Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Ismael Pfeifer

‘A Net Serviços, a maior operadora de TV por assinatura do País, registrou no quatro trimestre de 2004 lucro de R$ 107,9 milhões, o segundo número positivo seguido pela primeira vez em sua história. Mas o ano como um todo registrou ainda prejuízo de R$ 45,4 milhões, número considerado bom, porque foi bem menor do que o registrado no ano anterior, de R$ 268,4 milhões.

Ao mesmo tempo em que mostrava os resultados de 2004, a empresa confirmava a informação da conclusão da reestruturação de sua dívida, que havia entrado em ‘default’ em dezembro de 2002, com o pagamento, na terça-feira, de R$ 590 milhões e renegociação de prazos, o que resultou numa redução em torno de 60% de seu endividamento. A receita bruta cresceu 11,6%, para R$ 1,7 bilhão.

O passivo, segundo a direção da Net, caiu de um total de R$ 1,6 bilhão para R$ 680 milhões, o que fez analistas anteverem para 2005 a possibilidade da empresa alcançar seu primeiro exercício completo com lucro. ‘Estamos trabalhando por isso, acho factível, mas não vamos fazer previsões. O que posso dizer é que os prejuízos que a Net vinha colhendo nos últimos anos se devia a um endividamento pesado que agora não existe mais’, informou o presidente da empresa, Francisco Valim.

Embora com prejuízo, o resultado de 2004 é o melhor já registrado pela companhia e indica o início de uma nova fase, segundo Valim. ‘Estamos no momento da virada. Se analisarmos o gráfico dos resultados da empresa nos últimos anos, vemos uma tendência de melhora continuada e temos as condições para tornar positivos os resultados anuais’, acrescentou.

O lucro operacional da empresa antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (Ebitda) foi de R$ 97,1 milhões no quarto trimestre, 21,1% superior aos R$ 80,1 milhões do mesmo período do ano anterior. No ano, o Ebitda foi de R$ 376,4 milhões, 22,8% maior que o de 2003. O Ebit (lucro operacional antes de impostos e juros) seguiu a mesma tendência. No quarto trimestre, foi de R$ 37,5 milhões, superando os R$ 15,2 milhões do mesmo período do ano anterior em 146,4%. No ano, foi de R$ 133 milhões, 208,9% maior que os R$ 43,1 milhão de 2003. Os dois indicadores bateram recordes pelo quinto trimestre consecutivo e registraram pela oitava vez seguida números positivos.

Na divulgação de dados, a empresa justificou que os crescentes resultados positivos do Ebitda e do Ebit, que são a base para a lucratividade no médio e longo prazo da companhia, juntamente com o reconhecimento de créditos fiscais no valor de R$ 205,6 milhões referente a prejuízos fiscais e bases negativas de exercícios anteriores explicam a melhora do resultado do ano. Esses fatores amenizaram o efeito do resultado financeiro líquido, que engloba despesas com juros, variação cambial e monetária, que ficou negativo em R$ 282,7 milhões.

A receita bruta do quarto trimestre foi de R$ 421,9 milhões e no ano totalizou R$ 1,710 bilhão, 11,6% maior que a de 2003. O aumento se deve ao crescimento das bases de assinantes tanto de TV por assinatura como de banda larga, além do reajuste das mensalidades e das maiores vendas do ‘pay-per-view’.

Ontem, o preço da ação PN da Net subiu 1,53% e encerrou o pregão da Bovespa cotada a R$ 0,66.’



Ivone Santana e Rubens Glasberg

‘Embratel vê Net como caminho para classe AB e empresas’, copyright Pay-TV News, 23/03/05

‘A Embratel quer aproveitar a infra-estrutura da Net Serviços, onde a Telmex acaba de assumir posição de acionista, para atingir as pequenas e médias empresas (PMEs) e clientes residenciais de alto poder aquisitivo que já estão na carteira da empresa. A Telmex também é controladora da Embratel. Segundo Carlos Henrique Moreira, presidente da Embratel, que será membro do conselho da Net, a rede de cabos e fibras ópticas ajudará a Embratel a aumentar sua penetração na telefonia local para voz e dados, com ofertas competitivas. Há dois anos a operadora de longa distância já investe em telefonia local, principalmente para atender clientes de grande porte. Com a rede da Net, poderá ganhar tempo para ampliar sua base para empresas menores, nas cidades onde a Net esteja presente. Mas essa alternativa também será buscada com outras operadoras de cabo além da própria Net. Quando perguntado se Net e Embratel atuariam em conjunto na oferta de serviços combinados de dados, voz e vídeo (triple play), Moreira preferiu não entrar em detalhes. ‘Vivemos num mundo competitivo. Tenho que primeiro lançar o serviço e ter sucesso’, justificou o executivo. Lembrou ainda que a experiência internacional mostra a necessidade de cautela e erros a serem evitados, citando o caso da AT&T nos EUA, que tentou, ao comprar uma operadora de cabo, ganhar acesso local. ‘O negócio da Net é vídeo, embora tenha banda larga, que é o Virtua’, disse Moreira. ‘Cada macaco no seu galho’.

‘A Net tem um sócio controlador, que é a Globo, e não a Telmex, que tem 49% da empresa controladora’. O executivo pretende corrigir a deficiência da Embratel em telefonia local focando mais em qualidade de serviços e atendimento ao cliente. Haverá também um novo modelo de gestão e de estrutura comercial. ‘Nesse desafio do projeto de telefonia local, a Net nos ajuda, mas posso usar a rede de cabo de qualquer empresa de cabo’, desconversou.

A íntegra da entrevista de Carlos Henrique Moreira estará na revista TELETIME que circula em abril.’



Talita Moreira

‘Net lucra R$ 108 milhões no quarto trimestre’, copyright Valor Econômico, 24/03/05

‘A operadora de TV a cabo Net teve lucro líquido de R$ 107,9 milhões no quarto trimestre do ano passado. Foi o terceiro trimestre na história em que a empresa apresentou resultado positivo na última linha do balanço.

Nos três últimos meses de 2003, a Net havia registrado prejuízo de R$ 116,5 milhões.

O desempenho operacional melhorou, mas o que contribuiu de forma decisiva para o resultado foi o reconhecimento de créditos fiscais gerados pelos prejuízos nos anos anteriores.

Em todo o ano passado, a Net contabilizou R$ 205,6 milhões em créditos fiscais. Com isso, fechou o ano com prejuízo líquido de R$ 45,4 milhões, comparado à perda de R$ 268,4 milhões em 2003.

O presidente da Net, Francisco Valim, afirma que a conclusão do processo de reestruturação da dívida deverá contribuir para melhorar os resultados da empresa. ‘Finalmente se pode esperar um cenário lucrativo em curto espaço de tempo’, diz.

A Net terminou nesta semana a renegociação de sua dívida, que caiu de R$ 1,6 bilhão para R$ 680 milhões brutos. Desse total, pouco mais da metade está denominada em dólares. Um aumento de capital de R$ 638 milhões está em curso e a Telmex tornou-se acionista da empresa, ao lado da Globo.

O impacto do endividamento pesava no balanço. Apenas no quarto trimestre do ano passado, a Net teve despesa financeira líquida de R$ 88,6 milhões. Houve um aumento extraordinário nas despesas com juros, relacionado à reestruturação.

‘Esta é uma nova empresa, muito melhor em termos operacionais’, afirma Valim.

A Net obteve receita líquida de R$ 345,2 milhões no quarto trimestre – apenas 2,3% do valor apurado de outubro a dezembro do ano anterior. No entanto, a empresa conseguiu manter os custos sob controle, principalmente porque renegociou os contratos de programação. Com isso, o resultado operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações (lajida) aumentou 21,2% e chegou a R$ 97,1 milhões.

Segundo Valim, a Net está perto dos índices de rentabilidade das operadoras de TV por assinatura dos EUA – mercado que é referência para o setor.

O executivo diz que não vê perspectivas de mudanças no rimo de expansão do número de clientes da empresa.

A Net terminou 2004 com uma base de 1,4 milhão de assinantes do serviço de TV, 6,6% acima do número do ano anterior. ‘Há um problema de renda no Brasil. Não dá para crescer 30% ou 40% ao ano’, ressalta.

No segmento de banda larga, a operadora conseguiu duplicar o número de clientes, para 188,8 mil. O negócio já representa 8% do faturamento.

Para a analista Luciana Leocádio, da BES Securities, a Net apresentou melhora em indicadores operacionais importantes. ‘O número de assinantes aumentou em TV e banda larga’, diz.

Apesar disso, Luciana pondera que uma avaliação mais precisa do resultado foi dificultada pelo grande número de itens não-recorrentes no balanço.

As ações preferenciais da Net tiveram alta de 1,53% ontem e terminaram cotadas em R$ 0,66 na Bovespa.’



Valor Econômico

‘Executivo vê espaço para consolidação no setor’, copyright Valor Econômico, 24/03/05

‘A reestruturação financeira da Net abre caminho para um processo de consolidação no setor de TV a cabo, avalia o presidente da operadora, Francisco Valim.

‘Não aconteceu antes no Brasil por causa da situação da Net. Tendo sido resolvido, é uma questão de tempo’, diz.

Para Valim, a Net deverá ter papel ativo nesse movimento e está mais para ‘consolidadora’ do que para ‘consolidada’.

A operadora terminou 2004 com 1,4 milhão de assinantes de TV e 188,8 mil em banda larga.

A Net concluiu nesta semana a reestruturação de sua dívida, com adesão de 98% dos credores – bancos, detentores de bônus da Multicanal e debenturistas.

A TVA, segunda maior operadora de TV a cabo do país, também finalizou um processo de saneamento financeiro em 2004. A empresa, do grupo Abril, alongou o vencimento de US$ 40,6 milhões em títulos externos.

Valim tem afirmado que a tendência para o setor no Brasil é restarem uma grande operadora ‘no céu’ e uma grande ‘na terra’. As empresas do ‘céu’ são de satélite, onde esse movimento já começou com o anúncio da fusão entre DirecTV e Sky.

‘Ter escala é importante nessa indústria.’, diz o presidente da Net. O executivo afirma que operar com poucos clientes pressiona a rentabilidade.

Segundo a ABTA (associação das empresas do setor), as operadoras investiram mais de R$ 10 bilhões para instalar suas redes. No início dos anos 90, havia a expectativa de que o país teria hoje um número superior a 10 milhões de clientes. O número real não chega a 4 milhões.’