Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Folha de S. Paulo

INTERNET
Miguel Helft e Eric Pfanner

Microsoft compra grupo de publicidade

‘DO ‘NEW YORK TIMES’ – A Microsoft anunciou ontem que comprará a aQuantive, uma companhia especializada em publicidade on-line, por US$ 66,50 a ação, ou aproximadamente US$ 6 bilhões. Trata-se da maior aquisição da história da produtora de software e da mais recente em uma série de transações envolvendo empresas de publicidade on-line adquiridas por grandes grupos de internet e mídia.

A aquisição, a ser paga integralmente em dinheiro, representa ágio de 85% sobre a cotação das ações da aQuantive no fechamento de ontem, US$ 35,87, o que mostra até que ponto a Microsoft a considera crítica para os seus esforços relativamente frustrados de expansão no crescente mercado da publicidade on-line.

‘A aquisição nos coloca na parada’, afirmou Chris Dobson, diretor de vendas mundiais de publicidade da Microsoft. ‘Se alguém tinha alguma dúvida de que a Microsoft seria grande no setor de publicidade on-line, isso deve deixar claro que seremos.’

O acordo surge logo depois da recente aquisição da DoubleClick pelo Google, em uma transação de US$ 3,1 bilhões, bem como das aquisições da RightMedia pelo Yahoo e da RealMedia pelo gigante da publicidade WPP Group. A Microsoft, que havia tentado sem sucesso adquirir a DoubleClick, enfrentou concorrência para conquistar a aQuantive, mas estava determinada a não permitir que houvesse um lance mais alto desta vez, disseram executivos da empresa.

A aQuantive opera diversos negócios importantes. Sua divisão Atlas concorre com a DoubleClick e é usada por anunciantes e grupos editoriais para colocar publicidade on-line em tempo real, quando usuários visitam uma página. Outra unidade do grupo é a AvenueA/Razorfish, importante agência de publicidade interativa; e há também a DRIVEpm, uma rede de publicidade.

A Microsoft vem enfrentando dificuldades no mercado de publicidade on-line, especialmente diante do Google.

Até agora, a Microsoft vendia anúncios em seu portal MSN e usava a tecnologia AdCenter para vender publicidade vinculada a resultados de busca, um negócio crescente e a pedra fundamental do poderio do Google. Mas a participação da Microsoft no segmento de publicidade vinculada a buscas vinha caindo, o que limita a efetividade do sistema AdCenter.

Com a aQuantive, a Microsoft poderá vender e intermediar anúncios em qualquer site da web, um negócio visto como cada vez mais importante à medida que as verbas publicitárias cada vez mais migram para a mídia on-line. As aquisições da DoubleClick e da RightMedia por Google e Yahoo, respectivamente, tinham por objetivo reforçar os esforços das empresas para vender e intermediar a colocação de publicidade em diversos sites.

Os analistas da ZenithOptimedia, uma agência de compra de mídia, prevêem que o investimento publicitário na internet deva atingir os US$ 31 bilhões neste ano, em todo o mundo, aumento de 28% ante 2006. Em distribuição das verbas publicitárias, a internet já superou a mídia exterior e no ano que vem ultrapassará o rádio, de acordo com o grupo.

‘Nós veremos pessoas tirando dezenas de milhões de dólares em verbas da televisão e transferindo-as para a mídia on-line, e é nisso que todas essas empresas estão apostando’, disse Shar VanBoskirk, analista da Forrester Research.

O boom na publicidade on-line também está reestruturando o mercado publicitário como um todo, com empresas que controlam mídia on-line, como Google, Yahoo e Microsoft MSN, cada vez mais invadindo áreas que costumavam ser dominadas pelas agências de publicidade como Omnicom Group, WPP e Publicis.

‘Subitamente temos duas alas diferentes competindo na mesma área: as empresas de publicidade e as empresas que controlam mídia’, disse VanBoskirk.

Existem sinais de fricção, à medida que grupos de mídia on-line como o Google, muito bem dotado de recursos, se expandem. O acordo de aquisição da DoubleClick pelo Google foi criticado por Martin Sorrell, presidente-executivo do WPP Group, segundo o qual a transação poderia incomodar os anunciantes.

‘Ela suscita questões sobre nossa disposição de fornecer ao Google dados que podem ser muito valiosos’, ele afirmou no mês passado, durante a apresentação dos resultados trimestrais da WPP. ‘Os clientes se preocuparão com o acesso que o Google pode ter a informações controladas por eles.’

Enquanto empresas como a 24/7 e a DoubleClick se concentram primordialmente na distribuição de publicidade on-line em nome dos proprietários de veículos na internet, a aQuantive oferece à Microsoft algumas capacidades mais amplas. Além da plataforma Atlas de distribuição de publicidade, ela também cria anúncios e planeja estratégia de mídia, entre outras coisas, o que levaria a Microsoft a segmentos de mercado nos quais o Google ainda não estabeleceu posição.

‘O anúncio de hoje [ontem] representa o próximo passo na evolução de nossa rede publicitária, do nosso investimento inicial na MSN à rede mais ampla da Microsoft, que inclui o Xbox Live, Windows Live e Office Live, e agora para a plena capacidade da internet’, disse Steven Ballmer, presidente-executivo da Microsoft.

A empresa anunciou que o acordo será concluído no ano fiscal de 2008, que começa em 1º de julho, e que a fusão provavelmente terá de ser analisada pelas autoridades antitruste.

O frenesi de aquisições no setor de publicidade on-line causou uma rápida escalada nas avaliações de empresas alvos de aquisição. A Microsoft está pagando dez vezes o valor das receitas estimadas da aQuantive. ‘Haverá um limite para essa escalada de preços’, disse Maurice Levy, presidente-executivo da Publicis, em recente entrevista. ‘O mercado atual está vivendo uma espécie de bolha.’

Dobson, da Microsoft, disse que o preço que sua empresa estava pagando se justificava devido ao potencial de crescimento no mercado de publicidade on-line. ‘Sim, é um preço alto, houve ágio’, disse. ‘Mas estamos pensando mais no médio e longo prazo do que nas dimensões atuais do mercado’. Tradução de PAULO MIGLIACCI’

BIOGRAFIAS & CENSURA
Luiz Fernando Vianna

Biografia conta a vida de Maysa em detalhes e sem censura

‘Se Paulo Cesar Araújo fez uma biografia não-autorizada de Roberto Carlos com estilo de fã -e ainda assim foi censurado-, Lira Neto teve acesso aos diários de Maysa e fez uma biografia que não se acanha em detalhar os podres e porres da cantora -e ainda assim não sofreu nenhuma restrição.

Amigos dela e pessoas mais sensíveis podem até ficar incomodados com os relatos do livro, mas o trabalho de Neto, amparado em cerca de 200 entrevistas e inúmeras fontes de pesquisa, não só é brilhante do ponto de vista jornalístico, como é fiel à personagem.

Maysa se expunha completamente em canções e entrevistas, botava o coração e a cama na rua. Como fazer uma biografia recatada de alguém assim, que viveu apenas 40 anos, entre 1936 e 1977, mas que fez tudo intensa e exageradamente? Roberto Carlos quer o recato porque não se orgulha de quando andava a 300 km/h.

Aliás, sobre a possível noite de amor entre Maysa e Roberto, que ele não teria gostado de ver no livro de Araújo, Neto escreve apenas um parágrafo e sem cravar, pois a cantora nunca a confirmou.

Sucesso e alcoolismo

Como não se ouve mais a voz grave de Maysa, o leitor de hoje deve se surpreender com a reconstituição do enorme sucesso que ela fazia nos anos 50 e 60. Era uma grande intérprete e ainda compunha sambas-canções dilacerantes, como ‘Ouça’ e ‘Meu Mundo Caiu’.

E havia sua história pessoal, tentadora para a imprensa: casou-se com um Matarazzo 18 anos mais velho, driblou a resistência do marido para poder cantar, separou-se e passou a emendar um homem no outro, tudo banhado em muito álcool e cenas de agressividade -como a da garrafa de uísque arremessada contra Elis Regina e que só não atingiu o alvo graças ao salto de um ‘goleiro’.

Maysa tinha consciência de seu alcoolismo (‘É ela [a bebida] que me faz maltratar as pessoas a quem mais amo e a mim mesma’), mas, nas vezes em que tentou, não conseguiu vencê-lo. Herdou o ímpeto boêmio do pai, Alcebíades Guaraná Monjardim (‘Guaraná, só no sobrenome’, dizia ele), mas o misturou com autodestruição, chegando a tentar o suicídio várias vezes.

Oscilações

Como é natural em pessoas dependentes, Maysa alternava mitomania com auto-estima rasteira; euforia e depressão; excesso de peso e cuidados com a saúde; recolhimento e exibição pública; fantasias -como a de se sentir grávida quando já não podia mais- e visões agudas da realidade.

Neto descreve com minúcias essas oscilações e, como ótimo repórter, não faz qualquer juízo de valor. Mas constata, é claro, o quanto esse quadro afetou a carreira de Maysa e abreviou sua vida, encerrada num acidente de carro.

Se há ressalvas a fazer, é quanto a alguns clichês (‘um terremoto em forma de mulher’, por exemplo) e a um erro de informação (‘As Praias Desertas’ não tem letra de Vinicius de Moraes). Por outro lado, Neto faz muito bem em ressaltar o humor cruel de Maysa, usado contra todos, inclusive ela mesma.

Apenas dois de muitos exemplos: ‘Eu não perdi quilos, eu perdi litros’; ‘Quem nasceu para Moacyr Franco jamais chega a Rogério Duprat’.

MAYSA – SÓ NUMA MULTIDÃO DE AMORES

Autor: Lira Neto

Editora: Globo

Quanto: R$ 32 (400 págs.)

Avaliação: ótimo’

TELEVISÃO
Daniel Castro

Sony estréia série que deu origem a Borat

‘O canal pago Sony vai exibir no Brasil a série ‘Ali G’, estrelada pelo comediante britânico Sacha Baron Cohen, que lançou o personagem Borat, recentemente festejado nos cinemas em ‘Borat – O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América’.

O Sony comprou apenas a primeira temporada da série, de seis episódios, produzida para a TV inglesa em 1999. Depois, foram produzidas novas temporadas, inclusive nos EUA, pela HBO (sem previsão de exibição no Brasil). O Sony a exibe a partir de 12 de junho.

Além de Borat, Cohen interpreta Ali G, um ‘jornalista hip hop’, que tenta fazer perguntas difíceis, e Bruno, um gay austríaco que ironiza o mundinho da moda ao se mostrar mais arrogante e superficial do que seus entrevistados.

Também em junho, o Sony estréia outras quatro séries. A principal novidade é ‘Boondocks’, uma animação com sátira política. O programa retrata um avô que se muda para uma cidade pequena em busca de tranqüilidade para criar seus netos, mas os garotos (um deles defensor dos direitos negros, e o outro, aspirante a cantor de rap com um pé na marginalidade) não lhe dão paz.

As outras estréias são ‘The IT Crowd’ (sobre funcionários da área de tecnologia da informação de uma empresa), ‘Balls of Steel’ (competição com pegadinhas) e o drama familiar ‘Friday Night Lights’.

MARMELO Apesar de a lisura da prova do dia ter sido questionada pela equipe derrotada, de um participante ter pedido para sair e de outros dois terem sido indicados à eliminação pela líder, Roberto Justus não mandou ninguém para casa no episódio de anteontem de ‘O Aprendiz 4 -O Sócio’. Justificou dizendo que todos os candidatos tinham ido bem na prova. O telespectador que ficou acordado até meia-noite foi dormir frustrado.

CHOCOLATE O episódio de anteontem de ‘O Aprendiz’ ficou 28 minutos em primeiro lugar no Ibope. Na média final, o ‘reality show’ marcou 13 pontos, contra 14 da Globo e 11 do SBT. Diante do sucesso, Roberto Justus já está pensando em adiar sua ‘aposentadoria’ do programa e apresentar a quinta edição.

REDENTOR 1 A Globo está fazendo uma campanha publicitária para atrair anunciantes a ‘Paraíso Tropical’, que anteontem, pela primeira vez, atingiu a marca de 45 pontos no Ibope. É que a novela das oito tem tido três intervalos comerciais. O padrão do horário são quatro.

REDENTOR 2 O anúncio da Globo diz que audiência de ‘Paraíso Tropical’ em abril daria uma pilha de televisores que formaria ‘uma montanha 18.834 vezes mais alta que o Corcovado’, onde fica o Cristo Redentor, no Rio.

NINO A Record contratou, por quatro anos, o ator Cassio Scapin (‘Castelo Rá-Tim-Bum’, ‘Um Só Coração’, ‘A Lua me Disse’). Ele fará ‘Caminhos do Coração’, de Tiago Santiago.’

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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

Agência Carta Maior

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