Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

João Domingos

‘A ação de alguns burocratas do segundo e terceiro escalões do serviço público federal tem tirado do sério o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É profunda a irritação de Lula com servidores que, sem seu conhecimento e de forma estabanada, teimam em aprisionar a literatura, mudar regras da ética médica ou instituir a censura para algumas palavras, tendo por trás sempre a edição de alguma cartilha sugerida por ONGs ou grupos organizados.

Na semana passada, o presidente perdeu de vez a paciência com esse povo. E quem teve de ouvir seu desabafo foi o secretário de Direitos Humanos, Nilmário Miranda. ‘Quero que você tire meu nome dessa cartilha. Eu não autorizei nada disso’, disse Lula a Nilmário, assim que teve em mãos a cartilha Politicamente Correto & Direitos Humanos, editada pela secretaria de Nilmário. Lula mandou ainda recolher a publicação.

A cartilha, preparada por Perly Cipriano, subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, repetiu a Santa Inquisição da Igreja Católica medieval e pós-medieval. Criou, como aquela organização católica, um índex de expressões vetadas. Entre elas, ‘peão’, que o presidente não só usa em seus discursos, como se qualifica, ‘funcionário público’, ‘comunista’, e ‘a coisa tá preta’, entre outros mais de 90 itens.

Os burocratas do governo são mestres na arte de criar cartilhas e regras que só causam dor de cabeça ao próprio governo. Em julho de 2003, o professor de Comunicação da USP, Bernardo Kucinski, que trabalha na Secretaria de Comunicação do governo, montou um serviço de avaliação diária dos jornais e jornalistas. O boletim, intitulado A leitura da mídia, emitia conceitos – de arrepiar – sobre as notícias e os autores. Lembrava, entre outros pontos, alguns que chamavam a atenção: ‘Jornais podem deliberadamente não dizer a verdade, fatos são deturpados para torná-los torpes e sórdidos, informações são postas fora do contexto para reforçar aspectos negativos, jornalistas guiam o juízo de seus leitores, jornalistas mentem de forma difusa e repórteres de política fazem jornalismo mediúnico’.

A respeito desse último caso, Kucinski acusava os repórteres de ‘adivinharem intenções, visões, crenças, disposição de espírito e, até mesmo, os sentimentos dos protagonistas’. A circulação desse boletim foi suspensa depois que o repórter Rudolfo Lago, do Correio Braziliense, noticiou a existência da publicação, em julho de 2003.

Também foi Kucinski que criou o Serviço de Pronta Resposta, uma cartilha enviada a todas as assessorias de imprensa dos ministérios e órgãos públicos com a orientação para que ninguém cochilasse na vigilância à imprensa. Qualquer notícia que fosse considerada incorreta deveria ser imediatamente rebatida. A cartilha do assessor enumerava 15 formas de agir. Entre elas: dizer que o repórter se equivocou, abrir a carta com elogios ao profissional, numa redação bem curta, para ser aproveitada por inteiro, e dirigir o documento ao diretor de redação, ao ombudsman (quando existir), ao editor e ao repórter, além de falar da influência do jornal.

Na primeira quinzena de março, o Ministério da Saúde mandou aos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) cartilhas que orientavam os médicos a não exigirem mais o boletim de ocorrência policial para o aborto em vítimas de estupro, condição prevista no Código Penal. A providência provocou um intenso debate. Até que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, declarou que os médicos teriam sim, de exigir cópia da ocorrência policial. O Conselho Federal de Medicina (CFM) reforçou a exigência do boletim. A burocracia do Ministério da Saúde se aquietou desde então.

A idéia de mexer em dicionários, como a que ocorreu agora com a Secretaria de Direitos Humanos, não é nova entre petistas. A ex-deputada distrital Lúcia Carvalho (PT) chegou a apresentar à Câmara Legislativa de Brasília um absurdo projeto de lei que retiraria dos dicionários, dos livros didáticos e das obras literárias expressões que ela considerava de conotação machista. Lúcia enumerou algumas: mulher-macho, sapatão e paraíba mulher-macho, entre outras. Nesse último caso, desconheceu que a música de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira nada tem de machista.

Trata-se de uma letra política que homenageia a Paraíba que, em 1930, em conjunto com Rio Grande do Sul e Minas Gerais, lançou a candidatura de Getúlio Vargas à Presidência e de João Pessoa a vice. A coligação, a Aliança Liberal, foi derrotada por Júlio Prestes. João Pessoa foi assassinado.

Veio a Revolução de 30 e Getúlio foi declarado presidente. E a Paraíba, pequena e atrevida, foi homenageada numa letra que virou um baião famoso: ‘Paraíba masculina, mulher-macho, sim senhor.’



Carlos Chaparro

‘Não há boa entrevista sem boas perguntas’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 3/05/05

‘Se nas entrevistas jornalísticas as respostas são o que mais interessa, torna-se indispensável provocá-las com perguntas que fujam à previsibilidade. Não foi o que aconteceu na recente entrevista coletiva concedida pelo Presidente da República. Assistimos a um ‘embate’ em que, devido à previsibilidade das perguntas, preponderou o tom messiânico do discurso presidencial. Um momento politicamente medíocre, portanto. Mas no qual, até por isso, Lula e seus assessores quase ganharam de goleada.

1. Parabéns Panúnzio, parabéns Roberto!

Peço licença para adiar, até a próxima coluna, o tema anunciado na semana passada, sobre o poder das formas, no jornalismo. Estou certo de que merecerei um pouco mais da paciência de Iracema Torquato… E explico, já a seguir, o porquê do adiamento.

Trata-se de um brado inadiável, que resolvi fazer, contra a injustiça cometida, pela grande imprensa, com os repórteres Fábio Panúnzio, da TV Bandeirantes, e Roberto Maltchick, da Rádio Gaúcha. Na cobertura da recente entrevista coletiva finalmente concedida pelo presidente Lula aos jornalistas brasileiros, os principais diários do país utilizaram em manchete o conteúdo gerado pelas perguntas daqueles dois repórteres. Sem os citar.

Na verdade, todos nós sabemos que, em entrevistas coletivas, a criatividade individual dos repórteres cai na vala comum do anonimato, onde todas as perguntas são enterradas, as boas como as ruins. Isso tem lá o seu sentido. Afinal, em entrevistas coletivas, ainda mais tratando-se do Presidente da República, o que interessa são as respostas, não as perguntas. Mesmo a boa pergunta só é importante e ganha manchete quando a ela não é dada resposta.

Não foi o caso do presidente Lula. Mal ou bem, em tom mais messiânico ou menos messiânico, ele respondeu a todas as perguntas. Por vezes até com excesso de detalhes. Acontece, porém, que as perguntas feitas por Fábio Panúnzio e Roberto Maltchick foram as únicas que fugiram à previsibilidade. Lula não esperava por elas.

Panúnzio obrigou Lula a reconhecer erros do governo no episódio político da eleição do popular Severino para a presidência da Câmara, na resposta governamental aos problemas dos transportes e no uso dos juros como única ferramenta do combate à inflação. Maltchick, depois de lembrar dramas da realidade brasileira, teve o atrevimento de perguntar ao Presidente da República se ele conseguia dormir de consciência tranqüila – e incomodou tanto, que levou o presidente a cometer a maior gafe do evento, ao chamar de ‘cristão’ o judeu Roberto Maltchick.

Devemos, pois, a esses dois repórteres, as melhores partes da entrevista. Mereciam um ‘muito obrigado’ dos editores que, pelo país além, tiveram de titular a matéria, para os jornais do dia seguinte.

2. ‘Sinfonia decorada’

As outras 12 perguntas – todas dentro da previsibilidade para a qual o presidente fora exaustivamente treinado na véspera – pareciam partes de uma sinfonia decorada. Aliás, a entrevista, marcada quase em cima da hora, só foi agendada depois que os assessores das áreas de Imprensa e Comunicação do Planalto consideraram o presidente ‘pronto’ para o embate. Bem treinado, inclusive, para a tática de fuga por evasivas. E deu no que deu: Lula só não ganhou de goleada, graças às perguntas ‘fora do padrão’ de Panúnzio e Maltchick.

Convém, entretanto, e desde já, esclarecer que a imagem da ‘sinfonia decorada’, usada no parágrafo anterior, não tem qualquer intenção de apontar para acertos prévios entre entrevistado e entrevistadores – porque eles não existiram nem poderiam existir. O simples pensar uma coisa dessas já seria ofensivo à dignidade e à seriedade profissional dos jornalistas do Comitê de Imprensa do Planalto, cuja independência em relação ao poder é conhecida e inquestionável.

Mas que faltou criatividade e rebeldia às perguntas, lá isso faltou. E, aí, funcionou com perfeição a perspectiva da previsibilidade que orientou o treinamento ministrado ao presidente Lula, por seus assessores. Em favor de Lula funcionou, também, a inflexibilidade de algumas regras impostas aos entrevistadores, como a proibição de réplicas.

Vale a pena, até, revelar algumas facetas não divulgadas dessa entrevista coletiva.

3. Tática bem ensaiada

Nos últimos meses, o ministro Luiz Gushiken, responsável pelas coisas da Comunicação e da Gestão Estratégica no Governo, tem conversado discreta e informalmente com jornalistas credenciados no Planalto, sobre as questões do relacionamento entre a Presidência e a Imprensa. Duas queixas dos jornalistas afloraram nessas conversas: a ausência da prática de entrevistas coletivas para a imprensa brasileira e a sensação de que o Presidente tem pouco apreço pelos jornalistas, a ponto de nem pelo nome conhecer os que cobrem o cotidiano do Palácio – coisas entendidas como sinais de certo desprezo presidencial pelos jornalistas brasileiros.

A área de Comunicação do Governo começou, então, a trabalhar a hipótese de uma entrevista coletiva só para a imprensa nacional. A cada assessoria de imprensa dos Ministérios foi solicitado um elenco de ‘40 perguntas prováveis’, com os respectivos dados para as respostas. Criou-se, assim, na lógica da previsibilidade, a massa de conteúdos a serem processados, para o treinamento do presidente Lula.

Enquanto isso, nas conversas com os jornalistas, a reivindicação da entrevista coletiva foi sendo levada em banho-maria. Só na quinta-feira, praticamente em cima da hora, a entrevista foi confirmada.

Ao Comitê de Imprensa foram então propostas as regras para a entrevista: a) Seriam 14 os veículos convidados, nove dos quais (seis jornais e três TVs) com presença assegurada, por fazerem a cobertura diária do Planalto; b) As outras cinco ‘vagas’ seriam destinadas a uma rádio, uma revista, um correspondente estrangeiro, uma TV e um jornal regional – a serem escolhidos por sorteio, na presença do Comitê de Imprensa; c) Não seriam permitidas réplicas, regra imposta sem discussão; d) Cada jornalista faria apenas uma pergunta, com a devida identificação – o que permitiria ao presidente, ao responder, dirigir-se a cada um pelo próprio nome.

******

Nos salões e corredores do Palácio, a entrevista coletiva foi festejada como enorme sucesso. Considera-se, até, que com ela se abriu um novo patamar, no relacionamento entre o Governo e a Imprensa.

Pode ser. Mas todos nós gostaríamos que, para a próxima entrevista coletiva, também os jornalistas fizessem o seu treinamento direitinho, para se evitar a submissão à lógica da previsibilidade, que tanto ajudou os assessores de Lula. E à qual, desta vez, só Fábio Panúnzio e Roberto Maltchick escaparam.’



Guilherme Fiuza

‘Lula agradece comovido’, copyright No Mínimo (www.nominimo.com.br), 4/05/05

‘O Brasil está obcecado com Severino Cavalcanti e Romero Jucá. Estranha obsessão. Mas Luiz Inácio da Silva não tem nada a ver com isso. E está profundamente grato por não ter tido que falar dos grandes problemas nacionais em sua primeira entrevista coletiva após dois anos e meio de governo.

Mesmo as declarações flácidas e equivocadas ganharam luz verde e passaram impávidas. Lula disse que a taxa de juros não pode ser o único instrumento de combate à inflação. O eco respondeu: amém – sem prestar atenção no atestado de ignorância que um presidente da República acabava de passar.

A taxa de juros é um entre vários componentes do controle da inflação. Além da política cambial, que tirou a pressão sobre o dólar com a cotação flutuante, há a política de abertura da economia, que contém os preços internos na base da competição. Há também os investimentos em infra-estrutura – atualmente minguados – que reduzem os custos da produção e, conseqüentemente, os preços finais. Lula confessou que abandonou as estradas no acostamento, sem se dar conta de que esta omissão é inflacionária.

O principal instrumento antiinflacionário hoje não é a taxa de juros do Banco Central. É a política fiscal, da qual o presidente foi misericordiosamente poupado de falar em sua tão aguardada coletiva. O que é política fiscal? É o que o governo faz para não gastar mais do que arrecada. E o que fez o governo Lula neste último ano? Aumentou os gastos públicos em 11% (sem contar gastos com juros), uma proporção indecente em tempos de responsabilidade fiscal. Para piorar, apesar disso, os investimentos públicos caíram (as estradas são testemunha), ou seja, o aumento dos gastos foi em custeio – incluindo contratação de pessoal.

Entrevista coletiva não é paredão, e ninguém está aí para constranger deliberadamente o presidente, ou metralhá-lo politicamente. O aflitivo nessa história é o quanto parece formar-se uma atmosfera de fantasia em torno de Lula, na qual só se discutem Jucás, Severinos, Selics e traseiros. Há ou não há um governo no qual o partido do presidente mostra enorme apetite pelo loteamento da máquina? Fora o problema da politização da administração, não seria relevante o gasto adicional de 1,5 bilhão de reais ao ano provocado só com as contratações de pessoal em 2004?

Está certo que o emocionante em política são as eleições, ou reeleições, as polêmicas e as rasteiras. Mas o Brasil precisa prestar atenção na forma como seus parafusos vão sendo apertados no dia-a-dia. Se Lula é unha e carne com Antônio Palocci, o ministro festejado justamente por manter o equilíbrio fiscal, o que ele terá a dizer sobre esse brutal aumento de gastos promovido por seu próprio governo? Não se sabe, e provavelmente não se saberá até a próxima coletiva.

O fato é que os novos gastos públicos estão sendo cobertos pela histórica carga de impostos regada e azeitada pelo governo – outro tema que sumiu sob o fascínio pelos Severinos e Jucás. A opinião pública passa a vida ouvindo meias-palavras de ministros sobre uma redução imaginária da carga tributária, e quando o chefe do governo senta na cadeira da verdade, a conversa derrapa e vai parar na Venezuela.

O que trava a economia nacional, muito mais do que os juros do BC, são idéias como essa de garfar os prestadores de serviço – uma medida violenta, sem qualquer base legal, recentemente abortada às vésperas da aprovação final. Já seria o segundo aumento do governo Lula, o mesmo que aumentou todas as contribuições sociais das empresas que pôde, com destaque para o tarifaço da Cofins. Mas quem é que quer discutir Cofins, quando se pode discutir os traseiros do povo e o chope de sexta-feira à noite?

Seria interessante saber se o que Lula pensa e sabe de política tributária é tão profundo quanto a noção demonstrada sobre mercado de juros. Saber dele, por exemplo, o que pretende fazer quando essa bonança da economia internacional terminar, e pegar seu governo com os impostos no teto, juros idem e os gastos públicos inchados. Para onde ele pretende correr? Boa pergunta para a próxima coletiva.

O presidente deve ter ficado muito agradecido também por não ter tido que falar na medida provisória que assinou para Marta Suplicy, permitindo que ela driblasse a Lei de Responsabilidade Fiscal. E num contexto assim tão amistoso, falar de combate à fome seria até indelicado. Bingos e tráfico de influência na exploração de loterias, nem pensar. Mas então o caso Waldomiro Diniz está devidamente esclarecido? Bem, isso não é pergunta que se faça em casa de família.’



Eleno Mendonça

‘Duas coletivas por mandato’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 3/05/05

‘Juro por Deus que procurei na mídia avaliações sobre a ‘primeira’ coletiva do presidente Lula. Aqui e acolá alguns comentários, mas nada de crítica de verdade para a lamentável decisão de adiar tantas vezes o encontro com jornalistas. Primeiro, que diabos de democracia está na cabeça do presidente, que o faz dar uma coletiva com mais de dois anos de sua posse? Pela trajetória de Lula, pela história do PT, isso deveria ser um exercício no mínimo trimestral ou a cada seis meses. Portanto, de cara, isso revela um governo que não quer o contato com jornalistas e não quer dar satisfações daquilo que vem fazendo.

Esse assunto não é de economia, é mais geral, mas vou fazer uso dele até porque durante a ‘coletiva’ Lula não explicou vários pontos ou os deixou absolutamente nebulosos em relação à condução econômica. Para dizer de outro modo, em vez de esclarecer coisas de seu governo, como a permanência ou não do presidente do Banco Central, Lula usou do tempo para embromar. Sem dar o direito de réplica aos jornalistas, o presidente simplesmente respondia o que bem entendia. Talvez eu tenha sido um dos poucos que acompanhou a entrevista na íntegra. O fiz, tenham certeza, por dever de ofício. Não havia conteúdo capaz de prender a atenção de ninguém.

Um Lula do alto se referia às pessoas por querida, querido, querendo dar lições de moral do tipo: ‘Talvez você não tenha visto, mas eu fiz isso e aquilo…., talvez você não tenha lido, mas no meu governo….’. Se fosse qualquer outro governo o PT teria caído de pau. Como pode a primeira coletiva do presidente se dar com mais de dois anos no poder? E ainda por cima em clima absolutamente imperial, sem direito a réplica? E ainda com limite para 14 jornalistas?

Bem, mas seguindo na análise, Lula não foi profundo em nenhum assunto. Também mostrou desconhecimento quando perguntaram a ele se em seu governo as pessoas não se entendiam, na verdade uma crítica do ministro Furlan. Ele disse: ‘Eu não sabia disso e fico feliz por você me informar, vou falar com o Furlan’. Pois bastava a Lula abrir o jornal um ou dois dias antes. A crítica de Furlan foi submanchete no Estado. Ou ele tem um serviço de clipagem horrível ou é desinformado ou praticou o cinismo próprio dos que querem se esquivar de uma resposta do pior jeito possível.

Logo no começo, como quem quer amaciar o terreno, Lula disse que estava em falta, que a coletiva já deveria ter ocorrido; disse que está devendo várias entrevistas exclusivas e que está vendo os pedidos; disse que faria um discurso mas mudou de idéia para aproveitar melhor o tempo. Tudo não passou de jogo de cena. Com isso, na verdade, se pretendeu ter perguntas mais amenas e críticas dóceis nos jornais à falta de hábito de falar – até porque há sim a tal fila de pedidos de entrevista.

No lugar de coletivas e entrevistas o presidente prefere os discursos, a maioria de improviso, nos quais quase sempre derrapa e cai em enormes gafes. A última delas justamente sobre os juros, quando recomendou que os brasileiros tirassem o ‘traseiro’ da cadeira e corressem a buscar juros menores. Desagradou do Antonio Ermírio ao porteiro do meu prédio. Isso é que é ser unânime. Bem, mas na toada em que vamos, quem sabe Lula dê outra coletiva daqui a dois anos. Nada mal, não? Duas coletivas em quatro anos.’