Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Governo quer debate
sobre projeto polêmico


Leia abaixo os textos de quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


************


O Globo


Quinta-feira, 20 de julho de 2006


PROJETO DA FENAJ
Luiza Damé e Dimmi Amora


Governo decide debater projeto sobre diploma de jornalismo


‘RIO e BRASÍLIA. O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse ontem que o governo ainda não decidiu sobre o projeto de lei que altera as regras para o exercício da profissão de jornalista, aprovado pelo Congresso no início do mês. O Planalto vai aproveitar o prazo para sanção ou veto da proposta, que vence no dia 28 deste mês, para debater o assunto com o setor de comunicação, na tentativa de evitar reações como as que ocorreram quando enviou ao Congresso o projeto de criação do Conselho Federal de Jornalismo, ano passado.


O projeto de regulamentação da profissão de jornalista, apresentado pelo deputado Pastor Amarildo (PSC-TO), começou a ser discutido ontem no Planalto na reunião de coordenação de governo. A Casa Civil e o Ministério do Trabalho estão fazendo pareceres para embasar a decisão do presidente Lula, que poderá vetar totalmente o projeto, sancioná-lo na íntegra ou com vetos parciais.


– Estamos em processo de discussão. Há várias opiniões sobre o assunto – disse Tarso.


O governo está dividido em meio a várias opiniões sobre o projeto, que amplia de 11 para 23 as funções privativas de jornalistas profissionais. A Fenaj defende o projeto mas diversas outras entidades, como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) são contra.


Radialistas vão hoje ao Planalto para pedir veto


Representantes da Federação Interestadual de Trabalhadores em Radiodifusão e Televisão (Fitert) vão se encontrar hoje com representantes do governo para pedir o veto ao projeto. Segundo o coordenador da federação, Antonio Carlos de Jesus, se o projeto for sancionado, pelo menos quatro funções que são exercidas por radialistas terão obrigatoriamente que ser feitas por jornalistas diplomados.


– Não somos contra discutir as funções de cada profissão. Mas a Fenaj mandou um projeto sem discutir com ninguém. Houve uma invasão em áreas que estão regulamentadas há mais de 30 anos – disse Antonio Carlos, que representa 21 sindicatos do país:


– Só no Rio e em São Paulo há cerca de 19 mil radialistas. A maioria não poderia mais exercer a profissão. O projeto é inconstitucional e, se for sancionado, vamos recorrer à Justiça.


Alem da Fitert, entidades como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Jornais (ANJ), o Conselho Nacional de Arquivos e a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) manifestaram-se contrárias ao projeto de lei.’


TELEVISÃO
Amelia Gonzalez


Texto muito fraco e imagens lindas


‘A intenção pode ter sido fugir daquele padrão comum a todos os primeiros capítulos de novelas. Também pode ser que a Record tenha decidido cumprir alguma estratégia para fazer frente à concorrência do horário. O certo é que a estréia de ‘Bicho do mato’, de Cristianne Fridman e Bosco Brasil, com direção de Edson Spinello, anteontem, ficou quase 80 minutos no ar sem intervalo comercial. Registrou média de 15 pontos. Mas não deu certo.


Aos 50 e poucos minutos a edição já estava arrastada, o elenco repetia frases, e a gente já tinha visto quase todos os animais da fauna brasileira. Não dava para acreditar que ainda teríamos pela frente uma mordida de cobra (não peçonhenta, como foi exaustivamente dito), um casal perdido na mata, um temporal, um amanhecer, uma briga de homem contra onça. Foi demais, quase não deu para esperar a deixa para o capítulo seguinte.


A novela pretende se inscrever no cenário ecológico, mexer com tema que há umas duas décadas mobiliza a sociedade. E isso conseguiu. As imagens são lindas, restando à edição somente o bom proveito. E é ótimo também ver na telinha a questão do preconceito contra índios. Geralmente os autores preferem focar o preconceito contra negros. De qualquer forma os personagens indígenas, como acontece quase sempre em novelas que retratam a raça, são estereotipados. Mas, pelo menos por enquanto, este tema é o ponto positivo da novela.


O problema maior é o texto da novela


O texto é fraco, pouco criativo, e às vezes é tão repetitivo que chega a parecer piada. Bárbara, a personagem interpretada pela irrepreensível Beatriz Segall, chegou a repetir a mesma frase umas quatro vezes para dizer que não queria a neta metida com os índios. Outras cenas, que poderiam trazer uma carga forte de dramaticidade, perderam-se por falta (ou excesso?) de palavras. Como aquela em que Juba (André Bankoff) se decepcionou com o laptop que ganhou de presente da mãe, Laura (Bia Seidl), porque não sabia nem para que serve.


Em vez de ficar indignada, Laura ouviu muda e permaneceu calada. Foi a deixa para uma inserção de merchandising social: Fernando (Jairo Mattos), o pai de Juba, disse que iria doar o computador para a escola da comunidade. Até aí tudo bem, mas tomara que a mania não pegue como na antecessora ‘Prova de amor’. Vamos combinar: essas atitudes politicamente corretas na ficção são uma chatice.


Elenco de primeira merece mais atenção


Renata Dominguez está excessiva. Para mostrar que é uma médica solidária e mulher de coragem, quase afundou o peito de um pobre doente com um socão quando ele chegava ao hospital. E na hora de salvar o namorado, Emilio (Marcos Mion em péssimo momento), fez uma expressão irada, não de força. A gente ficou sem saber se ela queria mesmo que o rapaz sobrevivesse…


Mas o elenco, em geral, foi bem escolhido. Afinal de contas, nomes como Beatriz Segall, Denise Del Vecchio (Alzira), Jonas Bloch (Ramalho Rodrigues), Angelina Muniz (Francisca) e Bia Seidl são um cartão de visitas para qualquer obra. Só que eles precisam de direção. Ficou quase constrangedora a cena entre Bia Seidl e Angelina Muniz na cozinha da fazenda. Era um churrasco, tinha um casal perdido na floresta, e Francisca, talvez na falta de coisa melhor para fazer, descascava uma abóbora enquanto ouvia confissões da milionária.


O antagonismo é muito marcante, o que não chega a ser um problema se a novela se propuser a agradar (apenas) ao público jovem. De qualquer maneira, a obra precisa de uma boa mexida para não parecer apenas uma peça promocional para levar ao exterior nossas belezas naturais.’


************


O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 20 de julho de 2006


PROJETO DA FENAJ
Leonencio Nossa e Lisandra Paraguassú


Entidades pedem proibição


‘Em reunião ontem no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou preocupação com o debate sobre o projeto de lei aprovado no Congresso que amplia a exigência do diploma na área da comunicação.


Ele quer evitar, segundo pessoas próximas, os mesmos desgastes provocados no início do mandato quando propôs a criação de um Conselho Federal de Jornalismo. À época, o governo foi tachado de autoritário e acabou retirando a proposta de instalação do órgão que supervisionaria o trabalho jornalístico.


A reunião comandada na manhã de ontem por Lula foi o pontapé para a discussão, no âmbito do governo, sobre o projeto de lei aprovado na Câmara e no Senado que exige diploma para diagramadores, chargistas, comentaristas, assessores de imprensa, fotógrafos e cinegrafistas, entre outros.


O projeto chegou à Casa Civil da Presidência da República na semana passada. O presidente, que retornou na madrugada de terça-feira de uma viagem de três dias a São Petersburgo, na Rússia, onde participou do encontro do G-8 – o grupo dos países mais desenvolvidos do mundo e a Rússia -, demonstrou surpresa com o debate acalorado e as divergências entre a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ). A Fenaj é a favor do projeto e a ANJ, contra.


Em ano eleitoral, o que Lula menos quer é briga, especialmente com os empresários e sindicalistas da comunicação.


O problema é que a discussão sobre o projeto de lei do diploma não pode demorar. O presidente só tem até o dia 28 para sancionar, vetar integral ou parcialmente a proposta. O Planalto pediu que os ministérios do Trabalho e das Comunicações encaminhem pareceres com urgência para a tomada de decisão do presidente, que não pode causar desgastes.


‘Aquela proposta (do Conselho Federal de Jornalismo) foi politicamente mal encaminhada’, avaliou uma pessoa que participou da reunião com Lula. ‘Para evitar novamente esse erro, vamos tratar o projeto do diploma como um assunto relevante.’


Ontem, ao final de uma entrevista rotineira no Planalto, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, quis ouvir a opinião de jornalistas que cobrem a Presidência da República sobre o projeto do diploma.


Os repórteres deram opiniões diversas. Alguns observaram que, por erro dos próprios profissionais, as entidades da categoria acabam tendo pouca representatividade.


O ministro evitou emitir alguma opinião, argumentando que precisa estudar melhor o assunto.’


***


Lula avalia veto à lei sobre imprensa


‘A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) encaminhou ao presidente Lula um longo ofício sugerindo que ele vete o projeto de lei complementar que regulamenta a profissão de jornalista. Aprovado pelo Congresso, com apoio da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o projeto ‘não atende aos interesses dos profissionais e das empresas de comunicação nem ao aperfeiçoamento do exercício da liberdade de informação e opinião consagrada na Constituição’, argumenta o presidente da ABI, Maurício Azedo.


‘A proposição cria dificuldades e embaraços à admissão de profissionais pelas empresas’, adverte a ABI.


Também o Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas (Conferp) pediu a Lula, em ofício assinado pelo seu presidente, João Alberto Ianhez, e pelo presidente da Associação Brasileira de Relações Públicas, Esnel José Fagundes, que vete o projeto. ‘Ao pretender ampliar o leque de atividades como exclusivas do jornalista, a proposição restringe a liberdade de expressão.’


A Fenaj, por sua vez, iniciou campanha de mobilização da categoria em defesa da nova lei. ‘Devemos manter a postura firme de denunciar as reais motivações do patronato e exigir a sanção do projeto que atualiza nossa regulamentação profissional’, afirma o presidente da Fenaj, Sérgio Murillo de Andrade. COLABOROU JOSÉ MARIA MAYRINK’


MEDICINA & MÍDIA
Simone Iwasso e Livia Deodato


Cinco vezes mais denúncias contra propaganda médica irregular


‘Uma fiscalização ativa feita pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) ajudou a quintuplicar em seis meses o número de denúncias de irregularidades cometidas por médicos em relação à propaganda de seus serviços. A ação, que começou em janeiro, já registrou 828 casos, ocupando o quarto lugar no ranking das principais denúncias feitas ao órgão contra profissionais.


O problema envolve divulgação de fotos de antes e depois de pacientes, de tratamentos ainda não comprovados cientificamente, de serviços médicos vendidos de forma sensacionalista e do que o conselho chama de mercantilização do ato médico, ou seja, venda de carnês, sorteios e promoções de procedimentos.


Ações condenadas pelo Código de Ética Médica, que veta qualquer tipo de propaganda. ‘Não se pode fazer da atividade médica um comércio’, diz o presidente do Cremesp, Desiré Carlos Callegari. Por exemplo, anúncios na rua e quiosques em shoppings que oferecem plásticas com pagamento em 24 parcelas e exibição de tratamentos em programas de televisão. Ou sites e revistas que mostram fotos de antes e depois de uma lipoaspiração. Atualmente, causam polêmica um concurso na internet que dará uma plástica à vencedora e um sorteio veiculado pela rádio Kiss FM.


E é justamente a área de cirurgia plástica a campeã das denúncias, seguidas da dermatologia e da oftalmologia, de acordo com Lavínio Nilton Camarim, conselheiro do Cremesp e coordenador de um fórum organizado para debater o tema. ‘Estamos assistindo a um número crescente de médicos advertidos, punidos e até cassados por propaganda’, diz.


Os processos são longos e os médicos podem recorrer ao Conselho Federal de Medicina. Desse modo, explica Camarim, nos últimos cinco anos, 11 profissionais foram advertidos, 33 receberam censura confidencial (que preserva o sigilo do profissional), 52 passaram por censura pública, 7 tiveram o registro suspenso temporariamente e 5 foram cassados.


‘Até agora isso não foi prioridade do conselho, por isso os números de processos concluídos são baixos e muitos médicos que acreditam na impunidade são reincidentes’, diz Camarim. Segundo ele, a maior parte dos punidos tem entre 10 e 20 anos de formados. ‘Muitos são bons médicos.’


INTERMEDIADORES


Outra dificuldade para coibir a propaganda está na presença das intermediadoras, empresas que fazem a ponte entre pacientes e médicos e não estão sujeitas à fiscalização do conselho. Elas promovem concursos, sorteios e anúncios em revistas.


No caso da promoção da rádio Kiss FM, a parceria é feita com a Master Health, há 12 anos no mercado e que se diz ‘líder e pioneira na intermediação de planos de cirurgia plástica’. Em três meses, mais de 2 mil inscrições foram recebidas para responder à pergunta ‘Qual parte do corpo do seu namorado você mudaria?’.


O Centro Nacional de Cirurgia Plástica tem em seu site (www.plasticaparcelada.com.br) fotos de antes e depois e promove um concurso para meninas com mais de 15 anos, que concorrem a uma cirurgia plástica gratuita.


‘O nosso trabalho é intermediar, organizar e administrar as questões do fluxo financeiro dos nossos clientes, sejam eles médicos, pacientes, hospitais, laboratórios, fornecedores de próteses, possibilitando que os mesmos atinjam seus objetivos da forma menos onerosa possível’, explica Arnaldo Korn, diretor do Centro Nacional. ‘Por não sermos médicos, não estamos sujeitos ao controle do conselho, nem na exibição das fotos, meramente ilustrativas. Quanto às facilidades de pagamento, é um modo de tornar popular e acessível a plástica.’


A resposta da Kiss FM e da Master Health é semelhante. ‘Buscamos ações que nos aproximem do nosso ouvinte, e muitas são solicitadas por eles. Nesse caso, divulgamos a promoção em nome da Kiss FM e mencionamos a Master Health, sabendo que, por ser uma intermediadora de serviços, não infringiria o Código de Ética Médica’, disseram os diretores da rádio, Cassilda Ferracini e Evaldo Vasconcelos. Já Susete Moreno, da Master Health, diz que ‘por não sermos uma empresa médica, não podemos nos posicionar sobre assuntos médicos’.


O responsável pela Beauty Line, que montou estande no Shopping Tatuapé, na zona leste, oferecendo ‘aumento de glúteo’ e ‘cirurgia íntima’ não foi localizado até as 20 horas de ontem. Mas usou o mesmo argumento das outras empresas, em entrevista ao Estado, em fevereiro. Por não ser médico, não precisa responder ao conselho.


No entanto, os médicos que trabalham com as intermediadoras podem ser punidos. Uma sindicância já foi aberta pelo Cremesp para apurar essas promoções. ‘Médicos bem qualificados não têm interesse em participar disso’, reage Osvaldo Saldanha, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.


RISCOS


Saldanha alerta para o risco que pessoas correm ao se inscrever em situações como essas, já que os nomes dos médicos não são divulgados – as empresas dizem apenas que são cadastrados no conselho -, e as intermediadoras não assumem a responsabilidade por eventuais problemas com o paciente. ‘Antes de fazer qualquer cirurgia, ele deve conhecer o médico, esclarecer todas as suas dúvidas, discutir custo, enfim, criar uma proximidade.’


MEMÓRIA / RAUL CORTEZ
Livia Deodato


São Paulo diz adeus a Raul Cortez


‘Cerca de 120 mil pessoas estiveram ontem no velório do ator Raul Cortez no Teatro Municipal, entre 6h30 e 16h40. O caixão ficou lacrado a pedido do próprio ator, frustrando as expectativas de grande parte do público. Sobre o caixão foi colocada uma bandeira do Estado de São Paulo. Cortez morreu na terça, aos 74 anos, no Hospital Sírio-Libanês, vítima de complicações relacionadas a um câncer abdominal.


O secretário de Estado da Cultura, João Batista de Andrade, colocou à disposição um carro do Corpo de Bombeiros para levar o corpo do ator, às 17 horas, para o Crematório da Vila Alpina, zona leste da Capital. Cerca de 8 mil pessoas, que aguardavam a saída do caixão, aplaudiram e gritaram em coro o nome do ator. Suas cinzas devem ser lançadas no sítio da família, na cidade de Porto Feliz.


Várias personalidades do universo teatral e político compareceram ao velório e foram recepcionadas pelas filhas Lígia (que teve com Célia Helena) e Maria (com Tânia Caldas). Os diretores teatrais Antunes Filho e Antônio Araújo, as atrizes Irene Ravache, Maria Fernanda Cândido e Betty Faria e os atores John Herbert, Paulo César Pereio e Sérgio Mamberti foram alguns dos presentes no Municipal, espaço oferecido pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL). ‘Minha presença aqui é o reconhecimento dos paulistanos a este que tanto fez pela nossa cultura’, disse ele.


Kassab acompanhou a cerimônia ao lado da família. Ao final da missa, ocorrida às 11h20 no saguão do Municipal, o prefeito disse que Cortez ‘deixa saudades pelo seu idealismo e sua inteligência’. E falou sobre a relação do ator com a cidade onde nasceu. ‘Ele tinha um amor muito grande por São Paulo, sempre participou da vida da cidade.’


O cineasta José Mojica Marins também levou suas condolências à família. Ele contou que Cortez havia topado participar do filme que encerra a trilogia do Zé do Caixão, chamada A Encarnação do Demônio. ‘O Raul já tinha topado trabalhar comigo há mais de 20 anos, mas só consegui arrecadar verba agora para finalizar a trilogia onde o Zé do Caixão aparecerá pela última vez’, contou. ‘O Raul é insubstituível. Agora irei chamar um personagem para fazer o mesmo papel, mas sem nenhum compromisso’, lamentou.


Às 15h30, o ex-prefeito José Serra (PSDB) chegou ao Municipal recepcionado pelo público com um misto de vaias e aplausos. ‘Ele era um amigo e ator maravilhoso. A primeira vez que o vi foi na peça Pequenos Burgueses, em 1963, no Oficina.’ Raul Cortez apoiou publicamente, nas últimas eleições presidenciais, o então candidato do PSDB, José Serra, que fazia oposição a Lula (PT). ‘Esta será a minha primeira campanha majoritária sem o apoio do Raul.’


Por volta das 16 horas, a família pediu licença à imprensa para ficar alguns minutos a sós. Pouco depois chegou o governador Claudio Lembo (PFL), também causando reações diversas. Lembo ficou apenas alguns minutos no saguão e quando saiu, pela lateral do teatro, foi chamado de corrupto por uma jovem de 20 anos, Flávia de Mello. Ao que ele respondeu que corrupta era ela. Lembo a empurrou e a confusão foi contida por seguranças do governador. ‘Eu sou corrupta? Estou desempregada, vim atrás de emprego’, disse, mostrando o currículo numa pasta amarela. ‘A gente tem de lutar, não podemos mais deixar eles fazerem o que querem’, completou, irritada.


COLABOROU JULIANO MACHADO’


O Estado de S. Paulo


Emissoras de TV preparam muitas homenagens


‘Momentos marcantes de Raul Cortez na tevê serão relembrados na programação das emissoras. No sábado, às 15 h, o canal GNT reapresenta a entrevista que o ator concedeu à apresentadora Marília Gabriela. No bate-papo, que foi ao ar em 2005, ele falou sobre a sua profissão, vida pessoal e sobre a doença. No domingo, às 19h30, a TV Cultura exibe um teleteatro encenado por Cortez, O Último Capítulo, peça de Consuelo de Castro adaptada e dirigida por Roberto Vignati. A emissora relembra no programa Roda Viva, na segunda-feira, às 22h30, a entrevista gravada em 1987. No mesmo dia, o Canal Brasil exibe o filme Tesouros Brasileiros: O Pão Que o Diabo Amassou (1957), que marcou sua estréia no cinema, às 22h35; na terça está programado Janaína, a Virgem Proibida (1972), às 20 h; e no sábado, O Outro Lado da Rua (2004), às 23 h.’


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


Bicho do Mato derruba preceitos evangélicos


‘Homem pelado na tela da Record? Eram só os glúteos, calma, um banho de rio básico. Mas eis que os princípios do marketing, ou o apelo à audiência, a essa altura da cobiça da rede de Edir Macedo pela vice-liderança no ibope, superam os princípios evangélicos. Vá lá: antes expor um físico bonitão como o de André Bankoff, o ator que dá nome à nova novela da casa, Bicho do Mato, a submeter a platéia das 19h30, com criança na cadeira cativa, àquela overdose de pólvora sustentada pelo folhetim anterior. É de bom tom que a gente se choque mais com violência do que com sexo, mas, maldita mania de imitar americano, a repercussão na mídia e no boca a boca sempre prioriza discurso contra libido em detrimento de tiroteios.


Bicho do Mato imita sua antecessora, isso sim, no preceito da obviedade. Nada de deixar brecha para a reflexão do incauto telespectador. Do texto à edição final, passando pela interpretação, figurino e cenário, tudo vem mastigadinho. Só falta legenda.


Quando Marcos Mion – e não deixa de ser divertido vê-lo contracenar com Beatriz Segall – começa a enumerar para a namorada o jeitão esquisito de seu primo, batata, você já sabe que a moça vai trocá-lo pelo outro. E, em menos de dez minutos, a mocinha Cecília (Renata Dominguez) está nos braços do primo. Perdidos na selva pantaneira, os dois já se abraçam. Ele a salva de uma onça, sem matar a bichinha – que o herói, no caso, prima pelo equilíbrio politicamente correto do ecossistema. Obrigados a dormir numa caverna, e sendo um perigo à saúde esse negócio de deixar a roupa secar no corpo, dá-lhe lingerie: ela tira a blusa. Ele, bem, ele mal sabe para que serve essa peça.


Em termos de imagens, tudo remete a Pantanal, produção de 1990 da extinta TV Manchete. Mérito da antecessora, que deixou bom ibope ao horário, ou próprio, não se sabe, mas a audiência do capítulo inicial foi de 15 pontos em São Paulo, patamar que o SBT não alcança já há alguns anos com o gênero.’


Keila Jimenez


Ronaldos na Record


‘A Record saiu na frente e comprou os direitos de transmissão da cobiçada Liga dos Campeões da Europa, importante campeonato de futebol de times europeus.


A tal liga é visada por atrair boa audiência no Brasil, uma vez que reúne times como Barcelona, Real Madrid, Lyon, Internazionale Milan, onde jogam craques brasileiros como Ronaldinho Gaúcho, Kaká Adriano e Ronaldo, entre outros.


A Record, que vinha negociando a compra havia três meses, já está com o contrato em mãos e começa a exibir os jogos desde o início da temporada, em setembro.


A maioria das partidas vai ao ar na faixa das 16 h. A compra foi realizada diretamente com a União Européia de Futebol (Uefa), que detém os direitos dos jogos.


No ano passado, RedeTV! e Band se estapearam pelo campeonato. A RedeTV! iniciou as transmissões, mas acabou desistindo após uma briga na Justiça com a empresa que dizia deter os direitos da transmissão no Brasil, a Top Sports. Foi então que entrou a Band, que exibiu o restante dos campeonatos alcançando audiências na faixa dos 12 pontos, média alta para a emissora.’


************


Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 20 de julho de 2006


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


O tratamento recebido


‘Postado à tarde, no blog de Ricardo Noblat:


– Do presidente do PFL, Jorge Bornhausen, na reunião da coordenação de campanha de Alckmin no comitê em Brasília: ‘Nosso objetivo se chama ‘Jornal Nacional’. O presidente do PSDB, Tasso Jereissati, alertou: ‘Cuidado, olha a imprensa’. Era tarde.


É reação ao que a revista ‘Carta Capital’ batizou de ‘fator HH’, que deu ‘novo contorno ao cenário’.


Depois do ex-blog de Cesar Maia, talvez tenha sido a ‘IstoÉ’, acessível pelo portal Terra, a primeira a destacar como Heloísa Helena ‘abrandou o discurso para não assustar a classe média’.


Mais importante, a revista registrou como ‘a senadora agradeceu o tratamento que tem recebido das emissoras de televisão’. De uma, na verdade. E um telejornal.


Começou no dia 4 de julho, com a desclassificação do Brasil. No ‘Jornal Nacional’, ‘o dia dos candidatos’ trouxe quatro deles -ela mais Lula, Geraldo Alckmin e Cristovam Buarque.


Naquele dia, quase nada de Alckmin. No seguinte, quase nada de Lula. Outras edições foram assim, posteriormente, mas HH jamais faltou, dia após dia.


Eram reportagens com introduções na linha:


– Criticou o que considera exagero nos gastos de campanha do PT e do PSDB… Falou sobre as dificuldades de fazer campanha com um partido pequeno, ainda em construção… Disse que vai fazer uma campanha modesta.


E por aí vai.


Nas entrevistas reproduzidas, o discurso voltado para a classe média, tipo:


– Nós defendemos uma reforma tributária para impedir a brutal e avassaladora transferência de renda do pobre, da classe média e do setor produtivo para o capital financeiro. Isso significa reduzir a carga tributária na classe média e no setor produtivo.


Sobre a violência:


– É muito importante que possamos ter ao mesmo tempo alternativas de inclusão social e uma repressão implacável ao crime organizado, esteja ele onde estiver.


Sobre o Mercosul:


– Se eu tiver a honra de chegar a presidente, não manda no meu governo nem o Bush nem o Chávez.


Por fim:


– Eu queria mesmo é que a eleição tivesse caráter plebiscitário, entre quem tolera ou não a corrupção de forma omissa, cúmplice e cínica.


O DIREITO AO PALPITE


Blogs do lulista Bué de Bocas ao alckmista ex-blog de Cesar Maia -que, aliás, vem reativando seu blog- estão em polvorosa com a consulta do PSL à Justiça Eleitoral. O micropartido ‘questiona se os blogs podem opinar sobre candidatos’. ‘O direito do cidadão de dar palpite pode ser probido!’, atacou um. ‘Cuidado!’, bradou outro.


A decisão sai só em agosto. Registre-se, de todo modo, que o blog Pero Vaz de Caminha, montado pelo mesmo Maia contra o peemedebista Sérgio Cabral Filho, saiu do ar por ordem da Justiça Eleitoral do Rio.


EM BREVE A União não pode mais, o Estado não pode mais, mas a Prefeitura não sai dos intervalos do ‘JN’. Locução de um dos comerciais: ‘A Prefeitura vem dando atenção à saúde e, em breve, São Paulo receberá o hospital de Cidade Tiradentes.’ (esq.)


COLOU…


Do diretor do Datafolha, Mauro Paulino, em entrevista ao UOL News, ancorado por Lillian Witte Fibe:


– Pensando do ponto de vista da eleição, esta segunda onda de ataques [do PCC em São Paulo] atingiu mais Lula do que Alckmin.


… E QUEREM COLAR


Quanto à recente lista dos sanguessugas, em destaque na home da Folha Online, ‘mesmo com três do PSDB, quatro do PFL’ e ‘nenhum do PT’, agora a ‘oposição quer envolver o governo’. É que ‘nenhuma operação é feita sem o Executivo’.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Dona Benta, do ‘Sítio’, tem amante secreto


‘A nova geração que assiste ao ‘Sítio do Picapau Amarelo’, na Globo, está conhecendo uma Dona Benta que não existe na obra de Monteiro Lobato.


Interpretada por Suely Franco, a Dona Benta versão 2006 não é assexuada como as anteriores. Na página do ‘Sítio’ na internet, a Globo informa que neste ano a ‘avó dos sonhos de todos os netos vai viver uma história de amor muito discreta _e muito secreta_ com [o personagem] Lúcio Madureira, seu amor mais antigo’.


A revelação desse ‘lado oculto’ de Dona Benta surpreendeu até o herdeiro Jorge Kornbluh, a quem cabe aprovar as sinopses (resumos) das novas tramas do ‘Sítio’ inventadas pelos roteiristas da Globo.


‘Em nenhum momento Dona Benta teve um amor na obra original. Esse ponto não tem a minha aprovação, não me lembro de tê-lo visto na sinopse que me mandaram em janeiro. Mas isso não impede que a história vá ao ar. Se ela tiver algo lúdico, está dentro do espírito da obra de Lobato. Se não for [lúdico], tenho recursos contratuais para conversar com a Globo’, declarou Kornbluh.


Segundo a assessoria de imprensa da Globo, os fãs puristas de Dona Benta podem dormir tranqüilos, porque não haverá cenas de beijos. Na história, que ainda não foi escrita, Dona Benta reencontra um namorado que teve 60 anos atrás. E os dois vão relembrar desse passado com muita emoção.


RÉDEA CURTA Diretor-geral da Globo, Octávio Florisbal pediu aos diretores e autores das novelas das oito e das sete que reduzam a ‘temperatura’ sexual das produções, que vêm abusando de stripteases e de termos como ‘tesão’. O que mais o preocupa é ‘Cobras & Lagartos’, muito vista por crianças, e não (ainda) a polêmica ‘Páginas da Vida’.


ROUPA DE BAIXO Florisbal teme que a novela das sete seja reclassificada para as 20h e que a Globo sofra ações na Justiça. O Ministério Público Federal (MPF) do Rio recomendou à emissora, em maio, que não exibisse mais ‘imagens de moças apenas de calcinhas e com os seis nus’ _o que não foi cumprido. Já o MPF de São Paulo instaurou processo por ‘diálogos discriminatórios contra os nordestinos’.


VIAGEM PERDIDA A Globo detectou que a maioria dos telespectadores de ‘Páginas da Vida’ não sabe que as cenas da lua-de-mel dos personagens de Ana Paula Arósio e Edson Celulari foram gravadas em Amsterdã. Faltaram legendas identificando a cidade.


BICHO QUE PEGA O primeiro capítulo de ‘Bicho do Mato’, nova novela da Record, teve produção de nível da Globo _até nas atuações sofríveis de atores novatos, como Marcos Mion. A audiência retribuiu. A novela deu 15 pontos de média (contra 38 da Globo). E uma reprise do capítulo, após 22h, marcou outros 11 pontos.


SOTAQUE ORIGINAL ‘Paixões Proibidas’, novela que será produzida pela Band e pela portuguesa RTP, terá nove atores de Portugal no elenco.’


************