Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Folha mostra como está
a campanha na internet


Leia abaixo os textos de quarta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Globo


Quarta-feira, 9 de agosto de 2006


ELEIÇÕES 2006
O Globo


Caiu na rede


‘Fora da corrida atrás dos votos pelos próximos sete anos, José Dirceu se vira do jeito que dá – e a internet está aí mesmo para não deixar ex-ministros ao desalento. Daí, o blog do Zé Dirceu chegou semana passada, querendo virar parada obrigatória no veneno político da rede. A página do ex-bambambã do governo Lula promete incomodar os desafetos e batalhar pela vitória do companheiro (dele). Já que são tempos eleitorais – e sonhar, ensina o samba, não custa nada – está aí um candidato a sucessor de Bruna Surfistinha como coqueluche nas fantasias da internet brasileira.


Antenado com a grande rede, o homem trata de tudo. Ontem, foi a crise no Oriente Médio, no post ‘Líbano, qual é o limite?’ O texto, no estilo que fez a fama de seu autor, permite-se imperativos, como nos tempos de Casa Civil. ‘O governo de Israel não respeitou nem mesmo o Brasil e seus cidadãos. Fomos humilhados e agredidos (…) Já é hora de nosso governo exigir de Israel um cessar-fogo’. Mas foi um dia alegre para ele, com espoucar de fogos virtuais pela queda do arquiinimigo Alckmin no Sensus.


Imbatível mesmo é a área de dados biográficos. Estão lá o nome completo, a profissão (advogado), a trajetória (líder estudantil, cassado, exilado, deputado, etc) e, no último parágrafo, o autoveredicto: ‘Dirceu vem sendo, desde 2002, vítima de acusações infundadas. Cassado sem provas, foi sistematicamente inocentado…’, descreve, limitando-se a lembrar, fugaz, que foi ‘citado em denúncia da Procuradoria-Geral da República, da qual está se defendendo no Supremo’. Para quem não ligou os eufemismos ao escândalo, é ele mesmo: o mensalão, no qual é acusado de chefe de quadrilha.


Está achando que vai ficar por isso mesmo? Aguarda-se, até o fim do mês, a chegada do blog do Jefferson. E os instintos mais primitivos vão enlouquecer a internet!


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A caixa-postal da nossa Caiu na rede engarrafou com os pedidos pela lista ‘Em quem não votar’, citada aqui no sábado. Como leitor aqui manda, vai todo mundo receber sua cópia. Azar de quem transgrediu e, onde já se viu, ainda quer concorrer.’


INTERNET
O Globo


Microsoft alerta usuários para falhas no Windows


‘Da Bloomberg News – SÃO FRANCISCO e NOVA YORK. A Microsoft Corp., maior fabricante de software do mundo, informou ontem ter descoberto 12 falhas de segurança em seu sistema operacional Windows. Destas, nove foram consideradas críticas pela empresa. A Microsoft já colocou as atualizações para corrigir essas falhas em seu site.


Um desses defeitos permite que hackers invadam computadores mesmo sem que o usuário acesse um site fraudulento ou baixe um arquivo com vírus. Essa falha afeta os sistemas Windows 2000, Windows XP e Windows Server 2003, explicou Oliver Friedrichs, director da empresa de segurança Symantec, que fabrica o programa antivírus Norton.


– Você pode ser contaminado apenas por se conectar à internet e deixar o computador ligado, se não tiver um firewall ou software antivírus – disse Friedrichs.


A Microsoft, cujos programas estão em 90% dos computadores de todo o mundo, é um freqüente alvo de hackers . A empresa vem tomando medidas para aumentar a proteção dos usuários.


Também foram encontradas falhas no Internet Explorer e no pacote Office, que inclui editor de texto e planilhas. As atualizações podem ser baixadas no endereço http://www.microsoft.com/technet/security/bulletin/ms06- aug.mspx.’


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Google fará as buscas no MySpace, da News Corp.


‘A Microsoft teve outra má notícia ontem: a Google Inc. fechou parceria com a gigante de mídia News Corp., ficando responsável pelas buscas em três sites do grupo. A Microsoft estava na briga pelo acordo, que deve gerar US$ 900 milhões em receita pelos próximos três anos.


Fazem parte do acordo o site de relacionamentos MySpace.com, o de videogames IGN e o Rottentomatoes.com, sobre cinema, que pertencem ao grupo Fox, controlado pela News.


A Google substituirá a Yahoo! Inc. no MySpace, atualmente o sexto site mais acessado nos EUA, segundo a consultoria ComScore Networks. O MySpace tem 52,3 milhões de usuários, que contatam amigos e trocam mensagens pelo site.


– Essa é uma parceria muito boa. É a melhor ferramenta de busca e o melhor site de relacionamento – disse David Card, analista da Jupiter Research de Nova York.


A Google comercializará os anúncios que aparecem ao lado dos resultados de busca do MySpace.’


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 9 de agosto de 2006


ELEIÇÕES 2006
Rodrigo Pereira


Aos entrevistadores com carinho


‘Respostas longas, adoção de termos como ‘minha flor’, ‘querida’ e ‘meu amor’ para interromper as perguntas dos entrevistadores e retomar suas explanações. Essa foi a marca da senadora Heloísa Helena ontem, no segundo dia da série de entrevistas do Jornal Nacional, da Rede Globo, com os candidatos à Presidência da República.


A todo momento, Heloísa Helena intercalava o recurso de se postar como mãe, de origem pobre e nordestina, com ataques ao governo federal ou aos políticos em geral e lançar algumas propostas – sempre pontuadas com exemplos carregados de emoção.


‘A democracia de um país não se consolida quando 48% de toda a riqueza produzida nacionalmente é apropriada por 0,005% das famílias brasileiras. Então quando eu digo que é importante baixar as taxas de juros brasileiras, R$ 60 bilhões ou R$ 70 bilhões de dinheiro novo e limpo, não para colocar nas peças íntimas do vestuário masculino, comprar parlamentar sanguessuga ou mensaleiro. Mas para investir no que dinamiza a economia local, gera emprego, gera renda. Possibilitar a educação’, discorreu a senadora, ao ser questionada sobre qual modelo adotaria se eleita.


‘Tem lógica um país que investe dez vezes mais pagando a dívida do que em toda a área de educação? (…) Mais da metade dos jovens brasileiros passam o dia todo sem fazer nada, nem estudam nem trabalham’, continuou.


Inquirida sobre o uso de termos baixos na campanha, como ‘safados, lacaios e imbecis’, usou a crise no Planalto e se postou como uma exceção no cenário político brasileiro. ‘Sei que o mundo da política é um espaço muito sedutor para aqueles que abraçam pela frente e esfaqueiam pelas costas. E eu me sinto igualzinha à grande maioria das mulheres brasileiras, que não aceita a mentira, a vigarice política, a traição. Eu apenas posso ter o defeito de ser muito franca naquilo que acredito.’


A candidata aproveitou para rebaixar a imagem de radical e pintar outra, de pessoa tranqüila, preparada para governar e que respeitará a legislação. Explicou que as propostas mais agressivas do PSOL não passam de ‘objetivos estratégicos do partido’, ‘algo que se pensa em implantar em 30 anos, 40 anos’.


Disse ter orgulho em ser socialista, ‘a mais bela declaração de amor já feita’, mas garantiu não ter a ilusão de implementá-la no Brasil. ‘Hoje eu luto pela democracia. A democratização da riqueza, das políticas sociais, da informação e da cultura, da terra e do espaço urbano.’


Ela negou que defenda a expropriação de grandes propriedades ou seja tolerante com a invasão de prédios públicos. Questionada se se sentia preparada para governar o País, foi direta. ‘Não sou mercadora de ilusões, não sou cínica e mentirosa, jamais disponibilizaria meu nome e o Programa ao Povo Brasileiro se eu não me sentisse plenamente capacitada.’’


Ana Paula Scinocca


Encontro da Band pode ter presença de Lula


‘O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT, pode participar do primeiro debate eleitoral deste ano, marcado para a segunda-feira pela TV Bandeirantes. Até ontem, o PT considerava improvável a ida de Lula a debates eleitorais no primeiro turno da disputa.


O comando da campanha petista, no entanto, passou a reavaliar a possibilidade de Lula comparecer e contatou a direção da emissora. A confirmação da presença deve ser feita entre hoje e amanhã.


‘Lula sabe muito bem que não deve faltar ao debate da Band, que tradicionalmente abre esta fase da campanha na TV’, afirmou o diretor de Jornalismo da emissora, Fernando Mitre. ‘Lula é um debatedor nato. Sua vontade pessoal é participar’, prosseguiu.’


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Gazeta faz 1º debate com candidatos ao governo de SP


‘A TV Gazeta apresenta hoje, a partir das 22 horas, o primeiro debate para as eleições de 2006, ao reunir em seu estúdio os candidatos ao governo de São Paulo. Até ontem à noite todos os candidatos tinham confirmado presença, menos José Serra (PSDB). O diretor de Jornalismo da Gazeta, Marco Nascimento, disse ontem que o debate com os candidatos à Presidência está confirmado para o dia 13 de setembro.


Dos 11 candidatos ao governo paulista, 6 abdicaram da presença no debate nas negociações com a Gazeta. A emissora pretendia fazer o debate apenas com os cinco mais bem colocados nas pesquisas e os representantes de partidos que elegeram deputados para a Câmara nas eleições de 2002.


À última hora, no entanto, o PSOL passou a exigir a presença de seu candidato, Plínio de Arruda Sampaio, que antes havia concordado em não participar, ganhando em troca duas entrevistas especiais no Jornal da Gazeta. Ontem a assessoria do PSOL informou que o partido entraria hoje com uma representação na Justiça Eleitoral, sob alegação de que não existia em 2002 e que hoje tem bancada na Câmara.


Com isso, o debate, que tinha confirmadas as presenças de quatro candidatos – Aloizio Mercadante (PT), Orestes Quércia (PMDB), Carlos Apolinário (PDT) e Mário Guide (PSB) -, agora pode ganhar outros participantes. A direção da Gazeta informou ontem que está preparada para ampliar a bancada de debatedores até a hora de começar o evento.


O debate será transmitido a partir do auditório da emissora, com uma platéia de convidados de 300 pessoas, e será conduzido pela âncora Maria Lydia, que apresenta o Jornal da Gazeta, tendo a participação de um jornalista do Estado.’


INTERNET
Manfred Dworschak


Google Earth conquista o mundo dos cientistas


‘O Google Earth, composto por milhares de fotos tiradas de satélite e imagens aéreas, nasceu como uma brincadeira. Mas agora os cientistas estão descobrindo como o software pode ser útil, da pesquisa sobre vulcões ao resgate a vítimas de furacões, como em New Orleans após a passagem do Katrina, no ano passado.


A partir do escritório, o biólogo Erik Born mantém registros diários sobre o paradeiro de morsas no Ártico, que carregam minúsculos sensores de rastreamento. O globo digital do Google gira na tela e um marcador indica a posição de cada animal.


Com um toque de tecla, ele superpõe mapas que mostram onde o lençol de gelo está mais fino e a direção que tomam os blocos flutuantes onde as morsas pegam carona. Todos os dados sobre o gelo, recolhidos por satélites e bóias de medição, estão disponíveis na internet. Juntando os arquivos, Born consegue detectar como o aquecimento global afeta o comportamento migratório das morsas.


Epidemiologistas, meteorologistas e planejadores urbanos também descobriram o globo virtual. Para eles, um de seus recursos mais atraentes é a capacidade de expor graficamente muitos tipos diferentes de dados sobre o planeta. Eles podem colocar marcadores de posição para casos de gripe aviária ou locais de crimes, e sobrepor mapas de densidade populacional ou temperaturas oceânicas.


POPULARIZAÇÃO


Não é surpreendente, portanto, que o programa, disponível para um download gratuito em sua versão básica (http://earth.google.com/), tenha se espalhado como fogo em capim seco. Afinal, ele oferece um lugar para colocar todas as informações esparsas reunidas sobre a Terra. O globo digital exibe tudo exatamente onde está.


Existem softwares especiais capazes de gerar todo tipo de mapas. Diferentemente do Google Earth, que só é usado para exibir dados guardados em um servidor remoto, esses programas – sistemas de geoinformação (GIS, na sigla em inglês) – também servem para análises.


Mas operá-los é incrivelmente complicado. Eles exibem quantidades imensas de informações individuais, guardadas em seus supercomputadores, sem oferecer um panorama geral muito menos um globo girando diante dos olhos. Juntar as informações para gerar um mapa pode levar dias ou semanas.


Por isso, os cientistas têm unido os dados de seus GIS favoritos com o Google Earth – o que é permitido em sua versão paga, o Pro (US$ 400), ou com a ajuda de softwares gratuitos.


‘O Google Earth oferece dados globalmente disponíveis de uma maneira muito direta’, diz Klaus Greve, do Instituto Geográfico da Universidade de Bonn, na Alemanha. ‘Ele também é muito atraente para pesquisadores que antes ficavam intimidados com outros GIS.’


Greve trabalha em um dos projetos mais ambiciosos no campo de dados geográficos. Ele integra um esforço global para desenvolver uma vasta biblioteca de espécies para tudo que se arrasta, anda e cresce sobre a Terra.


Os dados são extraídos das enormes coleções de museus de história natural. ‘Pela primeira vez, isso nos permitirá desenvolver mapas mostrando a distribuição global de espécies’, diz Greve. ‘O Google Earth poderá ser usado então para exibir suas localizações.’


INTEGRAÇÃO


Há problemas, como a consistência entre eles. ‘Não existe atualmente um padrão aberto que todos compreendam’, diz o cientista de geocomputação Alexander Zipf, da Universidade Técnica de Mainz. Sua equipe busca uma solução e desenvolve um software que seja tão útil para rastrear inundações catastróficas como acidentes com reatores nucleares.


Mas os cientistas precisam ter o cuidado de não ficar extasiados com as imagens. ‘O software produz mapas maravilhosamente coloridos’, diz o ecologista Lutz Breuer, da cidade alemã de Giesse, também envolvido no projeto. ‘É tentador interpretar os mapas de maneiras não sustentadas pelos dados.’


O Google Earth é básico demais para trabalhos mais consistentes, como modelagens ambientais com cálculos sobre ecossistemas inteiros. Mas a empresa já anunciou futuros aprimoramentos. Ela imagina que, quanto mais a comunidade científica usar mapas digitais em seu trabalho, mais atraente se tornará a ferramenta para o público em geral.


COMPETIÇÃO


Esse tipo de pensamento ameaça os criadores dos antigos GIS. Um dos programas mais populares, o ArcGIS, terá uma nova versão dentro de algumas semanas, com um globo virtualmente acessível pela internet.


A firma americana Skyline criou um modelo de planeta que também é capaz de processar imagens em movimento. O modelo, Skylineglobe, insere, quase sem interrupção, imagens de vídeo ao vivo em suas visões panorâmicas do espaço, oferecendo uma experiência nova ao viajante virtual. Quando se voa sobre um estádio de futebol, por exemplo, abre-se uma vista aérea de uma partida que acontece naquele momento. Uma câmera montada no teto do estádio transmite as imagens, enquanto o programa automaticamente ajusta o ângulo da câmera.


Não se trata apenas de mostrar cada vez mais dados em abstrações refinadas. Embora a tecnologia se limite hoje a câmeras de tráfego e alguns truques, o globo artificial se torna cada vez menos complicado e permitirá aos usuários observarem o planeta em plena atividade. Um dia, ele será idêntico ao mundo que descreve.’


Saul Hansell


Google paga US$ 900 milhões por acordo com site MySpace


‘O Google ganhou a guerra da licitação para fornecer serviços de busca e publicidade para o MySpace.com, o popular site de relacionamentos na internet, e para outros endereços na Web de propriedade da News Corp. A transação promete pagar a News Corp. um mínimo de US$ 900 milhões no decorrer de três anos e meio, um belo desfecho para sua estratégia agressiva de aquisições na internet sob a batuta de seu diretor-presidente, Rupert Murdoch.


‘Em uma única investida, pagamos por dois terços das nossas aquisições na internet’, disse Peter Chenin, o presidente da empresa, numa videoconferência com investidores e jornalistas na segunda-feira. A News Corp. pagou US$ 649 milhões no ano passado para comprar a empresa matriz da MySpace. Agora gastou um total de US$ 1,3 bilhão para comprar empresas na internet que também incluem a IGN.com, um site de jogos, e a Scout, uma série de sites de esportes locais.


POPULAR


O MySpace, que se tornou imensamente popular entre os jovens, permite aos usuários criar páginas nas quais expressam seus interesses e recebem mensagens de amigos. Tem mais páginas do que qualquer outro site, com exceção da Yahoo, e esperava atingir ontem 100 milhões de membros.


De fato, o mero tamanho do público do MySpace apresenta um desafio para provedores de publicidade em potencial. Há tantas páginas nas quais exibir anúncios que talvez não haja suficiente demanda por eles, o que resultará em preços baixos. Muitos anunciantes acreditam que a natureza pessoal e o conteúdo freqüentemente picante das páginas do MySpace não são o melhor ambiente para promover seus produtos.


Eric. E. Schmidt, o diretor-presidente do Google, disse que a empresa já decidiu que não exibirá anúncios em todos as páginas. ‘Não vamos cobrir o MySpace de anúncios’, disse, observando que o Google analisa cuidadosamente que tipo de publicidade incentiva os usuários a clicar em determinado tipo de página para gerar o máximo de receita. ‘Acontece que a resposta certa é mostrar menos e melhores anúncios.’


Os concorrentes do Google na licitação foram outros mecanismos de busca – Yahoo, Ask.com, da IAC/InterActive Corp., e MSN, da Microsoft.


Segundo o que foi acertado, o Google manipulará as buscas iniciadas a partir das páginas do MySpace, do próprio MySpace e da web em geral. O MySpace tem um box para consultas de busca em quase todas as páginas que, no momento, conduz a resultados e publicidade, fornecidos pelo Yahoo.’


TELEVISÃO
Suzana Uchôa Itiberê


No fundo do mar com Lawrence Wahba


‘Quando se fala em cinegrafista submarino no Brasil, o nome do paulista Lawrence Wahba desponta sem concorrentes. Há dez anos, suas aventuras pelos mares do mundo ganharam espaço no Fantástico e o tornaram famoso. Hoje, seus documentários são exibidos nos principais canais de TV e ele ainda tem quadro fixo no Domingão do Faustão. Apaixonado por tubarões, Wahba filmou inúmeras espécies do animal, inclusive os perigosos tubarão branco, tigre e cabeça-chata. Os dois últimos são focados na mais recente empreitada, Rebelião de Tubarões, que o Discovery Channel exibe hoje, às 22 h.


Em uma década, foram registrados mais de 40 ataques de tubarões no Recife, com quase 20 mortos. Wahba passou 11 meses entre Recife, Bahamas, Cuba e Flórida para investigar por que os tubarões têm se mostrado tão agressivos nas praias pernambucanas. A interferência humana no ecossistema, como a pavimentação de manguezais, é um dos vilões da história. A questão ambiental sempre preocupou Wahba, que aprendeu a amar a natureza durante as férias na Praia das Tartarugas, em Búzios, onde deu seu primeiro mergulho. Em entrevista ao Estado, o cinegrafista lembra do início da carreira, fala dos desafios da profissão e revela seu maior sonho.


Rebelião de Tubarões é um alerta ambiental com jeito de história detetive. Como chegou a esse formato?


A preservação do meio ambiente é ponto fundamental do meu trabalho. Já a forma detetivesca surgiu da parceria entre a Canal Azul (fundada por Wahba e Ricardo Aidar) e a co-produtora National History New Zeland (NHNZ). Documentário sobre a natureza tem fama de ser sonolento e canais como o Discovery e o National Geographic sabem que é preciso segurar o público, principalmente o jovem, que rejeita esse gênero. Há toda uma preocupação editorial e, neste caso, o estilo detetivesco nos pareceu atraente. O ataque dos tubarões é o ‘crime’ a desvendar.


A fama veio com o Fantástico?


Sim, mas foi conseqüência de uma série que fazia para a Globosat/GNT. O Fantástico comprava extratos do material. Fui freelancer por muitos anos e tenho uma relação antiga com o Discovery e o National Geographic. Em TV aberta era esporádico, até ser contratado para o Domingo Espetacular. Fiquei um ano na Record. Era uma maratona. Produzimos 52 matérias de dez minutos, uma por semana. Quase enlouqueci.


E agora, no Domingão do Faustão?


O esquema é mensal e me permite outros trabalhos. Consegui terminar o livro Dez Anos em Busca dos Grandes Tubarões, que sai em setembro pela Nobel. Trabalhar no Fausto é como escrever um jornal, mais superficial, rápido, mas a mensagem alcança um universo enorme. E fazer um documentário no estilo de Rebelião de Tubarões é como escrever um livro. Posso passar meses analisando a melhor forma de realizá-lo. Uma coisa complementa a outra.


Quando descobriu a paixão pelo mar?


Aos 7 anos mergulhei com meu pai e meu tio em Búzios e fiquei apaixonado. Fiz faculdade de cinema e comecei a filmar meus alunos de mergulho. Ingressei no mergulho científico quando o professor de biologia marinha, Sérgio de Almeida Rodrigues, da USP, me chamou para filmar as pesquisas dele. Fui autodidata até meados dos anos 90 e minha carreira deu um salto ao conhecer a NHNZ, pois trabalhei com os melhores do ramo.


Como decide o que vai filmar?


Antes, trazíamos o mundo para o Brasil e agora levamos o Brasil para o mundo. Com a Globosat/GNT viajei ao exterior e fiz matérias para o público brasileiro. Hoje, canais de fora buscam produtores locais capazes de fazer produções originais no seu território. Há um portfólio de projetos e, sempre, o mais difícil é arrumar quem pague a conta. Um deles é gigante, em parceria com a produtora da Marcha dos Pingüins, mas apesar de terem ganhado o Oscar e de um importante canal internacional estar associado, ainda não levantamos todo o capital. Esse é o maior desafio. Mergulhar com o tubarão-tigre é a parte divertida.


E lá embaixo, qual o maior desafio?


Esquecer a paixão pelo mergulho, pelos tubarões, e ser racional. Tenho de me preocupar com o processo de contar uma história, pensar no enquadramento, no movimento do animal, em quanto posso me aproximar sem me arriscar e como isso vai resultar cinematograficamente. Existe todo um mecanismo de montar a seqüência do filme e não se deixar levar pela emoção que é estar lá embaixo.


Depois de mais de 3 mil mergulhos em 40 países, ainda tem algum sonho a realizar?


Sonho lançar meu primeiro longa-metragem. É aquele projeto em parceria com a equipe da Marcha dos Pingüins. Não posso dar detalhes, mas será um docudrama, uma mistura de fantasia e realidade filmada no Brasil. Temos uma parcela do orçamento captada e espero rodar em 2007, para estar pronto em 2008.


A família o acompanha em viagens?


Diminuí o ritmo. Agora tenho a Dani (Daniela Barbieri, apresentadora do ‘H2O’, da TV Cultura), minha mulher, e o Lorenzo, de 2 anos. Já o levamos três vezes à Bahia e outra ao Pantanal. Também fomos ao México, pegamos um furacão e ficamos num abrigo. Ele adorou.’


Keila Jimenez


Páginas salta 5 anos no dia 21


‘Começa a ser gravada esta semana, a toque de caixa, a segunda fase de Páginas da Vida, da Globo. A novela das 9, que tem sofrido atraso nas gravações por causa da demora na entrega dos capítulos aos atores, atravessará um salto de cinco anos no enredo. ‘A novela terá um único capítulo focalizando a passagem por 2002, 2003, 2004, 2005 chegando a 2006 no fim do mesmo capítulo’, explica o autor do folhetim, Manoel Carlos.


Durante essa passagem haverá um pequeno mix de fatos históricos que marcaram esses anos, como os atentados do 11 de Setembro, em 2001.


O atraso nas gravações pode ser visto no cronograma da exibição da novela. O primeiro capítulo da nova fase de Páginas está previsto para ir ao ar no dia 21, segunda-feira, mas ainda não foi gravado.


Manoel Carlos confirma o atraso na entrega dos capítulos, mas culpa os problemas surgidos com o depoimento – aquele, daquela senhora que chegou ao orgasmo com música do Roberto Carlos – que chocou muita gente e abriu espaço para uma censura interna nos depoimentos na Globo.


‘Eu não sou de manter grande frente de capítulos, isso em todas as minhas novelas. Mas nesta eu estava conseguindo manter uma frente maior. Com os problemas com o depoimento fiquei uma semana sem escrever, atendendo a todas as solicitações de entrevistas em rádio, TV, jornais e revistas’, explica Maneco. ‘Então, perdi essa frente quase toda. Mas estou começando a recuperar e tenho certeza de que em mais três semana estarei como estava no início da novela.’


Na nova fase de Páginas entrarão os atores Sônia Braga , que volta às novelas, Marcos Paulo, Letícia Sabatella, Carolina Oliveira, Lygia Cortez, Regiane Alves, Nathalia Timberg, Renata Sorrah e Cristine Fernandes.


entre-linhas


Um dos alvos prediletos dos cassetas nas paródias de novelas da Globo, Tony Ramos topou participar de novo da atração. Grava nos próximos dias.


Na queda de braço pelo tempo de duração de Cidadão Brasileiro, o autor da trama, Lauro César Muniz, levou a melhor. Conseguiu que a história acabasse em novembro. A Record queria esticá-la até janeiro.


E por falar na Record, é fato que O Aprendiz 3 deve voltar para as terças e quintas-feiras, abandonando os domingos. No domingo de estréia, a atração perdeu para o SBT em ibope.


Mente perturbada


É Hitler na fita: o perfil psicológico do líder nazista, traçado por profissionais da CIA com base em documentos de arquivo, é o foco do documentário da BBC que a TV Cultura exibe hoje no Cultura Mundo, às 21 horas. O título: Dentro da Mente de Adolf Hitler.’


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 9 de agosto de 2006


ELEIÇÕES 2006
Nelson de Sá


Armas de campanha


‘Sem showmícios, outdoors, cartazes e faixas de rua, camisetas e bonés, a campanha eleitoral de 2006 tem os muros e a televisão. E a internet.


Neste ano eleitoral, no Brasil como nos EUA, ‘o cálice sagrado’ que os políticos buscam é como tornar a internet uma arma de persuasão, diz o blogueiro americano Jerome Armstrong, dito ‘The Blogfather’, do MyDD.com.


Ele foi a âncora da campanha de Howard Dean, há três anos, paradigma da incorporação da web pela democracia representativa, e cunhou a expressão ‘netroots’, para designar o ativismo político de ‘raiz’ organizado via internet.


Nos EUA, o fenômeno acontece de baixo para cima, das ‘raízes’ para o marketing de campanha. No Brasil, como se vê nos sites de candidatos e partidos, a ‘idéia fora de lugar’ salta etapas, do marketing de campanha para a rede, de cima para baixo.


No ar, os sites de Lula, Geraldo Alckmin, Heloísa Helena, José Serra e Aloizio Mercadante incorporam mecanismos de interação e tecnologia de ponta, dos vídeos ao blog de candidato, mas pouco se encontra de ligação com o ativismo pré-existente na internet.


Ativismo que enredou e estabeleceu movimentos como aqueles vinculados ao Fórum Social Mundial, à esquerda, e ao ‘não’ vitorioso no referendo sobre porte de armas, à direita.


Nesta edição, o caderno procura retratar as armas de campanha, usadas por candidatos, partidos e cidadãos em geral.’


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Candidatos se lançam em corrida na rede


‘Em abril, no ‘New York Times’ (www.nytimes.com), o presidente do Partido Republicano lançou o oráculo de que ‘o efeito da internet na política será tão transformador quanto foi o da televisão’. Vale para os EUA desde já -e, na avaliação crescente, deve valer também para o Brasil.


Os internautas já seriam ‘aproximadamente 30% do total de eleitores’, o que é ‘bastante significativo’, aponta Valter Pomar, secretário do PT -que lançou manifesto pela ‘participação de todos os apoiadores’ de seu candidato na campanha pela internet.


O sociólogo e marqueteiro Antônio Lavareda, ligado ao PFL, sublinha o poder de influência da rede sobre o jornalismo, inclusive o telejornalismo. Ele acredita, por exemplo, que ‘com internet, Collor não teria sido eleito’.


Vídeos


Com alcance direto ou indireto ao eleitor, as campanhas brasileiras, sobretudo as federais, já estão em uma corrida para incorporar os mecanismos de persuasão, de mobilização e até de arrecadação.


Onda mais recente na rede, o vídeo on-line é a estrela nas campanhas de Lula (lulapresidente.org.br) e de Aloizio Mercadante (mercadante.com.br), como se viu na última sexta-feira, com a transmissão ao vivo de um evento em São Paulo. Os dois sites trazem cenas para download, o que também acontece com o site da campanha de Heloísa Helena (heloisahelena50.com.br) -que traz reproduções de entrevistas para a televisão.


Blogs


José Serra (serra45.org.br), também na última sexta-feira, e Alckmin (geraldo45.org.br), no fim de semana, lançaram outra estrela para o ano eleitoral: os blogs de candidatos. Por enquanto, são os únicos.


No Blog do Serra, há posts com títulos como ‘Serei porta-voz de São Paulo’ e ‘É preciso agir mais e falar menos para combater o crime’. No Blog do Geraldo, ‘Para ter justiça social, o Brasil precisa crescer de forma igual em todas as regiões’ e ‘Por que o crime tem medo do Geraldo’.


Um fato que ainda não se verifica no Brasil, mas se tornou corriqueiro nos EUA e deve chegar logo, é a contratação de blogueiros já estabelecidos para cobrir as campanhas.


De todo modo, o jornalista Luiz Gonzalez, que comanda o marketing de Serra, sublinha que ‘o impacto dos blogs é mais interno do que externo’ e mobiliza mais ‘as equipes de campanha’ e os militantes.


Interatividade


Uma das ferramentas de interação nas campanhas americanas, os links de arrecadação financeira estão em fase incipiente. Alckmin, até com formulário, Lula, Heloísa Helena e outros mencionam ou dão instruções em seus sites, mas não o link para contas bancárias.


Fora a arrecadação, as campanhas tucanas são as que contam com mais instrumentos de interação, como enquetes e ‘comentários’ nos blogs dos candidatos, e de contato, como podcast.


Paralelamente, mecanismos como mensagens de celular e e-mail vêm sendo testados e incorporados, ainda que, como no caso da arrecadação, as regras não sejam claras -ou, pior, exista proibição expressa.


É o caso da propaganda por celular. Há duas semanas, em Brasília, é alvo de investigação pela Justiça Eleitoral a mensagem supostamente enviada pelo deputado pefelista Alberto Fraga -que nega. O texto diz: ‘No referendo das armas, Fraga defendeu o povo, na Câmara ele defende você. Vote Fraga’, mais o número do candidato.


Mensagens por celular e e-mail seriam permitidas apenas com a concordância de quem recebe -como no caso do ‘ex-blog de Cesar Maia’, que integra a direção da campanha de Alckmin; mas não, por exemplo, no de um conhecido e-mail do pedetista Fernando Chiarelli, com uma imagem do Congresso sob ataque.


25,9


milhões de brasileiros estão em condições de votar nas eleições deste ano, segundo as contas mais recentes divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral


34,7


milhões de pessoas acessavam a internet no Brasil em meados do ano passado, segundo o Datafolha. Para o Comitê Gestor da Internet e o Ibope/ NetRatings, eram 32 milhões.’


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Criar conexões determina sucesso


‘BOCA-DE-URNA Internet é usada por candidatos, organizações e internautas independentes como ferramenta para ampliar as ações em rede e para tentar dar mais repercussão ao seu trabalho político


Carlos Bottesi, professor de Redes Convergentes na Unicamp, conta a história de um candidato a vereador com ‘uma proposta muito simples’, dois anos atrás em Campinas: ‘resgatar a dignidade dos animais de rua’.


A partir dela, o político criou uma ‘rede de conexões’ pela internet, com e-mails e outros mecanismos -e, sem televisão, terminou como o mais votado.


A história exemplifica como, na internet, o que importa é a rede que se forma. ‘A Igreja Católica, os sindicatos, os partidos sempre foram ações em rede’, diz Bottesi, também professor de Novos Espaços Políticos do MBA em marketing político da ECA-USP.


‘No momento, a internet é ferramenta indispensável para ampliar as ações em rede.’


Vale para igrejas e políticos como vale para qualquer cidadão. Blogs coletivos e mensagens de celular mobilizaram, no final de 2005, as manifestações -e os ataques violentos- dos jovens franceses.


Sites interativos de mídia independente organizaram os atos de Seattle e Gênova. Correntes de mensagem de texto, por e-mail e instrumentos tipo ‘messenger’, teriam criado a rede do ‘não’ no referendo das armas.


Voto nulo e transparência


No momento, no Brasil, uma das redes políticas mais atuantes, fora das instituições, é a do voto nulo, que começou em blogs como Voto Nulo de Protesto e [10 anos a 1000], hoje praticamente inativos, e se espalhou viralmente pela blogosfera, chegando até aos mais estabelecidos.


Uma rede contrária ao voto nulo, registre-se, também já se formou, em blogs e comunidades de Orkut, estabelecendo um confronto on-line que alcança dezenas de endereços, de ambos os lados.


Outra rede que busca se firmar, externamente às instituições pré-existentes, é aquela em torno da organização Transparência Brasil (www.transparencia.org.br) e do blog de seu diretor, o jornalista Claudio Weber Abramo, A Coisa Aqui Tá Preta (crwa.zip.net).’


Mariana Barros


Vídeos tratam de política com humor


‘O vídeo parece mesmo ser a vedete das manifestações desta eleição. No YouTube (www.youtube.com), há pérolas de programas eleitorais, como o do empresário e apresentador Sílvio Santos ou uma das primeiras aparições televisivas do deputado federal Enéas Carneiro, ambos candidatos nas eleições de 1989. Vídeos provocadores trazem slogans como ‘Anulalá’ ou propõem eleições alternativas, em que o presidente poderia ser escolhido num jogo de roleta. Há ainda candidaturas de um saco de pão e do personagem Joselito, do programa ‘Hermes e Renato’, da MTV.


Popularidade


Uma das produções mais compartilhadas é a ‘Melô das Eleições’, criada e publicada pelo jornalista Luciano Pires (www.brasileirospocoto.com.br). O videoclipe traz um burro cantante acompanhado por um trio de vacas malhadas que pedem aos eleitores que votem com consciência e tomem cuidado na hora de escolher seu candidato. ‘O vídeo fez com que o site recebesse 70 mil visitas no mês passado. Tudo o que fiz foi mandar e-mails e avisar que a animação estava no ar’, disse Pires.’


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Webdesigner analisa páginas de campanhas presidenciais


‘Aparência não é tudo, mas ajuda bastante, principalmente em se tratando de sites de candidatos. A convite da Folha, a professora e webdesigner Ana Laura Gomes (www.emblema.art.br) avaliou os sites de campanha de candidatos à presidência. Leia a seguir.


LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA


(www.lulapresidente.org.br)


Tem cores agradáveis e links que são fáceis de serem percebidos. Os blocos de texto são distintos para cada assunto, com chamadas curtas e indicativos claros de downloads. O tamanho pequeno de fonte e o baixo contraste entre fundo e fonte dificultam a visualização, especialmente para daltônicos.


GERALDO ALCKMIN


(www.geraldo45.org.br)


A quantidade de opções de navegação faz com que, depois de um tempo, o visitante acabe se perdendo. Fontes grandes e o alto contraste facilitam a leitura, mas falta agrupamento de texto, que fica meio solto e, às vezes, próximo demais do menu. Há também alguns erros de português e de digitação, o que é grave.


HELOÍSA HELENA


(www.heloisahelena50.com.br)


Fácil de navegar, mas mal aproveitado. Há pequenos textos menores antes dos mais longos e que não elucidam nada. Os botões de download são claros, mas ficam longe do conteúdo a ser baixado. A proximidade dos blocos de texto dificulta a leitura. O uso de flash na abertura, com volume aberto, assusta o visitante.


CRISTÓVAM BUARQUE


(www.cristovam12.com.br)


Agradável, fácil de navegar e com textos claros, mas tem problemas de contraste e fonte pequena. Usa um recurso que não se utiliza mais, que é a página de abertura sem conteúdo. Foi o único a obedecer a regra de desativar o link da página em que se está. Oferece imagens para Orkut, MSN e e-mail.’


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Lei da TV é usada para a internet


‘A regulamentação do uso da internet na propaganda eleitoral ainda não conta com regras elaboradas especialmente para a rede. De acordo com as normas do TSE vigentes nesta eleição, basicamente, vale para a internet o mesmo que vale para a TV e para o rádio: é vedada a veiculação de qualquer propaganda eleitoral desde 48 horas antes do pleito até 24 horas depois dele.


Para facilitar esse controle, o TSE sugere que os candidatos criem sites com a terminação ‘.can’, pois assim seria possível tirá-los do ar no período acordado. A manutenção de páginas que não estiverem pedindo votos é permitida.


O uso de algumas ferramentas da rede ainda não foi totalmente regulamentado. Segundo o juiz assessor da presidência do TRE de São Paulo, José Joaquim dos Santos, o uso do Orkut foi liberado e o de blogs ainda encontra-se em discussão. Sobre o envio de mensagens para celulares, ele diz que, pessoalmente, acha invasivo à privacidade.


Já o presidente da Comissão de Informática Jurídica da Ordem dos Advogados de São Paulo (OAB-SP), Augusto Marcassini, vê até o spam com bons olhos. ‘O benefício de receber informação sobre os candidatos é maior do que o incômodo de apagar as mensagens’, argumenta. ‘Criar regras demais pode alterar a disputa. E a internet é essencialmente anárquica’, afirma.


O TSE deverá estabelecer mais parâmetros conforme ocorrências forem sendo registradas.’


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Cobertura eleitoral fica a cargo de portais e de blogs


‘Para se manter informado sobre as eleições, o internauta dispõe de uma ampla gama de fontes noticiosas, que vão desde especiais elaborados por sites e portais, páginas institucionais e blogs especializados até páginas da Wikipedia.


Um bom começo é visitar o site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral, www.tse.org.br), atualizado com as últimas notícias e que traz as normas vigentes na disputa deste ano, além de informações sobre todos os candidatos participantes.


O site especial da Folha Online (www.folha.com.br/eleicoes2006), com informações e serviço sobre as eleições, entra no ar nesta sexta. No portal Estadao.com.br, são publicadas imagens do dia-a-dia dos candidatos.


A versão on-line da revista ‘Veja’ também traz conteúdo especial sobre a disputa (www.veja.com.br/eleicoes), com histórico dos pleitos desde 1989, notícias e calendário do processo eleitoral deste ano.


Já o Terra (noticias.terra.com.br/eleicoes2006) oferece ao internauta enquetes e reportagens especiais, além de notícias divididas por Estado, que também podem ser encontradas no site do UOL (eleicoes.uol.com.br). Neste, também existem canais que tratam das leis eleitorais e de orientações ao eleitor e que trazem dados das últimas pesquisas e de pleitos anteriores.


Na Wikipedia (www.wikipedia.org), muitos candidatos já viraram verbetes. Vários dos artigos, porém, foram classificados como parciais e aguardam a colaboração de usuários para se tornarem mais neutros.


Blogs


Entre os blogueiros, uma opção é consultar os sites de jornalistas especializados em política, como Ricardo Noblat (www.noblat.com.br), Josias de Souza (josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br), Tão Gomes Pinto (taogomespinto.blig.ig.com.br) e Fernando Rodrigues (uolpolitica.blog.uol.com.br). Jornalistas da revista ‘Época’ mantêm um blog conjunto em www.blogbrasil.globolog.com.br.


O blog www.narizgelado.apostos.com oferece uma janela para transmissão da TV Câmara e comentários apimentados. A temperatura também sobe no voxlibre.blogspot.com, no limpabrasil.blogspot.com e no www.alertabrasil.blogspot.com, que traz vídeos e notícias.


A corrupção é o principal tema de alicenopaisdacpi.blogspot.com, cuja indignação encontra ecos em indignatus.blogspot.com e em vizinho dojefferson.blogger.com.br, endereço que ganhou popularidade na rede na época em que o ex-deputado Roberto Jefferson iniciou suas denúncias sobre o mensalão.’


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Internautas põem a boca no trombone


‘Eleitores e cidadãos estão aprendendo uma nova modalidade de colocar a boca no trombone: com as mãos no teclado.


Em blogs, em comunidades no Orkut, por e-mail ou usando programas comunicadores, os internautas usam a rede como um meio de debater política.


É o caso de Haldor Omar, 29, técnico em informática, webdesigner e autor de 20 comunidades no Orkut com temas políticos -ele ainda visita cada uma delas diariamente. Somadas, as duas maiores comunidades que modera, ambas a favor da candidatura de Heloísa Helena, têm 57 mil membros.


‘A vantagem do Orkut é reunir pessoas por afinidade’, disse Omar, que também usa e-mail e os comunicadores MSN e Skype. ‘A sociedade deveria usar mais a internet para se informar sobre a atuação de cada político’, defende.


Represália


A empresária que usa o codinome Beti Blue, 46, aproveitou o site de relacionamentos para divulgar uma manifestação. Sua comunidade Resistência Já noticia, para 27 de agosto, uma marcha contra a corrupção. ‘É possível medir a opinião pública navegando nas comunidades de política. Com um pouco de tempo, dá para perceber como pensam os internautas’, diz Blue, que conta ter sofrido represálias por causa de idéias que publicou no site.


‘Ameaças no scrapbook e um atropelamento estranho aqui onde moro me deixaram temerosa de continuar a me mostrar tão claramente. Fiz um perfil falso’, conta.


A advogada Inês Cristina Mendes Ribeiro, 28, diz não se importar com a repercussão do que escreve no Orkut.


‘Todos possuem o direito de expor seus interesses e idéias’, afirma. Autora da comunidade ‘Eu quero voto aberto’, ela diz que acha complicado conversar sobre política no Brasil, mas acredita que a internet facilita a comunicação.


‘Quando você cria um fórum, uma comunidade ou manda um e-mail, você transmite suas idéias. Caso as pessoas se interessem ou tenham a mesma linha de pensamento ou ideologia, cria-se um grupo, que passa a lutar por algumas causas. Eu mesma já aderi a causas alheias’, explica.


Mão na massa


Para Rosângela Giembinsky, vice-coordenadora-geral da ONG Voto Consciente (www.votoconsciente.org.br), que monitora os trabalhos de vereadores e de deputados estaduais, as manifestações são importantes para a democracia, mas devem ser canalizadas para a formação de propostas concretas.


‘A mobilização é importante, mas é preciso que exista continuidade. É fácil criticar. Difícil é propor alterações na lei’, diz.


Segundo Giembinsky, o poder de comunicação da rede está cada vez mais evidente também para os representantes parlamentares. ‘A cultura de reposta está aumentando, mesmo na esfera federal.’’


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Campanhas se espalham para além dos sites oficiais


‘Se você tem interesse em expor seu ponto de vista político ou fazer campanha para algum candidato, encontrará na rede diversas maneiras de fazê-lo sem gastar nada (ou muito pouco) e alcançando um grande número de pessoas.


Uma opção é criar um blog. Para isso, abra uma conta em um servidor como www.blogger.com, blog.uol.com.br, blogger.globo.com, blig.ig.com.br e www.blog.com.br.


É preciso fazer um cadastro, criar um perfil e seguir as instruções. Basicamente, os sites de criação de blogs apresentam uma espécie de janela de texto, na qual o blogueiro escreve o que deseja, e botões para a inserção automática de links, de fotos e de vídeos.


Para conquistar leitores, é preciso que a página seja atualizada com a maior freqüência possível. A publicação de conteúdo multimídia também ajuda a chamar a atenção.


Filmagem


Pegue carona na popularidade dos vídeos compartilhados via internet e se aventure a criar seu próprio videoclipe. Para fazer a filmagem, recorra a uma filmadora digital, que pode estar integrada à câmera fotográfica ou ao celular. Transfira o conteúdo filmado para o PC e use um programa de edição de vídeo para deixar a produção pronta para ser publicada, inserindo áudio, legendas e efeitos especiais.


Depois de pronto, é possível mandar o vídeo para amigos por e-mail ou, no caso dos vídeos produzidos no celular, por mensagem multimídia, opções possíveis apenas para arquivos pequenos. Se sua produção ficou grande demais para isso, você pode publicá-la em blog ou sites em especializados, como o YouTube ou o Videoblog (www.videoblog.com.br). Nesse caso é preciso ‘etiquetá-lo’, escolhendo palavras-chaves relacionadas ao conteúdo.


Há boas dicas sobre videoblogs em tutoriais on-line, como o do site freevlog.org, que também funciona como provedor gratuito de diários multimídia. Ele explica ainda como obter os efeitos de edição desejados e traz os últimos videoblogs criados.’


Julio Hungria


Regras estão aqui para confundir


‘Tribunais empoeirados, juízes idem, não é? Pode ser que eu me engane, pois já não vejo a cara de um faz tempo. Na maioria dos casos, nunca usaram a informática além da sua função de ‘máquina de escrever’. São raros os que têm uma noção acabada do que seja a internet. Tanto que estabeleceram para a web a mesma legislação que mal cuidou da restante mídia eletrônica -a TV e, a reboque, o rádio, tratado como se fosse somente uma TV sem imagem. Agora me diga: como iriam controlar regras que criassem para e-mails indesejados de propaganda política? Muito mais do que isso, como impedir os blogs, diários pessoais de autores de opinião franca, de dizer o que bem entendem sobre candidatos, eleições, política? Eles são jornais (então podem ter opinião) ou são TVs (não, não podem)? Não, eles não são nem isso nem aquilo. Nada mais anacrônico: os que fazem as regras não conseguem perceber que seus critérios são velhos, que não existe mais conteúdo sobre papel ou conteúdo sobre tela – mesmo a da TV. Tudo é uma coisa só, simplesmente conteúdo -pode ser também por SMS, que tal? De uma coisa o leitor pode estar certo. Enquanto não conseguirem perceber que deveriam tratar os limites simplesmente pela régua da ética -por exemplo, para todos os meios-, só nós, usuários, seremos os prejudicados. Para não falar, é claro, da cobertura pela internet, que estará sob a mira de um emaranhado legal duro de obedecer -e que será usado de mil formas diferentes conforme os partidos, seus interesses e objetivos, para favorecer ou desfavorecer este ou aquele. Eles não estão preocupados em permitir a informação adequada, que nos ajude a fazer escolhas. Como diria o Chacrinha (lembram?), estão aqui ‘para confundir, não para explicar’.


JULIO HUNGRIA é fundador e editor do Blue Bus (www.bluebus.com.br), noticiário na internet especializado em mídia e comportamento’


Leda Beck


Dean levou os blogueiros aos holofotes


‘Em julho de 2003, o partido Republicano reuniu 150 empresários para um almoço a US$ 2.000 por cabeça para ouvir o vice-presidente Dick Cheney e fazer doações em dinheiro para a campanha de reeleição de George W. Bush. Na mesma ocasião, Howard Dean, um obscuro ex-governador do Vermont, pequeno Estado rural da Nova Inglaterra, lançou uma campanha on-line para arrecadar fundos para sua indicação como candidato presidencial do Partido Democrata. No fim das contas, Cheney levantou US$ 300 mil e Dean, para surpresa geral, recebeu 70% a mais de 9.640 cidadãos em todo o país, que doaram em média US$ 50 cada um. No espaço de um ano, relata em seu livro o coordenador da campanha, Joe Trippi, Dean passou de meros 432 para 640 mil voluntários.


Dean não foi eleito presidente dos Estados Unidos em 2004. Não foi sequer sagrado candidato pelo partido, mas, no início de 2005, colheu um fruto saboroso: foi indicado para a presidência nacional do Partido Democrata. Sua indicação foi um reconhecimento não do número de votos que obteve na primária de Iowa em 2004, mas sim de sua habilidade para levantar recursos rapidamente de maneira que não comprometa o partido com indivíduos poderosos ou interesses especiais. Reconheceu-se em Dean sua habilidade para devolver a cidadania aos cidadãos por meio de um canal direto de participação possibilitado pela tecnologia.


Mas esse não foi o único resultado concreto da idéia pioneira de usar a web massivamente numa campanha presidencial. Outras conseqüências foram a proliferação de blogs e de sites políticos e a institucionalização da internet como ferramenta indispensável em campanhas eleitorais e em movimentos sociais em geral, além da explosão de um novíssimo mercado de trabalho (e de negócios) para marqueteiros políticos especializados em campanhas on-line.


Como explica o professor Fred Turner, do Departamento de Ciências Políticas da Universidade Stanford, essa proliferação de blogs, sites e consultores, por si só, não muda fundamentalmente o ambiente político nem as instituições. O que a nova mídia permite, diz ele, é a rápida criação de alianças e de coalizões para pressionar aberta e ruidosamente as instituições e assim conseguir mudanças. ‘Mas tornar a oposição visível não é suficiente. É preciso construir contra-instituições.’


‘O importante nisso tudo não é propriamente a tecnologia, que permite algumas coisas e impede outras’, diz Daniel Kreiss, que blogou a convenção democrata de 2004 e continua publicando seu blog enquanto trabalha num doutorado em ciências políticas. ‘O importante mesmo é como as pessoas usam a tecnologia. Blogar é uma resposta ao sentimento de alienação e de impotência.’ Ouvir os blogueiros e engajá-los numa causa -essa é que foi a grande sacada da campanha de Dean, hoje imitada à exaustão.


MOVEON.ORG


www.moveon.org


É o canal mais consolidado para a democracia participativa nos EUA; promove causas progressistas e angaria fundos


DEAN FOR AMERICA


www.dfa.org


Criado em 2004 para promover Dean, o site é hoje basicamente um blog a serviço de candidaturas alternativas dentro do partido Democrata. Um subsite é o DFA-link (www.dfa-link.org)


MEETUP.ORG


www.meetup.com


Organiza encontros entre pessoas com interesses comuns


DAILY KOS


www.dailykos.com


Um dos mais populares e prestigiados blogs políticos


MY DD


www.mydd.com


DD significa democracia direta: todo mundo envolvido numa campanha nos EUA pode publicar suas observações


CRASHING THE GATE


www.crashingthegate.com


Os dois autores do livro estão entre os mais populares blogueiros políticos no país e suas reputações explodiram na esteira da campanha pró-Dean


JOETRIPPI.COM


www.joetrippi.com


Blog do coordenador da campanha on-line de Dean’


Pedro Dias Leite e Eduardo Scolese


Lula ensaia temas polêmicos para entrevista na TV Globo


‘O Planalto considerou ‘implacável’ a entrevista do ‘Jornal Nacional’ com o tucano Geraldo Alckmin (PSDB) e já prepara o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um embate ao menos tão duro como o enfrentado anteontem pelo adversário tucano à Presidência.


O petista, que será entrevistado amanhã pelo telejornal global, vai ser treinado por uma equipe de assessores palacianos, composta por Miriam Belchior e Clara Ant, além do marqueteiro João Santana, responsável por toda a publicidade da campanha petista a presidente.


Preocupado com o alcance e a repercussão do ‘JN’, o presidente vai estudar como responder sob pressão a temas espinhosos, como o mensalão, o caixa dois e o financiamento irregular do PT, além da participação federal na crise de segurança pública em São Paulo.


No Planalto, perguntas sobre a crise até hoje não esclarecidas por Lula são dadas como certas na entrevista de amanhã. O petista ensaiará como se desvencilhar de saias justas como a citação nominal de seus ‘traidores’ e seu suposto conhecimento prévio das irregularidades petistas de campanha passadas.


Na campanha de 2002, o presidente também se preparava exclusivamente para entrevistas e debates importantes, mas quem coordenava tudo era o marqueteiro Duda Mendonça, hoje afastado oficialmente do PT, depois que admitiu ter recebido R$ 10,5 milhões em paraísos fiscais, no esquema de caixa dois do partido.


A avaliação ontem no Planalto era que a participação considerada ‘negativa’ de Alckmin se deu muito mais pelo ritmo duro das perguntas do que pelas respostas do tucano.


Na entrevista, o ex-governador passou a maior parte do tempo acuado. Gastou quase a metade da entrevista falando sobre os ataques do PCC e teve de rebater questões sobre a distribuição da publicidade da Nossa Caixa a aliados e o engavetamento de várias CPIs na Assembléia Legislativa.


A oposição teme que haja um suposto acordo entre a campanha petista e a Rede Globo para que fosse feita apenas uma pergunta sobre corrupção, o que foi desmentido por assessores.


Como Lula já sinalizou que não deve participar de debates no primeiro turno da disputa, o PT e o Planalto acreditam que entrevistas na TV podem ser decisivas para eventuais comparações com Alckmin.’


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Após confusão no ‘Jornal Nacional’, tucano ‘cola’ números sobre a educação


‘O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, justificou ontem a confusão sobre números relativos à avaliação de escolas do Estado de São Paulo, iniciada em entrevista ao ‘Jornal Nacional’, na Globo, e apresentou números mostrando que o desempenho de escolas e alunos paulistas foi o melhor na média brasileira.


No programa, anteontem, o tucano questionado sobre os resultados negativos de escolas paulistas no exame Prova Brasil, o mais extenso teste do Ministério da Educação com alunos da rede pública. Alckmin argumentou desconhecer os dados, citando em seguida o Saeb, nome de divulgação da Avaliação Nacional de Educação Básica, feito por amostragem nos Estados, com foco nas gestões de sistemas educacionais.


Ontem, Alckmin confirmou -sacando do bolso e mostrando para os jornalistas um papel escrito à mão-, que São Paulo teve o melhor percentual de aprovação no Saeb. De acordo com as informações, o Estado aparece em primeiro na média geral, seguido sempre por Santa Catarina nos índices de aprovação do teste nas três divisões: 1ª a 4ª séries, 5ª a 8ª e ensino médio.


De acordo com Alckmin, o Estado de São Paulo optou por aplicar a Prova Brasil a apenas uma amostra da rede.


O Ministério da Educação confirmou que o Estado não participou da consulta como os outros Estados e solicitou que os dados relativos não fossem divulgados no conjunto geral.’


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No ‘JN’, Heloísa tenta evitar imagem de radical


‘A candidata do PSOL à Presidência, Heloísa Helena, evitou ontem, durante entrevista ao ‘Jornal Nacional’, ser associada a uma representante radical da esquerda -apesar de se definir uma ‘socialista por convicção’- e disse que não vai expropriar terras ‘porque a Constituição não permite’.


Assegurou ainda que, se eleita, não haverá invasão de prédios públicos porque fará uma reforma agrária de qualidade. ‘A ocupação de terras improdutivas ou de espaços públicos só se dá quando governos são tão incompetentes, irresponsáveis e insensíveis.’


A senadora declarou-se arrependida por ter usado o termo ‘empregadinho’ ao criticar o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais). ‘Eu respeito muito as pessoas simples e humildes que nasceram inclusive como eu’, disse.


Referindo-se aos jornalistas Fátima Bernardes e William Bonner como ‘minha flor’ e ‘meu amor’, com voz suave e entonação frenética e rítmica que deixava pouco espaço para perguntas, saiu pela tangente quando pressionada a comentar posições radicais do PSOL. Explicou que programa de partido é diferente do de governo. O primeiro, segundo a senadora, define objetivos que poderão ser implementados ao longo de 30 anos. ‘Programa de governo não pode estar distanciado da legislação em vigor.’


Disse, ainda, que se considera preparada para exercer a Presidência. Sobre o socialismo, disse não esperar vivenciar essa experiência. ‘Seria desonestidade dizer que eu vou implementar o socialismo. Hoje eu luto pela democracia.’


E encerrou a entrevista dizendo que pretende fazer um governo ‘que possa acolher as crianças brasileiras e a juventude do mesmo jeito que eu, mãe, acalento meus próprios filhos’.’


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Horário eleitoral atrai menos do que em 98


‘O interesse do eleitor pelo horário eleitoral gratuito, que começa na próxima terça-feira, é menor do que era em agosto de 2002. Há quatro anos, 60% dos entrevistados tinham algum interesse na propaganda política na TV. Na pesquisa Datafolha feita ontem e anteontem, o número ficou em 56%.


O percentual soma os que têm ‘muito interesse’ e ‘um pouco de interesse’. Enquanto o número dos que têm ‘um pouco de interesse’ caiu quatro pontos percentuais, o dos que têm ‘nenhum interesse’ subiu de 38% para 43%.


Os índices também subiram na comparação com 1998, ano em que o então presidente também tentou a reeleição. Há oito anos, 47% tinham algum interesse no horário eleitoral.


A intenção de assistir à propaganda na TV se manteve estável desde 2002. Há quatro anos, 68% disseram que iriam ver o horário eleitoral. Agora, 67% deram a mesma resposta.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


A guerra dos blogs


‘Na manchete do site do ‘New York Times’, ontem, ‘Campanha de Lieberman responsabiliza rivais por derrubada de site’. É a prévia entre dois democratas candidatos a senador por Connecticut, nos EUA, mas vale muito mais, daí o destaque. Joseph Lieberman apoiou a invasão do Iraque e o opositor Ned Lamont é contra. A prévia vai definir quem domina a mensagem do partido, se moderados ou liberais -a esquerda.


A blogosfera ultraliberal adotou Lamont e o levou ao favoritismo, em blogs como Daily Kos e Huffington Post. Mas exagerou nos ataques, a ponto de Markos Moulitsas, dito ‘kos’, postar um ataque às ‘pessoas vagabundas’ que usaram os blogs para agressões.


Se confirmada a denúncia, a violenta campanha de internet já ameaça a democracia. Derrubado o site, caiu a estrutura criada por Lieberman para estimular o voto, ‘get out the vote’, que é essencial nos EUA.


CAIXA DE ENTRADA


As campanhas on-line de Geraldo Alckmin e de Lula avançaram ontem pelos e-mails, com a chegada dos boletins diários, carregados de propaganda negativa


PIADA


A pesquisa Sensus com a queda de Geraldo Alckmin ‘deixou o tucanato entre amuado e exasperado’, diz o blog de Josias de Souza.


O candidato chamou de ‘piada’. Tasso Jereissati, de ‘muita estranha’. E Arthur Virgílio citou ‘má fé’.


Ela foi depois corroborada em pleno ‘Jornal Nacional’, ao menos como tendência, pela pesquisa Datafolha.


PAU


No UOL, o presidente do Sensus comentou a pesquisa arriscando que ‘só um fato bombástico tira a vitória de Lula no primeiro turno’.


E o blog de Ricardo Noblat logo postou que, segundo um assessor, ‘Lula acha agora que a oposição vai para o pau’ e ‘não há limite para baixaria’.


Já foi, na verdade, ontem mesmo. Nas manchetes do SBT e da Band, ‘o secretário de Segurança acusa o PT de conexão com o PCC’.


NA HORA


Antes das pesquisas, o blog de Josias de Souza postou que Jorge Bornhausen ‘decidiu abandonar a política’. Vai cumprir só os mandatos de senador e presidente do PFL -e se retira para se dedicar a ‘atividades particulares’:


– Está na hora de mudar.


Não aceita nem o eventual convite para ser ministro, no caso de Alckmin ser eleito:


– Eu já fui duas vezes. Hoje, a função pública é carregada de percalços. E eu não estou mais a fim de me incomodar.


‘SPIN’


O confronto on-line sobre o desempenho de Alckmin no ‘JN’ apareceu por todo lado.


Para o Ex-Blog do Cesar Maia, ‘quem se desequilibra perde o jogo’ e ‘nesse sentido Alckmin ganhou o jogo’. Já o insólito Blog do Zé Dirceu postou que ‘foi nocauteado e ficou sem respostas’ e ‘não conseguiu prestar conta sobre segurança e educação’.


EM NEGOCIAÇÃO


Em entrevista ao ‘Washington Post’, o Líbano propôs ocupar o sul do país com o exército. No ‘Haaretz’ e pela cobertura, Israel considerou a oferta ‘passo interessante’.


Paralelamente, na primeira página do ‘WP’, sob foto de lado a lado, o título ‘Soldados israelenses encontram um adversário tenaz no Hizbollah’ -e relatos dos mesmos com frases como ‘quanto mais nós matamos, mais deles são gerados’ e ‘infelizmente, esta é uma guerra perdida’.


NA MÃO


William Bonner e Fátima Bernardes tentaram, mas Heloísa Helena não deixou as perguntas terminarem, calou em especial a apresentadora, até segurando sua mão, e chegou ao fim da entrevista com saldo favorável -em que pese o vaivém esquerda/direita sobre velhas bandeiras como desapropriação de terras, socialismo, criminalidade etc.’


TV DIGITAL
Valdo Cruz e Cláudia Dianni


Pacote incentiva investimento na TV digital


‘O governo está concluindo um novo pacote com mais redução de impostos federais para bens de capital (máquinas e equipamentos) e para o setor da construção civil, além de benefícios específicos para atrair empresas estrangeiras que queiram investir na produção de componentes e microprocessadores destinados à exportação.


O objetivo é preparar a indústria brasileira para a era da TV digital, que vai aumentar a demanda por microprocessadores. Em 2006, o Brasil importou US$ 15 bilhões em semicondutores, 20% a mais do que no ano anterior.


‘A área em que estamos mais atrasados e estamos tentando turbinar é a de atração de investimentos para componentes e microprocessadores, com o advento do acordo da TV digital que nós estamos formatando. É um pacote de estímulos fiscais para investidores nessa área. Muito brevemente o Ministério da Fazenda e a Casa Civil vão anunciar [as medidas]’, disse ontem à Folha o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.


Com o novo pacote, a ser divulgado ainda neste ano, o governo busca pelo menos amenizar as críticas do empresariado à elevada carga tributária, hoje na casa dos 36% do PIB (Produto Interno Bruto).


O tema deve ser explorado pela oposição na campanha eleitoral, já que o governo Lula prometeu reduzir a carga tributária brasileira, mas acabou não cumprindo a promessa mesmo com as várias medidas já anunciadas de redução de impostos.


Neste ano, por exemplo, o governo já fez duas rodadas de redução de IPI sobre produtos utilizados na construção civil. Com as novas medidas, Lula deve ganhar pelo menos mais um argumento para combater as críticas eleitorais em sua campanha pela reeleição.


Segundo a Folha apurou, a equipe econômica já concordou com as medidas, mas ainda falta acertar quantos produtos terão direito a desoneração fiscal nas três áreas -bens de capital, construção civil e semicondutores- e qual será o tamanho da renúncia.


No caso dos semicondutores, não deve haver perda de receita, já que o incentivo é basicamente para novos investimentos no país. No caso dos outros dois setores, haverá impacto na arrecadação, o que preocupa especialistas em contas públicas, pois o governo elevou seus gastos neste ano.


Bens de capital


Para os bens de capital, o governo vai aumentar a lista dos itens que contam com redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). O ministro não definiu, porém, quantos produtos serão incluídos na lista. Desde o início do governo, houve três etapas de desoneração do IPI para bens de capital (equipamentos e máquinas utilizadas na produção).


Na construção civil, o governo cedeu ao setor e vai oferecer redução de impostos para mais produtos. Em fevereiro, já havia sido zerado o IPI de 13 itens da cesta básica (cimento, portas, janelas e esquadrias, entre outros) e reduzido a 5% a alíquota para outros 28 itens. Em junho, uma nova medida baixou imposto para mais 11 itens.’


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Furlan espera atrair produção da Intel ao país


‘Com as medidas para a área de semicondutores, o governo espera conseguir a transferência para o Brasil de uma etapa de produção da fábrica da Intel na Costa Rica. Esse foi um investimento que o Brasil perdeu nos anos 1990 por causa do chamado ‘custo Brasil’: tributos altos e pouca infra-estrutura.


Segundo Furlan, as negociações com a Intel estão avançadas. ‘Vamos ganhar uma pequena etapa da Intel, que hoje produz chip na Costa Rica, manda para o Oregon, na Costa Oeste dos Estados Unidos, e de lá faz o acabamento e depois manda para o Brasil. Estamos acertando que tragam para o Brasil essa etapa que fazem em Oregon. Acho que a medida que estamos finalizando vai tornar o Brasil atraente para investidores’, disse Furlan.


O ministro afirmou que, para elaborar o plano com benefícios para atrair empresas que produzem condutores e microprocessadores, os técnicos do governo visitaram países com políticas públicas avançadas nessa área, como a Irlanda, a Costa Rica, Israel e os Estados Unidos.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


SBT perde mercado e reage contra Record


‘O SBT resolveu reagir contra o crescimento comercial da Record, que, impulsionada pela conquista da vice-liderança de audiência na Grande São Paulo, deve tomar-lhe também o segundo lugar em faturamento.


Até o final do ano, a rede de Silvio Santos irá investir R$ 5 milhões em uma campanha dirigida a anunciantes _que passarão a receber semanalmente uma ‘newsletter’ com audiências e tendências de consumo. Os primeiros anúncios têm o título ‘Anuncie no SBT’.


‘Os 20% de participação do SBT na audiência são muito mais do que os 70% da Televisa no México’, compara Victor Tobi, consultor de Silvio Santos. ‘A nossa estratégia será, ao invés de falar em pontos no Ibope, falar em quantidade de telespectadores. São milhões’.


Esse trabalho visa melhorar o desempenho apenas em 2007. Neste ano, prevê Tobi, o SBT crescerá 5% ou 6%, abaixo dos 12% das demais redes. Segundo ele, o SBT cresceu 10% no primeiro semestre, enquanto a concorrência aumentou sua receita em mais de 20%.


‘Lamentavelmente, de outubro de 2005 a março de 2006, o SBT ficou sem diretor comercial. Os grandes anunciantes planejam em outubro os investimentos do ano seguinte. Perdemos muitas oportunidades por causa disso’, admite Tobi.


O SBT deve faturar R$ 800 milhões em 2006, contra R$ 940 mi da Record (incluindo venda de espaço à Universal).


DIA DECISIVO A Band espera para hoje uma resposta formal do comando da campanha de Lula dizendo se o presidente participará ou não do debate que a emissora realiza segunda-feira. ‘Sei que o Lula quer vir’, diz Fernando Mitre, diretor de jornalismo.


TOP DE AUDIÊNCIA A entrevista do tucano Geraldo Alckmin ao ‘Jornal Nacional’, anteontem, deu 45 pontos no Ibope da Grande São Paulo, uma audiência de novela das oito. Na média, o ‘JN’ marcou 44 pontos. A Globo dará o mesmo tempo (11min40s e não mais 10min) aos demais candidatos.


DEBATE ‘ON DEMAND’ A TV Gazeta manterá em seu site, durante 24 horas, a íntegra do debate entre candidatos ao governo de São Paulo que promove hoje à noite.


VELHO CORINGA O SBT desistiu de exibir a cada dia uma série no lugar do extinto ‘SBT São Paulo’. Depois de ver ‘Smallville’ dar só quatro pontos, ontem de manhã Silvio Santos escalou ‘Chaves’.


MARKETING VIRAL ‘Televisão não é para aprendiz, é para profissionais’, dizia e-mail que o SBT fez circular anteontem, uma provocação à Record, cujo ‘Aprendiz 3’ perdeu para ‘Topa ou Não Topa’.


EUROCOPA 2008 A ESPN Brasil transmitirá com exclusividade França x Itália, em 6 de setembro, ‘revanche’ da final da Copa.


ALERGIA A LOIRAS A audiência da Globo caiu dois pontos ontem de manhã assim que entrou no ar uma entrevista de Xuxa com Angélica.’


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Agência Carta Maior


Quarta-feira, 9 de agosto de 2006


ELEIÇÕES 2006
Lula Miranda


Números e caminhos da manipulação


‘É essencial que conheçamos, e que estejamos atentos, para que assim possamos melhor refletir sobre eles, alguns números que dizem muito sobre a nossa grande imprensa. E também, em seguida, que reflitamos sobre os tortuosos caminhos da notícia. Esses números dizem respeito, entenda-se, às vendas de alguns jornais e revistas de grande circulação e assim são reveladores do alcance das mensagens por eles veiculadas. Vamos dar uma olhada nesses números. Os (des) caminhos conheceremos logo em seguida.


Grandes jornais de circulação nacional como Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo e O Globo, por exemplo, têm uma circulação que oscila entre os 250.000 exemplares (de segunda a sábado) e 380.000 (aos domingos). Portanto, se consideramos dois leitores para cada exemplar vendido, cada um desses jornais terá sido lido, diariamente, pelo menos as suas manchetes, por um número que oscilará entre 500.000 e 760.000 indivíduos, a depender do dia da semana, como visto. Se considerarmos ainda os que lêem esses jornais pela internet, chegamos, fácil, fácil, grosso modo, à casa de uma dezena de milhões de leitores. Nunca é demais lembrar que esses veículos ainda têm seus ‘filhotes’, pequenos jornais feitos na medida para atingir as classes menos escolarizadas e abastadas: Agora São Paulo (do grupo Folha), Jornal da Tarde (do Estado) e Diário de São Paulo (de O Globo). Por fim, levando-se em conta o efeito propagador e multiplicador desses grandes veículos, como veremos mais adiante, se terá atingido pouco mais da metade do eleitorado, algo em torno de setenta milhões de indivíduos. Essa progressão aqui calculada/estimada é, sim, de impressionar e estarrecer, mas é bastante elucidativa.


Vejamos mais alguns números. A revista Veja e a Época têm uma circulação de 1.100.000 e 500.000 exemplares, respectivamente. Ora, todos conhecemos (e deploramos) a linha editorial desses veículos, notadamente da Veja, por demais comprometida com a defesa escancarada dos interesses de certos grupos políticos/econômicos – isso sem considerar, claro, o conteúdo de suas matérias vazias e ‘cosméticas’, para dizer o mínimo. Em contrapartida uma revista séria e de qualidade indiscutível como a CartaCapital tem uma circulação paga que beira modestos 40.000 exemplares (para uma tiragem de cerca de 64.000). Portanto, só para ficar bem registrada a disparidade: a CartaCapital vende cerca de quarenta mil exemplares enquanto, relembro-lhe, Veja vende mais de um milhão e cem mil exemplares! Percebeu a desproporção? A revista Veja, portanto, vence facilmente a guerra da informação (ou da desinformação, no caso). Donde se depreende que as salas de espera dos consultórios médicos e dentários são um local de alto risco e periculosidade para as sãs consciências desse país.


Decerto que revistas como a Época incrementam suas vendas dando ‘brindes’ para os assinantes e algumas outras fazem sedutoras ‘dobradinhas’. Na linha ‘Faça uma assinatura da revista Época e ganhe um aparelho de DVD’ ou ‘Faça uma assinatura do Valor Econômico e ganhe três meses de Veja grátis’. Como, no caso da Época, o preço da assinatura praticamente equivale ao do aparelho, não seria incorreto ou exagerado asseverar que, na verdade, o leitor adquire o DVD player e ganha uma assinatura da revista de brinde. Mas, não é exatamente dessas curiosas estratégias de marketing de que devemos nos (pre)ocupar aqui.


O fato é que se considerarmos que a classe média, em quase sua totalidade, informa-se por intermédio de veículos como as revistas Veja e Época, ou através de jornais como ‘Folha’ e ‘Estadão’, teremos a exata noção de como se dá a manipulação da informação e como o ‘mainstream’ faz a cabeça do cidadão comum através dos chamados ‘formadores de opinião’, mantendo assim tudo sob controle. Sim, é a mais pura verdade, não se trata de invencionice minha não, os jornalistas desses veículos e, em última instância, a própria classe média, são considerados como ‘formadores de opinião’ – por mais incrível e devastador que isso possa parecer.


Essa manipulação orquestrada/operada pelos veículos citados se propaga pelas cabeças e mentes, ou seja, pela sociedade como um todo, suave e indelevelmente, em ondas – como aquelas formadas quando atiramos uma singela pedra nas plácidas águas de um lago. E o chamado milagre da propagação (ou da manipulação) prossegue, e se espalha incontinente como as pequeninas ondas que se formam na superfície das águas da lagoa da nossa desgastada e pueril metáfora.


Propagam-se as ondas. Do litoral para o interior do país. Das grandes capitais para as pequenas e médias cidades do interior. Como? Por intermédio das agências de notícias – sabe-se que a Agência Folha e a Agência Estado são praticamente monopolistas na venda da informação embalada para consumo, da notícia fast-food. Nas pequenas e médias cidades os jornais são feitos basicamente a partir de meras ‘colagens’ dessas agências de notícias. Dizendo mais claramente: os pequenos veículos apenas copiam, quase sempre, ipsis litteris, os informes dessas agências. Assim, obtém-se naturalmente, sem a necessidade de supostas ‘conspirações’, a homogeneização ou pasteurização do noticiário. Ou seja, fica todo mundo pensando mais ou menos igual. Isso sem falar, claro, na onipresença e quase-monopólio da TV Globo. Tudo sob controle.


Se ainda levarmos em consideração a propagação das ondas do rádio, o ciclo se fecha e a coisa se agrava, uma vez que os locutores de rádio são meros leitores (ou propagadores) das notícias que são publicadas nesses grandes veículos ou nos Boletins dessas grandes agências de notícias. E, quase sempre, ressalte-se, lêem apenas as manchetes.


Por isso, é prudente que conheçamos melhor esses números e os (des)caminhos da nossa mídia e, por conseguinte, que aprendamos um pouco mais da realidade dessa ‘nossa pátria mãe gentil’. Assim, fica bem mais fácil entender porque só as ‘verdades’ e as versões dos fatos que interessam aos ‘donos do poder’ chegam-nos, impreterivelmente, hora a hora, todos os dias, semana após semana, na paz dos nossos sacrossantos e ‘invioláveis’ lares. E assim, embalados dessa maneira, somos devassados e violados em nossas sacrossantas e ‘invioláveis’ consciências, sem que percebamos. Ditam-nos a sua verdade e nos convencem que é também nossa essa sua verdade. Apreendemos ‘naturalmente’ a tal ‘verdade dogmática’, o aboio apaziguador dos que tangem a grande boiada.


Assim, ficamos todos sabendo, e podemos finalmente compreender, porque os ímpios, impropriamente chamados de ‘justos’, prosseguem lívidos em seu sono tranqüilo e profundo, seja na calada da noite ou na abstração silenciosa de dias ruidosos – os dias nossos de todos os dias em que experimentamos um sono paradoxalmente ao mesmo tempo tão profundo e intranqüilo. E, mais ainda, compreendemos porque o grande ‘Leviatã’ continua sendo, apesar de tudo e de sua tamanha desfaçatez, aos olhos do ‘respeitável público’ e da população em geral, o generoso senhor, dono da verdade e da razão.


N.A – Hoje, abordei aqui os números (fornecidos pelos gerentes de circulação/marketing dos veículos e/ou aferidos pelo IVC) e os caminhos da manipulação da notícia. Em outro texto, futuramente, abordarei algumas formas de manipulação. Aguarde.’


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