Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Folha de S. Paulo

DITABRANDA
Folha de S. Paulo

Manifestação contra Folha reúne 300 pessoas em frente ao jornal

‘Cerca de 300 pessoas participaram ontem pela manhã de manifestação contra a Folha em frente à sede do jornal, na região central de São Paulo.

O ato público tinha o duplo objetivo de protestar contra editorial publicado pelo jornal no dia 17 de fevereiro, que usou a expressão ‘ditabranda’ para caracterizar o regime militar brasileiro (1964-1985), e prestar solidariedade aos professores Maria Victoria Benevides e Fábio Konder Comparato. Nenhum dos dois estava presente.

A Folha publicou no ‘Painel do Leitor’ 21 cartas sobre o assunto, 18 delas críticas aos termos do editorial, entre as quais as assinadas por Benevides e Comparato. Segundo escreveu este último, o autor do editorial e o diretor de Redação que o aprovou ‘deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça pública e pedir perdão ao povo brasileiro’.

Em resposta, o jornal classificou a indignação dos professores de ‘cínica e mentirosa’, argumentando que, sendo figuras públicas, não manifestavam o mesmo repúdio a ditaduras de esquerda, como a cubana.

Desde então, além de cartas, o jornal vem publicando artigos a respeito da polêmica, alguns dos quais com críticas ou reparos à própria Folha.

O protesto de ontem foi organizado pelo Movimento dos Sem-Mídia, idealizado pelo blogueiro Eduardo Guimarães. O público era composto na sua maioria por familiares de vítimas da ditadura, estudantes e sindicalistas ligados à CUT.

Abaixo-assinado

Um abaixo-assinado de repúdio ao editorial da Folha e solidariedade a Benevides e Comparato circulou pela internet nas últimas semanas. Entre seus signatários estão o arquiteto Oscar Niemeyer, o compositor e escritor Chico Buarque, o crítico literário Antonio Candido e o jurista Goffredo da Silva Telles Jr.

Niemeyer disse que ‘o convite para assinar veio de um amigo muito querido, que foi preso e torturado. Fiquei muito chateado, porque gosto do pessoal da Folha. Fiquei constrangido, mas não podia dizer que não’. O arquiteto disse não ter lido o editorial. Na sua versão eletrônica, o abaixo-assinado contava com mais de 7.000 adesões, cuja autenticidade, porém, não há como comprovar.

Segue a íntegra do texto:

‘Ante a viva lembrança da dura e permanente violência desencadeada pelo regime militar de 1964, os abaixo-assinados manifestam seu mais firme e veemente repúdio à arbitrária e inverídica revisão histórica contida no editorial da Folha de S.Paulo do dia 17 de fevereiro de 2009.

Ao denominar ditabranda o regime político vigente no Brasil de 1964 a 1985, a direção editorial do jornal insulta e avilta a memória dos muitos brasileiros e brasileiras que lutaram pela redemocratização do país. Perseguições, prisões iníquas, torturas, assassinatos, suicídios forjados e execuções sumárias foram crimes corriqueiramente praticados pela ditadura militar no período mais longo e sombrio da história política brasileira. O estelionato semântico manifesto pelo neologismo ditabranda é, a rigor, uma fraudulenta revisão histórica forjada por uma minoria que se beneficiou da suspensão das liberdades e direitos democráticos no pós-1964.

Repudiamos, de forma igualmente firme e contundente, a Nota da Redação, publicada pelo jornal em 20 de fevereiro em resposta às cartas enviadas ao ‘Painel do Leitor’ pelos professores Maria Victoria de Mesquita Benevides e Fábio Konder Comparato. Sem razões ou argumentos, a Folha de S.Paulo perpetrou ataques ignominiosos, arbitrários e irresponsáveis à atuação desses dois combativos acadêmicos e intelectuais brasileiros. Assim, vimos manifestar-lhes nosso irrestrito apoio e solidariedade ante as insólitas críticas pessoais e políticas contidas na infamante nota da direção editorial do jornal.

Pela luta pertinaz e consequente em defesa dos direitos humanos, Maria Victoria Benevides e Fábio Konder Comparato merecem o reconhecimento e o respeito de todo o povo brasileiro.’’

 

 

***

Folha avalia que errou, mas reitera críticas

‘O diretor de Redação da Folha, Otavio Frias Filho, divulgou ontem as seguintes declarações:

‘O uso da expressão ‘ditabranda’ em editorial de 17 de fevereiro passado foi um erro. O termo tem uma conotação leviana que não se presta à gravidade do assunto. Todas as ditaduras são igualmente abomináveis.

Do ponto de vista histórico, porém, é um fato que a ditadura militar brasileira, com toda a sua truculência, foi menos repressiva que as congêneres argentina, uruguaia e chilena -ou que a ditadura cubana, de esquerda.

A nota publicada juntamente com as mensagens dos professores Comparato e Benevides na edição de 20 de fevereiro reagiu com rispidez a uma imprecação ríspida: que os responsáveis pelo editorial fossem forçados, ‘de joelhos’, a uma autocrítica em praça pública.

Para se arvorar em tutores do comportamento democrático alheio, falta a esses democratas de fachada mostrar que repudiam, com o mesmo furor inquisitorial, os métodos das ditaduras de esquerda com as quais simpatizam.’

Otavio Frias Filho’

 

 

HEBE
Audrey Furlaneto

Hebe 80

‘Apresentadora faz 80 anos hoje, diz que é ‘a única perua que fala’, acha a TV decadente e prefere os ‘romances de antigamente’.

‘Comecei do nada, fui pobre, morei em porão, limpava a cozinha da minha tia pra ganhar um dinheirinho e pagar o bonde pra ir aos programas de calouros’

Quando fez o primeiro teste para a televisão, foi eliminada: tinha menos de 20 anos e sobrancelhas grossas demais. Ela repete a história sempre que lhe perguntam como tudo começou. Termina dizendo que acha o fato ‘muito engraçado’. E tem lá sua ironia: Hebe Camargo foi chamada de volta para a TV pouco depois e praticamente não ficou fora do ar. Completa hoje 80 anos de idade -quase 60 de televisão.

Na segunda-feira anterior às suas festas de aniversário -serão pelo menos duas: uma hoje, organizada pela amiga Lucília Diniz, em São Paulo, e outra na Disney, no dia 17, para onde vai com amigos-, Hebe estava no camarim do SBT (uma sala simples, com um sofá de dois lugares, espelho pequeno e o enorme logotipo colorido da emissora numa das paredes). ‘Me vê um copinho d’água, meu amor?’, pede a uma das produtoras do programa, já sentada no sofá, tirando alguns de seus enormes anéis.

Joias, aliás, nunca faltaram nos 80 anos da apresentadora, que já declarou que lhe faltará tempo para usar todas as peças que tem. ‘Sou muito simples. Uso coisas sofisticadas, mas eu não sou sofisticada. Adoro essas coisas, você tá vendo, né?’, diz, rindo e balançando a cabeça para movimentar as duas imensas bolas de brilhantes nas orelhas. Além dos brincos, usa dois colares: um mais grosso, de argolas de brilhantes, e outro fininho, com seu nome num pingente -de brilhantes, claro. Sua coleção de joias, no ano passado, sofreu uma baixa: furtaram o cofre de sua casa, e ela perdeu não só brincos e colares, mas também seis relógios.

‘Eu sou a perua assumida. A única perua que fala! Encarnei isso. Eu sou assim’, diz Hebe, sobre as ‘coisas sofisticadas’ que usa e que, na sua opinião, não fazem com que ela seja parte da ‘elite branca’. ‘Amor, eu sou uma pessoa bem-sucedida’, indigna-se. ‘O que eu tenho é do meu trabalho. Eu comecei do nada, eu fui pobre, eu morei em porão, eu limpava a cozinha da minha tia pra ganhar um dinheirinho e pagar o bonde pra ir aos programas de calouros. Não tenho nada que ganhei ilicitamente. Eu não sou como eles lá, em Brasília.’ Foi por isso, para protestar contra a corrupção, que Hebe diz ter participado do movimento Cansei, de João Doria Jr.

‘Fui muito criticada por isso. Mas eu não tinha nada contra o Lula’, explica. ‘Não votei nele, mas não tenho nada contra. Não gosto da amizade que ele tem com Fidel [Castro, ex-ditador convalescente de Cuba], com [Hugo] Chávez [presidente da Venezuela]. Não gosto de ditadores, sabe? O Chávez é um ditador, um cara que quer ficar para sempre no governo. Fidel também. E não morre nunca! Tá lá, magro e arcaico, e não morre! Mas também não faz mais mal para Cuba’, avalia ela, que, na política nacional, já fez campanha para o ex-prefeito Paulo Maluf. Agora, ‘não faria campanha de ninguém’.

Pouco antes, Hebe gravava o programa, o mesmo que tem há 23 anos no SBT, e dizia, numa espécie de editorial do dia, que estava ‘indignada’ com os ‘corruptos de Brasília’, fazendo um sinal de ‘banana’ para as câmeras. ‘Eu deixei um tempinho de falar [no editorial] e ficou todo mundo me cobrando. Minha indignação aumenta, porque vejo que a corrupção aumentou e não aconteceu nada. Você não fica indignada?’

A indignação de Hebe também já chegou a seu patrão, Silvio Santos. Em 2008, o programa mudou de horário (das 22h para 20h), ela teve o salário reduzido e ficou ‘tristinha’. ‘Meu salário não era de R$ 1,5 milhão, como muita gente tá falando. Não é, nunca foi. Quem ganhava R$ 1,5 milhão era o Ratinho. Eu jamais ganhei R$ 1,5 milhão de salário. É uma coisa fantástica, né?’, diz. Estima-se que seu salário tenha caído para R$ 500 mil mensais. Ela não confirma. ‘Sou muito bem remunerada. É claro que eu não gostaria de ver meu salário reduzido. Mas entendi o posicionamento do Silvio. Realmente a situação, não só no Brasil, mas no mundo, está difícil.’

‘Tristinha’ mesmo ela ficou com a mudança de horário. ‘Às vezes até eu esquecia que era às 20h o programa. Porque televisão é hábito, né? Você sabe que 20h é o ‘Jornal Nacional’, 21h é a novela…’ Ela diz que não se anima muito a ver TV, exceto os telejornais. Quando a repórter pergunta se ela acha a televisão decadente, Hebe concorda. ‘O que eu não gosto não sou capaz de ver. Por exemplo, BB… ehhh… [a repórter sopra o nome] Isso, ‘BBB’! Acho um horror, cada vez pior. É uma promiscuidade que é mostrada ali… As pessoas nem se conhecem e já vão para cama. Nesse ponto, eu sou meio antiga.’

Ser ‘meio antiga’ inclui não aceitar que mulheres mais velhas se apaixonem por homens mais novos -em 2007, não foi ao casamento da amiga Ana Maria Braga, 59, com Marcelo Frisoni, então com 37, e comentou em seu programa: ‘Esse negócio de garoto casar com ‘veinha’… Não vem que não tem!’. Com 80 anos, Hebe talvez seja a última romântica: ‘Prefiro ver um romance como era antigamente’, repete.’

 

 

Gilberto Dimenstein

Por que Hebe é um sucesso aos 80 anos

‘HEBE CAMARGO ACHOU estranho meu pedido de entrevista sobre seus 80 anos de idade comemorados neste domingo.

Disse-lhe que gostaria de falar sobre educação. ‘Mas eu só fiz o grupo escolar. Nem mesmo cursei o ginásio.

Faculdade, nem pensar, minha família não tinha dinheiro’, respondeu, imaginando um mal-entendido. Insisti que gostaria de entender como ela chegou a essa idade com tanta disposição para o trabalho e aberta a novidades. ‘E o que isso tem a ver com escola?’, quis saber, soltando uma gargalhada, como se insinuasse que a entrevista seria um besteirol jornalístico, talvez uma pegadinha -afinal, ela sempre foi acusada de cometer gafes, muitas delas ligadas à pouca escolaridade.

Vamos esquecer os pontos no Ibope e a fortuna acumulada em tantos anos de carreira, dois indicadores de sucesso profissional. Comemorar 80 anos, com bom humor para o trabalho, é um notável exemplo de sucesso educacional, por revelar uma disposição permanente à reciclagem -o que, traduzindo, significa uma disposição ao aprendizado.

Durante a entrevista, ela não se mostrou influenciada por nenhum professor, até porque ficou pouco tempo na escola. Não consegui extrair, na conversa, nenhum profissional que lhe servisse como um exemplo do prazer do aprendizado.

Venho gravando há dois anos entrevistas com personalidades que atingem o topo em suas carreiras -e sempre aparece, invariavelmente, pelo menos uma referência marcante na família, na escola ou na carreira que teve alguma responsabilidade no desenvolvimento do talento. Na minha lista estão, por exemplo, Adib Jatene, Ziraldo, Maurício de Souza, Drauzio Varella, Miguel Nicolelis, Seu Jorge, Fernanda Montenegro, Ruy Ohtake e DJ Marky. A mais recente entrevista foi com Gilberto Gil, alfabetizado pela avó na cozinha. Para Gil, o aprendizado das palavras veio com um tempero de cheiros e cores. ‘Não podia ter melhor professora para o resto da vida’, conta o compositor. As entrevistas estão em meu site (www.dimenstein.com.br). Minha suspeita é que um dos entraves para a prosperidade de crianças em famílias muito pobres não são apenas as escolas ruins, mas a falta de referências entre adultos sobre o valor do conhecimento.

Uma cena revelaria a pista de que a apresentadora não era uma exceção à regra.

Em meio às recordações sobre os programas de calouro, as mulheres que faziam sucesso no rádio, o nascimento da televisão, Hebe deixou escapar uma informação sobre um hábito de seu pai. Ele a acordava tocando violino.

O pai dela veio do interior (Taubaté) para tocar na orquestra de uma rádio (Difusora). Caminhando a pé pelas ruas de São Paulo, Hebe acompanhava o pai, caminhando pela cidade, para os ensaios e apresentações. A entrevista se concentrou então no encantamento que ela tinha diante da paixão do pai pela música -talvez tudo resumido na lembrança do som do violino, substituindo o ruído do despertador. Reconheceu, ali, seu grande exemplo de curiosidade.

Ao buscar um dos seus traços mais fortes nesses 80 anos, ela disse que sempre sentiu curiosidade, com vontade de conhecer coisas e gente. Falou-me, com a mesma intensidade, de uma visita que fez a Dubai como sobre entrevistas que fez num presídio feminino. Certamente, está aí a força que a manteve, por tanto tempo, fazendo perguntas num sofá num programa de auditório. ‘Ainda me sinto meio criança.’

Não conheço o segredo do sucesso. Duvido que alguém saiba, tantos são os fatores que envolvem o estrelato, desde questões genéticas até os estímulos sociais. Mas nunca conheci alguém de sucesso que não fosse um eterno curioso -e, aliás, sempre tive a sensação de que os velhos curiosos parecem nunca envelhecer porque não perderam suas crianças.

Com seus quatro anos de escolaridade, Hebe mostra como envelhecer sem perder a curiosidade -é uma magistral aula num mundo em que as pessoas vivem cada vez mais e são condenadas à inutilidade. Isso significa que o grande papel dos educadores é serem gerenciadores de curiosidade.

PS – Por falar em velhice, raras vezes assisti no Brasil a um exemplo tão acabado de arcaísmo como a excomunhão, na semana passada, da mãe que permitiu o aborto da filha de nove anos. Além de vítima de estupro cometido pelo padrasto, a menina corria risco de morte. Se Deus existe, ele deve estar envergonhado do que fazem usando seu nome. É uma amostra do que significa a incapacidade de se reciclar.’

 

 

TELEVISÃO
Daniel Castro

‘Fantástico’ admite que ‘entrevistou’ falso cão folião

‘O ‘Fantástico’ exibirá hoje uma reportagem em que admitirá que o cachorro que mostrou no programa de domingo passado não era o mesmo que invadiu o sambódromo do Rio durante os desfiles da Viradouro e Imperatriz, chamando a atenção da imprensa.

Logo após a exibição da reportagem de domingo passado, a Globo recebeu mensagens de telespectadores apontando que não eram o mesmo animal. Para a audiência, a própria reportagem denunciava isso: o cão que ‘desfilou’ era um vira-lata de pelagem mais clara, com manchas em tom amarelado. O exibido pelo ‘Fantástico’ era mais escuro e aparentava comportamento menos ativo.

Na reportagem, a Globo recuperava imagens da segunda-feira de Carnaval e mostrava a repórter Renata Ceribelli no sambódromo, dias depois. ‘Será que sua vida [a do cão] mudou depois que virou uma celebridade? Para responder a tudo isso, nós voltamos à Marquês de Sapucaí e circulamos pelas redondezas, procurando o tal cachorro folião’, dizia Renata. Um vendedor ambulante apontou que o animal seria um que dormia sob um carrinho. Seu nome seria Beethoven.

A Globo diz que o ‘Fantástico’ se amparou no parecer de uma especialista para concluir que eram o mesmo animal.

Na semana passada, diante das reclamações, o programa voltou às ruas e descobriu que o cão folião era outro. Irá apresentar sua história, que seria ‘fantástica’, na edição de hoje, junto com a correção. A especialista explicará por que errou.

SHIVA FAZ ‘CARAS & BOCAS’

Revelação de ‘A Favorita’, o garoto Miguel Rômulo já está escalado para ‘Caras & Bocas’, próxima novela das sete da Globo, a estrear em abril. Ele aparecerá com esse visual meio nerd para interpretar Felipe, filho da governanta da protagonista, Flávia Alessandra. Assim como Shiva Lane, seu ex-personagem, Felipe é um adolescente tímido. É apaixonado por Bianca (Isabelle Drummond, ex-Emília do ‘Sítio do Picapau Amarelo), mas não tem coragem de se declarar. Sua incapacidade de dizer um não para a garota é o mote para se envolver em várias confusões.

CAMALEOA ALIENADA

Adriana Garambone, 38, já foi ruiva em ‘Essas Mulheres’ (Record) e no musical ‘Chicago’. Em ‘Bicho do Mato’ (Record), foi loira. Em ‘Poder Paralelo’, que a Record estreia em abril, surgirá com os cabelos castanhos. ‘Maura é uma mulher que casa muito cedo, tem filhos muito cedo e abandona sua vida para se dedicar à família. É feliz, mas não lida bem com a realidade. Vive em um mundo só dela, e não quer que ninguém a tire dele’, adianta. Enquanto isso, o marido (Marcelo Serrado) a trai com as personagens de Paloma Duarte e Bete Coelho.

ELENCO DANÇA 1

Já está praticamente definido o elenco da nova edição do quadro ‘Dança dos Famosos’, maior sucesso do ‘Domingão do Faustão’ nos últimos anos. Estarão na competição em 2009 as atrizes Paola Oliveira, Christine Fernandes, Adriana Alves e Katiucia Canoro, além de Helô Pinheiro, a eterna Garota de Ipanema.

ELENCO DANÇA 2

No time masculino da ‘Dança’, estão certos os atores Ricardo Pereira, Leandro Hassum, Jonatas Faro e Daniel Boaventura, mais o ex-jogador Vampeta. Os cantores Elba Ramalho e Reginaldo Rossi ainda não confirmaram participação.

SACRIFÍCIO

Diretor-geral de ‘Big Brother Brasil’, ‘Mais Você’, ‘TV Globinho’, ‘Vídeo Show’ e ‘Estrelas’, J.B. Oliveira, o Boninho, trabalhou dois dias, na semana passada, deitado em uma cama no Projac, central de estúdios da Globo. Teve complicações decorrente de rinite.

ADIADO

A Globo adiou a estreia do novo quadro de Drauzio Varella no ‘Fantástico’, sobre transplantes de órgãos, inicialmente prevista para hoje. Ficou para 5 de abril, mas ainda depende de confirmação.

VOCÊ ME CONHECE?

Maria Clara Gueiros voltará ao ‘Zorra Total’, que a consagrou com o bordão ‘Você me conhece?’. Mas a atriz, que deixou o humorístico para atuar na novela ‘Beleza Pura’, fará apenas uma participação na edição comemorativa dos dez anos do programa, que reunirá nomes que foram ou são importantes para a atração.

LÉSBICA DISCRETA

Françoise Fourton fará uma juíza lésbica em ‘Promessas de Amor’, a terceira fase da saga dos mutantes da Record. Mas a personagem será discreta, não terá namorada, por causa da ‘classificação indicativa livre ou 12 anos’, segundo o autor, Tiago Santiago. A atriz aparecerá mais como a irmã gêmea da juíza, uma professora.’

 

 

Lúcia Valentim Rodrigues

Swayze luta contra câncer e volta à TV

‘Este começo de ano é uma temporada de batalhas para Patrick Swayze, 56. Enquanto enfrenta a quimioterapia para tratar um câncer no pâncreas, encarna a partir de hoje, no canal pago A&E, um policial durão em ‘The Beast’.

Diagnosticado com o tipo mais agressivo da doença há um ano, o astro de ‘Dirty Dancing’ (1987) e ‘Ghost’ (1990) escolheu não parar de trabalhar. Mesmo em tratamento, pediu para não ser afastado do seriado. ‘Minha fé no ser humano aumentou um pouco quando não me cortaram’, afirmou, em janeiro, ao canal ABC, numa rara entrevista.

Foram 12 horas de trabalho por dia durante cinco meses em Chicago. Ele ficou afastado por apenas um dia e meio porque ‘pegou um resfriado’. ‘Ninguém no set me viu resmungar como uma garotinha.’

A série investe no lado sombrio de uma dupla de policiais infiltrada em organizações criminosas. Swayze é Charles Barker, detetive experiente que começa a ser investigado pela corregedoria enquanto lida com seus próprios demônios.

Travis Fimmel, 31, ex-modelo da Calvin Klein, vive um novato na função que não sabe a real motivação do seu chefe. ‘Ele fazia o trabalho no set se tornar muito fácil. Chutaria a sua bunda se você o tratasse com seriedade’, diz Fimmel, por telefone. ‘Espero que possamos fazer uma segunda temporada, mas isso não depende de mim.’

O destaque vai mesmo para Swayze, que briga e explode carros, seguindo suas próprias regras. Era o personagem certo para a luta pela sobrevivência que o ator enfrentava fora das telas: ‘Ganhar a batalha contra o câncer é não desistir. Não quero ficar atrás de estar vivo, eu quero é viver. Este personagem parecia em sintonia com a minha alma.’

Concedida a Barbara Walters, a entrevista da ABC foi a primeira vez que Swayze falou após o diagnóstico do câncer, quando se especulou que ele tinha apenas cinco semanas de vida. Antes de começar o programa, disponível no YouTube, ela rememorou a dança que teve com o ator há 20 anos, no auge de ‘Dirty Dancing’. ‘Achei que não dançaria com você de novo’, diz ao encontrá-lo.

Entre outros momentos tocantes, Swayze se definiu como ‘bravo’ e ‘com medo’, além de falar do casamento de 33 anos e da batalha contra a doença, que está no pior estágio possível, mas reagindo bem ao tratamento. Em 2008, 37.680 pessoas nos EUA foram diagnosticadas com esse tipo de câncer e 34.290 morreram. ‘Viver mais cinco anos já estaria de bom tamanho. Já superei as expectativas. Ninguém achava que eu sobreviveria a 13 episódios de uma série’, disse.

THE BEAST

Quando: estreia hoje, às 21h, no A&E

Classificação: não indicado a menores de 16 anos’

 

 

Bia Abramo

Uma bobagem cruel

‘O NEGÓCIO funciona assim: uma pessoa acha você -digamos que você seja uma mulher- brega, cafona, démodé, dotada de um mau gosto insuportável. (Detalhe sórdido nº 1: essa pessoa é um parente ou um/a amigo/a). Daí, durante duas semanas vão filmá-la e entrevistá-la, para que a opinião daquela pessoa (lembre-se: alguém de suas relações) se transforme numa espécie de fato.

Em seguida, numa conspiração envolvendo sua família e seus amigos, vão colocá-lo numa situação em que, de alguma forma, fique evidente que você é brega, cafona, démodé. (Detalhe sórdido nº 2: essa situação implica algum nível de constrangimento, é claro). Vão te dizer isso na cara, inclusive.

Depois, você será convencida de que, além de aguentar a humilhação pela qual já passou, vão jogar suas roupas numa lata de lixo. Você, é claro, já está quase chorando, ou espumando de raiva, dependendo de seu temperamento. Mas, surpresa, vão te apresentar a recompensa: um cheque de R$ 10 mil e a promessa de que você, depois de uma semana de outros tantos momentos humilhantes e constrangedores, finalmente vai aprender a ter estilo, estar na moda, vestir-se bem, ficar bonita etc.

O cheque reluz e, claro, a promessa, idem. Você imediatamente começa a fazer fantasias malucas de consumo -’aquela calça que vi e não comprei, trocar todos os meus sapatos, finalmente poder entrar naquela loja com preços estratosféricos etc.’. Você topa.

Esta é, em linha gerais, a trajetória daqueles que passam pelo ‘Esquadrão da Moda’, programa criado pela BBC e que estreou nesta semana no SBT (às terças, às 20h). A versão brasileira, como de praxe, compra o pacote completo, o que significa não apenas usar o nome e toda a estrutura do programa, como importar seus maneirismos, como a truculência verbal no texto e o sarcasmo dos apresentadores.

Se a primeira transposição em geral dá mais ou menos certo, a depender da grana e do cuidado dispensado à produção, a segunda, em geral, soa postiça. O sarcasmo, ou ‘ironia cáustica’ na definição do dicionário Houaiss, é uma modulação que exige uma enorme inteligência (de quem fala ou de quem escreve) e uma convicção agressiva. Em outras palavras, não é substituível por uma simples entonação venenosa…

Sem sarcasmo, ou seja, sem humor, o ‘Esquadrão da Moda’ deixa de ser um jogo (meio sórdido, mas ainda um jogo) e quer soar convincente. E aí fica, simplesmente, uma bobagem meio cruel.’

 

 

CENSURA
Folha de S. Paulo

Proibição de show do Oasis e leilão de peças chinesas reacendem polêmica sobre Tibete

‘O leilão, em Paris, de duas estátuas de bronze chinesas e o cancelamento dos shows que a banda inglesa Oasis faria em Pequim e Xangai reacenderam polêmicas envolvendo o Tibete.

As estátuas seriam devolvidas à China por Pierre Bergé -viúvo do estilista Yves Saint Laurent (1936-2008), a quem pertenciam- caso o governo de Pequim permitisse o retorno do dalai-lama ao Tibete.

Como isso não ocorreu, as peças foram levadas a leilão e arrematadas pelo chinês Cai Mingchao, que se recusou a pagá-las como protesto pelo fato de elas terem sido originalmente saqueadas na China pelos Exércitos francês e britânico ao final da Segunda Guerra do Ópio (1856-60).

Bergé diz acreditar que o governo chinês pressionou um comprador individual.

Já o Oasis anunciou que dois shows que faria em abril foram cancelados pelo governo chinês devido à participação dos irmãos Noel e Liam Gallagher em um concerto pró-independência do Tibete, nos EUA em 1997.’

 

 

Raul Juste Lores

Dalai distorcido

‘Considerada a mais influente intelectual tibetana, a escritora e poeta Tsering Woeser, 42, não sabe escrever em tibetano. Nos anos 1960 e 1970, o idioma foi proibido nas salas de aula pelo governo chinês. Foi assim que Woeser foi educada em mandarim.

Por dominar a língua, Woeser começou a escrever em chinês livros, poemas e relatos que desafiam a versão chinesa de que o país ‘libertou’ o Tibete.

‘Sou de uma geração que usa o chinês para atingir um público maior e contar nossa verdadeira história’, diz ela na entrevista abaixo.

Há pelo menos 300 blogueiros tibetanos desmentindo a versão de Pequim. Ela instalou seu blog em um servidor no exterior, depois de ter dois blogs bloqueados.

Seus livros são proibidos na China e foram editados em Taiwan e em Hong Kong. Na obra ‘Memória Proibida, a Revolução Cultural no Tibete’, Woeser publica 300 fotos feitas por sua família que mostram a destruição de mais de mil mosteiros budistas pelas tropas chinesas e as torturas infligidas contra monges entre 1966 e 1975.

Seu blog Tibete Invisível (http://woeser.middle-way.net/) foi visitado por 3 milhões de internautas no ano passado, quando o noticiário sobre os protestos no Tibete foi controlado pela mídia estatal chinesa. Dois de seus livros foram traduzidos para o inglês.

Woeser conversou com a Folha usando Skype, pois policiais vigiam a entrada do edifício em que vive com o marido -o também escritor e dissidente Wang Lixiong- e ela teme receber lá a visita de jornalistas estrangeiros.

Leia trechos da entrevista.

FOLHA – A propaganda chinesa diz que os tibetanos agradecem por terem sido libertados de um regime escravocrata pela China. A sra. acha que a maioria dos chineses não tem ideia da repressão que houve por lá?

TSERING WOESER – A maioria dos chineses acredita na versão oficial. Eu mesma aprendi na escola que o Tibete foi liberado pelo exército comunista. Nos ensinavam que o dalai-lama era o demônio em pessoa e ensinam isso até hoje. A história do Tibete foi reescrita, distorcida, como se tivéssemos que agradecer à China por nos ocupar. Mao dizia que queria livrar o Tibete dos colonialistas exploradores. Mas em Lhasa só havia dez estrangeiros em 1950.

FOLHA – O Tibete era uma teocracia muito pobre, onde ainda havia servos em 1949. Os dissidentes não exageram na visão romântica do Tibete pré-comunismo?

WOESER – O Tibete não era um paraíso, não era perfeito, antes da invasão chinesa. Era pobre, muito pobre, uma região despovoada no alto do Himalaia. A China também era pobre. Sim, havia atraso, como em muitas outras partes em 1949. Hoje, 60 anos depois, o Tibete continua pobre.

FOLHA – Seu pai foi oficial do Exército de Libertação do Povo. Como lidou com essa história em casa?

WOESER – Na faculdade, quando estudei literatura chinesa, li ‘In Exile from the Land of the Snows’ (No Exílio da Terra das Neves), de John Avedon, que descreve como a China tomou o Tibete e como o dalai-lama fugiu para a Índia. Eu o dei para meu pai ler, que disse que ‘70% do livro era verdade’. Meu tio, que também foi do Exército chinês, disse que 90% era verdade. Vi que o que aprendi era mentira.

FOLHA – O Tibete passou de um autoritarismo a outro?

WOESER – Sim, o Tibete nunca foi uma democracia, passamos de uma teocracia para o regime comunista chinês. Mas nós somos budistas, acreditamos na harmonia budista, então o povo era mais feliz. Ninguém nos perguntou se queríamos ser ‘libertados’ pelos chineses. Não éramos esse regime atrasado que os chineses pintam. Fomos um dos primeiros países a abolir a pena de morte.

FOLHA – O dalai-lama já disse que aceita a soberania chinesa, mas pede mais autonomia ao Tibete. A sra. acha possível que isso aconteça algum dia?

WOESER – Não é possível que o Tibete consiga sua independência, e não sou otimista a ponto de achar que algum dia o dalai-lama possa voltar a viver em Lhasa, mesmo o regime chinês continuando. O problema só se solucionaria quando acabasse a ditadura comunista, o que não acontecerá tão cedo.

FOLHA – Gerentes de hotéis precisam avisar a polícia quando um tibetano tenta se registrar em grandes cidades chinesas. Após os protestos do ano passado, ficou mais difícil para os tibetanos se deslocarem?

WOESER – Sim, o medo de que eles organizem protestos é tão grande que os tibetanos são interrogados antes de poder fazer o check-in em um hotel. Há militares em cada canto do Tibete, a população vive vigiada. Acho que os protestos do ano passado já são uma resposta sobre se os tibetanos estão felizes com a China…

FOLHA – O governo lhe explica por que não pode obter passaporte?

WOESER – Acho que o governo chinês tem medo de que o critiquemos lá fora. Eles sabem que um tibetano no exterior correria para a Índia para tentar ver o dalai-lama. É o fracasso da política de desmoralização contra o dalai; não conseguiram acabar com nosso amor por ele. Somos cidadãos de segunda classe, temos ainda menos liberdade do que o chinês comum. Meus livros são proibidos. Não tenho passaporte e não pude viajar para receber prêmios literários. Tenho amigos tibetanos, cidadãos comuns, nada ativistas, que também não podem tirar passaporte.

FOLHA – O budismo foi muito perseguido durante a Revolução Cultural, sob Mao Tse-tung. Hoje a prática religiosa é mais liberada?

WOESER – A religião ainda é perseguida, mas bem menos do que foi durante a Revolução Cultural. Funcionários públicos são desestimulados e até proibidos de orar ou participar de cerimônias religiosas. O mesmo ocorre com estudantes e em alguns locais de trabalho.

FOLHA – Os tibetanos hoje não têm um padrão de vida melhor? A sra. não acha que muitos poderiam trocar sua identidade cultural e abraçar a identidade chinesa em troca de prosperidade?

WOESER – O governo tenta fazer isso. Após os protestos de março do ano passado, houve aumento de salários para os funcionários públicos no Tibete. Alguns até devem trocar [sua identidade cultural], mas são minoria. A maioria dos tibetanos é pobre hoje, bem pobre. Tudo é mais caro do que no resto da China, pois no alto do Himalaia é preciso importar quase tudo, e se paga por esse transporte. O tibetano foi proibido durante a Revolução Cultural, mas hoje pode-se estudar tibetano ou mandarim. O problema é que, se você não aprender mandarim, não consegue achar emprego.

FOLHA – O dalai-lama pediu aos tibetanos que se rebelassem no ano passado?

WOESER – É mentira dizer que ele estava por trás. Na verdade, os monges começaram um protesto pacífico em 10 de março, que foi violentamente reprimido; eles apanharam, o que só provocou revolta. O quebra-quebra foi espontâneo, contra a repressão. O dalai-lama sempre quis o diálogo, uma via pacífica, mas a raiva se acumulou.

FOLHA – Apesar de bloqueado, seu blog faz muito sucesso. Quem a lê?

WOESER – Recebo dezenas, centenas de comentários, de tibetanos, de chineses que moram no exterior, de tibetanos no exílio. E também de nacionalistas chineses que me atacam. Estes são maioria.’

 

 

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