Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Jornais destacam
entrevista de Lula


Leia abaixo os textos de sexta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Globo


Sexta-feira, 11 de agosto de 2006


ELEIÇÕES 2006
Lydia Medeiros


Tenso, Lula erra e renega ações do passado


‘RIO e BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT, não ofereceu respostas precisas sobre os casos de corrupção que envolveram seu partido e ministros do governo durante entrevista ontem ao ‘Jornal Nacional’, da Rede Globo. Lula, que diferentemente dos adversários não compareceu à emissora e foi entrevistado no Palácio da Alvorada, insistiu que só soube das denúncias (o mensalão e o valerioduto) ‘depois que aconteceram’.


Lula tentou isentar o PT, apesar de toda a cúpula do partido ter caído com as denúncias e ter sido denunciada ao Supremo Tribunal Federal por comandar a ‘organização criminosa’ do mensalão. E tampouco quis revelar os nomes daqueles que supostamente o traíram, segundo ele próprio declarara no ano passado. Lula aparentou tensão e ainda se confundiu ao tentar listar as ações do governo contra a corrupção, chegando a falar ‘combate à ética’.


– O procurador-geral da República foi escolhido por mim sem que sequer eu o conhecesse, numa demonstração de que o combate à ética significa você permitir que as instituições façam as investigações que precisam fazer – disse, nervoso.


Embora o comando do PT tenha se envolvido com o mensalão e o valerioduto, Lula disse que as denúncias não afetam o partido. O apresentador William Bonner insistiu, lembrando que havia ministros envolvidos, como José Dirceu, da Casa Civil, tratado pelo procurador-geral como ‘chefe da organização criminosa’. E perguntou ao presidente se ele duvidava da idoneidade e da competência do procurador. Lula se defendeu:


– Se tivesse, não tinha indicado. Procurador da República no meu governo indicia. Nos outros governos, engavetava – afirmou, acrescentando:


– É com esse grau de liberdade que quero que ele funcione, e é com esse grau de liberdade e respeitando o estado de direito que quero que as pessoas que foram indiciadas por ele vão ao Supremo Tribunal Federal.


Lula disse que como presidente é o responsável por qualquer erro cometido por um funcionário público, direta ou indiretamente, mas afirmou que só poderia ter agido de outra forma se soubesse:


– Eu só poderia fazer diferente se soubesse antes.


E comparou um presidente a uma família:


– Há famílias com problemas dentro de casa e a família não sabe. Como pode alguém querer que é o presidente da República, embora tenha de assumir responsabilidade, saiba o que está acontecendo agora na Secretaria (na verdade, delegacia) de Agricultura de São Paulo, com meus ministros que não estão aqui?


A apresentadora Fátima Bernardes então perguntou se ele acha que o eleitor espera dele responsabilidade como governante ou o comportamento de uma mãe que age com amor cego por um filho.


Lula insistiu que o governo está apurando as denúncias e citou o trabalho da Controladoria Geral da União, afirmando que fora criada em seu governo.


De novo, errou. O órgão foi criado pelo ex-presidente Fernando Henrique em 2 de abril de 2001. A primeira ministra da CGU foi Anadyr de Mendonça Rodrigues. Lula mudou o nome da CGU, passando a chamar o titular da pasta de ministro do Controle e da Transparência, e ampliou suas atribuições.


Bonner lembrou que Lula se solidarizara publicamente com ministros e petistas, mesmo acusados, num comportamento diferente daquele que adotava antes da Presidência, quando defendia punição para acusados antes da confirmação da culpa.


– Você deve estar falando de outra pessoa – disse Lula, afirmando que ele afastara Dirceu e Antonio Palocci.


Mas Lula também não foi correto neste ponto. O próprio Dirceu anunciou sua demissão, publicada no Diário Oficial como exoneração, a pedido, no dia 16 de junho de 2005. Fez um pronunciamento tendo atrás de si 18 ministros. Teve uma última reunião com o presidente, quando entregou uma carta. Chamou Lula de ‘querido companheiro e amigo’. Lula respondeu em carta chamando-o de ‘Querido Zé’.


O presidente também disse que afastou Palocci. Mas, no dia de sua saída, houve dúvidas sobre se ele estava se demitindo ou apenas de afastando do cargo temporariamente. Palocci se despediu afirmando que saía com a consciência tranquila e negando ter patrocinado ‘malfeitorias com recursos públicos’, numa cerimônia onde foi chamado por Lula de ‘mais que irmão’.


Erro sobre o tamanho do país


Ao falar sobre segurança, o presidente confundiu números sobre a extensão territorial do país. Disse que o Brasil tem 17 mil km de fronteira. E acrescentou:


– Não são 17 mil metros, são 17 milhões (de metros). São 7 milhões de fronteira marítima e 9 milhões de fronteira terrestre.


O presidente errou: são 23 mil km de fronteira, sendo 15,7 mil km de fronteira seca e 7,3 mil km de marítima. Ao falar em 9 milhões de fronteira terrestre, o presidente fez confusão com os números. Pode ter se lembrado dos mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados da extensão do território do país.


Ao encerrara entrevista Lula cometeu outro deslize: disse que os índices econômicos melhoraram e que ‘a única coisa que cai é o salário’.


COLABOROU Diana Fernandes’


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 11 de agosto de 2006


INTERNET
O Estado de S. Paulo


China desbloqueia servidor de blogs


‘EFE – Após meses de intensificação da censura do governo sobre a internet, os internautas chineses receberam uma boa notícia: o servidor de blogs Blogspot, um dos mais populares do mundo, se tornou acessível no país após anos de bloqueio. Desde ontem, o acesso a qualquer blog do servidor Blogspot está liberado. O Blogspot aloja muitos diários online com conteúdos polêmicos sobre a sociedade e a política chinesas. A China é o segundo país com mais internautas do mundo. São 123 milhões, atrás apenas dos Estados Unidos.’


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Google dá mais um passo para a biblioteca digital


‘O Google, maior site de buscas pela internet do mundo, anunciou ontem ter fechado um acordo para que os livros da biblioteca da Universidade da Califórnia fiquem acessíveis pela internet. O acordo reforça o projeto Google Book Search, uma controvertida tentativa do Google de digitalizar todos os livros do mundo e colocá-los na rede.


A Universidade da Califórnia tem mais de 100 livrarias espalhadas por suas dez unidades. A própria instituição classifica sua coleção de livros acadêmicos e de pesquisa como a maior do mundo. ‘Isto significa ainda mais acesso aos grandes trabalhos de áreas como história e cultura’, informou a direção do Google, em comunicado.


O acesso a livros com direitos registrados ficará limitado ao título, ao autor e a umas poucas linhas de texto, vinculadas à busca e de onde o produto poderá ser comprado ou tomado emprestado, explicou o Google. Entre outras instituições que já fecharam parcerias com o site de buscas estão as universidades de Harvard e Stanford e a Livraria do Congresso dos Estados Unidos.


O projeto Google Book Search causa enorme polêmica desde que foi anunciado. Editoras e escritores temem as perdas com direitos autorais e relutam em ceder suas obras. O Google argumenta que, pelo contrário, o projeto vai ajudar a vender mais livros, já que mostra apenas cinco páginas por busca: a mais relevantes, as duas anteriores e as duas posteriores. Nos EUA, o projeto foi combinado com serviços que mostram as livrarias mais próximas do internauta.’


TV DIGITAL
O Estado de S. Paulo


Samsung investe em TV digital no Brasil


‘O vice-presidente de Novos Negócios da Samsung, Benjamin Sicsú, disse que a empresa investirá US$ 15 milhões, nos próximos 30 meses em pesquisas para a empresa ter total controle de todas as tecnologias necessárias para produzir aparelhos de TV digital e conversores nos moldes do padrão que será implementado no Brasil. Sicsú estimou que a empresa poderia começar a vender aparelhos de TV digital no País em 2008.’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


MJ vigia Cobras


‘Cobras & Lagartos e Páginas da Vida estão na mira do Ministério da Justiça. Páginas está sendo monitorada por conta de cenas de nudismo e do depoimento polêmico de uma senhora, que gerou uma série de reclamações de telespectadores.


Já a situação de Cobras é mais complicada. O MJ instaurou um processo administrativo contra a Globo com base em denúncias sobre ‘diálogos discriminatórios’ e cenas impróprias para sua classificação etária, que é ‘livre’.


Segundo o processo, a Globo foi notificada pelo menos quatro vezes com relação ao conteúdo da novela das 7, que se não se adequar, pode ser reclassificada para mais tarde.


A última notificação, que fala sobre reincidência de alguns abusos na trama, foi enviada à emissora no início de julho, pedindo que a Globo envie suas alegações finais.


Entre as cenas que chamaram a atenção do MJ em Cobras está uma em que a personagem Milú (Marília Pêra) faz brincadeira se referindo aos nordestinos, o que na opinião do órgão pode ser entendido como discriminação. Cenas sensuais de Leona (Carolina Dieckman) também despertaram reclamações.


entre-linhas


A Globo voltou a rondar Selton Mello para que ele encare uma novela no próximo ano.


A Câmara dos Deputados arquivou o Projeto de Lei do ex-deputado Severino Cavalcanti, que propõe pena de prisão e multa para os responsáveis por exibição de cena de nudismo ou de relações sexuais na TV.


Corrigindo, Pé na Jaca, próxima novela das 7 da Globo, estréia em 20 de novembro.


A Band anuncia mudanças em sua grade de programação. O programa Vídeos Incríveis sai do ar e o De Olho nas Estrelas, de Leão Lobo, volta para a tarde, às 17 horas. A atração Bem Família ganhará mais tempo de duração, das 9 horas às 11h30, com novos quadros. A partir de segunda.


O SBT já muda o horário de Sobrenatural, do domingo, para as 22h30 de quinta-feira.


Manoel Carlos volta a tratar de alcoolismo. Será na segunda fase de Páginas da Vida com o personagem de Marcos Paulo.


E por falar na novela, Marcos Caruso se divertiu ao receber de um garçom em um restaurante ‘os pêsames’ pela morte de ‘sua filha’ Nanda.


O canal Sony estréia hoje, às 20h30, a nova comédia familiar Crumbs, protagonizada pelo ator Fred Savage, o Kevin Arnold de Anos Incríveis.


Maria Lydia deixou a Bandnews FM. Passa a se dedicar exclusivamente ao jornalismo da TV Gazeta.


Ele não passa despercebido


Ainda que Nova York esteja abarrotada de brasileiros, Alexandre Borges não esperava tanto. In loco para representar o filme Gatão de Meia-Idade na 4.ª edição do Festival de Cinema Brasileiro de Nova York, o bonitão tem sido assediado a cada esquina da Big Apple.’


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 11 de agosto de 2006


ELEIÇÕES 2006
Eduardo Scolese e Pedro Dias Leite


‘Eu afastei Dirceu e Palocci’, diz Lula, sob pressão no ‘JN’


‘Em entrevista ontem ao ‘Jornal Nacional’, pautada pelo escândalo do mensalão e por denúncias de corrupção contra seu governo e o PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou nervosismo em vários momentos. Cometeu duas gafes e foi, pela primeira vez, enfático ao afirmar que determinou o afastamento do então ministro José Dirceu da Casa Civil, em junho de 2005. Até então, ambos sustentavam que a saída havia sido negociada.


Lula afirmou também pela primeira vez no ‘JN’ ter demitido Antonio Palocci do Ministério da Fazenda, em março passado. Na época, Palocci saiu sob elogios do presidente.


Questionado sobre a demonstração de solidariedade a ministros afastados, Lula primeiro disse: ‘Eu afastei todos. Todos os que estavam dentro do governo federal foram afastados, todos, sem distinção. Todos os funcionários públicos de primeiro, segundo e terceiro escalões foram afastados.’


A seguir, questionado especificamente sobre Dirceu, o presidente disse: ‘Foi afastado. Foi afastado. Eu o afastei. Afastei o Zé Dirceu, afastei o Palocci, afastei outros funcionários que estavam envolvidos e vou continuar afastando.’ Segundo ele, ‘o governo não acusa, mas age’.


‘Querido’ e ‘grande irmão’


Oficialmente, Dirceu foi exonerado ‘a pedido’, dois dias depois de o autor das denúncias do ‘mensalão’, o deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ), ter dito em cadeia nacional: ‘Sai daí, Zé’.


‘Durante esses dias eu tenho conversado reiteradas vezes com o presidente Lula e hoje pedi e comuniquei ao presidente Lula que quero voltar à Câmara’, afirmou Dirceu, em 16 de junho de 2005. Sobre a reação de Lula, Dirceu disse na ocasião: ‘Ele aceitou meu pedido de afastamento do governo’.


Chamando o amigo de ‘querido Zé’, Lula escreveu: ‘Recebi seu pedido de afastamento das funções de chefe da Casa Civil. Decidi aceitá-lo, louvando seu desprendimento pessoal. Só pessoas da sua grandeza são capazes desses gestos’.


Na saída de Palocci, derrubado como o principal suspeito pela quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que o acusava de freqüentar a chamada casa de lobby em Brasília, Lula chegou a discursar e chamou o ex-ministro da Fazenda de ‘eterno companheiro’ e ‘grande irmão’.


Na entrevista ao ‘JN’, esperada com ansiedade por assessores palacianos, que o treinaram nos últimos dois dias para encarar perguntas sobre corrupção, Lula disse ter criado a CGU (Controladoria Geral da União). Na verdade, o órgão foi criado em 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso. Lula, ao assumir, deu status de ministério à CGU.


Dados preliminares do Ibope mostram que o ‘JN’ de ontem teve 39 pontos de audiência. A entrevista de Alckmin teve 45 pontos. A de Heloísa Helena (PSOL), 40 e a de Cristovam Buarque (PDT), 42,5.


Sobre a dívida de R$ 29,5 mil com o PT que teria sido paga, na versão oficial, por Paulo Okamotto, amigo de Lula e atual presidente do Sebrae, o presidente disse ontem: ‘Eu não devo ao PT, portanto eu não deveria pagar’. E acrescentou uma frase que teria dito a Okamotto: ‘Se você quiser pagar, você paga’


Lula ainda citou várias vezes a atuação da PF como uma marca de seu governo e procurou distribuir a culpa pela corrupção com governos passados. ‘Dá a impressão de que aconteceu ontem. Nunca foi presa tanta gente neste país. E de crimes que começaram em 85, 80, 90. São quadrilhas históricas no governo, que estavam embaixo do tapete e que resolvemos colocar os organismo públicos para funcionar’.


Mais tarde, em entrevista ao ‘Jornal das 10’, da GloboNews, questionado sobre sua declaração dos ‘300 picaretas’, afirmou: ‘Você não pode querer que um presidente da República fale a mesma coisa que ele falou há 13 anos atrás em Rondônia, que eu estava em Rondônia quando disse isso’.’


Catia Seabra Rogério Pagnan


Ausência em debates gera polêmica entre PT e PSDB


‘Os candidatos do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, e do PT ao Governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, foram seletivos ontem ao criticar a ausência de candidatos em debates na TV. Ambos pouparam seus correligionários.


Após dizer que a presença em debate é ‘um sinal de respeito ao eleitor’, se referindo à possível ausência de Luiz Inácio Lula da Silva, Alckmin atrapalhou-se ao ser questionado se não seria uma demonstração de desrespeito a falta de José Serra no debate da TV Gazeta, anteontem.


‘Não queiram me intrigar com o Serra. Não sei se tinha combinado. Vai ter outros debates. O que eu estou colocando é que, no caso da disputa presidencial, eu irei. E espero que o presidente vá também. Não há razão para ele não ir’, respondeu Alckmin, que encerrou a argumentação afirmando que ‘Serra responde por ele’. O candidato tucano alegou ter outros compromissos de campanha pré-agendados.


No debate da TV Gazeta, Mercadante atacou Serra por sua decisão de não participar. ‘Acho que o grande derrotado dessa noite é o PSDB, que se omitiu, que faltou, que não teve coragem, o candidato do PSDB, de vir aqui para defender os 12 anos do seu governo. Ele tinha obrigação moral de estar aqui. Depois de renunciar à prefeitura, renunciar ao debate democrático vai estabelecendo um padrão de comportamento.’


Quando questionado se cobraria de Lula o mesmo comportamento, o senador se limitou a falar: ‘Vamos aguardar’.


Segundo petistas ouvidos pela Folha, Mercadante já tem preparada a resposta para apresentar à opinião pública quando Lula se ausentar dos debates. Deve falar das estruturas do programa e dizer que foi uma escolha pessoal do presidente, do mesmo modo como agiu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.


O primeiro debate com candidatos à Presidência será na segunda-feira, na TV Bandeirantes. Alckmin disse que fez uma única exigência: ‘O que deve ser feito é colocar cadeira vazia para quem não vai’. O tucano disse que participaria de debates ainda que estivesse à frente nas pesquisas. ‘Faz parte da regra.’’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Agosto


‘Nas páginas iniciais dos americanos aos europeus e latino-americanos, as mesmas cenas se reproduziam -o aeroporto lotado, vôos cancelados etc. O destaque foi amplo, manchete em sites pelo mundo, mas alguns tratavam com distância, outros não, os anúncios de Londres e Washington de um quase atentado. O ‘New York Times’ usou enunciados na linha ‘Bush diz’ ou ‘autoridades britânicas dizem’; o ‘Guardian’ apelou para aspas; a Folha Online, para ‘suposto ataque’.


‘Wall Street Journal’ e ‘Financial Times’ tomaram os anúncios como fato, nos sites, mas sublinharam dados inusuais como o de que a notícia ‘leva o terror de volta à campanha eleitoral’ ou ‘Wall Street reage’, até mesmo ‘ações das empresas aéreas se reabilitam’.


Na home do ‘Washington Post’, a chamada ‘Líbano pode levar à guerra mundial’. Era artigo de Richard Holbrooke, ex-embaixador na ONU, alertando para a ‘reação em cadeia’, com os sinais de deterioração no Iraque, Afeganistão, Turquia, Síria, até Paquistão. No título do texto, referência ao atentado que originou a Primeira Guerra Mundial, ‘Os canhões de agosto’.


NA PAREDE 2


O casal de apresentadores e o ‘candidato’ ou ‘presidente’, ao vivo do palácio


William Bonner foi o ‘bad cop’, sem sorrir, elevando a voz para dizer ‘candidato’. Fátima Bernardes foi o ‘good cop’, sorrindo e falando, graciosamente, ‘presidente’. E ambos não deixaram Lula respirar, questionando sobre a ‘quadrilha’ denunciada pelo procurador-geral, sobre Paulo Okamotto etc. -chegando até a parar de perguntar, no caso do ‘bad cop’, para afirmar o contrário de Lula.


Este, de sua parte, sobreviveu relativamente bem -até se equivocar e dizer que em seu governo a única coisa que ‘caiu’ foram os salários, quase a sua última declaração. De resto, a entrevista podia ter sido desastrosa e não foi.


‘EU AFASTEI’


A cobertura pela web entrou de imediato com a notícia, no título da Folha Online, ‘Lula admite pela primeira vez que afastou Dirceu e Palocci do governo’. No título do Globo Online, ‘Lula: ‘Eu afastei o Zé Dirceu e o Palocci’.


Nos blogs, também de imediato, Fernando Rodrigues avaliou que ‘a entrevista foi de neutra para ruim para o petista, boa é que não foi’. Para Josias de Souza, a ‘única serventia foi exumar um personagem, o Lula ‘não sabia de nadinha’ da Silva’, e ‘a sorte dele é que o eleitor parece anestesiado’. Para Ricardo Noblat, ao dizer que não sabia, ‘Lula pode ter deixado no mínimo a impressão de que não controlava ações de subordinados, o que é ruim para ele’.


GUILHOTINA


Ao longo do dia, por conta do terror ao norte, foi terceiro destaque na Folha Online e segundo nos sites de ‘O Globo’ e ‘O Estado de S. Paulo’.


Era o relatório da CPI dos Sanguessugas, com o pedido de cassação de inacreditáveis 72 parlamentares, depois lidos um a um, mais as fotos, em pleno ‘Jornal Nacional’.


O blog de Josias de Souza, na Folha Online, relatou com ironia que em Brasília já chamam Amir Lando de ‘dr. Guillon dos trópicos’, referência ao ‘médico que, por alegadas razões humanitárias, sugeriu, à época da Revolução Francesa, a volta de um aparelho de cortar cabeças’.


DECANTAÇÃO


O que não fazem duas pesquisas de intenção de voto.


Na home page da Folha Online, em destaque, ‘Ausência de Serra em debate na TV cria saia justa para Alckmin’, para quem ‘ir aos debates é questão de respeito ao eleitor’.


No blog de Fernando Rodrigues, no UOL, ‘o prefeito de São José do Rio Preto, do PPS, anunciou que vai apoiar a insólita chapa Lula-Serra’. É a ‘decantação do quadro’.


Por fim, na home do portal Terra, ‘Suplicy defende governo Lula e critica Alckmin’. Em entrevista, o senador até ‘elogiou o rigor ético com que seu partido e o presidente Lula geriram a crise política’.’


MERCADO EDITORIAL
Sylvia Colombo


Grandes nomes da Flip exploram nichos editoriais


‘Uma ganhou o Prêmio Nobel e celebrizou-se, entre outras coisas, por abrir espaço para os negros no conservador mercado editorial norte-americano. A outra figura entre os novos valores da literatura britânica, falando abertamente sobre a sua homossexualidade.


Toni Morrison, 75, e Ali Smith, 42, que participam da 4ª Festa Literária Internacional de Parati (a primeira fala hoje, a segunda, amanhã), são, para além de seus talentos literários, dois retratos de como o mercado editorial internacional trabalha, já há gerações, com a idéia de explorar nichos específicos de público.


Penando para caminhar pelas ruas pouco uniformes de Parati, Morrison se disse satisfeita ao constatar que a literatura afro-americana hoje está no gosto dos leitores norte-americanos em geral. Quando começou a escrever e editar livros de outros autores desse ‘gênero’, nos anos 70, ela conta que atuava num universo muito mais restrito. ‘Hoje, eu fico impressionada ao saber que, em lugares como o Egito ou o Irã, os meus livros vendem bem. Percebo que, por mais que tratem de situações específicas dos afro-americanos, os temas são, no fundo, universais.’


Ali Smith, talvez uma das criaturas mais simpáticas desta Flip, confessa que sabe que está fazendo sucesso porque seu perfil de escritora está na moda. E que, quando essa moda passar, vai precisar de algo mais do que o acaso para continuar tendo espaço no mercado editorial. ‘Só resta apostar na inteligência dos leitores.’


Smith é homossexual e conta que o interesse do mercado em reforçar o espaço do rótulo ‘escritoras gays’ nas prateleiras a ajudou a conquistar espaço. ‘Sou homossexual e sou escocesa, numa época em que as editoras se mostram interessadas em ganhar público justamente nesses dois ‘nichos’, afirma, rindo.


É claro que ela não gosta de identificar-se com grupos fechados, mas diz que quer aproveitar essa moda editorial enquanto puder. ‘Não faz sentido classificar autores. Se você escreve, tem que se preocupar com suas histórias e nada mais. E, se você tem esse compromisso com a literatura, o leitor perceberá e comprará seus livros.’


Agenda em Parati


O Prêmio Nobel que Morrison ganhou, em 1993, não deixa também de ser, além de uma escolha de reconhecimento político (como o Nobel costuma ser), um sinal do crescente interesse editorial pelo rótulo ‘literatura afro-americana’.


Sem livro novo para apresentar, Morrison conta que deve ler trechos do mais recente lançado aqui, ‘Amor’ (2003), e fazer um balanço de seu trabalho.


Já Smith vem ler e comentar ‘Por Acaso’, romance que levou o Whitbread em 2005. Este é um prêmio inglês bastante renomado que indica as ‘tendências’ do mercado editorial. A simples indicação de um autor para sua lista de finalistas catapulta de forma explosiva as vendas de um livro.


Para além de modismos, entretanto, o romance de Smith mostra que a autora tem fôlego para sobreviver à onda que agora a está ajudando.


Com uma narrativa ao estilo joyceano, ‘Por Acaso’ narra a história de uma família em férias num vilarejo no interior da Inglaterra que se vê diante de uma desconhecida, a qual surge de repente e expõe as fragilidades dos laços entre seus integrantes. O texto muda de perspectiva o tempo todo e, a cada episódio, é um dos personagens que tem os pensamentos expostos. As reviravoltas e a sensação de estranhamento causada pelo desconhecido dão um clima de suspense que é seu trunfo.’


Marcos Strecker


Gourevitch elogia diálogo entre jornalismo e literatura nos EUA


‘Jornalismo é o tema do dia hoje na Flip. Mais especificamente, o ‘jornalismo narrativo’ e os limites entre jornalismo e literatura vão ser discutidos por dois grandes nomes da imprensa americana, a veterana Lillian Ross, da ‘New Yorker’, e Philip Gourevitch, editor da ‘The Paris Review’.


Ross transformou nos anos 50 uma série de reportagens com o cineasta John Huston em ‘Filme’ (Companhia das Letras), que já trazia o embrião do que ficou conhecido mais tarde como ‘new journalism’ e fez a fama de Truman Capote e Tom Wolfe, entre outros. Gourevitch transformou várias reportagens sobre os massacres de 1994 em Ruanda, produzidas para a mesma ‘The New Yorker’, no ótimo ‘Gostaríamos de Informá-lo de que Amanhã Seremos Mortos com Nossas Famílias’, livro que está sendo agora relançado no Brasil em edição de bolso (também pela Companhia das Letras).


Gourevitch elogia a literatura americana que surgiu dialogando com as revistas literárias e faz uma defesa enfática da influência da reportagem. ‘Isso é uma forma específica de literatura feita nos EUA, nos últimos 50 anos’, disse à Folha. ‘Não tenho uma teoria, mas tem a ver com atualidade, é uma forma americana marcada por nomes como Norman Mailer.’


Gourevitch, que já percorreu a África, a Ásia e a Europa, destaca aspectos essenciais para as reportagens: a atenção aos detalhes, o registro em notas, a checagem etc. Curiosamente, Ross ficou famosa por nunca tomar notas para suas reportagens e foi criticada por ficar amiga dos entrevistados.


E o mundo literário, está virando uma indústria de celebridades? ‘Muitos escritores adorariam que fosse assim’, diz Gourevitch. ‘Mas sempre foi assim. Quando Dickens visitou os EUA no século 19, já era assim’, disse. ‘E há excelentes bons autores que não querem ser celebridades, como Philip Roth’, acrescenta.


O jornalista americano não gosta de relacionar o seu livro com outra famosa obra que trata do delicado tema do genocídio, também surgida de reportagens para a ‘New Yorker’: ‘Eichmann em Jerusalém’, de Hanna Arendt. Ele reconhece que só leu as famosas teses sobre a banalidade do mal depois de relatar os massacres coletivos em Ruanda.


Ironicamente, diz Gourevitch, ‘Ruanda pode ter levado a Europa a impedir uma tragédia como a que ocorreu na Segunda Guerra’. ‘Mas na África isso pode voltar a acontecer.’’


TV DIGITAL
Folha de S. Paulo


Samsung diz que investirá US$ 15 milhões


‘A Samsung anunciou ontem que vai investir US$ 15 milhões em pesquisa e desenvolvimento para dominar a tecnologia da TV digital adotada no Brasil.


Os investimentos serão feitos nos seus centros de pesquisa no Brasil, na Coréia do Sul (sede da companhia) e em mais quatro países (Reino Unido, Japão, China e Polônia).


Segundo o vice-presidente de Novos Negócios da empresa para a América Latina, Benjamin Sicsú, o investimento será realizado ao longo dos próximos 30 meses, sob a supervisão do Brasil.


Ele disse que após esse investimento a Samsung não precisará comprar tecnologia de nenhuma outra empresa para produzir televisores e conversores para a TV digital brasileira e que os primeiros produtos deverão estar no mercado em 2008.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Governo Lula dá canal de TV ao Supremo


‘Responsável pelo julgamento de crimes de ministros e de presidentes da República, o Supremo Tribunal Federal (STF), órgão máximo da Justiça, ganhou do governo federal um canal aberto de televisão.


O Supremo já detém um canal a cabo, a TV Justiça. Nesta semana, o ‘Diário Oficial’ publicou portaria do ministro Hélio Costa (Comunicações) dando seis meses para o STF apresentar o projeto técnico para a instalação de uma emissora no canal 21 de Brasília (DF).


Como esse canal tem o status de geradora, o Supremo poderá pedir retransmissoras em dezenas de cidades, criando uma rede nacional. O Executivo já pensa nisso, tanto que irá abrir, com a implantação da TV digital, dez novos canais, do 60 ao 69, que nunca foram utilizados.


O ministro Hélio Costa disse que, por ser o Supremo um órgão público, bastou ao governo federal ceder o canal em regime de consignação. ‘É um canal em que alguém o usa enquanto o governo quiser’, explicou.


Segundo Celso Fonton Jr., coordenador da TV Justiça, o Supremo pediu uma emissora aberta para garantir espaço na TV digital e por orientação do novo conselho editorial da TV Justiça, que quer que o veículo passe falar de justiça para todos, e não só para a Justiça.


A TV Justiça transmite sessões e dois telejornais do Supremo, além de programas de outros tribunais, Ministério Público e associações de classe.


SESSÃO AVENTURA Para tentar levantar a audiência de ‘Bicho do Mato’, a Record vai injetar mais cenas de ação na novela. Na semana que vem, haverá uma explosão de carro com queda em ribanceira. É só o começo.


TELA FRIA Deu só um pontinho no Ibope o primeiro debate deste ano em São Paulo, entre candidatos ao governo do Estado, transmitido anteontem pela TV Gazeta. Foi lanterna no horário, em que havia a primeira final da Libertadores na Globo (48 pontos). O líder das pesquisas, José Serra (PSDB), não foi.


PLANO B Depois da surra na estréia de ‘O Aprendiz 3’, da Record, o SBT decidiu exibir o ‘game’ ‘Topa ou Não Topa’ aos domingos, e não mais às quartas.


BOLA DIVIDIDA 1 Globo e Record estão prestes a fechar um contrato em que a primeira revende para a segunda, por mais dois anos, os principais campeonatos do país, como o Brasileiro e o Paulista.


BOLA DIVIDIDA 2 A Record tentou, mas não conseguiu arrancar da Globo o direito de transmitir, aos domingos, um jogo diferente do dela. Para azar do telespectador (e da Record), as duas continuarão compartilhando a mesma partida.


RECURSOS HUMANOS Correspondente internacional e repórter esportivo, João Pedro Paes Leme está de volta ao Brasil. Assumirá a chefia de Redação da divisão de esportes da Central Globo de Jornalismo. Mas continuará aparecendo no vídeo.’


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