Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Fernando Rodrigues

‘BRASÍLIA – Quando apareceu a notícia de que o empresário Marcos Valério havia sido avalista do PT num empréstimo bancário de R$ 2,4 milhões, o mais surpreendente era o fato de petistas terem imaginado ser possível esconder essa operação.


José Genoino disse desconhecer o assunto. Depois recuou. Sugeriu então que assinara o empréstimo sem ler (sic) o nome do avalista.


Passou uma semana e aparece outro empréstimo bancário ao PT cujo avalista foi de novo Marcos Valério. Surpresa. O PT admite só no dia seguinte a veracidade da informação.


Por que José Genoino não veio a público no início da crise explicar essas operações? Duas possibilidades: 1) ele nada sabia e é apenas uma figura decorativa no partido do presidente da República ou 2) sabia de tudo e agora está mentindo. Nas duas hipóteses, a situação é péssima para o presidente do PT.


Ontem, outra catástrofe para os petistas. José Adalberto Vieira da Silva, assessor de um político cearense irmão de José Genoino, foi preso no aeroporto de Congonhas transportando dinheiro vivo -R$ 200 mil e US$ 100 mil. Segundo a PF, parte do numerário estava em uma valise e parte sob as ‘roupas íntimas’ do detido.


O escândalo do ‘mensalão’ tem revelado até agora uma combinação dos métodos toscos usados pelo PT com a falta de transparência desse partido na hora de se explicar.


É impossível ainda precisar como as mentiras e as omissões petistas vão respingar em Lula e nas suas chances de reeleição. Com quase dois meses de idade, o escândalo do ‘mensalão’ até agora nunca teve um dia melhor do que o outro para o governo -tudo só piora a cada 24 horas.


As acusações estão ficando perigosamente próximas do presidente da República. Lula, em algum momento, talvez terá de ser obrigado a se comportar como Genoino, dizendo que não sabia de nada. Não será fácil acreditar nessa história.’


 


Cristiane Jungblut e Luiza Damé


‘Lula: Gushiken só deixa o governo se quiser’, copyright O Globo, 9/7/05


‘BRASÍLIA. Na cerimônia de posse dos três novos ministros do PMDB, ontem à tarde no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o ministro da Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica (Secom), Luiz Gushiken, continua no governo e só sairá do cargo se quiser. Lula se referiu a Gushiken quando disse que as denúncias serão investigadas no momento certo e com os critérios certos, mas que não se pode adotar a pena de morte na política e que as ilações não podem dominar a política nacional.


— Quero dizer aqui, para todo mundo ouvir, que o companheiro Gushiken continuará dirigindo a Secom. A não ser que, em algum momento, ele fale: você quer, mas eu não quero, então, vou embora. Aí, eu não posso segurar na marra — disse Lula.


Últimas mudanças serão anunciadas terça-feira


No próprio governo, a interpretação é de que o presidente, na prática, repassou a decisão para o ministro, alvo de denúncias de envolvimento com supostas operações irregulares com fundos de pensão. O presidente disse que pretende anunciar todas as mudanças na sua equipe na terça-feira e avisou que sairão os ministros e dirigentes de estatais que serão candidatos em 2006.


Gushiken, que estava na cerimônia de posse, conversou antes com Lula, quando o presidente decidiu recusar seu pedido de demissão. Na quarta-feira, Gushiken havia colocado o cargo à disposição. Na quinta-feira, diante da reação de ministros petistas, Gushiken mudou o discurso e disse que a decisão final estava nas mãos de Lula.


Gushiken é citado em denúncias de que uma revista de seu cunhado teria aumentado a publicidade oficial na gestão Lula e de que a sua ex-empresa, a Globalprev, teve aumento de 600% no faturamento.


— Acho que o companheiro Gushiken cuida bem não apenas da Secretaria de Comunicação, mas do Núcleo de Assuntos Estratégicos. Estou dizendo isso para acabar com os boatos. Ele só sairá por vontade dele — disse Lula: — Quem fizer acusações precisa provar. Porque, senão, as ilações tomarão conta da política nacional e eu acho que precisamos tratar esses assuntos com carinho.


Na posse dos ministros do PMDB — Hélio Costa (Comunicações); José Saraiva Felipe (Saúde); e Silas Rondeau (Minas e Energia) — o presidente não perdeu a oportunidade de falar ironicamente sobre o PT quando falava das divisões do PMDB.


— O PMDB está conseguindo a proeza de ter tantas tendências quanto o meu PT.


Para fechar a reforma ministerial, Lula deverá atrasar sua viagem para Paris, prevista para quarta-feira.


— Acho ótimo que as pessoas queiram ser candidatos a alguma coisa. Só que o governo não pode ficar na pendência de chegar no mês de abril e alguém comunicar ao presidente (que é candidato) — disse Lula.


Lula agradece a lealdade de ministros


Na cerimônia, Lula agradeceu a lealdade dos ex-ministros, como Eunício de Oliveira (PMDB), que comandou Comunicações. Ao falar do ex-ministro Humberto Costa, que deixou a Saúde para ser candidato em 2006, lembrou que eram de correntes diferentes do PT mas destacou atos da sua gestão:


— Nem sempre bicamos a mesma fruta. Porque o Humberto no começo do PT pertencia à corrente que não era a minha.


No final do discurso, Lula deixou em aberto até mesmo seus planos eleitorais, ao se dirigir aos ministros que estavam saindo:


— Estaremos juntos em algum lugar. Não sei se em algum palanque.’


 


Gerusa Marques


‘Costa toma posse e compra briga’, copyright O Estado de S. Paulo, 9/7/05


‘O novo ministro das Comunicações, Hélio Costa, estreou ontem no Ministério comprando briga com o setor de telefonia fixa. No Senado, ele defendeu o fim da cobrança da tarifa de assinatura básica, paga mensalmente nas contas de telefone. Costa marcou para a próxima semana reunião com as empresas para discutir o assunto.


Mais tarde, após a cerimônia de posse, procurou amenizar os efeitos das declarações, que derrubaram as ações das empresas de telefonia, dizendo que tinha se referido a um projeto de lei que tramita no Congresso, sobre o fim da cobrança. ‘O mercado reagiu porque eu disse o que está na cabeça de todo brasileiro de classe média.’


Segundo Costa, quem ganha salário mínimo no Brasil (R$ 300) não pode ter telefone porque não pode gastar 10% do que ganha para pagar telefone. A assinatura básica custa em média R$ 40 e é cobrada mesmo que a pessoa não faça ligações.


Costa disse que a solução é sentar-se com os dirigentes da telefonia e discutir. ‘Não é uma coisa para se resolver amanhã. A defesa que o ministro tem de fazer é do consumidor, porque são as pessoas que usam o telefone’, afirmou, reiterando que respeitará o direito das empresas. Segundo ele, a questão vai ser ‘uma boa briga’.


As empresas argumentam que o fim da assinatura poderá resultar no aumento das ligações. ‘Não sei por que. Além de cobrar uma mensalidade, ainda se cobra pelo pulso’. Ele apóia trocar a cobrança por pulso pela cobrança por minuto.


Costa defende a idéia de que a redução no preço dos serviços poderá resultar em aumento do número de telefones e conseqüentemente em mais arrecadação das empresas. ‘Se reduzirmos os custos poderemos ter o dobro de assinaturas. Tem de estar no projeto das companhias essa redução.’ No Brasil, há cerca de 40 milhões de telefones fixos, cujo crescimento está estagnado há cerca de três anos. ‘Temos de encontrar uma maneira de levar telefone a todas a pessoas. Acho que as companhias são as mais interessadas em discutir o assunto.’


Ele disse ainda que é necessário avaliar qual é o melhor padrão para a TV digital no País. ‘Não é necessariamente o padrão nacional. Precisamos entender qual é o melhor padrão para o Brasil.’ Ele não descartou a possibilidade de adotar padrões como o japonês, o americano e o europeu.


Costa afirmou que pretende discutir a Lei de Comunicação de Massa, que envolve os setores de radiodifusão, internet, satélites e TV por assinatura. O governo criou um grupo de trabalho para elaborar um projeto.


Questionado sobre a entrada das empresas de telefonia no setor de comunicação, com a veiculação de imagens em celular, Costa disse que operadoras já têm uma posição consolidada no Brasil e que a preocupação dele, neste momento, é com a convergência tecnológica, ‘na medida em que a telefonia passa a ser, também, uma fonte divulgadora de imagem’.’


 


Folha de S. Paulo


‘PF detém assessor do PT com US$ 100 mil na cueca’, copyright Folha de S. Paulo, 9/7/05


‘Agentes da Polícia Federal de São Paulo detiveram ontem no aeroporto de Congonhas o assessor parlamentar José Adalberto Vieira da Silva, 39, com R$ 200 mil em uma valise e US$ 100 mil presos ao corpo, na cueca. Adalberto trabalha para o deputado estadual cearense José Nobre Guimarães (PT), irmão do presidente do PT, José Genoino, e membro do Diretório Nacional do partido.


Segundo a PF, os R$ 200 mil na maleta de Adalberto foram flagrados pelo aparelho de raios X do aeroporto. A Folha apurou que Adalberto explicou que os R$ 200 mil eram pagamento de verduras que havia vendido na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo), porque era agricultor.


Os agentes da PF o revistaram a seguir e encontraram mais US$ 100 mil acomodados ao corpo, dentro da cueca. Segundo a Polícia Federal, Adalberto disse que só falaria sobre a origem do dinheiro em juízo.


O assessor parlamentar foi preso no mesmo dia em que se discutiu, em reunião do Campo Majoritário do PT em São Paulo, o futuro de José Genoino na presidência do partido. A notícia caiu como uma bomba entre os petistas reunidos na capital paulista. Chegou a circular entre eles a informação de que Adalberto seria alguém infiltrado no partido e que sua prisão teria o objetivo claro de prejudicar a imagem do partido.


Adalberto, que embarcava rumo a Fortaleza, em um vôo com escala em Brasília, foi preso por violar a legislação relativa aos crimes contra o sistema financeiro e contra a ordem tributária. Os artigos das leis utilizados pelos policiais federais para enquadrá-lo se referem à omissão de informação ou à apresentação de informação falsa às autoridades.


Conforme os normativos do Banco Central, para circular com dólares dentro do país, a pessoa que transporta dinheiro tem de comprovar, com exibição de documentos, que os comprou de uma instituição autorizada.


Quanto aos reais, não há restrições, mas é incomum o transporte em espécie nesse volume. De qualquer maneira, não se configura crime o fato de carregar altas somas da moeda brasileira dentro do país.


Entre os pertences de Adalberto apreendidos está uma agenda do PT em comemoração aos 25 anos da sigla, completados neste ano.


A prisão ocorre em meio à crise do ‘mensalão’, suposto esquema denunciado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) que envolveria transporte de dinheiro em malas para a compra de deputados. Não foram informados ontem a origem do dinheiro tampouco o seu destino.


Adalberto passou por exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal) e na sequência voltou para a custódia da PF, onde passaria a noite.


José Nobre Guimarães confirmou que Adalberto é seu assessor na Assembléia Legislativa no Ceará, mas alegou desconhecer os motivos da prisão.


‘Ainda estou averiguando tudo o que aconteceu. Não sei o que houve’, disse, ao ser perguntado sobre o dinheiro que o assessor tentava transportar. ‘Não tem nada a ver ele estar mexendo com dinheiro. Eu vou investigar, estou tomando as providências e logo em seguida esclareceremos a opinião pública’, afirmou.


Histórico


Adalberto é assessor no gabinete de Guimarães desde 2001. Ele também é secretário de organização do PT estadual. Antes disso, em 2000, disputou uma vaga a vereador no município de Aracati (a 140 km de Fortaleza), pelo PT. Obteve apenas 215 votos, o equivalente a 0,69% dos eleitores daquela cidade.


Antes de assessorar Guimarães, Adalberto foi professor na rede municipal de Aracati e chegou a ser diretor de uma escola. No PT cearense, ele atua ainda como secretário de organização do Diretório Estadual.


O irmão de Genoino é um dos principais nomes do PT cearense. É líder da tendência petista Campo Majoritário no Estado. No segundo mandato de deputado estadual, ele é líder da bancada do PT na Assembléia Legislativa e não esconde a pretensão de disputar uma vaga de deputado federal no próximo ano.


No Ceará, Guimarães é sempre o porta-voz e principal defensor das decisões do Diretório Nacional, como no caso da candidatura da petista Luizianne Lins à Prefeitura de Fortaleza, na eleição municipal do ano passado.


Guimarães coordenou, no primeiro turno, uma campanha contra Luizianne e a favor do candidato do PC do B, Inácio Arruda, por determinação da cúpula petista. Luizianne concorreu à revelia da cúpula e venceu a eleição. (MARCELO SALINAS, ANDRÉA MICHAEL E KAMILA FERNANDES)’


 


CPI DOS CORREIOS


Dora Kramer


‘O vereador de Mococa’, copyright O Estado de S. Paulo, 9/7/05


‘Vocação para a grosseria cívica leva parlamentares da CPI a fazer o mau combate Olhar de soslaio, a senadora Ideli Salvatti interrogava Fernanda Karina Somaggio na CPI, manuseando vasta papelada sobre a mesa: ‘A senhora nasceu em Mococa, saiu de lá há quanto tempo?’


‘Há seis ou sete anos’, informa a depoente.


‘Hum… conhece Bruno Somaggio?’


‘Não, talvez seja parente de meu marido.’


‘Estranho, porque ele tem seu sobrenome e foi eleito vereador em Mococa, em 1996, pelo PTB’, conclui a senadora com ar de desconfiança extrema.


Minutos depois, ao responder à perplexidade do senador Pedro Simon ante a inusitada suspeita, a vice-líder do PT no Senado explicita sua linha de investigação: ‘A pergunta é relevante porque estamos apurando denúncias de corrupção envolvendo o PTB e me parece importante a coincidência de um vereador do partido ter o mesmo sobrenome da depoente.’


O caso do vereador petebista foi apenas um – simbólico, por extremo – exemplo de uma série de desajeitadas investidas que compõem a estratégia do PT de desqualificar detentores de informações desfavoráveis ao governo.


Não são os petistas os únicos a agredir testemunhas, investigados e informantes nem é a CPI dos Correios a primeira a produzir episódios dessa natureza.


Oposicionistas desprovidos da sobriedade necessária à tarefa de que estão incumbidos os integrantes da comissão também fazem da grosseria cívica uma serventia da casa. O enervado deputado do PFL gaúcho Onyx Lorenzoni, chamando Marcos Valério Fernandes de Souza de ‘lavanderia ambulante’, seria apenas chulo não fosse também patético.


O problema com o PT e a falta de educação estratégica é sua ausência de utilidade prática. Então fica o partido do governo na canhestra condição de executor de um plano tolo que, no lugar de desqualificar o alvo da pretensa desqualificação, desmoraliza o desmoralizador.


Focalizemos de novo a cena protagonizada pela senadora Ideli Salvatti: ela não tomou conhecimento das novas pistas – doleiros com nome e endereço, por exemplo – fornecidas pela ex-secretária de Marcos Valério, mas considerou da maior importância o fato de o edil Somaggio e o deputado Roberto Jefferson pertencerem ao mesmo partido.


Ficou parecendo para quem assistia que a senadora estava propositadamente se desviando do assunto em questão. E vamos que conseguisse desvendar a conexão Mococa-Esplanada dos Ministérios, qual a utilidade disso para a estratégia de defesa do PT frente aos indícios de que o tesoureiro do partido abriu as portas do Estado para um lobista traficar influência?


E o que dizer do deputado Jorge Bittar, cuja aludida cordialidade pautou sua inércia frente à estupidez jeffersoniana – ‘vem, estou te esperando Bittar’ -, mas não foi suficiente para poupar-lhe o vexame de acusar a informante Fernanda Somaggio de vender a ‘honra’ em troca do salário de R$ 2 mil para pagar as contas do mês?


Se não chegou a exibir insensibilidade social, também não era o caso, mostrou desespero de causa.


À medida que vai ficando patente a culpa de Marcos Valério, mais temerosa demonstra-se a defesa dele feita pela bancada do PT numa reunião administrativa da CPI onde a bancada revolveu as vísceras em público para tentar impedir sua convocação.


Depois do depoimento do publicitário, pleno de mentiras evidentes e silêncios eloqüentes, a atitude dos petistas os fez sócios de um depoente desmentido pelo decorrer das investigações.


Se há uma coisa de que o PT nem o governo precisam agora é de rezar no altar do mau combate. Essa fase, acreditava-se superada; rendeu prejuízos reconhecidos. As tentativas de impedir a CPI consumiram tempo e capital moral.


Seria de se supor que partido e governo já tivessem entendido que a hora é de recuperar terreno. Assumir, senão a dianteira, vista a vastidão do atraso, ao menos uma posição mais adequada a quem tenta convencer o respeitável público (pagante) de sua lisura de propósitos.


Mas como nem tudo nunca está perdido, ainda é tempo de mudar. Com a vantagem, para a representação petista na CPI, de poder revisar seu comportamento no bojo de uma reformulação conjunta de condutas que se impõe a toda a comissão onde – ressalvadas as exceções de meia dúzia, entre as quais o presidente e o relator – impera a politicagem, o infantilismo, o personalismo e, como se viu na última sessão, a histeria.


Sem correção de rumo, os culpados sairão impunes de mais essa, o Parlamento provará incapacidade de parlamentar e o instrumento das comissões parlamentares de inquérito integrará o rol dos espécimes em vias de extinção.


Dois pesos


Ao dar posse aos novos ministros do PMDB, o presidente Luiz Inácio da Silva distribuiu igualitariamente referências eleitorais aos políticos que saíam, Eunício Oliveira e Humberto Costa, ambos candidatos em 2006 em seus Estados.


Em termos partidários, porém, deixou patente que uns são mais iguais que outros. Costa, do PT, mereceu detalhada citação a projetos executados no Ministério da Saúde. Eunício, do PMDB, recebeu um genérico agradecimento pelo desempenho na pasta das Comunicações e nada mais.’


 


Carlos Franco


‘ECT gasta mais do que SP e Rio com publicidade’, copyright O Estado de S. Paulo, 9/7/05


‘A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) gastou R$ 39,8 milhões na compra de espaço publicitário no ano passado. O investimento foi superior a tudo o que o governo do Estado do Rio de Janeiro gastou no mesmo período, R$ 22,4 milhões. A despesa de São Paulo, o Estado mais rico do País, ficou em R$ 16,4 milhões. O gasto dos Correios na compra de espaço publicitário chegou a ser quase quatro vezes superior aos gastos no mesmo período da Nossa Caixa (SP), de R$ 4,3 milhões, e do Banrisul (R$ 4,2 milhões) no mesmo período e das prefeituras do Rio (R$ 4,2 milhões) e Belo Horizonte (R$ 3,5 milhões).


Os dados são de pesquisa Ibope/Monitor – que são divulgados pelo grupo Meio&Mensagem, especializado em mídia e publicidade – e levam em conta descontos de tabela dados por meios de comunicação, que ficam em média em 40% do valor de tabela. As agências de publicidade ganham nessa comercialização a chamada ‘bonificação por volume’, o BV que Marcos Valério, da DNA e da SMPB, que tem a conta dos Correios, não soube explicar do que se tratava à CPI.


Explica-se: ao adiantar receita aos meios de comunicação – revistas, jornais, emissoras de rádio e TV e outras mídias, como internet -, a exemplo dos pagamentos feitos pela veiculação durante todo o ano, essas agências ganham dos veículos cerca de 15% sobre o valor a ser pago.


LIDERANÇA


Em 2004, de acordo com os dados do Ibope/Monitor, os 30 maiores anunciantes de governo investiram R$ 907 milhões na compra de espaço na mídia. A liderança é do Banco do Brasil, com investimento de R$ 151,8 milhões, que concorre com Bradesco, Itaú e Unibanco, num segmento extremamente competitivo, onde a disputa por clientes é uma constante.


Em segundo lugar no ranking dos anunciantes do governo aparece a Petrobrás, com gastos de R$ 136,1 milhões. Nesse total se incluem as despesas com a distribuidora BR, que também compete no segmento com concorrentes fortes, como Shell, Texaco, Ipiranga e Esso.


A Justiça Eleitoral, com um gasto de R$ 134 milhões, aparece em terceiros lugar. No mesmo ranking a Caixa Econômica Federal está em quarto lugar (R$ 74,3 milhões) e o Ministério da Educação em quinto (R$ 73,8 milhões), seguidos do próprio governo federal (R$ 65,2 milhões) e do Ministério da Saúde (R$ 52,9 milhões).


Em oitavo lugar, surgem os Correios, que exercem posição de monopólio, com o investimento de R$ 39,8 milhões, seguido dos governos estaduais do Rio de Janeiro e São Paulo e da Prefeitura de São Paulo, com gasto de R$ 15 milhões em 2004, o mais alto entre as prefeituras.’