murilo Ramos, se mais telespectadores de alto e médio poder aquisitivo migrarem da TV aberta para a TV paga, ficará comprometida a qualidade da audiência ao alcance dos anunciantes. ‘A TV aberta vive de vender audiência aos anunciantes. Se, de repente, ela começa a ter telespectadores só de médio e baixo poder aquisitivo, isso pode mexer com a receita. Por isso, ela precisa segurar o avanço da TV paga. A própria Globo não tem interesse que a Net cresça muito rápido’, diz.


As TVs por assinatura, contudo, devem reagir à decisão da Anatel. A Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA) já se pronunciou, dizendo que a entrada das teles viola a Constituição e compromete o equilíbrio competitivo do setor. A associação considera ilegal a operadora explorar o serviço de TV na mesma área em que presta o de telefonia. Mas para atuar em outro Estado, não haveria impedimento.’


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Projetos na Câmara seguem rumos diferentes


‘Desde janeiro, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, vem dizendo que é preciso elaborar com urgência um novo marco regulatório que contemple a convergência tecnológica. Para isso, diz que vai criar o Conselho Consultivo da Comunicação. A Casa Civil, por sua vez, disse que o grupo interministerial criado em outubro de 2005 para analisar e elaborar uma Lei Geral de Comunicação Eletrônica de Massa teve os trabalhos interrompidos porque outros projetos passaram à frente, como o Decreto da TV Digital e o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).


Enquanto o Executivo não põe o dedo na ferida, o Legislativo vai promovendo uma série de audiências públicas para discutir a questão. E três projetos de lei apresentados no início desta legislatura norteiam as discussões. O primeiro, do deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC), beneficia as teles: defende que a programação e a distribuição do conteúdo eletrônico sigam as regras do setor de telecomunicações, onde não há limites para o capital estrangeiro.


O texto do deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) resgata a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do ex-senador Maguito Vilela (PMDB-GO), vai no sentido contrário e é defendida pelas emissoras de TV. O projeto estende às operadoras de telefonia e aos provedores de internet a restrição de 30% de participação de estrangeiros no capital das empresas produtoras de conteúdo jornalístico e audiovisual.


Já o projeto dos deputados Walter Pinheiro (PT-BA) e Paulo Teixeira (PT-SP) autoriza as teles a atuar nos mais diversos segmentos da comunicação eletrônica, desde que observem contrapartidas sociais, como por exemplo, reservar canais para produção de conteúdos educativo e regional.’


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


Nizan no Canal Rural


‘O Canal Rural ressurge repaginado a partir de hoje e estampa, nos créditos da reforma anunciada, a grife de Nizan Guanaes. O publicitário vem prestando consultoria ao canal desde o ano passado. Por meio de sua empresa, a N/Idéias, ele tem atuação essencial na nova linguagem visual da emissora dos Sirotsky – leia-se Grupo RBS.


O slogan da casa passa a ser Canal Rural : a TV do Agronegócio. A Força do Campo. Dizem os idealizadores que a propota é tornar a sintonia uma espéce de CNN do campo, interligada a um portal de internet a ser relançado mais adiante, após ser igualmente reformulado.


Ucho Carvalho assina os novos cenários e a Oca Filmes, de São Paulo, as vinhetas dessa safra.


A diretoria de comercialização nacional foi entregue a um agrônomo – Donário Lopes de Almeida. A cota diária de programação se mantém em 18 horas.


Criado há 11 anos, o Canal Rural ganha agora estúdios em Campo Grande (MS), Londrina (PR) e Uberaba (MG), mais reformas nas instalações de Brasília, Porto Alegre e São Paulo.


Tudo obra do contexto promissor no agronegócio brasileiro.


Globo se prepara para respeitar fuso


Salvo algum veto do Supremo Tribunal Federal (STF), a nova portaria da Classificação Indicativa entrará em vigor em 13 de maio. O maior desafio das emissoras a partir desta data será respeitar a adequação de conteúdo a faixas etárias de acordo com o fuso horário local, e não mais de Brasília. ‘Trabalhamos com as duas hipóteses’, disse ao Estado o diretor-geral da TV Globo, Octávio Florisbal. Ou seja, de veto ou não do STF. ‘Trabalhamos até com a hipótese de voltar ao Ministério da Justiça para rediscutir essa questão (dos fusos), que é muito complexa.’


Aline Moraes é Sharolaine


O Casseta & Planeta volta ao ar amanhã com mulher bonita extra na edição. Aline Moraes, em cena batizada como Sharolaine, participa do programa como animadora de torcida. Ela apóia o Programa de Aceleração da Popularidade. DJ Marlboro também estará no quadro.


Entre-linhas


Reconciliação no sofá da Hebe: a loira grava hoje com Zezé Di Camargo e Luciano. A dupla deu o cano no programa há dois anos e desde então não era bem-vinda naquele palco. Vai ao ar dia 30.


O ‘Sob Nova Direção’ continua no ar nas noites de domingo da Globo, mas só neste semestre. A partir de 28 de julho, sua vaga está reservada para o Toma Lá, Dá Cá, de Miguel Falabella, sob direção de Roberto Talma, com Diogo Villela no elenco.


O Som Brasil é outro título que a Globo resgata este ano, com musicais sob direção de Luiz Gleiser.’


INTERNET
Pedro Dória


E-mails no governo: usar ou não usar?


‘Uma coisa curiosa surgiu durante as investigações de um dos escândalos recentes, nos EUA. Entre os muitos documentos levantados pelo Congresso americano, estavam cópias de e-mails enviados por Karl Rove, um dos principais assessores do presidente George W. Bush.


Nenhum dos e-mails tinha sido enviado pelo endereço oficial com terminação whitehouse.gov.


A questão – e o debate que surgiu a partir dela – expõe a maneira como o governo dos EUA encara e-mails. Oficialmente, do próprio presidente a seus principais ministros e assessores, todos negam usar correio eletrônico.


Numa entrevista, Bush explicou que o motivo é simples: como tudo o que o presidente escreve ou recebe é documento público, ele não poderia negar que leu uma determinada mensagem. Negar que recebeu ou que soube de algo é muito importante para mandatários. Sem e-mails, lavam-se as mãos.


Acontece que, e este é o problema, descobriu-se que pelo menos um dos homens fortes do governo usa e-mail. E a conta que usa é pessoal. Ninguém sabe se isto não é verdade para outros no governo.


Durante o governo Clinton, uma regulamentação interna proibia explicitamente o uso de correio eletrônico pessoal para todos os funcionários.


Pelo seguinte: o sistema da Casa Branca tem um backup poderoso e nada pode ser apagado. É tudo documento público, evidentemente. E quem serve ao governo deve deixar um registro de tudo o que fez e o porquê.


Quer dizer: no governo dos EUA, usar correio eletrônico não é obrigatório; mas quem usa tem que usar o do serviço público. Isto não vale apenas para a internet, evidentemente. Tudo o que é escrito ou mesmo gravado nas proximidades do presidente é devidamente arquivado. Não vai a público imediatamente, mas 12 anos depois que o governante tiver deixado o cargo. Ou no caso de uma investigação judicial.


No Brasil, esta é uma discussão jamais feita. Existe, na Justiça, a discussão sobre se mensagens trocadas com o e-mail do trabalho podem ser vistas pelo empregador. No caso do governo, quem emprega é o público.’


Rodrigo Martins


As ‘férias’ do sr. Orkut no Brasil


‘Ele afirma que veio ao País a trabalho. Mas que está ‘quase em férias’, ah, isso está. Criador do site de relacionamentos mais famoso no Brasil, o Orkut, o programador turco do Google Orkut Buyukkokten aterrissou por aqui há duas semanas. E, desde então, divide seu tempo entre a labuta (palestras com ingressos de até R$ 740 e encontros com usuários da comunidade virtual) e muita, mas muita, badalação.


Antes mesmo de completar seus 17 dias de viagem, com passagens por Rio, São Paulo, Salvador e Belo Horizonte, ele já vôou de asa-delta, visitou o Cristo Redentor e o Estádio do Maracanã, curtiu o sol em Angra dos Reis e Salvador, provou churrasco e (ufa!) caiu no sambão numa gafieira. Tudo está em seu álbum de fotos.


E o trabalho sr. Orkut? ‘Faço de segunda a sexta. No fim de semana, me divirto’, disse em entrevista exclusiva ao Link. ‘Também estou curtindo as noites, vou sempre a boates.’


Tirando a curtição, o programador diz que, além de fazer palestras em universidades e eventos, veio ao Brasil para desvendar um mistério: porquê o Orkut faz tanto sucesso por aqui? Por isso, está se reunindo com usuários do site no Rio, São Paulo e Belo Horizonte.


Para um melhor contato, ele até aprendeu expressões em português. ‘Sei falar ‘obrigado’, ‘continuam bonitos’, ‘você é linda’ e ‘você é lindo’, diz, com sotaque. ‘Nas conversas, já percebi algumas coisas. O sucesso do site tem a ver com a cultura. Vocês são muito amigáveis, gostam de se comunicar via web.’


Esta é a primeira visita de Buyukkokten. E, se não fosse o sucesso no Brasil – são mais de 28 milhões de perfis que se dizem brasileiros -, talvez ele nem viesse para essas bandas.


Tudo começou na Universidade de Standford, EUA, onde ele se tornou doutor em Ciências de Computação, em 2001. Buyukkokten é ligado em programação desde os 11 anos, quando ganhou o primeiro PC. Nascido na Turquia, morou na Alemanha e, após se graduar na faculdade, mudou-se para os EUA.


E foi em Standford que as primeiras idéias de comunidades brotaram. ‘Amo pessoas e PCs’, diz. ‘E vi que era difícil conhecer gente no campus. Queria facilitar a interação entre alunos de classes distintas. E fiz duas comunidades virtuais lá.’


Quando terminou o PHD, o programador ingressou na multinacional Google e passou a desenvolver, nas horas vagas, o esqueleto do Orkut – os funcionários possuem 20% de seu tempo livre para projetos pessoais.


Pouco antes de estrear – em fevereiro de 2004 – o site não tinha nem nome. ‘Aí um colega me sugeriu ‘Orkut.’ Achei bacana. Eu já tinha o endereço ‘Orkut.com’ registrado.’ E não demorou para os brasileiros dominarem a página. Em junho, o Brasil já tinha mais usuários do que outro países. ‘E só aumentou. Mais e mais pessoas entraram para consolidar a liderança.’


Mas Buyukkokten não quer ser só conhecido no Brasil. Para o futuro, ele tem dois objetivos: aumentar a participação de outros países e adicionar novas ferramentas. No último caso, uma das apostas é ampliar a compatibilidade com dispositivos móveis. ‘O futuro é a mobilidade. Hoje, já dá para ver e mandar recados do site via celular.’


Quanto à conquista mundial, ele faz ‘média’, diz que, embora a porcentagem de perfis brasileiros esteja caindo – já foi mais de 70%; hoje é 56% – o número de usuários daqui ainda cresce. ‘O site ficou popular em países como a Índia’, diz. ‘E eu ainda quero que todos os internautas do mundo usem o Orkut’, ri.


Mas isso é outro assunto, no qual ele só vai pensar quando estiver longe do churrasco e do samba. do sr. Orkut no Brasil’


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‘Criminoso do site é o mesmo do mundo real’


‘O criador do Orkut ainda não havia se manifestado sobre os crimes que estariam ocorrendo no site, como venda de drogas, pedofilia e racismo, que ganharam a mídia. Ao ‘Link’, Orkut Buyukkokten diz que’é um reflexo do que as pessoas fazem no mundo real.’ ‘E isso não ocorre só no Orkut. Todas as comunidades têm conteúdo ilegal.’


Segundo ele, o Orkut ampliou a equipe que remove conteúdos ilegais e os canais de denúncia dos usuários e de colaboração com as autoridades brasileiras.


Para o procurador Sérgio Suiama, do Ministério Público Federal, não é o suficiente. ‘Para ter dados sobre os suspeitos, é preciso enviar uma ordem judicial à matriz do Google – dono do Orkut – nos EUA. Está errado. O Google tem sede no Brasil. Ela é quem deveria fornecer isso.’


Segundo Suiama, a matriz envia os dados, mas, muitas vezes, incompletos. ‘E se não quiser colaborar, não é obrigada, pois a Justiça brasileira não tem jurisdição sobre empresas no exterior.’ Há um processo na Justiça para obrigar o Google Brasil a colaborar.


Buyukkokten não concorda. ‘Os dados estão nos EUA. O escritório no Brasil não pode prestar esses esclarecimentos.’


Badalação


PASSEIO | CHURRASCARIA


DETALHES | O criador do Orkut foi experimentar a carne brasileira na churrascaria Porcão, no Rio de Janeiro . ‘Comi muito, mas ainda tinha espaço para a sobremesa’, escreveu no álbum


PASSEIO | ASA-DELTA


DETALHES | Orkut Buyukkokten se aventurou num passeio pelos céus do Rio de Janeiro no comando de uma asa-delta. ‘Pronto para voar’, descreveu a foto em seu álbum virtual


PASSEIO | SAMBA


DESCRIÇÃO | Foi num barzinho do Rio de Janeiro que Buyukkokten caiu no samba. ‘A minha amiga me ensinou a sambar e eu arrebentei. Sou praticamente profissional agora’, escreveu no Orkut.


TRABALHO | ENCONTRO COM USUÁRIOS


DETALHES | Para desvendar o sucesso do Orkut no Brasil, o programador está se encontrando com usuários do site. ‘Eles também me dizem o que mais gostam e o que poderia ser melhor’, explica.’


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 9 de abril de 2007


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


As duas forças


‘Dias atrás, em meio às críticas de Fidel Castro ao etanol, Hugo Chávez anunciou que Lula estaria em sua cúpula de energia no próximo fim de semana. Ele, Michele Bachelet e, ontem na Telesur, Evo Morales. E há dias ecoa na região a entrevista de Marco Aurélio Garcia a Clóvis Rossi, em que o assessor prometeu um ‘pacto positivo’ dos dois, mas criticou o uso do etanol como ‘combustível ideológico’ por Chávez.


Em meio às rusgas, o francês ‘Le Monde’ resenhou sábado ‘O Sonho de Bolívar: O desafio das esquerdas sul-americanas’, de Marc Saint-Upéry. Contrapõe as ‘duas forças’ da integração regional, ‘a diplomacia de Lula, feita de terceiro-mundismo pragmático e de confrontação doce’, e o ativismo de Chávez, ‘mistura de pragmatismo e de antiimperialismo histriônico’.


MILHO, MILHO, MILHO


‘Corn, corn, corn’, avisa o ‘New York Times’ no editorial ‘As conseqüências do milho’, é a opção de plantio dos fazendeiros ‘através dos EUA’. O efeito pode ser o avanço sobre terras separadas para conservação, já solicitado. O temor do ‘NYT’ era a submanchete ontem no site do estatal cubano ‘Granma’.


‘DÚVIDAS’


O site do ‘Financial Times’ noticia que ‘montadoras estrangeiras’ como Toyota e Renault ‘expressam dúvidas’ quanto à campanha abraçada pelas americanas GM, Ford e Chrysler ‘por uma mistura de 85% de gasolina e de 15% de álcool’, já apelidada de E85.


JEB BUSH E O TRIO


O ‘Miami Herald’ apontou o irmão de George W. Bush e ex-governador da Flórida Jeb Bush, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, o colombiano Luis Alberto Moreno, e o ex-ministro de Lula Roberto Rodrigues como ‘o trio global’ pró-etanol. E como a resposta da campanha a Fidel Castro.


‘GIGANTE VERDE’


Outro republicano disputa a bandeira verde, sem a mesma prioridade ao álcool. Na capa da nova ‘Newsweek’ e longo perfil, o governador Arnold Schwarzenegger é apresentado como ‘o governador que tornou a Califórnia o mais verde’ dos Estados Unidos.


‘Estou otimista com o Brasil. E, se olhar o mapa, estar otimista com o Brasil leva a estar otimista com toda a América Latina. Eu não perco sono com a América Latina. Está em paz, não dividida pelo terrorismo, é democrática e tem dado passos largos em desenvolvimento humano’.


Do economista JEFFREY SACHS, sábado no ‘Financial Times’, dizendo que ‘a América Latina está indo bem melhor do que em geral se pensa’.


No Brasil, ‘vastas terras aráveis’


DE UM BRIC PARA OUTRO


Em longo texto, o ‘NYT’ deu cifras ao temor, expresso antes pelo ‘FT’, de que os EUA não agem e a China avança sobre a América Latina. No título, ‘Para fortalecer a China, a colheita de soja cresce no Brasil’.


Em reportagem paralela, o ‘NYT’ viajou de caminhão de Rondonópolis a Paranaguá, com ‘solavancos’ e ‘longas esperas’. Em belas fotos, terras sem fim e cada vez mais disputadas. Este ano o Brasil passa a exportação dos EUA.


CANDIDATO 2.0, ELEITOR 2.0


Em destaque no ‘Wall Street Journal’ dias atrás, com extensões de multimídia no WSJ.com, o retrato de como a web modificou as campanhas presidenciais dos EUA. Vale para os candidatos, mas sobretudo para o eleitor, que passou a interferir diretamente no jogo -e na cobertura. Agora têm até agregadores especiais no MySpace e no YouTube (acima).’


INGLATERRA
Folha de S. Paulo


Venda de entrevistas por ex-prisioneiros é criticada


‘Foi recebida no Reino Unido com uma enxurrada de críticas a decisão do Ministério da Defesa, tomada sábado, de permitir que os 15 marinheiros libertados na quarta-feira pelo Irã vendam seus depoimentos a jornais e redes de TV.


Max Clifford, um agente de celebridades, diz ter sido contatado por familiares de dois ex-prisioneiros e calcula que as entrevistas renderão 500 mil libras esterlinas (R$ 4 milhões).


A mais beneficiada será Faye Turney, a única mulher do grupo, que assinou contratos para entrevistas com o jornal ‘The Sun’ e com a rede ITV por cerca de R$ 400 mil.


O ‘New York Times’ comenta que entrevistas pagas são normais na mídia britânica, mas quando se trata apenas de personalidades civis. Os militares são em geral proibidos de dar declarações. O ministro da Defesa, Des Browne, disse que resolveu abrir uma exceção por causa do ‘interesse excepcional’ pelo caso e para manter um certo controle sobre os relatos, uma vez que parentes dos libertados já estavam recebendo ofertas para falar.


Mas a decisão realimentou as críticas aos marinheiros, que vinham sendo acusados de terem sido coniventes com o governo iraniano em suas ‘confissões’ de que estavam em águas daquele país.


O porta-voz do Partido Conservador, William Haghe, disse que a venda de entrevistas leva ‘à perda da dignidade e do respeito por nossas Forças Armadas’. O líder da bancada liberal democrata, Menzies Campbell, teme que a operação permita a divulgação involuntária de informações militares sigilosas.


Os ex-prisioneiros ‘estão se comportando como estrelas de reality show’, disse o coronel Bob Steward, ex-comandante das forças da ONU na Bósnia.


Ao menos um dos ex-prisioneiros disse que não cobraria por entrevistas. ‘Não estou interessado em dinheiro’, disse o tenente Felix Carman.


As críticas ao mercantilismo do grupo partiu ainda de parentes de alguns dos 140 militares britânicos mortos no Iraque e dos 52 mortos no Afeganistão. ‘É uma coisa errada, que não deveria ser permitida’, disse por exemplo Rose Gentle, mãe de um soldado de 19 anos morto em Basra em 2004.


Os 15 militares foram presos por um comando iraniano no golfo Pérsico último dia 23 e libertados na última quarta. Em Londres, reiteraram a afirmação de que os dois botes que ocupavam estavam em águas territoriais do Iraque, onde cumpriam missão de monitoramento determinada pelo Conselho de Segurança.


Ainda ontem, relata o ‘Independent’, fragmentos de depoimentos de ex-prisioneiros indicaram ser possível que o grupo foi capturado ‘por ter a língua muito comprida’.


Antes da captura, o capitão Chris Air deu entrevista ao canal 5 de Londres em que afirmou que a prioridade dos militares era a de patrulhar embarcações do Irã no golfo Pérsico.


A entrevista foi registrada pelos serviços de inteligência iranianos e seu conteúdo transformado em peça de acusação durante os interrogatórios do grupo em Teerã.’


LÍNGUA PORTUGUESA
Folha de S. Paulo


ABL cria serviço de tira-dúvidas de português


‘A partir de hoje, a Academia Brasileira de Letras vai montar um serviço, coordenado pelo acadêmico e gramático Evanildo Bechara, para tirar dúvidas do público sobre o português.


O serviço ‘ABL Responde’ contará com cinco lexicógrafos da casa para responder às questões em até 24 horas, segundo as previsões de Bechara.


Segundo a assessoria de imprensa, a ABL recebe muitas consultas por carta sobre português e passou a se preparar há um ano para atender às solicitações.


Não há ainda, porém, uma estimativa do futuro número de pedidos de informação. As consultas -de morfologia, fonética e sintaxe- poderão ser feitas por e-mail pelo portal www.academia.org.br.’


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