Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Folha de S. Paulo

ELEIÇÕES 2010
Eliane Cantanhêde

Debate sem debate

José Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva deveriam acender uma vela à TV Globo, que transmitiu a emocionante semifinal da Copa Libertadores no mesmo horário do insosso primeiro debate dos presidenciáveis na Band. O jogo teve 32 pontos no Ibope, enquanto o debate ficou em míseros 2,9. Sorte dos debatedores.

Entre mortos e feridos, ninguém se salvou -a exceção foi Plínio de Arruda Sampaio, porque investiu bem e tudo o que viesse seria lucro. Ele estava visivelmente se divertindo, enquanto os outros mal conseguiam se mover dentro do gesso imposto por pesquisas, marqueteiros, conveniências.

Serra ficou divagando sobre programinhas e não provocou o confronto. Dilma estreou a arriscada estratégia de se livrar da sombra de Lula e ganhar contornos próprios. Marina foi Marina, comovente ao falar da própria biografia, mas não convincente para governar o país. Naquele trio, ninguém tinha a ganhar com ibope alto, a não ser constrangimento.O fiasco de público escamoteou o fiasco de desempenho.

Mas, se ninguém ganhou, alguém ganhou. Explica-se: o empate técnico cristaliza a eleição como está. É ruim para Serra e Marina, mas é bom para Dilma. Eles precisam fazer gol. Ela só precisa não levar. O time e o tempo a mais de propaganda gratuita fazem o resto.

A comparação mais gritante foi com o charme intelectual de Fernando Henrique, o carisma e empatia de Lula e o talento de Mário Covas -que, numa pernada, desestabilizou a ascensão de Guilherme Afif Domingos em 1989. Nenhum dos dois nem chegou ao segundo turno, é verdade, mas Covas entrou para a história dos debates.

Sem FHC, sem Lula, sem tipos como Covas e sem confronto de ideias e de qualificação, para quê debate? Mais valem os 50 segundos diários no ‘Jornal Nacional’ do que mil debates sem debate.

 

Clóvis Rossi

Normalidade e anestesia

Eu me senti, no debate de quinta-feira, exatamente como o menino da ‘charge’ de Jean, no dia seguinte nesta Folha. Aquela em que um garotinho pergunta, sentado no sofá diante de uma televisão que mostra três dos quatro debatedores: ‘Mãe, posso sair do castigo?’.

Suspeito que muita gente se sentiu do mesmo modo, a julgar por e-mail do deputado Chico Alencar (PSOL-RJ): ‘Sem a serena contundência de Plínio, o debate seria entediante. Quem assistia iria para São Paulo x Internacional rapidinho’, escreveu.

Confesso, Chico, que eu tive que usar toda a minha consciência cívica e profissional para não trocar a Band do debate pela Globo da Libertadores. Pelos números do Ibope, nem a ‘serena contundência’ de Plínio evitou que todas as torcidas de todos os times brasileiros migrassem para o futebol ou qualquer outro programa.

Mas o tédio do debate é o típico caso de copo meio cheio, meio vazio. Meio cheio pelo seguinte: o Brasil entrou definitivamente na normalidade institucional, em que eleição a cada quatro anos é uma característica do calendário tão segura e tão inevitável quanto a Semana Santa ou o 7 de Setembro.

Não é mais o momento de refundar a República. Normalidade leva quase sempre ao tédio, tanto que há certo consenso de que ele só foi quebrado por quem, como Plínio, quer sim refundar a República.

O lado vazio do copo aparece no fato de que se está confundindo normalidade institucional com a solução de todos os problemas, o que é absolutamente falso.

A desigualdade continua obscena, a educação continua uma vergonha, a saúde é um drama cotidiano, a segurança pública não dá segurança e por aí vai.

Um país que é a sétima ou oitava economia do mundo e apenas o 75º em desenvolvimento humano não pode ser considerado normal.

 

Debate Folha/UOL já conta com transmissão de mais 44 veículos

O debate Folha/UOL com os três principais candidatos à Presidência, no próximo dia 18, em São Paulo, com transmissão ao vivo pela internet, já conta com a transmissão de outros 44 veículos.

Entre os veículos já confirmados estão: e-Band, Rede TV!, JC Online (Recife), O Povo (Fortaleza), A Tarde (Bahia), Vírgula (São Paulo), Videolog (Rio de Janeiro), Metropolitana FM (Rio de Janeiro), Portal Imprensa (São Paulo), Congresso em Foco (Brasília), Convergência Digital (Brasília),Última Instância (São Paulo), Jus Navigandi (Teresina), Blog do Noblat e Blog do Tas.

O evento ocorrerá no teatro Tuca, em São Paulo, às 10h30, com a presença confirmada dos candidatos Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV).

Norma eleitoral proíbe que o debate seja retransmitido na íntegra por emissoras de rádio e televisão. Esses veículos terão acesso às imagens para cobertura jornalística.

A legislação eleitoral impõe restrições à realização de debates em emissoras de rádio e de TV. No caso da internet, a liberdade é plena, sem exigir número mínimo de candidatos convidados.

Assim, Folha e UOL definiram a faixa de 10% ou mais de intenção de votos na última pesquisa Datafolha como critério para participação.

Não há mais vagas para a plateia do evento.

Amanhã é o último dia para que assinantes da Folha e do UOL manifestem interesse em assistir ao outro debate, com os três principais candidatos ao governo de São Paulo, no dia 17 deste mês.

Assinantes do jornal devem se inscrever pelo e-mail eventofolha@grupofolha.com.br ou pelo telefone 0/xx/11/ 3224-3473, das 14h às 19h. É preciso informar nome completo, código de assinante, telefone e RG.

Assinantes do UOL devem enviar e-mail para debate presidente@uol.com.br informando nome completo, e-mail do UOL, CPF e telefone.

Caso a procura seja maior do que o número de vagas disponível, haverá sorteio.

 

Helio De La Peña

Horário eleitoral sem graça

‘E se a gente fizesse um jingle dizendo que agora o Lula está apoiando o Collor, e que o Collor apoia a Dilma?’. Essa ideia poderia ter surgido numa reunião do ‘Casseta’, do ‘Pânico’ ou do ‘CQC’.

Mas não, o jingle existe e faz parte da campanha eleitoral de 2010.

Segundo as novas regras do TSE, os humoristas estão proibidos de fazer piadas sobre os candidatos.

Mas eles podem. O que é isso?

Reserva de mercado?

A lei eleitoral nº 9.504/97 impede que emissoras de rádio e TV utilizem ‘trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que de qualquer forma degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação’.

A intenção era manter o debate eleitoral em bom nível, coibindo os candidatos de produzir propagandas que, ao invés de propostas, apresentem retratos grosseiros e caricatos de seus adversários. E o que nós, humoristas, temos a ver com isso?

Ao estender o rigor da lei aos programas humorísticos, ficamos proibidos de abordar um dos temas mais importantes da vida pública neste ano. Não podemos por o dedo nesta ferida, a população não pode rir da política, tem que levá-la mais a sério que os próprios políticos.

A impressão que temos é que os candidatos são uns pobres indefesos, vítimas das piadas. Os políticos brasileiros estão protegidos por uma legislação absurda e exagerada. É como se os coitados estivessem sofrendo de ‘bullying’ praticado pelos humoristas.

Eles estão quase aparecendo nas propagandas eleitorais acompanhados dos pais para que não zoemos com eles. Não podemos criticá-los ou receberemos uma advertência na caderneta. Completamente diferente do que ocorre nos Estados Unidos, por exemplo.

A última campanha presidencial foi marcada pelo humor e pelo deboche. A comediante Tina Fey ganhou as páginas da imprensa mundial fazendo uma hilária imitação da Sarah Palin, candidata a vice na chapa de John McCain.

A própria Sarah fez uma participação no programa ‘Saturday Night Live’ e não atribui sua derrota a esse fato. Ela tem certeza de que o público sabia que se tratava apenas de um programa de humor e que nada do que fosse falado ali era para ser levado a sério.

Deixar o humor de fora do processo eleitoral não eleva o nível das campanhas, não esclarece a população e não torna nossos políticos mais respeitáveis. Pelo contrário, enfraquece o debate, tira a corrida presidencial das conversas nas esquinas e nos cafés das empresas.

Impede o candidato de rir de si mesmo e, quem sabe, corrigir o rumo de sua campanha. Não estamos lutando pelo direito de difamar ou ferir a honra de ninguém, mas amordaçar nossos candidatos Dilmandona, José Careca e Magrina da Silva é um gol contra a democracia.

Impedir que a Sabrina Sato convença os presidenciáveis a dançar o ‘Rebolation’, proibir que o ‘CQC’ utilize recursos gráficos para nos fazer rir dos políticos é patético. Definitivamente, não é esta a forma de conscientizar o eleitorado da importância do pleito.

O público conhece os programas humorísticos e sabe quais são suas propostas. Cabe ao políticos apresentar as suas com seriedade, de forma que o povo não as confunda com as dos humoristas.

HELIO DE LA PEÑA é humorista do ‘Casseta & Planeta’, exibido pela TV Globo.

 

Bernardo Mello Franco

Marinês em prosa & verso

Quem resistia ao sono em frente à TV, na madrugada de sexta-feira, talvez tenha pensado estar sonhando. Na hora de se despedir no debate da Band, a presidenciável Marina Silva (PV) esqueceu o tradicional ‘peço seu voto’ e, numa cena inusitada, desatou a declamar um poema de sua própria autoria.

Ela repetiu para as câmeras o que já virou hábito na campanha Brasil afora: quando o eleitor menos espera, a candidata interrompe o discurso político para exibir os dotes de poetisa amadora.

Os versos são arma recorrente nas palestras para estudantes, programa obrigatório nas viagens de Marina. Um de seus clássicos é ‘Arco e flecha’, que ela costuma introduzir dizendo ser a flecha da sociedade para atingir o alvo de um país melhor.

‘Sou o arco por primeiro, sou a flecha por segundo/ Sou a flecha por primeiro, sou o arco por segundo’, recita, antes de rimar a palavra ‘segundo’ com ‘mundo’.

Quem acompanha a senadora também já ouviu pelo menos um trecho de ‘O Grito’, que ela compôs após ver de perto o quadro homônimo de Edvard Munch.

‘A arte, mesmo sem rima, é poética/ Mesmo sem forma, é estética/ Mesmo sem voz, é profética’, diz um trecho.

Marina conta que sua inspiração nasce de experiências que a emocionam, como o conflito entre PMs e índios na comemoração dos 500 anos do Descobrimento.

Dona de um vocabulário peculiar, que a Folha tentou traduzir em maio num ‘dicionário do marinês’, ela diz que a campanha deixa pouco tempo para a produção poética. Por isso, tem se dedicado a ler estrofes antigas.

Os versos entoados na Band foram uma exceção: ela os escreveu num voo para Brasília, quando se debulhava em lágrimas ao relembrar a visita a uma favela no Recife. No dia seguinte ao debate, o ‘menino Dado’ havia virado celebridade na região.

A senadora é modesta ao avaliar a obra de sua lavra. ‘Não tenho técnica literária, não tenho domínio de nada’, diz, antes de citar uma frase do filme ‘O Carteiro e o Poeta’: ‘A poesia não é de quem faz, é de quem precisa’.

MARKETING ELEITORAL

Filha de cearenses, Marina também se arrisca na literatura de cordel. Em 2000, muito antes de o colega Eduardo Suplicy (PT-SP) cantar ‘Blowing’ in the wind’ no Senado, ela subiu à tribuna para ler ‘A peleja de um Dotôr Presidente com o Zé do Salário’, um libelo contra a política de salário mínimo do governo FHC.

A senadora se incomoda com a sugestão de que a poesia possa render dividendos eleitorais. ‘Não uso isso como estratégia de marketing, não tem uma coisa assim. Se eu sinto, eu faço’, pontua.

Durante o debate, pesquisas feitas pelo PV com eleitores comuns mostraram que ela teve sua pior avaliação ao ler os versos: a maioria não gostou ou não entendeu. Pode ter sido uma rima, mas não foi uma solução.

 

VAZAMENTO
Cristina Fibe

Site Wikileaks aproximou as guerras do Afeganistão e Vietnã

Quarenta anos antes de mais de 90 mil documentos com segredos da Guerra do Afeganistão vazarem por meio do site WikiLeaks (no último dia 25), o ex-analista militar Daniel Ellsberg gastou horas em uma máquina de xerox para copiar 7.000 papéis que mudariam a visão dos americanos sobre a Guerra do Vietnã (1959-75).

Responsável pelos chamados Papéis do Pentágono, vazados em 1971 e causadores de crise no governo Richard Nixon, Ellsberg, aos 79 anos, diz que a comparação com o caso WikiLeaks é ‘inevitável’.

Em entrevista à Folha, ele pondera que os documentos por ele divulgados vinham do ‘alto escalão’ e traziam ‘mais surpresas’ sobre o papel dos EUA no Vietnã.

Mesmo assim, considera o militar Bradley Manning, principal suspeito de passar as informações ao WikiLeaks, um ‘herói’.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

Folha – O que os Papéis do Pentágono têm em comum com os Papéis obtidos pelo WikiLeaks?

Daniel Ellsberg – Essa é a primeira divulgação não autorizada em 40 anos que tem a escala dos Papéis do Pentágono. E é ainda maior. Graças às novas tecnologias, tem quase 100 mil páginas. Não houve nada assim entre os dois [vazamentos] -então a comparação é inevitável.

Ambos descrevem guerras muito parecidas, em que o aumento do número de soldados, como o que o presidente Obama ordenou em dezembro, é acompanhado pelo aumento da força da oposição. […] Quanto mais soldados mandarmos, mais forte o outro lado ficará.

Essa é uma semelhança forte com o Vietnã.

E o que difere os dois vazamentos?

[O atual] é, em sua maior parte, relatório de campo classificado como secreto, e os Papéis do Pentágono eram estimativas e análises de alto escalão, ‘top secret’. E, provavelmente, traziam mais surpresas, em termos de manobras do governo para enganar a população.

Já esse está confirmando muitas das críticas que já haviam sido feitas.

Há algumas revelações, como a crença de que o Paquistão ajudou o Taleban -que não estava tanto na consciência popular-, a quantidade de mortes de civis e o papel dos esquadrões de morte americanos.

O sr. já disse que a mentalidade de quem vazou os documentos do Afeganistão era muito parecida com a sua, há 39 anos. Por quê?

Achei que deveria arriscar a minha liberdade assim como havia arriscado o meu corpo nas estradas do Vietnã anos antes, para encerrar o nosso envolvimento e parar a matança.

Bradley Manning, aparentemente, sentia o mesmo. Esteve no Iraque e estava preparado para passar a vida na prisão ou até ser executado.

Não vejo isso como algo extraordinário; me parece natural que alguém esteja disposto a correr o risco pela paz, pelo fim da matança.

E como os norte-americanos veem Manning?

Eles estão ouvindo da mídia, repetidamente, que não houve revelações significativas -o que é muito enganador- e que [o vazamento] coloca em risco até os soldados -não vejo base para essa afirmação.

Então, boa parte [da população] foi levada a crer que ele fez algo irresponsável. Não estão vendo isso no contexto da irresponsabilidade daqueles que colocaram esses soldados sob risco no Afeganistão.

[A guerra] não foi claramente errada no começo, mas isso foi há nove anos. Continuar com ela, com todas as evidências de que é a nossa presença lá que está fortalecendo o Taleban, é inconsequente e irresponsável.

Como o vazamento mudou a visão dos americanos sobre a guerra no Afeganistão?

A maioria acha que não deveríamos estar lá, mas isso não significa que os nossos líderes trarão os soldados de volta para casa.

Todo presidente, democrata ou republicano, teme ser acusado de abandonar uma guerra vencível. Bem, como [essa guerra] não é vencível, essa é uma avaliação irresponsável e burra.

Mas as acusações serão feitas, e os presidentes não gostam de enfrentá-las em campanhas eleitorais. Eles preferem mandar as pessoas para lá para matar e morrer, indefinidamente. Essa declaração que faço é dura, mas é baseada na experiência.

O Pentágono pediu, na última quinta, que o WikiLeaks devolva todos os documentos…

Foi o que o Nixon mandou o ‘New York Times’ fazer há 40 anos [com os Papéis do Pentágono]. Eles [do WikiLeaks] podem entregar os documentos eletrônicos, desde que os mantenham no site. O Pentágono pode acessá-los, aliás, como qualquer um.

Como a internet muda esse tipo de vazamento?

Não seria possível divulgar esse volume de documentos no meu tempo, com a máquina de xerox que usei, assim como teria sido impossível fazer o que fiz dez anos antes, sem o xerox.

Essas mudanças tecnológicas permitem que haja mais transparência, permitem dividir com o público informações que ele deveria ter de qualquer forma.

 

TELEVISÃO
‘Me sinto comparada a uma mulher fruta’, diz Balabanian

Para um noveleiro é inevitável esperar que Gemma, a italiana vivida por Aracy Balabanian, vire a qualquer momento em ‘Passione’ e passe a dizer: ‘Eu vou derrubar esse prédio ‘na chon’!’.

O bordão, da inesquecível Dona Armênia que Aracy interpretou em ‘Rainha da Sucata’ (1990), é histórico na TV muito antes dos tempos de samba do sotaque doido nas novelas (em poucos anos, Tony Ramos, por exemplo, passou do grego e do indiano ao italiano).

Aos 70 anos, Aracy diz que é de ‘uma geração que ainda busca conteúdo’ e que nada, nem mesmo o sotaque ‘italiano-abrasileirado’ da novela global, é gratuito.

‘Hoje, vejo que se tenta melhorar, melhorar, melhorar, e tudo ficou tecnicamente melhor. É HD, luz, equipamento, mas a televisão sofreu um empobrecimento’, avalia ela, que começou a fazer teatro em 1963 e, em 1966, começou a trabalhar na TV.

É pela mudança de perfil do veículo e da cultura, diz ela, que ficou ainda mais difícil viver sobre esse ‘fio de navalha que é ser conhecido’. ‘Eu me sinto comparada a uma mulher fruta’, afirma. ‘É verdade! A gente é tão conhecida quanto uma Mulher Melancia! A TV se esvaziou.’

‘Era absolutamente feminina e intensa. Tem muito a ver com meu temperamento’, sobre Maria Faz-Favor, de ‘Coração Alado’ (1980)

‘Mãezona, tinha o sotaque como marca. Dizia ‘as minhas filhinhas’ para os filhos homens’

sobre Dona Armênia, de ‘Rainha da Sucata’ (1990)

‘Tudo ficou tecnicamente melhor, mas a televisão sofreu um empobrecimento. É difícil viver nesse fio de navalha que é ser conhecido. A gente é tão conhecida quanto uma Mulher Melancia! A TV se esvaziou’

ARACY BALABANIAN, atriz

‘Diziam dela na novela: ‘Filomena não é má, Filomena é justa’. Era uma mulher fina e muito dura’, sobre Filomena, de ‘A Próxima Vítima’ (1995)

‘Era uma perua doida. Eu tinha vontade de rir, e o [diretor] Daniel Filho disse: ‘Ria’, sobre Cassandra, de ‘Sai de Baixo’ (1996 a 2002)

‘Não cospe em mim. Sério, por favor’, MAISA SILVA, apresentadora (de 8 anos) para Silvio Santos no palco do programa dele, no último domingo, no SBT

Ácido Do cantor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, em documentário que o Biography Channel exibe no dia 15: ‘Fui para Londres por causa de Beatles e Rolling Stones e lá eu desbaratinei, como se dizia na época, tomei cento e tantos ácidos’.

Flanela Gil continua: ‘E das chamadas drogas, a que me acompanhou até recentemente foi a maconha. Ela era uma espécie de flanela na lente sentimental e musical. Toda vez que fumava, desembaraçava alguma coisa’.

A casa é nossa Fiuk, fenômeno teen, vai receber o pai, Fábio Jr., ex-fenômeno feminino, no quadro ‘Jogo da Verdade’, que apresenta no ‘Fantástico’, na Globo.

Quase lá 1 A média anual de audiência na Globo, que não passa da casa dos 20 pontos há pelo menos dois anos, é motivo de esperanças para a emissora em 2010.

Quase lá 2 Até agora, a média parcial emissora já é de 19 pontos. Em 2009, a média do ano foi de 19,7 pontos. Em 2008, foi de 19,2.

 

Vanessa Barbara

Muito além da verossimilhança

À exceção dos médicos, ninguém se importa com a questão da verossimilhança na série ‘House’ (Record, qui., 0h15; Universal Channel, qui., 22h). Nela, o protagonista age como um detetive elucidando diagnósticos complexos em seu hospital.

A despeito da respeitável média de casos solucionados, o dr. Gregory House não é o melhor dos médicos para se consultar.

Primeiro, porque o sujeito é internado com uma leve coriza e sai de lá com a doença de Creutzfeldt-Jakob, num prognóstico otimista de 45 minutos de vida. Além do mais, não há moléstia neste planeta que lá não se cure com uma boa punção lombar, farta exposição à radioatividade ou um amputação randômica.

Isso quando não se desmaia de repente e, no hospital, acabam te induzindo ao coma e a uma biópsia cerebral, para então revelarem a sua condição de hermafrodita.

O momento mais marcante da série, porém, não envolve a inoculação proposital de malária num paciente, mas a internação do próprio dr. House num hospital psiquiátrico logo no início desta temporada.

O episódio duplo já começa desolador, exibindo imagens desfocadas da desintoxicação de House. Em seguida, ele sai raivoso do confinamento, alimentando a claustrofobia e a paranoia dos colegas só para ganhar uma partida de basquete.

A uma moça deprimida, pergunta se ela cortou os pulsos e, ao ser repreendido, diz: ‘Desculpe, o suicídio é assunto proibido? Droga, acabo de entrar e já quebrei uma regra. Acho que vou me matar’.

Com o tempo, porém, ele desenvolve uma afeição curiosa pelo colega de quarto, Alvie, um ruidoso rapper bipolar, o que culmina com sua participação num show de talentos.

Quando Alvie sobe ao palco e esquece o que rima com senil, o dr. House grita da plateia: ‘Meu colega de quarto é um imbecil’.

No ritmo, Alvie pergunta a House o que fazer para melhorar. A resposta é certeira: participar de um show de talentos.

De um modo muito mais verossímil do que se poderia esperar, a redenção ali surge em pequenos momentos. Um deles é quando a gordinha tímida dança a ‘Macarena’. O outro é quando Alvie olha pela janela e vê House partindo com sua camiseta de carinha feliz.

 

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