Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

IstoÉ

COMUNIÇÃO CORPORATIVA
Manual da credibilidade

Luiz Chagas

‘Ao entrar em um supermercado, um consumidor típico se defronta com 40 mil produtos. Ao sair carregará na sacola 250 em média. Terá dito não a mais de 99,5% das mercadorias oferecidas, decisões tomadas em um curtíssimo espaço de tempo. O que faz essa pessoa optar por esta ou aquela marca é o valor que ela agrega ao produto. Uma questão de fé. De reputação. Questões como essa são exaustivamente debatidas no fartamente ilustrado A reputação na velocidade do pensamento – imagem e ética na era digital (Geração Editorial, 372 págs., R$ 49,90), do jornalista e consultor Mário Rosa, especialista em gestão de imagem. Prefaciado por Paulo Coelho, o livro é uma ampliação de A era do escândalo, que Rosa lançou no ano passado, trazendo casos de empresas que tiveram de lidar com abalos de confiança por parte dos consumidores. O autor não tem medo de falar em fé nesses tempos de ceticismo. Como exemplo, lembra que a mesma pessoa que não vê nada de mais em despachar uma foto do filho por meio de um prosaico celular para o outro lado do mundo é capaz de se horrorizar ao ver um alfinete sendo espetado na mesma imagem de papel. Um comportamento de raízes ancestrais.

Rosa explica que a palavra reputação vem do latim ‘putus’, que significa puro, sem mistura. A pessoa confia no celular. Tem fé. Pura fé. O homem constitui-se, segundo ele, de cabeça, tronco, membros e imagens. Citando o publicitário David Ogilvy, Rosa afirma que ‘comunicação não é o que se diz, mas o que os outros entendem’. Assim, reputações são destruídas com um clique de mouse. Hoje é comum assistirmos à intimidade de uma Paris Hilton, à queda de um Concorde, ao acidente que vitimou Ayrton Senna, à destruição do World Trade Center, aos flagrantes mais estapafúrdios, tudo isso sentados tranqüilos na sala de nossa casa. Mas, ao mesmo tempo, esquecemos que os elevadores, os prédios públicos e residenciais, as ruas, as estações de embarque, as empresas, os bares, os hospitais e as escolas, praticamente todos os lugares, estão equipados por câmeras de televisão apontadas para… nós.

Mas o controle tecnológico é equilibrado por uma força oposta representada pelo homem comum. Em 2004, seis mil câmeras digitais foram produzidas por hora no mundo, totalizando 74 milhões de unidades. Rosa cita no livro um caso em que o desgaste de imagem foi incrivelmente maior que o erro cometido: uma jovem coreana foi fotografada no momento em que permitia que seu cachorrinho fizesse sujeira no metrô. O registro da ‘barbaridade’ foi colocado na internet, a menina identificada, sua casa depredada, sua vida infernizada e o episódio virou notícia de destaque do jornal americano The Washington Post. Aquele que há apenas três décadas se dedicava a derrubar presidentes. Sinal dos tempos.’



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O Estado de S. Paulo – 2

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