Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Google vai ajudar Lula
com a inclusão digital

 

Leia abaixo os textos de sexta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 26 de janeiro de 2007


SEGUNDO MANDATO
Clóvis Rossi


Google oferece a Lula apoio à inclusão digital


‘A Google Inc., que se tornou aceleradamente quase um sinônimo de internet, se ofereceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para colaborar com o governo em um maciço programa de inclusão digital, principalmente por meio do chamado computador de US$ 100, do qual a companhia americana é a maior financiadora.


O compromisso foi assumido por Eric Schmidt, executivo-chefe da Google, em encontro com o presidente brasileiro na noite de ontem, em Davos, a cidadezinha dos Alpes suíços que abriga os encontros anuais do Fórum Econômico Mundial.


Lula, por sua parte, mencionou a conectividade na área rural como a maneira pela qual a Google poderia colaborar com o governo, além, é claro, do computador mais barato (que custará, na verdade, US$ 160).


O programa-piloto do governo prevê distribuir 1 milhão desses computadores para crianças em idade escolar. As duas partes marcaram encontro para março.


Schmidt se disse ‘muito entusiasmado com o Brasil’, segundo o relato feito pelo ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento).


Em algumas áreas, relatou o dirigente da Google, o crescimento dos negócios da empresa é maior do que nos EUA, caso, por exemplo, do Orkut, site de relacionamento.


Lula recebeu também o presidente e executivo-chefe dos laboratórios Merck, Richard Clark. Foi anunciar que a empresa transferira para o Brasil seu quartel-general latino-americano e que pretendia utilizar o país também como plataforma de exportações de produtos farmacêuticos.


Aos jornalistas Clark disse que a Merck estava interessada em desenvolver inovações no Brasil e aproveitou para elogiar os funcionários brasileiros. ‘São tão competentes que poderiam trabalhar em qualquer lugar do mundo’, afirmou.


Lula chegou a Davos de helicóptero, vindo de Zurique. Foi direto para o Hotel Belvedere, do qual não mais saiu até pelo menos as 21 horas. Ao chegar, fugiu de perguntas sobre a redução da taxa de juros, inferior à que vinha sendo praticada, remetendo respostas para o ministro Guido Mantega e ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.


Limitou-se a afirmações sobre sua expectativa em relação ao Fórum deste ano. ‘A expectativa é boa. Vim em 2003 [logo após a posse] mostrar como era possível criar uma política consistente para reduzir a miséria no Brasil’, gabou-se.


Acrescentou: ‘Hoje venho para mostrar que é possível cumprir as metas do milênio, se houver um mínimo de compreensão dos países ricos, não para ficar dando dinheiro para os países pobres, mas para investir em projetos que signifiquem o desenvolvimento dos países pobres’.


As metas do milênio foram fixadas há sete anos pela ONU e aceitas por praticamente todos os governos. Visam reduzir pobreza, analfabetismo e problemas mais básicos de saúde.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


É claro que sabe


‘Nos telejornais, o presidente do Google, Eric Schmidt (esq.), Lula e o ministro Luiz Furlan (dir.)


Lula chegou a Davos pedindo ‘compreensão’ dos países ricos ‘para investir em projetos que signifiquem o desenvolvimento dos países pobres’, no destaque da BBC Brasil. Na mesma, na Reuters Brasil e depois nos telejornais, a notícia de que o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central, por lá, ‘negam divergência sobre juros’. Ou ainda, ‘após falarem com Lula, Guido Mantega e Henrique Meirelles dizem trabalhar em sintonia’. Na Agência Brasil, a manchete era a frase de Mantega, ‘é claro que [Meirelles] sabe que eu e mesmo o presidente gostaríamos que caísse mais, só que tem que cumprir a meta’.


Naquele momento, a blogosfera estava em pleno ataque ao diretor do BC que teria comandado a queda menor dos juros, Afonso Sant’Anna Bevilaqua, questionado pelo passado de PUC-Rio e Opportunity.


De outro lado, enquanto Lula pedia ‘compreensão’, a ‘Economist’ fazia análise crítica do PAC, ‘Mexida, mas não abalada’ (Stirred, but not shaken up), referência ao efeito sobre a economia. O pacote é descrito como ‘tímido demais’. Ele ‘pode ajudar marginalmente’, mas ‘mais importante é o efeito da estabilidade’, com inflação baixa e ‘juros em queda’.


A ÍNDIA DAS AMÉRICAS?


Ontem no ‘WSJ’, a IBM de Hortolândia, interior de SP


Pelo que escrevia ontem o ‘Wall Street Journal’, em reportagem de São Paulo, e nos últimos dias o ‘Miami Herald’, em colunas de Andres Oppenheimer enviadas de Nova Delhi, a Índia é o exemplo para o Brasil.


No enunciado do primeiro, ‘Brasil espera que sua pujança em computadores o torne a Índia das Américas’. Empresas de tecnologia estariam seguindo o modelo indiano de ‘outsourcing’, mirando os EUA.


No enunciado do segundo, ‘Cinco lições que a América Latina pode aprender da Índia’. Uma delas é não privatizar abrupta e integralmente áreas como telecomunicações -como fez o Brasil, erradamente, segundo ministro indiano. Acima de tudo, a lição é priorizar tecnologia.


NEOVERDES


A capa da ‘Economist’ festeja o ‘esverdeamento’ de George W. Bush. Mas a Reuters já destaca de Davos a reação dos países em desenvolvimento contra eventuais cobranças que restrinjam seu crescimento. O ministro Furlan propõe exigir mais dos países desenvolvidos.


O VERDADEIRO


Na mesma ‘Economist’ e em jornais como ‘Financial Times’ e ‘Guardian’, o aviso de que ‘o verdadeiro Fórum Econômico’ é o de Genebra. Ou seja, é o esforço de retomada das negociações comerciais globais, com EUA e Europa à frente -e com Brasil e Índia, do G20, ao fundo.


Luis Saia – nytimes.com/Reprodução


BOI-BUMBÁ


No ‘NYT’, Larry Rohter anda enamorado do Brasil. Ontem publicou longa reportagem sobre as pesquisas musicais de Mario de Andrade pelo país nos anos 30, entrevistou Tom Zé (‘Mr. Zé’), postou cinco podcasts de canções como ‘Toada de Iemanjá’ e quatro fotos das viagens em 1938, como o ‘boi-bumbá’ em Belém do Pará (esq.)’


CHINA
Folha de S. Paulo


Hu quer maior controle sobre a internet


‘O presidente da China, Hu Jintao, ordenou controles mais rígidos sobre a internet, a fim de ‘purificar’ a rede e usar novas tecnologias para controlar as opiniões on-line.


O país monitora e censura vários sites. Funcionários entram em salas de bate-papo para vigiar opiniões dos usuários.


Em reunião do governo, Hu Jintao disse que a internet afeta a cultura nacional, a segurança e a estabilidade do país. ‘Ela deve alimentar espíritos e moldar mentes’, disse.


Apesar da censura, o número de usuários não pára de crescer. Hoje eles são 137 milhões, 10% da população. Mantido o ritmo, em dois anos a China pode ter mais usuários do que os EUA, hoje com 210 milhões de internautas.


Com agências internacionais’


LIVROS & JORNAIS
José Sarney


O livro resiste


‘ELIO GASPARI , há alguns anos, escreveu que duas coisas jamais desapareceriam: o livro e o jornal. Eles venceriam todas as tecnologias de informação e com elas disputariam o seu espaço. Li, ontem, em Clóvis Rossi, que a crise dos jornais fez parte da agenda do Fórum Econômico de Davos, com a conclusão de que ainda não é hora do suicídio. Eterna vida.


Com o livro nesta cesta, creio que nenhum dos dois sumirá do mapa. O aquecimento global pode levantar o nível dos mares, e a água invadirá as cidades, mas salvaremos os livros, se não pudermos salvar os prédios das bibliotecas.


É que o livro e o jornal são tecnologias avançadíssimas. A história só existe a partir do livro. Sem Homero, cego, descrever a Guerra de Tróia, nada saberíamos sobre a Antigüidade. Relembro que graças a ‘Ilíada’ Schliemann descobriu Tróia.


Há 40 anos comecei a luta, isolado, para o Brasil iniciar um programa de incentivos fiscais para a cultura, minha causa parlamentar. Depois de apresentar quase uma dezena de projetos, tive a felicidade de, como presidente da República, fazê-los realidade.


Mas ainda precisamos proteger o livro. Apresentei um projeto, já sancionado, de Estatuto do Livro e outro para a criação de um fundo para a difusão da leitura e a proteção ao livro. Precisamos socorrer as bibliotecas, disseminá-las por todos os municípios do Brasil.


Gilberto Dimenstein nos conta de experiências simples para resolver grandes problemas. Dá um exemplo: a bibliojegue, que é uma biblioteca ambulante colocada em jumentos distribuindo livros na área rural. No Amapá, é um sucesso a Arca do Livro. Um baú cheio de livros levado a localidades isoladas na floresta, onde o livro é recebido como rei.


Na última eleição, cheguei a Calçoene, um pequeno município quase na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. O que me pediram? Estradas, hospitais, casas? ‘Senador, mande livros para nós.


Livros!’ Meu coração doeu, e dessa dor quero comungar com todos os meus leitores.


O livro tem sido muito perseguido. Queimaram-se livros por religião, por ideologia, por preconceito. Queimam-se bibliotecas para acabá-lo como propulsor de idéias. Não foi só a biblioteca de Alexandria; mas a Corvina, fundada pelo rei Matias Corvino em 1476, na Hungria, a Fatímida, no Egito, com mais de cem mil livros, e milhares e milhares delas. Livros isolados, não sei quantos: bilhões.


Mas ele resiste e resistirá, com o jornal, que é como seu derivado.


JOSÉ SARNEY escreve às sextas-feiras nesta coluna.’


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 26 de janeiro de 2007


MERCADO EDITORIAL
O Estado de S. Paulo


Time vende revistas para grupo sueco


‘A Time Inc., dona da revista Time, vendeu 18 dos seus títulos menos importantes para o grupo sueco Bonnier. A operação, estimada em US$ 200 milhões, marca mais uma tentativa da Time em reestruturar seus negócios e adaptá-los às mudanças trazidas pelo avanço da internet. Com a aquisição, o Bonnier e seu parceiro americano, World Publications, se tornarão um dos maiores grupos de revistas dos EUA, com 40 títulos e faturamento de US$ 350 milhões.’


PRÊMIO REI DE ESPANHA
O Estado de S. Paulo


Brasileiros e argentinas vencem prêmio espanhol


‘Três brasileiros receberam ontem o Prêmio Rei da Espanha de Jornalismo: Frederico Neves, em TV, Marcelo Valporto de Almeida, em Fotografia, e menção honrosa ao fotógrafo Marcos Antônio Fernandes. O Dom Quixote de Jornalismo foi dado às argentinas Verónica Toller e Estela Gigena, do jornal El Día de Gualeguaychu, pela reportagem La ciudad del silencio. Os jurados destacaram ‘o uso de recursos literários para contar a história simples de um cemitério’. EFE’


TELEVISÃO


Cristina Padiglione


Tudo pelo social


‘Novela da Record aborda transplante


A exemplo do que já fez a Globo em De Corpo e Alma e Laços de Família, a Record investe no transplante de órgãos como tema de merchandising social em novela.


No capítulo 173 de Bicho do Mato, previsto para ir ao ar no dia 30, terça-feira, Maria Cristina Ribeiro de Castro, nefrologista do Hospital das Clínicas e presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, entrará em cena para conceder uma entrevista a Lili (Ana Beatriz Nogueira) e Roberto (Augusto Vargas), personagens da novela, para falar sobre a questão de transplante e doação de órgãos e tecidos no Brasil.


O pretexto é a hepatite de Cecília (Renata Dominguez), que precisa de um transplante de fígado. O folhetim emprestará sua eficiente vitrine para que a médica fale sobre a organização e o tempo de espera das filas de transplante, a falta de doadores, como se tornar doador, quais órgãos podem ser doados em vida, riscos para o doador vivo e definição de morte encefálica.


Estampado em novela, esse tema sempre rende benefícios na vida real. E faz bem à imagem da Record, que tem se esmerado em seguir as receitas da Globo. Já que é para imitar, que a clonagem seja útil.


Futebol além das mesas- redondas


A SporTV decidiu ampliar a conversa sobre futebol. Estréia na quinta-feira, dia 1º, às 23 horas, o novo Futebol, Etc, uma série de três programas sobre a importância do esporte na cultura brasileira. O primeiro deles, Paixão e Arte, vai falar de como nasce essa paixão, com a participação de Zé Celso, Washington Olivetto, Gilberto Gil, Deborah Colker, José Henrique Fonseca e Chico Anysio, entre outros. Os outros dois capítulos vão ao ar nos dias 7 e 14 de fevereiro e terão como tema Música e Literatura, Cinema e Artes Plásticas.’


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