Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Google aceita censura
do governo da China

O destaque desta quinta-feira é a aceitação pelo site de buscas Google das condições impostas pelo governo da China para que o site possa operar naquele país. O Globo, Folha e Estadão trazem reportagens sobre o tema. De acordo com matéria traduzida pela Folha e publicada originalmente no New York Times, ‘representantes da empresa disseram que o novo motor de buscas para a China, Google.cn, foi criado em parte para evitar conflitos legais com o governo chinês, que vem sofisticando seus esforços para policiar e monitorar os materiais que circulam na rede mundial de computadores.’


Outro destaque do dia é a crescente possibilidade de a decisão sobre o padrão da TV Digital brasileira ser adiada para além do dia 10 de fevereiro, data inicialmente prevista para a divulgação do resultado. Reportagem da Folha mostra que o governo não se definiu a respeito do tema e que há muitas divergências dentro da equipe do presidente Lula. Por outro lado, deputados e senadores resolveram, na última hora, ‘colaborar’ com o debate e farão audiências públicas sobre o tema.


Leia abaixo os textos desta quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 26 de janeiro de 2006


GOOGLE ACEITA CENSURA
David Barboza


Google chinês aceita fazer autocensura, do The New York Times


‘O Google está levando para a China uma versão especial de seu poderoso motor de buscas, sem dois de seus elementos mais populares. Num esforço para adequar-se aos controles que a China impõe à internet, a empresa anunciou anteontem que nesta semana vai lançar na China um motor de buscas que exclui as mensagens de e-mail e a possibilidade de criar blogs.


A decisão foi divulgada no momento em que o Google vem se negando a entregar ao governo americano os registros referentes a milhões de buscas efetuadas por seus usuários – a Casa Branca alega que precisa dos registros num esforço para banir a pornografia on-line.


Representantes da empresa disseram que o novo motor de buscas para a China, Google.cn, foi criado em parte para evitar conflitos legais com o governo chinês, que vem sofisticando seus esforços para policiar e monitorar os materiais que circulam na rede mundial de computadores.


O número de sites vem aumentando enormemente no país, ansioso por um fluxo mais livre de informações. Mas os portais da internet e motores de busca que procuram conquistar os usuários chineses são obrigados a tentar alcançar um equilíbrio delicado. Eles não querem desrespeitar as regras e diretrizes governamentais que restringem a difusão de conteúdos considerados ‘sensíveis’, mas, ao mesmo tempo, querem atrair os usuários com conteúdos interessantes.


Um resultado disso é que os motores de busca e os portais vêm autocensurando seus sites e cooperando com as autoridades chinesas. De fato, a iniciativa do Google de criar um novo site para a China se dá depois de o próprio Google, além da Yahoo e da Microsoft, terem sido questionadas, nos últimos anos, por cooperar com Pequim para censurar ou bloquear conteúdos on-line.


Hoje as pessoas na China utilizam o Google acessando seu motor de buscas global, o Google.com. Mas, segundo especialistas, o problema é que o site freqüentemente não pode ser acessado na China, possivelmente por ser bloqueado pelas autoridades, que cortam informações ‘sensíveis’ ou ‘ilegais’. A nova plataforma chinesa do Google não permitirá aos usuários criar links pessoais com e-mails ou blogs postados no Google.


As empresas estrangeiras se dizem obrigadas a obedecer às leis chinesas, repassando ao governo informações pessoais sobre usuários. Em um caso há dois anos, a Yahoo forneceu informações que ajudaram o governo a condenar um jornalista chinês que acabou sendo sentenciado a dez anos de prisão por vazar segredos de Estado a um site no exterior.


Mas o desafio também é tentar atrair usuários chineses para um motor de buscas censurado. Um alto executivo da empresa escreveu: ‘O Google está ciente de que governos de várias partes do mundo impõem restrições ao acesso à informação. Para podermos operar a partir da China, removemos alguns conteúdos dos resultados de buscas disponíveis no site Google.cn, em respeito aos regulamentos. Embora remover resultados de busca não seja condizente com a missão do Google, deixar de fornecer qualquer informação (ou oferecer ao usuário uma experiência fortemente degradada que equivale a nenhuma informação) é ainda menos condizente com nossa missão’.


Nos últimos anos o governo chinês tem sido especialmente rigoroso quando se trata de filtrar da internet notícias e opiniões contrárias ao governo e de filtrar sites ou blogs que questionam sua autoridade. Ele também vem empregando técnicas diversas para controlar o que aparece na rede -desde o bloqueio temporário de sites até o redirecionamento de internautas para sites controlados pelo governo, chegando ao fechamento total de alguns sites. As autoridades têm conseguido até mesmo bloquear referências a palavras específicas, como Tibete, Falun Gong e praça Tiananmen.


Um ano atrás, quando o Google primeiro lançou uma versão em chinês de seu serviço global, a empresa filtrou algumas fontes noticiosas que já eram bloqueadas na China. Na época, a empresa declarou: ‘Não há nada que o Google possa fazer a esse respeito’.


Agora a empresa diz que espera ter chegado à solução conciliatória correta. O novo site vai melhorar o acesso e acelerar o serviço de buscas em um país onde o tráfego na internet está aumentando vertiginosamente.


A China já tem mais de 100 milhões de internautas, perdendo apenas para os EUA nesse quesito. Os blogs, podcasts, jogos on-line e a navegação na rede gozam de enorme popularidade. O Google diz que pretende revelar os casos em que informações forem bloqueadas em seu novo site, como faz nos EUA.


O site Google.com, cuja sede fica fora da China, continuará acessível desde dentro do país.


As dificuldades no uso desse site vêm colocando o Google em desvantagem no país, onde o site Google.com perdeu terreno para seu concorrente chinês Baidu.com, que no ano passado abriu seu capital. O Google tem participação na empresa. Tradução de Clara Allain’


TV DIGITAL
Daniel Castro


‘Racha’ no governo pode adiar TV digital


‘Divergências entre os ministros Hélio Costa (Comunicações), Dilma Rousseff (Casa Civil) e Luiz Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) podem atrasar a definição do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), cujo anúncio está previsto para o dia 10 de fevereiro.


A Folha apurou que o governo deverá no dia 10 divulgar apenas relatórios técnicos e que usará o Congresso como ‘desculpa’ pelo adiamento. Nesta semana, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, anunciou a entrada da Casa nas discussões sobre TV digital. O governo deverá dizer que a decisão sobre o SBTVD não será mais em fevereiro para que os parlamentares tenham tempo de analisar o assunto, que é muito complexo.


No Executivo, as decisões sobre o SBTVD cabem ao Comitê de Desenvolvimento, formado por nove ministérios, sob a liderança do das Comunicações. A TV digital tem dois aspectos básicos: tecnologia e modelo de negócios.


Hélio Costa defende que as decisões sejam tomadas em fevereiro, para que as emissoras iniciem as transmissões digitais em 7 de setembro, conforme acordado entre elas e o governo. Costa quer que ao menos o padrão de modulação (americano, europeu ou japonês) seja definido já. O ministro é visto como defensor do padrão japonês, preferido das redes.


O padrão de modulação é um dos quatro elementos que compõem tecnologicamente um sistema de TV digital. Há ainda o padrão de codificação (há o Mpeg e o H.264), o middleware (sistema operacional, algo como um Windows da TV digital) e o padrão de retorno (como se dará o retorno de aplicativos de interatividade do televisor para as redes de TV).


O SBTVD deverá ser um sistema híbrido, usando modulador e codificador importados e middleware parcialmente brasileiro.


O modelo de negócios é que vai definir se as TVs brasileiras irão transmitir apenas em alta definição ou se usarão suas freqüências para irradiar até quatro canais simultâneos, se haverá convergência com internet e telefonia, se o canal de retorno será via telefonia ou pela própria banda de freqüência outorgada às redes, como se dará a ‘inclusão digital’.


A Folha apurou que o ministro Furlan é contra tomar qualquer decisão tecnológica (como a escolha do padrão de modulação) sem antes estabelecer uma política industrial. Furlan tem batido de frente com Hélio Costa porque considera o padrão japonês o menos interessante ao Brasil do ponto de vista de comércio exterior (é o menor mercado dos três padrões existentes).


Na Casa Civil, há resistência à idéia de escolher a tecnologia e só depois estabelecer o modelo de negócios. Pelo contrário, defende-se que a tecnologia seja uma conseqüência do modelo de negócios. Assessor de Dilma Rousseff, André Barbosa (que integra um grupo de assistentes de ministérios que também discutem TV digital) já declarou publicamente simpatia pelo sistema europeu, porque vê nele um modelo mais ‘democrático’, que permitiria espaço para canais comunitários.


O adiamento do SBTVD serviria para que membros do próprio governo tivessem tempo para se inteirar melhor do assunto. Ontem, o boletim especializado ‘Pay TV News’ informou que um assessor que participou da última reunião do Comitê de Desenvolvimento do SBTVD, na semana passada, considera que a maioria dos ministros ‘não conseguiu captar nem 5% do significado de tudo o que foi discutido’.


O adiamento da definição do SBTVD, no entanto, poderá ter custo político. A medida desagrada às redes de TV.


Outro lado


O Ministério das Comunicações, que coordena o Comitê de Desenvolvimento do SBTVD, não comentou as informações obtidas pela Folha. Apenas confirmou que o ministro Hélio Costa irá à Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara no próximo dia 31.’


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Deputados e senadores também querem mais tempo para definição


‘Deputados e senadores da base do governo e da oposição defendem o adiamento da data para a escolha do padrão de TV digital no Brasil. Os parlamentares querem ouvir ministros envolvidos na questão na semana que vem.


Foi marcada uma audiência pública com o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB-MG), para terça-feira. A intenção é chamar também os ministros Sérgio Resende (Ciência e Tecnologia) e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento).


Na semana passada, o ministro das Comunicações havia dito que o governo deveria decidir o padrão até o fim da primeira quinzena de fevereiro, para que a implantação da TV pudesse acontecer ainda neste ano. A Casa Civil informou que não há prazo para a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a TV digital. O prazo do dia 10, ainda segundo a Casa Civil, seria o limite para a entrega dos relatórios que vão embasar a decisão e que estão sendo feitos pelo CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações). Estão na disputa os padrões americano (ATSC), europeu (DVB) e japonês.


Ontem houve reunião de parlamentares com especialistas em TV digital e organizações da sociedade civil envolvidas no tema. ‘Há pouca probabilidade de decidir essa questão até o dia 10 de fevereiro. Esse prazo é exíguo demais’, disse o deputado Jorge Bittar (PT-RJ).


‘Um grande erro seria tomar essa decisão sem negociar assento nos conselhos e participação no desenvolvimento tecnológico. É preciso assegurar que o que for desenvolvido no Brasil vai ser inserido nos chips [que farão parte dos aparelhos de televisão e dos conversores]’, afirmou o deputado Júlio Semeghini (PSDB-SP).


Entre parlamentares, a reunião contou também com a participação dos deputados Orlando Fantazzini (PSOL-SP), Walter Pinheiro (PT-BA), Luiza Erundina (PSB-SP), Jandira Feghali (PC do B-RJ) e Renato Casagrande (ES), líder do PSB na Câmara. Também participaram a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), e o senador Saturnino Braga (PT-RJ). Todos manifestaram opinião favorável ao adiamento.


De acordo com Saturnino Braga, após realizar seminários e audiências públicas, é importante que o Congresso defina outro calendário: ‘Nós precisamos propor um novo calendário para que não acusem o Congresso de estar querendo adiar a decisão’.


Semeghini reclamou de falta de transparência do governo. Para ele, estudos feitos com recursos públicos sobre o tema deveriam ser divulgados pelo Ministério das Comunicações e não foram.


Gustavo Gindre, membro do conselho diretor da Intervozes (entidade civil que atua na área da democratização dos meios de comunicação), defendeu o adiamento da decisão para uma melhor discussão do papel democratizador da TV digital: ‘É quase um novo meio de comunicação. Hoje a televisão está nas mãos de poucos e, com a TV digital, podem entrar novos atores’.


Murilo Ramos, professor da Universidade de Brasília, foi contra a pressa: ‘Faz pouca diferença decidir em fevereiro de 2006 ou em fevereiro de 2007’.’


RECORD vs. GLOBO
Daniel Castro


Record sugere que Globo tem Ibope exclusivo


‘A Record divulgará hoje comunicado rebatendo afirmações de Luís Erlanger, diretor da Central Globo de Comunicação, publicadas pela Folha no último sábado. Na reportagem, a Record contestava o Ibope pelo ‘sumiço’, em relatório oficial de audiência, de cinco minutos em que sua novela ‘Prova de Amor’ batera o ‘Jornal Nacional’ na prévia do dia 18.


Erlanger afirmou que a Record divulgou ‘números que não eram realidade’ e que a concorrente estava desviando o ‘foco’ ao se comparar à Globo, porque está ‘mais para a quarta [rede, a Band] do que para a segunda [o SBT]’.


No comunicado de hoje, a Record dirá que no dia 18 ‘Prova de Amor’ marcou 21 pontos, contra 28 da Globo e 6 do SBT. ‘Com esta realidade, a emissora líder se utilizou de dados incorretos. Será que essas informações de Ibope são exclusivas da Globo?’, insinua.


A Record contesta ainda argumento da Globo de que o ‘JN’ está sendo prejudicado neste mês pelo verão. Diz que em janeiro de 2005 o ‘JN’ marcou 36 pontos, contra 29 neste ano (até 21/1).


A Globo esclarece que, quando afirmou que a Record estava mais para a Band do que para o SBT, se referia à média anual, não ao desempenho de ‘Prova de Amor’. Em 2005, na Grande SP, a média diária da Globo foi de 21 pontos, contra 9 do SBT, 5 da Record e 2 da Band. Para a Globo, o desempenho de ‘Prova de Amor’ no dia 18 foi ‘atípico’ e ‘pontual’.


LEIA ABAIXO O COMUNICADO DA RECORD E O COMENTÁRIO DE LUÍS ERLANGER SOBRE A NOTA


‘COMUNICADO


Quando a Record anunciou a prévia da última 4a. feira, 18/01, o diretor da emissora carioca, Luis Erlanger, declarou à Folha de São Paulo do dia 21/01 que os nossos índices representavam ‘números que não eram realidade’.


Será que, desta vez, haverá contestação sobre os números consolidados de audiência registrados em 19/01 do Rio de Janeiro ? Segundo relatório consolidado do Ibope, Prova de Amor permaneceu durante 17 minutos em primeiro lugar.O Jornal Nacional em segundo. Será que a Globo reconhece os números como reais?


Segundo Luis Erlanger, a Record quer ‘desviar o foco’ para a primeira colocada. A questão é ‘ajustar o foco’ do ponto de vista de interpretação do representante da emissora líder. Ele não deve ter lido o relatório de audiência da Grande São Paulo, do dia 18/01, quando a novela Prova de Amor registrou 21 pontos de média (empatando com o Jornal Nacional durante 5 minutos) contra 26 da emissora líder, 6 da terceira colocada , 3 da quarta e 1 da quinta. Quem está mais próxima da líder no horário ?


Com esta realidade, provavelmente, a emissora líder se utilizou de dados incorretos, quando afirmou que a Record estava mais para a quarta (Band) , causando desconforto nas informações, tendo em vista que a fonte apontada pela líder não confirmou com suas declarações através dos dados consolidados. Será que estas informações de Ibope são exclusivas da Globo ?


Erlanger diz que ‘o JN é prejudicado nessa época pela queda de número de ligados, por causa das férias e do horário de verão’. As dúvidas que ficam no ar são as seguintes: Será que nos anos anteriores não houve período de férias e horário de verão ? Os telespectadores da Record não tiraram férias ? Ou os telespectadores da Record, atualmente, estão todos em férias no Rio de Janeiro ?


Os números respondem: em janeiro de 2004 a audiência do Jornal Nacional era de 36 pontos, em janeiro de 2005 foi de 37 pontos e até o dia 21/01/06 o telejornal vem registrando 29 pontos de audiência .


A queda de audiência do Jornal Nacional e o crescimento de Prova de Amor são fatos e comprovados por números consolidados do IBOPE.


São Paulo, 24 de janeiro de 2006.


Rede Record de Televisão’


COMENTÁRIO DE LUÍS ERLANGER SOBRE O COMUNICADO DA RECORD:


‘O mercado está cansado de saber que os números de prévias não devem ser levados em conta e foi isso que a TV Record fez. a TV Globo tem por política não polemizar com a concorrência, porque entende que sua obrigação é com o telespectador, apresentando uma programação original e criativa, em vez de ficar discutindo números circunstanciais. Televisão não se faz com momentos, mas com uma programação consistente, abrangente, em todos os horários, respeitando, além do telespectador, nossos autores, artistas e técnicos. Tanto assim que temos muito orgulho em merecer a liderança disparada do brasileiro, mas não buscamos isso a qualquer custo desrespeitando acordos formais, interrompendo a transmissão de programas. Nosso negócio é exclusivamente televisão brasileira e trabalhamos arduamente para nos mantermos líderes absolutos. ‘


OUTRO CANAL


Baixas 1 Os músicos Paulo Miklos e Luís Melodia ainda fazem parte do elenco de ‘Bang Bang’, mas só vão aparecer agora em ‘participações especiais’, quando forem ‘absolutamente necessários’. O desempenho de Melodia como ator não agradou à Globo. Já o personagem de Miklos, avalia-se, não faz falta à trama.


Baixas 2 Outro ‘eliminado’ de ‘Bang Bang’ foi o ator Jairo Mattos. Motivo: seu personagem, Dong-Dong, um alcoólatra cuja mulher hippie passou décadas em sono profundo, é ‘muito deprê’. Já Marco Ricca pediu para sair da novela.


Conspiração 1 Tem gente achando que a novela ‘Belíssima’ está fazendo propaganda subliminar contra a candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência da República.


Conspiração 2 Os ‘fatos’ que comprovariam a tese: 1) na São Paulo de ‘Belíssima’, só aparece a Guarda Civil Metropolitana (da prefeitura de José Serra), nunca a PM de Alckmin; 2) na semana passada, quem prendeu Vitória (Cláudia Abreu) foi a Polícia Rodoviária Federal, e não a Estadual, apesar de a rodovia ser do Estado; e 3) nesta semana, a novela exibiu uma tentativa de fuga num presídio… administrado por Alckmin.


Novela ‘Floribella’, da Band, promete dar trabalho ao SBT. Anteontem, ficou apenas meio ponto atrás da rede de Silvio Santos.’


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O Globo


Quinta-feira, 26 de janeiro de 2006


GOOGLE ACEITA CENSURA
Gilberto Scofield Jr. e Mirelle de França


Google para governo chinês ver


‘O punho-de-ferro com que o Partido Comunista da China controla o setor de mídia foi exposto ontem, frustrando especialmente os mais de cem milhões de internautas do país. Para não desagradar ao governo de Pequim, o Google decidiu lançar na China a ferramenta de busca mais popular da rede sem e-mails e sem a possibilidade de criação de blogs ou chats. O site vai censurar buscas sobre direitos humanos, Tibet e Dalai Lama, entre outros assuntos considerados problemáticos. Uma pesquisa sobre o movimento proscrito Falun Gong, por exemplo, mostra dezenas de páginas omitidas e endereços de sites do governo que condenam o grupo. Na maior parte dos casos, só aparecem sites oficiais, com o sufixo ‘.cn’.


Dessa forma, a Google segue os passos de outros gigantes da internet, como Yahoo! e Microsoft, que decidiram cooperar com a cada vez maior repressão chinesa à rede para não perder um mercado que cresce mais de 15% ao ano. O governo de Pequim não admite, mas sabe-se que existe hoje um exército de 30 mil pessoas e uma parafernália de programas para controlar a internet chinesa. Todas as empresas são obrigadas a manter registros da movimentação de seus usuários e dá-los ao governo se quiserem operar no país.


A decisão da Google de aceitar as imposições recebeu críticas. Para o Movimento pela Libertação do Tibet, a empresa ‘está endossando a censura e a repressão’. Em editorial, o jornal britânico ‘Independent’ diz que o site pôs o lucro à frente dos seus princípios liberais. Mas ressalta que a tentativa do governo chinês pode ser frustrada, já que internautas determinados sempre acharão uma forma de encontrar o que desejam: ‘Na verdade, a concepção de censura completa na internet é irreal’.


Em Davos, na Suíça, Sergey Brin, co-fundador da Google, disse que a decisão decorreu de uma mudança de visão sobre a melhor forma de encorajar o livre fluxo de informação.


– Mais informação é melhor, mesmo que não seja tão completa quanto se gostaria. A questão prática é que nos últimos dois anos o Google vinha sendo censurado na China, não por nós mas pelo governo – disse Brin à Reuters, lembrando que o site já bloqueia o acesso a páginas nazistas na Alemanha e na França, além de respeitar leis sobre pornografia infantil.


Para o professor de Direito em Harvard John Palfrey, não há sentido em falar de censura:


– Entrar na China diz respeito a fazer dinheiro, não levar democracia – disse ele à Reuters.


Opinião semelhante tem o diretor da Faculdade de Comunicação da ESPM no Rio, Carlos Alberto Messeder:


– Não é uma autocensura. A Google, como qualquer empresa, busca o lucro. E se para entrar no mercado chinês foi preciso fazer concessões, não se trata de uma questão ética, mas de negócios.


O diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, Ronaldo Lemos, discorda:


– O princípio da internet é o da informação universal, sem fronteiras. Não se pode acessar uma informação de um jeito no Brasil e de outro na China. É perigoso. A Google está agindo como qualquer empresa em busca de lucro, mas está sendo conivente com o regime chinês.’


INGLATERRA
Fernando Duarte


Jornalista do caso Jean Charles foi preso


‘A revelação pelo canal britânico ITV News de graves contradições na versão dada pela Scotland Yard para a morte do brasileiro Jean Charles de Menezes foi um dos maiores furos de reportagem da mídia britânica nos últimos tempos.


Mas, segundo publicou ontem o jornal ‘Guardian’, resultou em encrenca para profissionais da emissora: o jornalista que obteve os documentos relativos à investigação da Comissão Independente de Reclamações da Polícia (IPCC) esteve preso e o canal ITV News está sendo acusado de subornar funcionários do órgão.


Argumento falso de que brasileiro usava roupa pesada


Em agosto de 2005, menos de um mês após o eletricista mineiro ter sido executado com sete tiros na cabeça durante uma desastrada operação policial na estação do metrô de Stockwell, em Londres, a reportagem pôs em xeque os argumentos da Scotland Yard de que Jean Charles usava roupas grossas demais para o verão londrino e que tentara fugir dos agentes que o abordaram.


Na verdade, o brasileiro usava apenas uma jaqueta jeans, e a emissora obteve a informação de que ele fora executado quando já estava sentado num trem, e não fugindo dos agentes.


De acordo com o ‘Guardian’, o jornalista da ITV News (cujo nome não foi revelado), foi preso em outubro e teve sua casa revistada por policiais, sob a acusação de ter roubado documentos da Comissão Independente de Reclamações da Polícia, sendo depois solto com o pagamento de fiança.


Porém, a hipótese de roubo contrasta com o fato de a comissão ter suspendido dois funcionários logo após o vazamento das informações sobre o caso.


– É revoltante ver que pessoas que ajudaram a desmascarar a polícia estejam sendo presas, enquanto as pessoas que mataram Jean continuam à solta – disse Alex Pereira, um dos primos do eletricista mineiro que moram em Londres.


Uma nova missão brasileira voltará à Grã-Bretanha


Na semana que vem, em data ainda não confirmada, voltará a Londres uma missão diplomática brasileira para acompanhar o andamento do caso.


Desde a semana passada, o inquérito foi entregue ao Ministério Público britânico, do qual dependerá a abertura ou não de um processo criminal contra os policiais e oficiais envolvidos na tragédia de Stockwell.’


EDUCAÇÃO & MÍDIA
Arnaldo Niskier


O professor ideal


‘Estamos vivendo uma curiosa fase dos ‘quase’. O escritor Carlos Heitor Cony lançou o seu ‘Quase Memória’, para muitos uma obra definitiva. Mais recentemente, tivemos o ‘Quase Danuza’, em que a jornalista desnuda suas dores e alegrias, pessoais e profissionais, pormenorizando sobretudo os históricos casamentos com Samuel Wainer e Antônio Maria.


Saímos da literatura para alcançar a educação. E, nela, abordamos o professor quase ideal. Não se conseguiu até hoje chegar ao mestre perfeito, sobretudo no período em que há transformações diárias na vida de cada um de nós. Se tivéssemos o professor ideal seria fácil promover a sua clonagem, com os recursos científicos e tecnológicos existentes. Não faltariam bons e categorizados mestres.


A perfeição existe no domínio divino. Ainda não é uma conquista à mão dos pobres mortais. E a clonagem está submetida a uma alentada discussão a respeito de valores éticos, no caso de se referir a seres humanos (inteiros ou aos pedaços). Isso ainda vai render muita polêmica.


Queremos trabalhar, no sistema de ensino, com o professor quase ideal. Com qualidades e virtudes especiais. Quando se aborda o professor se envolve igualmente o especialista. Não há melhor momento para essa indispensável virada. O MEC anuncia uma grande transformação nos cursos de Pedagogia, o que abre esperanças concretas de benefícios ao magistério brasileiro. Em muito boa hora.


A tecnologia avançada derruba saberes antigos – e com velocidade supersônica. O professor de hoje não é o sábio de antigamente. Na década de 50, por exemplo, convivemos com mestres, na então Universidade do Distrito Federal (UDF), quase inacreditáveis. Eram preparadíssimos nas suas cátedras, mas respondiam a questões de filosofia, história, religião como se fossem responsáveis por essas matérias. Infelizmente, esse conhecimento universal não mais se concentra na mesma pessoa. Vivemos a época dos especialistas, em que o maior empenho é a construção de competências, em nosso caso tomando como referência a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n 9.394/96).


Desde que por aqui passou, em 2001, o sociólogo suíço Philipe Perrenoud, deixou-nos a idéia de que o eixo de saber do professor foi transferido do conhecimento sobre as disciplinas ensinadas para a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações), a fim de solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações. O assunto foi desenvolvido no livro ‘As competências para ensinar no século XXI’, do autor citado e outros, Editora Artmédia.


Com a complexidade da relação ensino-aprendizagem, o professor se tornou não apenas o transmissor de conhecimento, mas o executor de atividades extra-educacionais. Com um ponto essencial. Como a aprendizagem agora é para sempre, o cotidiano passou a ter um imenso relevo, com requalificação contínua. Sugere-se o trabalho de equipe, dada a natureza multidisciplinar dos conhecimentos, e a reiteração dos estudos em psicologia, sociologia, biologia, ética, política, filosofia, religião, legislação, planejamento, marketing, gestão financeira e do conhecimento – e assim se terá o pretendido novo curso de Pedagogia, que deixará as habilitações em administração, supervisão, inspeção e orientação para o nível de pós-graduação, quando os professores já deverão ter experiência de magistério.


Assim, o professor quase ideal precisa ter uma série de qualidades como as que foram listadas com propriedade pela revista ‘Educação’, depois de ouvir diversos educadores: compromisso com o ensinar; saber contar histórias; promover situações significativas de aprendizagem; mediar problemas e conflitos; servir de exemplo; enxergar o conhecimento de forma não-fragmentada; saber trabalhar em equipe; ampliar o próprio repertório cultural; ter conhecimento teórico sobre grandes áreas do saber, para além da didática e da pedagogia; entender o aluno; estar aberto ao novo, mas com critério; estar preparado para ser o elo de comunicação entre família e escola; saber gerenciar a sala de aula; aprender a aprender (filtrar o que é relevante); entender o papel da TV e da internet; ter competência para ser orientador e também conselheiro.


Aí está um bom começo para discutir a missão do mestre neste esperançoso século XXI.


ARNALDO NISKIER é secretário estadual de Cultura do Rio de Janeiro.’


INTERNET
O Globo


Microsoft vai abrir código do Windows para evitar multas


‘A Microsoft Corp. anunciou ontem que vai licenciar alguns códigos-fonte secretos de seus programas. Trata-se de um esforço para evitar multas diárias de até US$ 2,5 milhões por não cumprir exigências das autoridades antitruste da União Européia.


– Estamos colocando nossa propriedade intelectual mais valiosa na mesa de negociação, para podermos deixar de lado o cumprimento de questões técnicas e avançar em discussões sérias sobre o que é fundamental nesse caso – disse Brad Smith, conselheiro-geral da Microsoft.


A União Européia informou que vai estudar a proposta da empresa americana cuidadosamente. O processo movido pelas autoridades européias contra a Microsoft começou em março de 2004, quando a comissão antitruste acusou a fabricante de praticar concorrência desleal.’


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 26 de janeiro de 2006


CRISE POLÍTICA
Diego Escosteguy


Novo marqueteiro do Planalto também usou paraísos fiscais


‘A exemplo de Duda Mendonça, seu ex-sócio e antecessor na função de marqueteiro informal do Palácio do Planalto, o publicitário João de Santana Filho – provável coordenador de comunicação da campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – também já fez transações com doleiros em paraísos fiscais. O Ministério Público Federal rastreou US$ 528.815 em remessas feitas em seu nome para uma conta do BankBoston International para a conta da Agata International Holdings, operada por doleiros paulistas no banco americano MTB.


A companhia tem sede no paraíso fiscal de Tortola, Ilhas Virgens Britânicas. Segundo a Promotoria Distrital de Nova York, o MTB tornou-se nos últimos anos um dos grandes centros internacionais de lavagem de dinheiro. Como as investigações esbarraram em doleiros brasileiros, os dados do banco foram enviados ao Ministério Público.


Com base nos documentos, aos quais o Estado teve acesso, os procuradores brasileiros descobriram até agora cinco transações de João Santana, todas registradas nos anos de 1999 e 2000. As operações são idênticas às já rastreadas em nome de Duda e da sócia dele, Zilmar Fernandes da Silveira.


REMESSAS


No mesmo período, os dois também fizeram remessas de contas no BankBoston lá fora para a Agata Holdings. Na época das transações, Santana era sócio de ambos e coordenava a campanha de Eduardo Duhalde à Presidência da Argentina. Ele deixou as empresas em 2001.


Tido no mercado publicitário como competente e discreto, Santana ocupou nos últimos meses o vácuo deixado por Duda no Palácio do Planalto. Embora não tenha nenhum contrato com a Presidência da República, ele se reúne com freqüência com Lula e com o comando petista, com o objetivo de traçar as estratégias de marketing do último ano de governo e das eleições deste ano.


As operações de Santana com doleiros são um pouco mais modestas do que as de Duda e da sócia dele. No total, o ex-marqueteiro de Lula remeteu US$ 668 mil para a conta da Agata no MTB, também entre 1999 e 2000, por meio de oito transações. Zilmar, por sua vez, movimentou US$ 910 mil.


DATAS


As remessas de Santana rastreadas pelo Ministério Público aconteceram entre fevereiro de 1999 e junho de 2000, por meio da conta 61105870 no BankBoston americano. Peritos do MP suspeitam que eram transações para transferir dinheiro para o Brasil. Nos cálculos da PF, passou pela conta da Agata no MTB cerca de US$ 1 bilhão entre 1997 e 2003.


Procurado pelo Estado nos últimos dois dias, Santana preferiu não comentar as operações. Ele confidenciou a amigos, contudo, que quando era sócio de Duda não costumava se inteirar dos detalhes das transações das empresas. Como Duda, deixava esta tarefa a cargo de Zilmar Fernandes.’


GOOGLE ACEITA CENSURA
Christopher Bodeen


Google aceita censura chinesa


‘ASSOCIATED PRESS – O Google lançou ontem uma ferramenta de busca pela internet na China que censura textos sobre direitos humanos, o Tibete e outros assuntos que ferem a suscetibilidade das autoridades chineses. Em compensação, os chineses terão mais acesso a outros tipos de informação.


Minutos depois do lançamento do novo portal, uma busca de páginas do extinto movimento Falun Gong mostrou dezenas de páginas omitidas e endereços de páginas do governo que condenam o grupo.


A busca de outros temas delicados, como Dalai Lama, independência de Taiwan e termos como democracia e direitos humanos levam a resultados parecidos.


Na maioria desses casos, só aparecem sites oficiais do governo chinês ou os que levam o sufixo ‘.cn’.


O Google, cuja máxima é ‘não seja malvado’, disse que o objetivo do novo site é ser acessível na China para que os usuários possam obter informação.


A organização Repórteres Sem Fronteiras, que prega e zela pela liberdade de expressão, criticou o Google, como fez antes com o Yahoo! e o MSN.com da Microsoft por se submeter ao regime chinês de censura.


‘Quando uma ferramenta de busca coopera com o governo desta maneira, facilita o controle do governo chinês sobre o que se acessa na internet’, disse Julien Pain, que dirige a seção internet do Repórteres Sem Fronteira.


O analista de tecnologia Duncan Clark disse que essas críticas provavelmente não criarão problemas para os negócios do Google em outros lugares, em vista da fraqueza das respostas a outros casos de cooperação de empresas de internet estrangeiras com autoridades chinesas.


Incidentes anteriores ‘aparentemente não aglutinaram suficientes argumentos para dissuadir o Google’, disse Clark, diretor-gerente da consultora BDA China Ltd., com sede em Pequim.


Usuários chineses de internet disseram que a decisão do Google era inevitável em função das restrições que impõe Pequim, que promove o uso da internet para o comércio, mas censura o que considera ofensivo ou subversivo.’


INGLATERRA
O Estado de S. Paulo


Jornalista que revelou erro policial está preso


‘Um jornalista da emissora britânica ITV, que informou sobre erros policiais na morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, em julho, foi preso sob suspeita de ter roubado documentos da Scotland Yard, informou ontem o jornal The Guardian. Segundo o diário, o jornalista, cujo nome não foi divulgado, foi preso em outubro em meio a uma investigação da polícia sobre o vazamento de informações para a imprensa.A ITV informou em agosto que, ao contrário da versão oficial, os agentes obrigaram Jean Charles a deitar no chão antes de atirar nele.’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Público acha BBB6 desanimado


‘Desanimado. Essa é a impressão inicial dos telespectadores em relação ao BBB 6. Pelo menos é isso que apontam as enquetes e debates em sites relacionados ao programa. A Globo deve fazer algo para criar mais intrigas na casa e apimentar o reality nos próximos dias.


A apatia entre os participantes é tanta que até o apresentador, Pedro Bial, andou reclamando. No domingo passado, Bial queria saber por que ao invés de aproveitarem a festança na casa os BBBs ficaram apenas se empanturrando de comida.


A audiência da nova edição até que não vai mal, mas já reflete interesse menor do público. Está mais baixa em relação à edição passada.


O BBB6 estreou com média de 43 pontos de ibope, ante 46 pontos da quinta edição do reality. O primeiro paredão do Big Brother 5 alcançou média de 45 pontos. O da sexta edição foi mais fraco, ficou com 43 pontos. O share (participação no total de televisores ligados) também não é igual. A primeira eliminação do BBB anterior teve 67% de share, a da BBB6 registrou 63%.


A esperança da produção do programa é que com mais uma eliminação a formação de panelinhas tenha início e, com isso, surjam as brigas e intrigas que animam a casa.


Nem o banho com chuveiro ao ar livre tem animado os espectadores, que dizem em e-mails enviados ao site do BBB que sentem saudade da quinta edição.


E por falar em site, em número de acessos o Big Brother 6 vai muito bem.


O site do programa bateu recorde de acessos nos seus quatro primeiros dias no ar: mais de 2,5 milhões. Com 15 dias de reality, o site já atingiu a marca de 12 milhões de visitas. Só no paredão de terça-feira, dia de eliminação, o site recebeu mais de 1 milhão de acessos.


Record quer fazer remake de Gabriela


A novela Prova de Amor, da Record, vai até o meio do ano, mas seu diretor-geral, Alexandre Avancini, já tem planos para a próxima: o remake de Gabriela Cravo e Canela, que, exibida pela Globo em 1975, fez de Sônia Braga e José Wilker estrelas nacionais. A novela, marco na TV, foi dirigida por Walter Avancini, pai de Alexandre, que não teme comparações. ‘Meu pai era um gênio, inventou o gênero e ninguém fará uma novela melhor que ele’, diz. ‘Vou contar a história com minha visão, sem tentar repetir o que ele fez.’ O elenco ainda não foi escolhido.’


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Teletime News


TV DIGITAL
Carlos Eduardo Zanatta


Câmara entra na discussão sobre SBTVD, 24/01/06


‘O principal resultado de uma longa reunião (mais de duas horas) do deputado Aldo Rebelo (PC do B/SP), presidente da Câmara, com um grupo de deputados interessados na discussão sobre televisão digital realizada na tarde desta terça, 24, foi a decisão de entrar com força na discussão sobre o tema, especialmente no que ainda não foi discutido pelo governo e que, na visão dos deputados, é o mais importante: o modelo de negócios do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD). Para fomentar esta discussão, as três decisões imediatas (que serão melhor detalhadas em uma outra reunião nesta quarta, 25) os deputados vão realizar:


* Uma Comissão Geral, possivelmente na manhã do dia 8 de fevereiro próximo (uma quarta-feira). De acordo com o Regimento Interno da Câmara, Comissão Geral é o nome que se dá à sessão plenária da Câmara dos Deputados quando interrompe seus trabalhos ordinários para debater um assunto muito relevante. Além dos deputados, podem ser convidados para participar da Comissão Geral outros cidadãos que terão a palavra no plenário da Câmara.


* Um seminário técnico, possivelmente uma semana após a realização da Comissão Geral. Neste seminário, pretende-se aprofundar as propostas levantadas na Comissão Geral, entre outras, para subsidiar os deputados no sentido de encontrarem a melhor forma de participar do debate sobre o modelo de televisão digital no País.


* Uma exposição e demonstração dos resultados obtidos pelos pesquisadores brasileiros que participaram dos consórcios de desenvolvimento do SBTVD.


Proposta da Câmara


De acordo com o deputado Júlio Semeghini (PSDB/SP), ainda não foi decidido se a Câmara terá ou não uma proposta própria para encaminhar a discussão do modelo depois destas primeiras iniciativas. Para os deputados, agora é hora de voltar a levantar os temas que já foram abordados de forma dispersa em ocasiões diversas, de forma organizada.


‘A Câmara não tem a mínima pretensão de decidir o padrão tecnológico de TV digital’, disse Semeghini. ‘Esta discussão já vem sendo muito bem conduzida pelo governo. O que o governo não fez ainda e que precisa ser feito por toda a sociedade, até mesmo antes de se decidir pelo padrão técnico, é decidir sobre o modelo de negócio da TV digital’.


Para a deputada Jandira Feghalli (PC do B/RJ), esse modelo deve incluir especificamente a questão da democratização das comunicações no País e a capilaridade da televisão, de forma a permitir que não apenas os 7% de brasileiros que hoje têm acesso à televisão por assinatura possam receber televisão de alta qualidade em seus domicílios.


Já o deputado Walter Pinheiro (PT/BA), que na semana passada apresentou um projeto de lei para disparar esta discussão, considera que caberá ao Parlamento proporcionar à sociedade a oportunidade de fazer esta discussão de forma mais aprofundada: ‘Não podemos perder de forma alguma o que já foi discutido em todos os fóruns, inclusive técnicos’.


Para o deputado Aldo Rebelo, destes primeiros movimentos da Câmara pode não surgir ainda um projeto de lei que modifique a atual legislação, mas as bases para isso já poderão ser colocadas. O presidente da Câmara observa ainda que não se trata de uma iniciativa para confrontar o governo e muito menos o setor privado. Ao contrário: ‘Nosso objetivo é contribuir para uma discussão que ainda não foi feita’, afirmou.


Além dos deputados já citados participaram da reunião na presidência da Câmara a deputada Luiza Erundina (PSB/SP) e o deputado Miro Teixeira (PT/RJ).’



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Ministros e Congresso devem adiar decisão, 24/01/06


‘Tudo indica que a decisão de TV digital não sairá no dia 10 de fevereiro. Este noticiário ouviu de uma fonte do Planalto que a ordem é segurar o assunto, para que todos os ministros possam se inteirar do problema. Principalmente os Ministérios do Desenvolvimento e de Relações Exteriores querem um debate mais aprofundado sobre prós e contras de todas as decisões, sobretudo em relação à política industrial e comércio exterior. Pesa também para o atraso a entrada do Congresso no debate, com a convocação de uma comissão especial.


O ministro Hélio Costa, das Comunicações, já havia dito que a data de 10 de fevereiro não era rígida, mas um indicativo importante para se definir ao menos a modulação, de forma a não impedir que as transmissões digitais comecem este ano. Nesta terça, 23, após participar de uma reunião com cinco outros deputados em que se decidiu ‘fazer a Câmara entrar para valer na discussão da TV digital’, o presidente da Casa, deputado Aldo Rebelo (PC do B/SP), ressaltou que a Câmara não pretende atrasar o processo de decisão do governo sobre o padrão tecnológico. Ao contrário, ‘queremos contribuir para deixar as opções mais claras e avançar na discussão do que ainda não foi discutido.’


Falta clareza


Apesar das boas intenções dos deputados, a entrada da Câmara no processo pode ser o argumento que o governo precisava para atrasar a decisão. Na verdade, o Executivo ainda não tem clareza da melhor decisão, até porque os processos de negociação estão muito lentos ou até mesmo ainda não começaram.


Um dos participantes na reunião do Comitê de Desenvolvimento do SBTVD, realizada na semana passada, considera que a maioria dos ministros não conseguiu captar nem 5% do significado de tudo o que foi discutido. Ao mesmo tempo, outra fonte lembrou que o ministro Luiz Fernando Furlan teve uma participação decisiva naquela reunião ao alertar seus pares para a importância da discussão prévia das questões relativas à política industrial antes de tomar qualquer decisão.


Na tarde desta terça, 24, o presidente Lula acertou com a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a realização de ao menos mais uma reunião do Comitê de Desenvolvimento antes do anúncio da decisão.


Hélio Costa


De acordo com informações da assessoria do Ministério das Comunicações, na próxima semana, o ministro Hélio Costa estará no Congresso para discutir TV digital. Dia 31 de janeiro ele participa de uma reunião na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados, e na quarta, dia 1º, de uma reunião da Comissão de Educação do Senado Federal.’


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