Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Folha abre espaço
para guerra das teles


Leia abaixo os textos de segunda-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 16 de abril de 2007


TELECOMUNICAÇÕES
Folha de S. Paulo


Telefonia trava ‘guerra’ de interesses


‘O presidente da Brasil Telecom, Ricardo Knoepfelmacher, defende a formação de uma empresa nacional no setor, como já ocorre no mercado de telecomunicações europeu, para melhorar preços e qualidade dos serviços oferecidos. Reconhece, entretanto, que, para esse processo de consolidação acontecer no Brasil, serão necessárias mudanças na legislação, que, quando criada tinha como objetivo evitar o monopólio privado no setor. Ele diz que ‘o Brasil está atrasado no processo de consolidação’.


O presidente da Telefônica, Antonio Carlos Valente, por sua vez, critica alterações na lei para garantir a existência de um grupo nacional e afirma que modelo brasileiro só teve êxito por suas regras claras, que permitiram o desenvolvimento do setor. ‘Confiamos que as regras de igualdade serão mantidas.’’


Guilherme Barros


Brasil Telecom quer ser protagonista e não alvo de novas aquisições no país


‘O presidente da Brasil Telecom, Ricardo Knoepfelmacher, 41, não nega o interesse da empresa na possibilidade de uma fusão com a Telemar ou até na hipótese de compra da TIM, entre outros negócios possíveis de ser realizar no setor. Ele defendeu também a formação de uma grande companhia nacional, a exemplo do que acontece na Europa. A Brasil Telecom, segundo ele, é, hoje, uma protagonista desse processo. ‘Nós deixamos de ser alvo.’ Ricardo K. diz que a tele dispõe hoje de um caixa forte com capacidade de alavancagem para fazer qualquer aquisição no mercado. O caixa é de R$ 4 bilhões, mas ele afirma que ‘se necessário for, temos de condições de levantar mais de R$ 10 bilhões para uma aquisição’. O processo de consolidação, segundo diz, será inevitável no Brasil, a exemplo do que ocorre no mundo, apesar de hoje ser necessário mudar a lei. A seguir, trechos da entrevista.


FOLHA – Há mesmo interesse da Brasil Telecom em se fundir com a Telemar?


RICARDO K. – Já enviamos um comunicado ao mercado para esclarecer que não firmamos qualquer entendimento, mesmo que preliminar, sobre fusão, compra, venda, nem com a Telemar nem com qualquer outra empresa ligada a ela. Essa é a posição que nós temos hoje. Agora, dentro do contexto de consolidação, é óbvio que o mundo inteiro está passando por esse fenômeno de consolidação das empresas de telecomunicações, seja na Europa ou nos Estados Unidos.


FOLHA – A fusão é viável?


RICARDO K. – Todos os países europeus têm uma grande empresa nacional, com mais de metade do mercado. Isso ocorre na França, na Itália, na Espanha, em Portugal, enfim, em praticamente todos os países europeus. Todos também possuem um número pequeno de grandes operadores. Nos EUA, que é um mercado oito vezes maior do que o brasileiro, só há quatro grandes operadoras. A consolidação é um fenômeno mundial e tem a ver com o aumento da escala e a melhora de preços e qualidade. Ajuda a baixar preços e melhorar a qualidade para o usuário, desde que você tenha um órgão regulador forte que continue lutando pela universalização dos serviços, pela qualidade dos serviços e pela modicidade da tarifa (preços acessíveis).


FOLHA – Mas, para isso, é preciso mudar a lei…


RICARDO K. – No Brasil, é necessário fazer uma modificação no Plano Geral de Outorgas e, eventualmente, até na Lei Geral de Telecomunicações. Há controvérsias, porque há uma interpretação de que uma simples mudança no Plano Geral, por meio de um decreto presidencial, seria o suficiente. Desde 1996, os EUA já permitem as fusões. O engraçado é que o Brasil veio justamente na contramão. Em 1997, o Brasil estava promulgando a Lei Geral de Telecomunicações. O governo tinha dois objetivos: o primeiro era de não criar um grande monopólio privado, e o segundo era a certeza de que conseguiria o melhor preço possível pela privatização. A única forma de conseguir isso era picar o território brasileiro em regiões e foi assim que foi feito. O Brasil foi dividido em três concessionárias locais e uma de longa distância, a Embratel. As três locais eram: Telemar, Telefônica e Brasil Telecom, além das espelhos. O Brasil está atrasado no processo de consolidação.


FOLHA – O sr. vê mais disposição do governo em mudar a lei?


RICARDO K. – O governo está olhando com atenção o que está acontecendo no mundo e, obviamente, o que tem que presidir qualquer decisão governamental é o que é melhor para a sociedade. Como é que ele garante competição? E a modicidade das tarifas? Essa é uma discussão absolutamente pertinente no cenário brasileiro de telecomunicações, até porque é a melhor forma de você ganhar escala, ganhar preço para o consumidor e qualidade do serviço. A consolidação é um fenômeno e não necessariamente a consolidação com a Telemar é a única saída. Temos outras empresas interessantes como a TIM, por exemplo, que entra num processo às vezes de venda e, às vezes, esse processo é interrompido. Estamos atentos. Hoje, a nossa posição é muito diferente daquela de dois anos atrás, em que nós éramos vistos como um alvo. Hoje, temos um caixa muito forte e somos um ‘player’ desse mercado. A empresa deixou de ser a consolidada óbvia para ser uma protagonista do processo.


FOLHA – Qual é o tamanho do caixa da Brasil Telecom?


RICARDO K. – Temos mais de R$ 4 bilhões em caixa e uma capacidade de alavancagem enorme. A gente tem condições de se endividar, se necessário for, para fazer uma aquisição. Uma empresa como a Brasil Telecom teria condições de levantar mais de R$ 10 bilhões para uma aquisição.


FOLHA – A Brasil Telecom está negociando a compra da parte da Telecom Italia na empresa ?


RICARDO K. – A Brasil Telecom ainda é uma grande operadora fixa com uma pequena operadora celular, por maior que tenha sido o sucesso dessa nossa operadora celular. Já temos 12% do mercado na nossa região e vendemos 21% de todos os novos celulares. Temos quase 30% de pós-pago na nossa base, quase o dobro das outras operadoras, mas precisamos ampliar essa participação na telefonia móvel. Por isso, a operação da TIM nos interessa.


FOLHA – Como estão as conversas?


RICARDO K. – A Telecom Italia é uma acionista da Brasil Telecom. As conversas são freqüentes e normais.


FOLHA – Qual foi a objetivo da mudança de estatuto da empresa?


RICARDO K. – O objetivo foi melhorar a governança corporativa da empresa, tornando os processos mais transparentes.’


Elvira Lobato


Telefônica é candidata a comprar BrT e Telemar se governo autorizar fusões


‘O presidente da Telefônica, Antonio Carlos Valente, 54, admite que o grupo espanhol é candidato potencial à compra da Brasil Telecom e da Telemar, caso o governo autorize a fusão e aquisição entre concessionárias de telefonia fixa, o que hoje é proibido. Em entrevista, na sede da empresa, em São Paulo, o executivo criticou a tese de que o Brasil deveria assegurar a sobrevivência de um grupo nacional do setor, para conter o avanço dos grupos Telefônica e Telmex (dono da Embratel, da Claro e de parte da Net) que dominam os mercados no restante da América Latina. Segundo ele, o êxito do modelo de telecomunicações no Brasil se deve às regras claras e de longo prazo, definidas antes da privatização da Telebrás, que previam igualdade de tratamento entre capital nacional e estrangeiro.


FOLHA – Qual a posição da Telefônica diante de uma possível fusão entre Telemar e Brasil Telecom? O ministro das comunicações, Hélio Costa, já se manifestou favorável.


VALENTE – Respeitaremos as decisões que forem tomadas pelo governo brasileiro. Mas quero lembrar que, se o modelo brasileiro de telecomunicações teve êxito, foi devido à criação de regras claras e previsíveis para o desenvolvimento do setor. Nas regras estabelecidas [antes da privatização da Telebrás, em 1998] não havia discriminação entre capital nacional e estrangeiro. Alterar esse conceito não contribuirá para o êxito. Há um processo mundial de convergência tecnológica dos meios de comunicação, que exige muitos investimentos e tem levado à fusão de empresas no exterior. Esse processo vai chegar ao Brasil. Em condições de igualdade, estamos aptos a analisar todas as oportunidades de negócios. Acreditamos no Brasil e confiamos que as regras de igualdade de tratamento entre capital nacional e estrangeiro serão mantidas.


FOLHA – O sr. não considera justificável que o país assegure a existência de uma empresa nacional em um setor estratégico como telecomunicações? Os italianos estão resistindo à venda de parte da Telecom Italia aos grupos AT&T e Telmex.


VALENTE – A situação lá é muito diferente da brasileira. A Telecom Italia é a empresa do mercado italiano, que atende todo o país. Já no Brasil, há concessionárias diferentes por região.


FOLHA – O presidente da Bolívia, Evo Morales, assinou decreto para nacionalização da Entel (telefonia de longa distância, celular e acesso à internet), da qual a Telecom Italia é acionista. Está nascendo um movimento na América Latina contra o domínio estrangeiro nesse setor?


VALENTE – Acho que não. A onda de abertura dos mercados de telecomunicações na América Latina, nos anos 90, ocorreu porque os Estados eram incapazes de atender às necessidades das populações. Antes da privatização, telefone era um bem que se declarava no Imposto de Renda no Brasil, e havia apenas 4 milhões de celulares. [Hoje são 100 milhões]. A situação dos Estados não se alterou, e as necessidades difíceis de serem transferidas para a iniciativa privada, como segurança, saúde e educação, ainda precisam ser equacionadas. A Bolívia tem um modelo de telecomunicações ‘sui generis’. A telefonia local é explorada por cooperativas, e a Entel faz a conexão entre as cooperativas.


FOLHA – Qual é o objetivo da Telefônica com a compra da TVA? Para a associação de televisão por assinatura, seria para eliminar a concorrência da TVA no mercado de banda larga de São Paulo, pois restariam dois grandes competidores: a Net e a Telefônica, ainda mais fortalecida.


VALENTE – Não respondo a comentários. A Telefônica é obediente a leis e regulamentos. Competição tem a ver com dimensão dos competidores. O dia em que a TVA tiver aliança com um grupo focado, com conhecimento de gestão como a Telefônica, a competição será fortalecida, e certamente isso preocupa nosso concorrente.


FOLHA – A Telefônica cogita comprar outras operadoras de TV por assinatura?


VALENTE – Todas as oportunidades que possam gerar algum valor para a empresa são analisadas, com certeza.


FOLHA – O sr. disse que os investimentos para a convergência tecnológica levarão à fusão entre teles. Elas não poderão bancar os investimentos com a estrutura atual?


VALENTE – Talvez não na velocidade desejada. A questão não se limita à estrutura societária das empresas. Passa também pela regulamentação. É preciso um ambiente que garanta o investimento a longo prazo.


FOLHA – O que na legislação emperra a convergência?


VALENTE – Um dos pontos é a diferença de regulamentação entre os setores de comunicação, telecomunicação e das novas mídias, como a internet. O Código Brasileiro de Telecomunicações, que rege a radiodifusão, é de 1962. A TV a cabo é regulada por uma lei de 1995, cuja redação espelha a preocupação que havia na época com o monopólio estatal da Telebras. A Lei Geral de Telecomunicações está completando dez anos, e também precisa ser revista, à luz das novas tecnologias.


FOLHA – A lei da TV a cabo exige controle de capital nacional nas operadoras e proíbe as concessionárias de telefonia fixa local, como a Telefônica, de terem tv a cabo em suas áreas de concessão. É isso que o sr. considera ultrapassado?


VALENTE – Esses dois pontos são exemplos da defasagem. Refiro-me ao contexto em que a lei foi feita. A Telebras monopolista, detentora das redes de longa distancia e de telefonia local não existe mais. A Lei Geral de Telecomunicações, por sua vez, dá peso excessivo à telefonia fixa, que está perdendo espaço para a telefonia celular. A sociedade deve refletir sobre os marcos legais criados em épocas distintas, e decidir aonde quer chegar em dez anos, e qual legislação necessária para atingir os objetivos.’


PUBLICIDADE
Ruy Castro


Aprecie com moderação


‘Um dos motes mais instigantes da televisão pode cair nas próximas semanas, se a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) conseguir aprovar um pacote de restrições à publicidade de cerveja. Esse mote é a frase ‘Aprecie com moderação’, enunciada ao fim de comerciais em que dezenas de jovens eufóricos são mostrados tomando cerveja -imoderadamente- como se ela fosse o elixir da felicidade, do sucesso com as mulheres ou da própria vida eterna.


O autor do mote, seja quem for, conseguiu resumir em três palavras mais idéias que se contradizem e se anulam do que qualquer tratado de lógica saberia explicar. ‘Aprecie com moderação’, referindo-se ao ato de tomar cerveja, pressupõe que cabe a você racionalizar sobre a quantidade adequada à sua ‘apreciação’ do produto e parar de beber antes de se embriagar. É fascinante, considerando-se que uma das funções de qualquer bebida alcoólica é justamente comprometer ou abolir a capacidade de racionalizar. É o que faz com que, depois de alguns chopes e julgando-se perfeitamente sóbrio, você dê 200 por hora no seu carro e o enfie no poste.


A frase pressupõe também que os bebedores são capazes por igual de exercer essa ‘moderação’. Ela não prevê a existência dos alcoólicos potenciais -os compulsivos em geral, inclusive na bebida, e aqueles cujo organismo demora mais a acusar o álcool e dos alcoólicos na ativa, já dependentes do produto. Se esses bebedores fossem capazes de estabelecer um nível racional de ‘moderação’, a indústria de cerveja teria quebrado há muito tempo.


‘Aprecie com moderação’ é uma cínica contradição em termos, tão flagrante quanto seriam frases parecidas aplicadas a outras atividades. Tipo: ‘Fume sem tragar’. Ou ‘Aspire sem cheirar’. Ou ‘Ejacule sem gozar’.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Petróleo vs. etanol


‘Nos enunciados da agência americana AP, ‘cúpula começa com tensões’ e ‘fricção entre Chávez e Lula’. Avalia que ‘a disputa ameaça ofuscar’ o encontro pela ‘união do sul’. No título do espanhol ‘El País’, ‘Petróleo vs. etanol’, sobre ‘a encruzilhada’ da reunião.


O britânico ‘Financial Times’ discorda e até ironiza que, ‘após toda a controvérsia, você poderia esperar que a cúpula fosse palco para um choque-rei [battle-royal] entre o antietanol Chávez e o pró-etanol Lula, mas não será assim’. Argumenta com as declarações do primeiro, de que só mira os EUA, e com um artigo do lulista Marco Aurélio Garcia no venezuelano ‘El Universal’, com críticas ao álcool de milho. No mesmo ‘El Universal’, a Venezuela anunciou que mantém o acordo com Cuba para a produção de… etanol.


O FMI DE CHÁVEZ


A cúpula na Venezuela, além de concessões de parte a parte em energia, foi precedida pelo anúncio do ministro Guido Mantega, em Washington, de que o Brasil ‘quer’ fazer parte do Banco do Sul -a ‘alternativa’ de Chávez ao FMI e ao Banco Mundial, segundo a agência Reuters.


A Agência Bolivariana de Notícias, estatal da Venezuela, e a Prensa Latina, de Cuba, destacaram a reação expressa por Chávez, de ‘muito entusiasmo’ com a ‘boa notícia’.


TROMBONE


A revista ‘Forbes’, noticia o ‘Washington Post’, refez as contas e avalia que o mexicano Carlos Slim, da monopolista Telmex e, por aqui, da Net, é o segundo homem mais rico do mundo e está ‘na sombra de Bill Gates’. ‘El Jefe’ já tem US$ 53 bi, contra US$ 56 bi.


Em tempo, o locutor José Paulo de Andrade, da rádio Bandeirantes, anunciou dias atrás que a Net de Slim acaba de levar o prêmio Trombone, de serviço público com mais reclamações dos paulistanos.


GEOPOLÍTICA VERDE


A revista do ‘New York Times’ destacou ‘O esverdeamento da geopolítica’, longo texto do colunista Thomas L. Friedman sobre a onda ambientalista na política americana e mundial. Em vídeo na home do ‘NYT’, dá três explicações para a onda: o 11 de Setembro (‘estamos em guerra com gente abastecida por nossas compras de gasolina’), Katrina (‘mostrou que os monstros do clima começam a dar as caras’) e os 3 bilhões de ‘novos consumidores globais, de Índia, China, Brasil, Rússia, todos com o sonho americano’. A saber, carro, microondas etc. Os Brics, diz, não vão crescer de forma ‘limpa’ instados por países desenvolvidos que cresceram de forma ‘suja’. É preciso dar alternativas limpas ‘a preço chinês’.


‘AD FREE’ Gilberto Kassab e seu plano para limpar São Paulo dos cartazes de publicidade foram parar no Boing Boing, ‘o maior blog’, e no ‘top ten’ do site de edição social Digg


O CENÁRIO DO CAOS 2.0


O colunista Bob Garfield, que avisou do ‘caos’ do marketing digital há exatos dois anos na ‘Advertising Age’, a revista de publicidade, voltou à carga e acaba de prenunciar o ‘mundo pós-apocalipse da mídia’. Um mundo em que ‘o marketing será conduzido sem maior dependência dos comerciais de 30 segundos, porque ninguém está interessado em vê-los’. Para ser preciso, um mundo sem marketing, sem publicidade, com a relação de empresas e seus consumidores se realizando diretamente. Web 2.0, na expressão corrente. Ecoou como vírus em blogs de mídia como o BuzzMachine, com louvores ao pensamento ‘seminal’ de Garfield.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Record nega helicóptero a cobertura do papa


‘Será discreta a participação da Record, emissora da Igreja Universal do Reino de Deus, na cobertura da visita do papa Bento 16 a São Paulo, em maio.


A rede se recusou a bancar os custos de um helicóptero para captar imagens aéreas dos deslocamentos do papa na cidade, gerando descontentamento das demais emissoras que, lideradas pela Globo, compõem o pool de cobertura do acontecimento. No pool, cada TV é responsável por parte da cobertura, gerando imagens para todas.


A participação da Record se limitará à captação de imagens, com quatro câmeras, em frente ao mosteiro São Bento, no centro de São Paulo, onde o papa ficará hospedado. Será menor do que a da Rede TV! e da Rede Vida, que juntas mobilizarão 12 câmeras para cobrir um evento do papa em uma fazenda.


A Band, que fatura bem menos do que a Record, irá alugar helicóptero e empregará 12 câmeras e gerador para encontro católico no Pacaembu.


A Globo gerará as duas grandes missas de Bento 16, empregando 12 câmeras (em cada uma), helicóptero, moto-link, carro-link e gruas. O SBT cobrirá os deslocamentos por terra.


A Record diz que foi a Globo que lhe impôs o mosteiro de São Bento. Informa que a câmera de seu helicóptero está quebrada e que o conserto levará mais dois meses. A Record afirma ainda que seu departamento de jornalismo está sem verbas para alugar helicóptero.


MÁRTIR


A Record estuda produzir um docudrama (documentário com dramatização) para lembrar os 15 anos da prisão do bispo Edir Macedo, acusado em 1992 de curandeirismo, charlatanismo e estelionato. O programa integra o projeto de uma biografia de Macedo, que está sendo escrita por Paulo Henrique Amorim e Douglas Tavolaro (diretor de jornalismo da Record). O religioso ficou detido de 24/5 a 6/6 daquele ano.


SUPERPODERES


‘Heroes’ foi a série mais vista da TV paga brasileira em março, quando estreou no Universal Channel. O seriado, que também estreou com sucesso nos EUA, teve cinco vezes mais audiência do que a média dos programas do gênero. Cada episódio foi visto em média por 200 mil telespectadores.


CROSS MEDIA 1


A microssérie ‘A Pedra do Reino’, que a Globo exibe em junho, comemorando os 80 anos do escritor Ariano Suassuna, será o primeiro projeto multiplataforma da teledramaturgia brasileira. Isso quer dizer que a emissora explorará o produto em todas as mídias do grupo Globo -e também cobrará de anunciantes por isso.


CROSS MEDIA 2


Na própria Globo, ‘A Pedra do Reino’ e/ou Suassuna, serão abordados nos telejornais e em seis programas. Na Globosat, Suassuna será assunto de um documentário no GNT, enquanto que o Multishow exibirá um ‘Bastidores’ da série.


CROSS MEDIA 3


A promoção envolverá ainda quatro jornais, três revistas, as rádios Globo e um site.’


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 16 de abril de 2007


PUBLICIDADE
Marili Ribeiro


Cinema abre mais espaço para anúncios


‘Com os intervalos comerciais na televisão ameaçados de perder valor intrínseco por causa dos avanços tecnológicos da era digital, que favorecem ainda mais o zapping no controle remoto, a indústria da propaganda busca alternativas para anunciar produtos e serviços. Para a diretora de análise de mídia e entretenimento da Standard & Poor’s nos Estados Unidos, Heather Goodchild, as telas de cinema serão um canal que ganhará expressão.


A publicidade antes de o filme começar, que nos EUA movimentou US$ 400 milhões no ano passado, deve saltar para US$ 1 bilhão este ano pelas projeções de Heather. ‘O público que aguarda a sessão não tem como escapar; vai necessariamente assistir a essa mídia’, avalia ela.


No Brasil esse cenário ainda engatinha mas, pelos indicadores do Projeto Inter-Meios, que afere o universo das mídias no País, o espaço comercial do cinema desenha tendência de crescimento. Em 2006, o segmento movimentou 0,6% do total das verbas investidas pelos anunciantes. Algo próximo de R$ 61 milhões. É pouco, se comparado às outras mídias. Mas, nos últimos três anos, mantém crescimento constante em torno de 15% ao ano.


Marcelo Silveira, diretor-comercial da Kinomax, empresa que comercializa publicidade em 500 salas de redes como UCI, Cinemark, BoxCinemas e Hoyts, confirma o interesse das empresas. ‘Estamos trazendo grandes clientes que não usavam essa alternativa’, diz ele. ‘Temos boas perspectivas para os anunciantes, graças à oferta de longas metragens de ótimo apelo.’ O fato de 150 novas salas abrirem suas portas este ano, somado aos cerca de 110 milhões de espectadores de 2006 , são estímulos extra ao negócio.


AUTOMÓVEIS


Quem despertou para o potencial desse canal foi a indústria automobilística. A mais recente iniciativa na categoria é a versão de três minutos, só para exibição em cinema – fora as outras edições mais curtas para a televisão -, da campanha de lançamento do novo Golf da Volkswagen.


Criado pela agência AlmapBBDO, o anúncio faz uma paródia do clássico Forrest Gump, que arrebatou platéias em 1994 e deu ao ator Tom Hanks um Oscar por sua atuação. ‘O apelo do cinema é irresistível’, diz Marcello Serpa, sócio e diretor de criação da AlmapBBDO. ‘Podem-se trabalhar peças maiores e ricas em detalhes, por um custo menor de veiculação, sem que o público levante para ir ao banheiro’. No caso do ‘Forrest Golf’, a produção trouxe da Califórnia um sósia de Hanks, Steve Weber, descoberto em um restaurante onde ganha a vida bancando o personagem. No anúncio, ele entra no carro da Volks e não consegue mais parar de dirigir.


Para seduzir o cinéfilo, a agência negociou a exibição do comercial entre os trailers dos filmes, o momento mais próximo à exibição. O usual é que os comerciais surjam na tela enquanto a audiência se acomoda. A novidade é fruto do crescimento da procura pelo canal e aumenta a aposta na capacidade de a criação publicitária surpreender o público.


Na General Motors, o uso intensivo do cinema ganha expressão até mesmo nas campanhas de varejo, normalmente mais baratas do que as de lançamento de produto. ‘Na grande tela se permite o uso da fantasia, como fazer o carro voar’, diz Hugo Rodrigues, diretor de criação da Salles Chemistri, que desenvolveu a campanha batizada ‘Chevrolet de Cinema’, há dois meses em cartaz.


Mas se no Brasil a companhia já investia na ‘onda cinema’, a partir de julho essa maré vai virar um tsunami com a estréia mundial do blockbuster Transformers, versão cinematográfica do desenho animado homônimo dos anos 80. A história centra-se na guerra entre os dois grupos de robôs do planeta Cybertron. Os carros da GM, entre eles um modelo que chegará ao mercado somente em 2009, estão entre os protagonistas, os carros-robôs. Trata-se de uma milionária ação de merchandising, sem valores revelados até o momento.


‘O projeto foi fechado globalmente e teremos ações aqui antes, já a partir de junho’, conta Samuel Russell, diretor de Marketing da GM. A especulação de que as montadoras voltem a investir pesado em publicidade por temor da indústria chinesa não encontra eco nas considerações de Russell: ‘Eles são uma ameaça, mas terão de construir marca, distribuição e rede de concessionárias, o que leva tempo. Estamos em vantagem.’


Mesmo assim, a intensificação da concorrência justifica verbas mais polpudas e iniciativas ousadas. ‘O cinema produz impacto e promove efeito multiplicador entre uma platéia seletiva’, defende Ricardo Chester, vice-presidente de criação da agência JWT, que usou o recurso para o lançamento do novo Fiesta da Ford.’


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


Com aval da Disney


‘A RedeTV! já começou a apresentar a alguns anunciantes o plano de comercialização da versão brasileira da série Desperate Housewives. Cada cota nacional sairá, segundo custo de tabela, a R$ 1,8 milhão. Na parceria com a Disney, a emissora arcará com US$ 5 milhões de custos.


‘É o produto com maior pré-receptividade que já tivemos na RedeTV!’, comemora o vice-presidente da casa, Marcelo Carvalho. O que mais o anima é a chance de vender merchandising na série. A questão mereceu consulta específica aos produtores da Disney, parceira no negócio, que autorizou o desfile de marcas em cena.


‘Pode ser uma cena com carro, ou de alguém entrando em uma agência bancária, ou de uma delas usando seus cosméticos pela manhã, enfim, há infinitas oportunidades’, fala Carvalho.


Segundo ele, a Disney não impôs seu aval para a escalação do elenco, que soma Lucélia Santos, Isadora Ribeiro, Franciely Freduzeski e Tereza Seiblitz. Para a adaptação do texto, os roteiros fazem duas idas e vindas entre as duas partes, até que se encontre consenso. A direção é de Fábio Barreto e a estréia está prevista para agosto.


entre-linhas


A criação de telejornais regionais no Rio e em Minas fez parte das conversas que o vice-presidente da RedeTV!, Marcelo Carvalho, teve com os respectivos governadores desses Estados, Sérgio Cabral e Aécio Neves, em visitas ao Rio e a Minas recentemente.


Radialistas de boa fama local são o alvo da RedeTV! para eleger os futuros apresentadores desses noticiários regionais ensaiados no Rio e em BH.


Sem o alarde dos merchandisings sociais, Paraíso Tropical tem ótimas sacadas, faz críticas contundentes a uma série de equívocos que atropelam as pessoas no dia-a-dia, sem que ninguém mais se espante. Mas a novela continua a patinar abaixo dos 40 pontos no Ibope. Quem entende? Na quinta-feira, a média foi de 39 pontos em São Paulo.


O Saia Justa, do GNT, comemora 5 anos com edição especial. Mônica Waldvogel, a única das integrantes originais em cena, comenta a passagem de 10 apresentadoras desde então.


A Record continua a rufar tambores sobre a audiência das séries que exibe. Na quinta-feira, Todo Mundo Odeia o Chris ficou com 6 de média (das 12h43 às 13h24). E Xena, das 14h55 às 15h40, ficou com 6 de média.


Por falar em Record: Preta Gil e Toni Garrido estarão em Caminhos do Coração, novela de Tiago Santiago que substituirá Vidas Opostas. Toni Garrido será Udi, apaixonado por Regina (Rafaela Mandelli). E Preta Gil será a tia de Regina.’


INTERNET
Pedro Doria


Boas maneiras.com


‘Nos últimos dias, a blogosfera norte-americana começou a debater intensamente um Código de Conduta para blogueiros e comentaristas. A iniciativa partiu de Tim O’Reilly, o editor que lança nove entre cada dez manuais de tecnologia nos EUA. A ele somou-se Jimmy Wales, um dos fundadores da Wikipédia. São ambos pesos-pesados da internet.


Os objetivos do código, cuja adoção é voluntária e que está sendo debatido, é trazer civilidade à discussão e algum rigor ao que é escrito. Ao blogueiro que costuma publicar informação, sugere o documento, que o faça com um mínimo de apuro jornalístico. Não ouça e publique, cheque antes para ter certeza de que é fato. Nos EUA, onde muito de política nacional se discute na blogosfera, isso faz diferença. Boatos se espalham com intensidade.


A questão da civilidade, no entanto, é preponderante. O’Reilly sugere que ofensas e ameaças que os comentaristas deixem devem ser apagadas. Pede ao público que navega pela blogosfera para se comportar, online, como se comporta pessoalmente.


Quem anda pela rede sabe que, por escrito, somos diferentes. E que muitos, aproveitando-se do anonimato, conseguem ser profundamente desagradáveis.


Uma das sugestões mais polêmicas do código é que ninguém se disfarce mais por trás de um nick. Pode até publicar anonimamente seu comentário, mas antes carece de registro perante o blog para que o blogueiro conheça a identidade real.


O código tem história. Kathy Sierra, blogueira e programadora de softwares badalada na blogosfera ianque, começou a ser ameaçada por um comentarista. No início, ignorou. Mas viu fotos manipuladas digitalmente em que seu rosto era colado em cenas fortes espalhando-se por outros blogs. O padrão de ameaças se intensificou, a moça entrou em pânico e seguiu à polícia.


Foi para que este clima de pânico, que alguns casos extremos deslancham, que nasceu o Código de Conduta.


Quem é das antigas na rede, que já estava online em meados dos anos 90 ou antes, por certo lembra da netiqueta. Era algo que todos na internet conheciam: regras de bons modos digitais. Num tempo em que web não havia e boa parte da internet era voltada para comunidades eletrônicas, a auto-gestão comunitária era intensa. Moderadores de listas e grupos de discussão tinham sempre o apoio de outros usuários quando conflitos surgiam.


Este senso de comunitário não é coisa que exista mais na internet há muito. A idéia de que a internet é um mundo como o mundo real não passa, entre outras coisas, porque, sem polícia ou governo, a barbárie impera; porque sem olhar na cara, sem perceber o efeito de suas palavras, muitos sentem-se à vontade para bater duro e injustamente.


Mas a solução estaria, então, em um código de conduta voluntário que sugira o que pode e também o que não pode ser dito?


Embora Tim O’Reilly, Jimmy Wales e tantos outros mestres da rede tenham toda a razão ao identificar o problema, a solução não é trivial.


O problema é que, no momento em que regras claras que delimitem o discurso aparecem, ali nasce a censura. Em vários países da Europa, negar o Holocausto é crime passível de cadeia; no Brasil, fala racista também leva à reclusão. Embora nestes casos específicos percebam-se as boas intenções da lei imediatamente, não deixa de ser censura.


Um código que seja mais amplo, tentando prever o que é abuso ou não de forma genérica, é particularmente perigoso. Embora o anonimato e a liberdade que ele traz possam aparecer de forma perniciosa na rede, eles também são os maiores trunfos, a coisa revolucionária da internet.


É por conta dela que um estudante chinês pode dizer o que pensa do seu governo. Que um jornalista iraniano pode acusar seu clero. Que um homossexual saudita pode encontrar um amor.


Tenho um blog há cinco anos. Às vezes, é um inferno aturar a grosseria. A rede, como a vida, é difícil.’


Daniel Peixoto e Leco Jucá


Web é o terceiro integrante do Montage


‘A banda é formada apenas pelos dois. Mas bem que a web poderia ser vista como o terceiro elemento. Afinal, eles já usaram de tudo (ou, pelo menos, quase tudo) que a rede oferece para promover sua música.


Mesclando música eletrônica e atitude punk, o Montage, de Daniel Peixoto (voz) e Leco Jucá (groovebox), aproveita a liberdade típica da internet para fazer seu trabalho aparecer.


Trama Virtual, Orkut, My Space, Fotolog e até Second Life. Tudo isso está na listinha que o Montage traz de ‘aparições’ na web. ‘A internet é nossa maior aliada. Na TV não existe muito espaço para música alternativa’, diz Peixoto.


Quando veio do Ceará para a capital paulista, no ano passado, a banda já era conhecida por aqui, mesmo tendo tocado pouco na cidade (cerca de cinco vezes). Tudo por conta da ação da internet.


São nada menos que seis perfis no Orkut que Peixoto alimenta por causa da banda (cada perfil do Orkut comporta até mil amigos). ‘Vai lotando e eu tenho de abrir outro. Tem gente que quer estar em todos. É uma confusão só!’, conta.


No MySpace, eles disponibilizam músicas e vídeos. No Trama Virtual (tramavirtual.uol.com.br/montage), além das músicas, há fotos e releases (textos para a imprensa). E a banda ainda foi a primeira da América Latina a se apresentar no universo virtual do Second Life.


É tanta coisa que eles não conseguem acompanhar tudo. O show dentro do game, por exemplo, nem eles mesmos puderam ver. ‘Estávamos em outro show na hora. Mas gravamos um set especial para o Second Life’, diz Jucá.


Mas ele não é tão adepto assim da internet. É Peixoto quem cuida do perfil no Orkut e do fotolog do amigo. ‘A única tecnologia que uso é para tocar’, brinca. Só que isso não é pouco. Ele faz as músicas em aparelhos como o groovebox (bateria eletrônica) e o sintetizador. Depois joga esse som no computador e, com o software Ableton Live, mexe na música. ‘É muito legal esse esquema de programa de computador, porque você não precisa ser músico para fazer seu som. Tem de se virar para reproduzir o som do analógico no digital’, diz.


Os dois aproveitam bem o impulso que a internet deu aos independentes nos últimos anos. ‘Antigamente, para ser famoso você precisava aparecer na Globo ou no SBT. Hoje não é mais assim. A internet possibilitou a ‘subfama’. As pessoas entram na rede, procuram por electropunk e acham o Montage. Elas vão atrás das coisas com as quais elas se identificam’, explica Peixoto.


Eles contam que é pela rede também que são combinados os festivais de bandas independentes. ‘Agora é a mídia que busca o que é pop na internet, não mais o contrário’, diz o vocalista.


Acontece que essa ‘subfama’ do Montage não é tão sub assim. Eles lotam as casas de shows de onde passam, nos mais diferentes lugares do Brasil, do Sul ao Nordeste. E ainda têm projetos ousados: lançar a sua música na Europa. Uma gravadora da Holanda vai vender faixas da banda para download por 0,99 euro. Quando atingirem a marca de cem downloads vendidos, as músicas também poderão ser comercializadas no formato de disco de vinil, com entregas no mundo todo.


DESTINO TECNOLÓGICO


Apesar de conterrâneos, dificilmente os dois membros da banda se encontrariam se não fosse por um empurrãozinho da tecnologia. É que eles se conheceram nas gravações do programa virtual Asterisco, que tratava de arte alternativa e cobria alguns festivais de música. Peixoto era o apresentador e Jucá, câmera e editor.


Antes disso, Jucá, que é judeu, morou quatro anos em Israel, em um kibutz (comunidade comunitária judaica). Já Peixoto nasceu em Crato (CE), cidade extremamente católica, onde ele iniciou sua carreira cantando no coral da igreja.


As diferenças não param aí. Com referências musicais como Marilyn Manson e Madonna, Peixoto, além de mais ‘interneteiro’, é mais agitado e também mais ligado nos ‘flashes fotográficos’. Jucá faz o estilo mais tranqüilo, gosta de trip hop, que é um hip hop com uma batida mais lenta e, apesar de todo o sucesso na pista, ele curte mesmo é passar um tempinho em casa e surfar. ‘A vida me empurrou para o caminho oposto porque eu faço um som mais agitado e não passo quase nenhum fim de semana em casa’, diz Jucá.


É, mas mesmo para um grupo tão plugado nas novas tendências, nem tudo pode ser hi-tech. Neste mês, além do primeiro CD, eles vão lançar o primeiro vinil. ‘Ainda tem uma cultura de DJs que só discotecam ao vivo em pick ups (toca-discos de vinil)’, explicam. Por isso, o velho vinil vai ter músicas mais voltadas para a pista.


O primeiro CD da banda vai se chamar I Trust my Dealer (Eu Confio no meu Traficante). Em relação ao nome, eles garantem que ‘não há polêmica, só uma constatação’.


Apesar do grande público gay, a banda não é assumida. ‘O Montage não é uma banda gay, assim como não é uma banda hétero ou uma banda branca ou uma banda católica. É uma banda que toca uma mistura de rock com eletrônica, que resulta num som pesado e dançante’, define Ricardo Lisbôa, produtor do Montage.


A performance dos dois no palco é realmente incrível e impressiona até mesmo quem não curte electropunk. Ficou curioso? Vá até o YouTube, mais um ‘amigo virtual’ da banda, e tenha uma canjinha do sonzão desa dupla.’


Nate Anderson


Empresa americana sabota a troca de arquivos na internet


‘do Arstechnica.com – Você talvez não saiba, mas a indústria do entretenimento usa uma tática radical para tentar evitar o download de músicas e vídeos: contrata empresas especializadas em sabotar as redes de troca de arquivos (‘peer to peer’, ou P2P), que hoje são a opção mais usada por quem baixa arquivos da internet – leia mais nas páginas 4 e 5.


Nesta reportagem, a empresa americana MediaDefender, que é a maior ‘sabotadora’ das redes de compartilhamento como eMule e BitTorrent, revela com exclusividade as técnicas que adota para atrapalhar o download de músicas e vídeos nas redes ‘peer to peer’.


Quando encontro seu vice-presidente, Jonathan Lee, o site da MediaDefender está fora do ar – provavelmente devido ao ataque de usuários revoltados com a ação da empresa, que age a mando de gravadoras e estúdios de Hollywood. Mas ele não está preocupado: ‘A coisa é meio feia mesmo’, diz.


Desde 2005, a MediaDefender faz mais do que sabotar as redes P2P: também coloca, a pedido das próprias gravadoras, músicas nas redes de troca de arquivos – títulos que a indústria quer promover de maneira ‘viral’. Mas seu feijão-com-arroz continua sendo atrapalhar o download de músicas e vídeos.


A MediaDefender é boa nisso – ou, pelo menos, deveria ser, pois desenvolve suas técnicas desde 2002. As gravadoras pagam de US$ 5 mil a US$ 15 mil pela ‘proteção’ de cada música, filme ou álbum. Mas, reconhecendo que é impossível bloquear as redes P2P, a MediaDefender se contenta em desacelerar a propagação dos arquivos – um processo temporário, que dura pouco tempo.


Isso porque, segundo Lee, a maioria dos filmes e CDs de música tem pico de vendas nos primeiros meses após o lançamento. A MediaDefender se propõe a dificultar a propagação de cópias por um ou dois meses, para que a versão ‘legalizada’ das obras tenha tempo e espaço para lucrar no mercado.


ARTILHARIA PESADA


Para interferir nas várias redes de compartilhamento, a MediaDefender lança quatro tipos de ataque contra o P2P (veja quadro ao lado). Eles são lançados a partir de uma rede própria, com 2 mil servidores espalhados pelo planeta, conectados à internet com velocidade de 9 gigabits por segundo – 1.200 vezes mais potente que a melhor banda larga disponível para uso doméstico no Brasil.


Como a MediaDefender tem apenas 60 funcionários, essa velocidade de conexão à internet é, usando um eufemismo, ‘um pouco alta’. Mas ajuda a atrair a atenção das gravadoras e a fechar negócio com elas. Também garante que os funcionários da MediaDefender tenham uma ótima conexão, quando ficam no trabalho depois do expediente, para jogar games online.


A primeira tática é inundar as redes de compartilhamento com arquivos falsos. Tudo é projetado para parecer autêntico, ou seja, a MediaDefender usa os mesmos tamanhos e nomes de arquivo adotados pelos ‘piratas’. Com a sua conexão de altíssima potência, a empresa consegue facilmente espalhar esses arquivos pelas redes P2P.


Como a maioria das pessoas, ao procurar um arquivo para baixar, só olha os cinco primeiros resultados, a MediaDefender também embaralha os sistemas de busca. A idéia é frustrar o internauta, e levá-lo a desistir do download.


Essas duas técnicas tentam impedir que as pessoas encontrem os arquivos. Mas e se você achar? A empresa inventou táticas ainda mais agressivas, para interferir com os downloads em si.’


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