Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornais destacam o início das
entrevistas do JN com candidatos


Leia abaixo os textos de terça-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Globo


Terça-feira, 8 de agosto de 2006


FIDEL DOENTE
Miriam Leitão


Peru à cubana


‘Dois jornalistas brasileiros já foram enxotados de Cuba nos últimos dias, sem conseguirem entrar oficialmente no país. Helena Celestino, do jornal O GLOBO, e Sérgio Rangel, da ‘Folha de S. Paulo’. Aos dois foi avisado que ‘sua profissão está vetada aqui’. Esse bloqueio pode piorar se as notícias também piorarem e faz lembrar a inesquecível definição do mestre Sobral Pinto.


Ao ouvir o carcereiro justificar a ditadura com a afirmação de que se tratava de uma ‘democracia à brasileira’, Doutor Sobral deu a resposta que virou um clássico: ‘Existe peru à brasileira, não existe democracia à brasileira. Ela é universal.’


Só existe peru à cubana. Democracia é universal. Os avanços na área social em Cuba são notáveis, principalmente pelo absurdo e longo bloqueio vivido pelo país. Os avanços na medicina são admiráveis. O sucesso na educação, invejável. Nada disso pode ser perdido, mas nada disso justifica uma ditadura que prende e mata opositores, mantém por quase cinqüenta anos o mesmo governante, e que ‘veta’ a profissão de jornalista. A idéia de justificar uma ditadura pelo seu desempenho em qualquer área é tão obsoleta, que é um espanto que ainda tenha defensores. Mas tem.


Esse é um bom momento econômico para iniciar-se em Cuba uma transição política para a democracia. A economia está crescendo 8% ao ano graças ao níquel, que bate recordes de preços no mercado internacional, ao açúcar, às receitas do turismo e à ajuda da Venezuela. A Venezuela fornece mais petróleo do que Cuba consome e a um preço fortemente subsidiado. A Ilha reexporta o que sobra a preço alto. Excelente negócio.


Quando a enviada do GLOBO, Helena Celestino, foi impedida de entrar na ilha, ela tentou falar com o embaixador brasileiro Tilden Santiago, a quem havia informado anteriormente que estava indo para lá. O embaixador infelizmente estava no banho e lá ficou tanto tempo que os policiais disseram que o prazo havia se esgotado e ela foi deportada antes de desembarcar. A boa notícia para o Brasil é que, nos duros tempos vindouros, as relações bilaterais poderão contar com um profissional da envergadura de Bernardo Pericás, embaixador indicado.


A nota em que Fidel Castro anunciou seu afastamento foi a exibição perfeita da esdrúxula situação da ilha. Ele teve de delegar todas as funções que exerce. Fidel é primeiro-secretário do Partido Comunista, comandante-em-chefe das Forças Armadas, presidente do Conselho de Estado e de governo, líder do Programa Nacional de Saúde Pública, líder do Programa Nacional de Educação, líder do Programa Nacional de Revolução Energética. Ou seja, ele é chefe de governo, de Estado, das Forças Armadas e ministro da Saúde, da Educação e da Energia.


O fato de estar agora doente, aos 80 anos de idade, significa que Fidel Castro venceu a grande queda-de-braço de sua vida. Sobreviveu a toda a obsessão dos Estados Unidos por eliminá-lo fisicamente, que atravessou todos os governos americanos nesses 47 anos, independentemente de serem democratas ou republicanos. Ele assumiu quando quem governava os Estados Unidos era Dwight Eisenhower. John Kennedy veio em seguida e executou o plano deixado pronto de invasão de Cuba, a famosa, e fracassadíssima, invasão da Baía dos Porcos. Fidel está no seu décimo presidente americano e alguns deles tiveram dois mandatos. Recapitulando: passou por Eisenhower, Kennedy, Lyndon Johnson, Nixon, Ford, Carter, Reagan, Bush pai, Clinton e Bush filho. Permanece lá dando uma prova viva da incompetência da CIA.


Mais incompetente será o governo americano se achar que pode envolver países latino-americanos relevantes em qualquer ação contra a ilha. No Brasil, por exemplo, há ampla simpatia por Cuba e os cubanos, independentemente de se aprovar ou não o regime de Cuba. Cuba deve decidir seu destino, e não o governo americano.


Os Estados Unidos têm uma contradição insanável em sua política externa em relação a Cuba: é a do dois pesos, duas medidas. Hoje eles mantêm o bloqueio a Cuba argumentando que o regime cubano é ditatorial, e são os maiores parceiros da China – o maior déficit comercial do país é com os chineses – que é igualmente ditatorial. A secretária de Estado, Condoleezza Rice, fala da redemocratização de Cuba e nada tem a dizer sobre a da China. Os Estados Unidos têm em relação a Cuba uma velha birra. É só.


Se Fidel sair do hospital, como parece provável, ele terá tido com essa doença um aviso de como não deve ser sua sucessão. Seu irmão Raúl não apareceu em público, as notícias sobre sua doença foram bloqueadas, a nota que saiu foi apenas a autorizada por ele mesmo, e os jornalistas estrangeiros foram barrados. Parecia um revival daqueles obscuros episódios do falecido regime soviético. Fidel, se quiser preservar o legado positivo de 47 anos de melhora na área social, terá de encontrar um caminho de liberalização da vida política de Cuba. Claramente, o sinal dado agora é que esse é o começo do fim do regime castrista.


Mercado de olho no Fed


Ontem e hoje o mercado está com o olho no que vai acontecer no Federal Reserve (Fed, o BC americano). A maioria dos bancos e analistas, aqui e no exterior, acha que os juros americanos não vão subir e continuarão nos mesmos 5,25%. O problema é que o mercado já errou muito. Achava a mesma coisa quando estava em 4%, em 4,5% e em 5%. Se os juros subirem, só uma minoria estará posicionada e o mercado pode cair bastante. A resposta será hoje às 15h15m.’


CHINA
Gilberto Scofield Jr.


China acusada de restringir trabalho e coagir os jornalistas estrangeiros


‘PEQUIM. No momento em que a China se prepara para ser anfitriã dos Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim, com a expectativa de receber cerca de 20 mil jornalistas de todas as partes do mundo, o Clube de Correspondentes Estrangeiros da China divulgou ontem uma pesquisa com seus 210 membros de 21 países na qual a China é descrita como um país ‘onde a prisão de jornalistas estrangeiros é largamente praticada, ocasionalmente com o uso de violência não apenas contra os profissionais, mas contra suas fontes’.


Desde 2004, o ano em que a tocha olímpica foi entregue a Pequim, a associação recebeu 72 notificações de incidentes envolvendo jornalistas de 15 países. Nada menos que 38 profissionais foram presos em ocasiões em que cobriam assuntos cuja divulgação não era desejada pelo governo chinês, como acidentes ambientais, focos de epidemias, o flagelo das vítimas da Aids, protestos no interior ou nos grandes centros contra arbitrariedades do governo, como confisco de terras entre outros temas.


Em dez ocasiões, repórteres ou suas fontes sofreram algum tipo de violência física, como espancamento ou revistas. E em 21 casos, o equipamento de trabalho, como cadernos, computadores, câmeras ou gravadores foram destruídos ou confiscados.


– O controle da imprensa estrangeira vai contra o espírito olímpico e infringe a promessa feita ao Comitê Olímpico Internacional de que a cobertura jornalística de assuntos no país seria feita de forma livre – diz Melinda Liu, presidente do Clube de Correspondente Estrangeiros da China e chefe do escritório da revista americana ‘Newsweek’ em Pequim.


Melinda pediu ao governo que revogue a legislação que restringe o trabalho da mídia estrangeira no país, especialmente os pedidos de permissão para que determinadas reportagens sejam feitas e que sempre terminam negados pelo governo chinês.


– Em comércio, investimentos e muitas outras áreas, a China tem se beneficiado enormemente da abertura e da adoção dos padrões internacionais. Queremos que estes padrões sejam utilizados também no trato com os jornalistas estrangeiros que vêm trabalhar no país – disse ela.’


FLIP 2006
Bernardo Araújo


Experiência, matéria-prima da escrita


‘Um dos nomes mais aguardados da 4 Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que começa amanhã, com show de Maria Bethânia em homenagem ao escritor Jorge Amado, o americano Edmund White, de 66 anos, tem na própria experiência de vida a base para seu trabalho. Não por acaso, ‘Experiências’ é o nome da mesa que dividirá com a jovem escritora Nicole Krauss, no domingo, último dia do evento. White divide sua obra entre livros de memórias (verdadeiras ou romanceadas), biografias e o trabalho como jornalista, além do ativismo gay, no que foi pioneiro.


– Fico muito feliz em dividir uma mesa com Nicole Krauss, que considero uma de nossas melhores escritoras jovens – diz ele ao GLOBO, por e-mail, da Grécia. – Conheço o trabalho dela por causa da revista literária inglesa ‘Granta’, para a qual trabalho como jurado em uma busca por escritores de menos de 35 anos.


Amadurecimento durante período vivido em Paris


Além da experiência de crescer entre os subúrbios de Chicago e o estado de Ohio com a angústia de se considerar o único jovem ‘diferente’ (‘Procurava coisas para ler que me desculpassem pela maneira como me sentia, mas a biblioteca pública de Evanston, no Illinois, pouco tinha além de ‘Morte em Veneza’, de Thomas Mann, que sugeria que a homossexualidade era fétida, platônica e relacionada à morte’, disse ele num texto de 1991), White amadureceu ao viver 16 anos em Paris, na França, a partir dos anos 80.


– Certa vez um punk de cabelo azul me entrevistou num programa de TV na Inglaterra – lembra ele. – Ele disse: ‘O senhor é americano, escritor e homossexual. Quando descobriu que era americano?’ Respondi: ‘Quando me mudei para a Europa’. Em meus 16 anos em Paris pensei seriamente na minha identidade nacional, o que jamais havia feito.


Para ele, a importância do ativismo homossexual é maior para um americano.


– Qualquer escritor gay nos EUA, o país onde há uma política de identidade, não pode deixar de saber que seu trabalho será lido por pelo menos algumas pessoas como o trabalho de um gay – diz. – Tento não deixar a correção política limitar minhas memórias ou borrar a transmissão dos meus sentimentos, mas é inevitável que tenha consciência do meu público.


Não foi por acaso que ele escreveu biografias de Jean Genet e Marcel Proust (lançadas no Brasil pela Record e pela Objetiva, respectivamente), ambos escritores homossexuais.


– Acho que escolho personagens gays e geniais – diz. – Não havia uma biografia de Genet antes da minha, e ele certamente merece os sete anos de pesquisa e trabalho que lhe dediquei. Quanto a Proust, existem milhares de livros sobre ele, então me senti à vontade para escrever um livro interpretando seu trabalho, em vez de pesquisar. Agora gostaria de escrever uma biografia curta do poeta Walt Whitman.


‘Um escritor trabalha duro para não saber nada’


Apesar de retratar a realidade em quase tudo o que escreve, ele vê grande diferença entre o trabalho de jornalista e aquele de escritor.


– Um escritor tenta criar um silêncio em torno de si, para estancar o ruído dos códigos culturais e tentar ouvir alguma informação, por mais fraca que seja, vinda de si mesmo – diz. – Já um jornalista está ligado no mundo à sua volta. Um romancista escreve para a posteridade, enquanto um jornalista fala a seus contemporâneos. Um jornalista sabe tudo, um escritor trabalha duro para não saber nada, para jamais pegar um atalho, para não fazer uma referência. Um escritor apresenta, enquanto um jornalista cita. Acho que sou as duas coisas.


Apesar de se dizer feliz com a vinda ao Brasil, ele confessa que pouco conhece sobre a literatura do país.


– Tenho que admitir minha ignorância – diz. – Li as memórias de Caetano Veloso (‘Verdade tropical’) e adorei, assim como amo sua música.’


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 8 de agosto de 2006


ELEIÇÕES 2006
Ana Paula Scinocca


No ‘JN’, tucano diz que não aceita ser comparado ao PT


‘Ao abrir a série de entrevistas do Jornal Nacional com os postulantes à Presidência, ontem, o tucano Geraldo Alckmin, afirmou que não aceita ser comparado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à reeleição. ‘Antigamente a tese do PT era: somos diferentes de todos. E agora é somos todos iguais. Não, não, não. Não somos todos iguais. Não aceitamos isso’, disse.


Ele deu as declarações ao falar sobre as CPIs no Congresso e os pedidos de abertura de comissões de inquérito na Assembléia Legislativa de São Paulo, Estado que governou por seis anos. Alckmin insistiu em que as CPIs podem ser abertas em São Paulo e não há temor de investigação sobre sua gestão.


Durante pouco mais de 10 minutos, o ex-governador paulista falou sobre segurança pública – no dia em que foi registrada no Estado a terceira onda de ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) – e reforçou a tese de que esse é um problema que atinge todas as grandes cidades. ‘Se é uma questão dos brasileiros, é questão do presidente da República’, afirmou. ‘Não vou me omitir, não vou me esconder’, prosseguiu.


POSITIVA


O candidato foi aos estúdios da TV Globo, no Rio, acompanhado de assessores, do marqueteiro do PSDB, o jornalista Luiz Gonzales, e da filha mais velha, Sofia. A performance de Alckmin no Jornal Nacional foi considerada positiva pela cúpula do partido.


Candidato a vice na chapa de Alckmin, o senador José Jorge (PFL-PE) avaliou que o tucano demonstrou segurança mesmo diante de perguntas difíceis. ‘Foram 10 minutos e nada de propositivo. Se seguirem a mesma linha com o Lula será ótimo, porque ele vai precisar de mais de meia hora para explicar dólar na cueca, mensalão, sanguessugas e Aerolula’, comentou José Jorge, ao se referir aos escândalos de corrupção que marcaram o governo do petista.


Tido como homem tranqüilo, Alckmin aparentou tensão, principalmente nos primeiros minutos da entrevista. Durante sua aparição no Jornal Nacional, a audiência registrada pelo Ibope foi de 48,4%. Ao encerrar a entrevista, o tucano afirmou que seu compromisso com o País será com o crescimento. ‘Vamos gerar emprego, renda e trabalho’, prometeu, acrescentando que saúde, educação e segurança serão também prioridades.’


FIDEL DOENTE
O Estado de S. Paulo


‘Granma’ saúda o ‘jatobá Fidel’


‘AP E REUTERS – Numa de suas raras menções ao estado de saúde de Fidel Castro, o jornal oficial cubano ‘Granma’ publicou ontem declarações de ‘um amigo que esteve com ele’ e teria testemunhado sua rápida recuperação. ‘Há algumas horas, um amigo, depois de estar com El Comandante, e impressionado com sua recuperação, nos disse: É um caguairán!’


Caguairán é uma espécie de árvore da mesma família do jatobá. O ‘Granma’, em seu artigo, destaca que a árvore é quase indestrutível, assinalando que sua madeira compacta e resistente à maresia e à umidade tropical é ideal para uso em construções.


O jornal não identificou, entretanto, o ‘amigo’ que teria se reunido com Fidel Castro.


Por seu lado, a revista ‘Trabajadores’ informou que mais de 80 mil manifestações de trabalhadores em solidadariedade a Fidel se realizaram no fim de semana em várias cidades de Cuba. ‘Mais de 3 milhões de trabalhadores pudemos expressar nosso respaldo absoluto ao Partido (Comunista Cubano, PCC), a Raúl (Castro) e a nosso governo’, dizia a publicação numa ‘carta aberta a Fidel’.’


INTERNET & SAÚDE
Cristina Amorim


Rede mundial liga computadores ociosos para pesquisar câncer


‘Qualquer pessoa pode ajudar os cientistas a desvendarem o câncer. Com essa premissa um novo projeto integra o World Community Grid, ferramenta que usa o tempo ocioso dos computadores pessoais para processar dados científicos.


O projeto, chamado Help Defeat Cancer (em português, ajude a derrotar o câncer), foi lançado no fim de julho e se baseia na computação de grade. Ela divide as informações que precisam ser processadas em pequenos ‘pacotes’, distribuídos entre centenas ou milhares de colaboradores unidos em rede – no caso, a internet. Cada um resolve uma parte do problema.


Para participar, basta entrar no site (www.worldcommunitygrid.org) e baixar o programa de graça. Ele vai automaticamente trazer para o computador um dos pacotes, que será analisado sem atrapalhar qualquer atividade do dia-a-dia. Quando o processamento estiver terminado, o pacote será devolvido para a central e substituído por outro.


O aplicativo roda em qualquer PC e Mac, em Windows e Linux, e, como fica isolado na máquina, não corre o risco de contaminar qualquer programa caso infectado por um vírus.


FOCO


Neste caso são analisados tecidos cancerosos de mama, cabeça e pescoço. Eles são escaneados e digitalizados na Universidade de Medicina e Odontologia de New Jersey, nos Estados Unidos, e transformados por técnicos da empresa IBM, que administra o World Community Grid, em uma língua que o programa entende.


O objetivo é identificar assinaturas deixadas nos tecidos por marcadores biológicos do câncer, como alterações genéticas ou presença de certas proteínas. A informação é comparada com o tipo de tumor, estágio da doença e resposta ao tratamento.


‘Essa tecnologia nos permite rodar mais experimentos do que seria possível normalmente. Em um dia processamos a mesma quantidade de dados que tomaria mais de cem anos pelo método tradicional’, explica o coordenador do projeto, David Foran.


Ele espera terminar esta fase em três meses. Cerca de 4 mil imagens retornam para a central por dia – o único problema que a equipe de cientistas enfrenta é manter o ritmo acelerado do programa.


‘Ele nos permite procurar pistas para prognósticos, que levarão a terapias mais refinadas para os pacientes.’ Outros tipos de câncer podem ser incluídos depois, com financiamento dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos.


VERSATILIDADE


Este é o terceiro projeto do World Community Grid: o primeiro, lançado em novembro de 2004, mapeia as proteínas humanas e já está na segunda fase. O segundo projeto, de novembro de 2005, busca drogas candidatas a combater o vírus da aids. Os coordenadores dos projetos, para usar a ferramenta, concordam em deixar os dados na internet, para quem quiser ver.


Essa não é a única iniciativa que junta ciência e computação de grade. A primeira vez que ela foi usada em larga escala, com a participação de usuários pelo mundo, foi no projeto Seti@Home, que vasculha o universo em busca de sinais extraterrestres.


Em 2003, um grupo identificou 44 tratamentos potenciais para a varíola em apenas três meses – algo que levaria mais de um ano pelo procedimento normal. No dia 1º deste mês, a Universidade da Califórnia em Berkeley deu início ao Stardust@Home, que analisa dados de uma sonda espacial que intercepta partículas microscópicas de poeira interestelar.


O estudante Leandro Biondo, de 22 anos, migrou do Seti@Home para o World Community Grid. ‘Não acho que procurar ETs seja mais importante do que a pesquisa biológica.’ Ele participa de um grupo que reúne mais de 200 brasileiros e 500 máquinas neste projeto.


Alguns grupos competem: quem conseguir processar mais dados, que abastecem um ranking no site, ganha. ‘Há pessoas que só participam para ver os pontos correndo, principalmente os mais jovens’, diz Biondo. Mas há quem apenas simpatiza com a idéia. ‘Ela pode ou não dar resultado, como qualquer pesquisa, mas pelo menos a gente faz alguma coisa.’


Segundo Cezar Taurion, gerente de Novas Tecnologias Aplicadas da IBM Brasil, ainda há potencial de crescimento para a ferramenta. O processador de um micro usa normalmente de 1% a 2% de sua capacidade. E há mais de 800 milhões de computadores pessoais no mundo.


Além do caráter filantrópico, Taurion acha que a computação de grade poderá ser usada em modelagem financeira e prospecção geológica, por exemplo, com lucro para a empresa. ‘Queremos mostrar sua viabilidade, amadurecê-la. A tecnologia é uma das forças que transformam a sociedade.’’


BONO NA FORBES
David Carr


Bono entra na Forbes. Como sócio


‘Desde a morte do legendário editor Malcolm S. Forbes, em 1990, seus quatro filhos e sua filha vendem seus estimados bens aqui e ali – seu jato particular, a coleção de ovos Fabergé, uma cópia manuscrita do último discurso de Lincoln. Em suas memórias, o pai sugeriu que seria natural e adequado os filhos fazerem isso. Mas até ele se espantaria com a venda mais recente.


Na sexta-feira, os filhos venderam uma fatia minoritária significativa de uma companhia recém-formada, a Forbes Media – que inclui a revista Forbes, criada há 89 anos por seu avô, B. C. Forbes, o website Forbes.com e algumas propriedades de mídia menores -, para o grupo de investimentos Elevation Partners. Malcolm Forbes, que gostava de gaitas de foles da Escócia, poderia ficar ainda mais surpreso ao saber que um dos novos donos da companhia é Bono, cantor da banda U2 e um dos seis sócios do Elevation.


‘Meu pai e meu avô aprovariam’, disse Steve Forbes, falando por telefone do escritório da Forbes em Manhattan ao lado de Roger McNamee, diretor e co-fundador do Elevation. ‘Ninguém é mestre do próprio universo. O tempo e as circunstâncias mudam. Queríamos meios de aproveitar as enormes oportunidades diante de nós, e o Elevation entende de tecnologia, mídia e impressão. Não é apenas uma fonte de capital; é uma fonte de discernimento.’


Forbes sublinhou que a companhia buscava flexibilidade operacional, e não liquidez familiar, mas estava claro que um modelo de negócio ‘destruído pela internet’, como disse ele, pesara para a família. A revista, tomada pelo otimismo do boom digital do fim dos anos 90, pagou caro em termos de credibilidade e páginas de publicidade quando o mercado entrou em colapso. Duas campanhas presidenciais de Forbes também se mostraram custosas.


Há pontos favoráveis: o investimento agressivo da própria companhia em tecnologias digitais mostra lucros significativos e as vendas de publicidade na revista parecem se recuperar. Mas os irmãos Forbes têm lutado para manter os lucros de sua revista de negócios, o que não combina com uma grande companhia de mídia num momento em que a publicidade foge do meio impresso.


A Forbes e o Elevation se estudaram durante vários meses antes de se envolverem em negociações sérias nas últimas semanas. Os termos da transação não foram divulgados, mas algumas fontes disseram que o acordo deu ao Elevation uma fatia de mais de 40%, a um custo entre US$ 250 milhões e US$ 300 milhões.


McNamee qualificou a aliança com a Forbes de ‘momento de definição de marca’ para o Elevation, uma sociedade relativamente nova concebida por um astro do rock e dirigida por alguns dos mais bem-sucedidos investidores de capital da Costa Oeste dos EUA.


‘Isso mostra que estamos no negócio de ajudar os criadores de conteúdo da mídia tradicional a lidar com a transição imposta pela internet’, afirmou ele. Bono não esteve diretamente envolvido nas reuniões com a Forbes, mas McNamee disse que o cantor foi atraído pela revista porque ela ‘tem um ponto de vista’. Ele acrescentou que Bono ‘dirigiu essa parte da discussão e gosta do fato de haver uma filosofia coerente ao longo da história (da revista)’. Mas ficou claro na conversa com McNamee que seu grupo adquiriu um website com uma revista anexa, e não o contrário.’


GRATUITOS EM ALTA
O Estado de S. Paulo


Murdoch vai lançar jornal gratuito em Londres


‘AFP – O magnata da imprensa Rupert Murdoch, da News Corp., lançará no dia 18 de setembro em Londres um novo jornal vespertino gratuito. O jornal, thelondonpaper, com uma tiragem inicial de 400 mil exemplares, vai concorrer diretamente com o também vespertino Evening Standard, publicado pela Associated Newspapers. O novo jornal terá 48 páginas coloridas e será distribuído no centro de Londres a partir das 16h30. Segundo os analistas, o Evening Standard pode se ver obrigado a voltar a ser gratuito, pelo menos no centro da capital, para resistir a esta nova concorrência.


A tiragem do Evening Standard registrou quedas regulares recentemente. Atualmente, é de 310 mil exemplares. Esta é a primeira vez que o grupo de Murdoch, proprietário dos jornais The Times e The Sun, lança um novo periódico na Grã-Bretanha.’


TELEVISÃO
Etienne Jacintho


TVA já negocia canais Globosat


‘A TVA finalmente está negociando a entrada dos canais Globosat em seu line-up. Depois da resolução do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de quebrar a exclusividade desses canais nas operadoras Net/Sky, a TVA está tentando chegar a um acordo que seja viável financeiramente.


O Canal Brasil – cuja distribuição há muito era do interesse da Net/Sky – já está disponível pela TVA, mas uma regra da Globosat está dificultando a aquisição dos demais canais pela TVA e pela NeoTV. Apesar de disponibilizar seu menu para outras operadoras, a Globosat exige que a aquisição seja feita por pacotes. Provavelmente, um deles contém os cinco canais da Rede Telecine e um outro, o mais visado, inclui Multishow, GNT, GloboNews, SporTV e todos os canais pay-per-view do Campeonato Brasileiro de futebol.


O SporTV e principalmente os canais em pay-per-view são o maior alvo da TVA. Isso porque grande parte dos assinantes da Net escolhe a operadora por causa do esporte.


‘Agora estamos negociando preço para todos os canais, inclusive pay-per-view e Telecines’, conta a diretora-superintendente da TVA, Leila Loria. ‘O problema é ter de comprar o pacotão.’ Para Leila, neste aspecto, a decisão do Cade ‘decepcionou’.


A decepção vem do fato de que a TVA trabalha com uma maior flexibilidade de pacotes do que a concorrência, e seria inviável oferecer aos assinantes um preço mais competitivo em cardápios que incluíssem os canais Globosat.


A negociação de venda dos canais Globosat individualmente ainda está em processo no Cade. Quem está à frente da empreitada é a NeoTV.


Enquanto a solução não vem, a TVA investe no chamado canal Free View, que contém séries, filmes e animações para toda a base de assinantes, independentemente de pacote.


entre- linhas


É um paradoxo: em temporada de eleições, quando o jornalismo teria de ganhar prioridade, o SBT tira do ar o SBT São Paulo, com Carlos Nascimento, sob a alegação de que o horário eleitoral exigirá mudanças na grade. E, sendo um produto local, o noticiário foi a vítima mais fácil. Quem entende esse baú?


Para reaproveitar atores que acabaram de sair do ar, a Record apela para a técnica usada pela Globo: repaginação de visual. Em O Senhor da Guerra, Marcelo Serrado, Vanessa Gerbeli e Lavínia Vlasak – de Prova de Amor – vão ganhar nova cabeleira.’


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 8 de agosto de 2006


ELEIÇÕES 2006
Folha de S. Paulo


No ‘JN’, Alckmin defende política de segurança e promete baixar IR


‘Num dia marcado por novos ataques do PCC, a crise da segurança de São Paulo consumiu um terço dos quase 12 minutos da entrevista concedida pelo candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, ao ‘Jornal Nacional’, da Rede Globo.


Mais uma vez, Alckmin tentou federalizar a crise ao afirmar que ‘todas as grandes cidades brasileiras têm problemas de segurança’. Mas usou a primeira pessoa do plural ao defender firmeza no combate ao crime. ‘Não podemos retroagir. Não devemos retroagir. Temos o dever de enfrentar’, disse ele, pouco antes de pregar uma legislação rigorosa para ‘apertar o crime organizado’.


Após lembrar a prisão de 90 mil no Estado, Alckmin insistiu no discurso de que os ataques são uma reação à política adotada pelo seu governo. Segundo ele, são ‘ verdadeiras máfias, tentando fazer o governo recuar’. ‘Essa questão dessa noite, já foram 12 presos, dois mortos no combate e esses 12 vão dizer quem mandou’, disse.


Mais tarde, à Globonews, Alckmin disse estudar ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, de R$ 1.357,12 para R$ 2.000. ‘Dá para subir. Tributar assalariado com renda menor de R$ 2.000…’


Também à Globonews, Alckmin disse que ‘do jeito que está, é melhor acabar com a reeleição’. Na chegada ao Rio, voltou a insinuar motivação política – ‘uma estranha coincidência com o momento eleitoral’ – para a nova onda de ataques. ‘Interessante. Sempre em época de eleição é que acontecem essas coisas.’ O tucano acusou o governo federal de não destinar R$ 100 milhões prometidos a São Paulo.


Ao ‘JN’, numa entrevista em que teve até de explicar a ligação do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) com o publicitário Marcos Valério – ‘Não tenho compromisso com erro’, disse – Alckmin fez malabarismo com números. Ao justificar os anúcios da Nossa Caixa em publicações de aliados, disse que o orçamento deste ano para a publicidade é menor do que em 2005. Só omitiu que, no primeiro semestre, o governo dobrou os gastos em relação ao mesmo período de 2005.


Alckmin disse que, dos 69 pedidos de abertura de CPI na Assembléia, ‘a maioria nem se relaciona com o governo do Estado’. São 37. Cobrado a explicar por que o governo tucano não deu reajustes significativos a aposentados – ‘Um erro não justifica o outro’ -Alckmin chamou de incorreto o critério de um governo que ‘que não tem R$ 7 bilhões para quem ganha pouco, mas tem R$ 9,5 bilhões para completar o fundo de pensão da Petrobras’.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Virando rotina


‘‘A fumaça preta no céu de São Paulo mostra que a semana começa mal.’ Era a Record, na madrugada, com o incêndio no estacionamento atrás do Deic. A ‘terceira onda’ não surpreende mais. Globo, Record e outras, em poucas horas, apareciam de norte a sul com helicópteros e tudo mais, em links ao vivo. O tom, também nas rádios, era de mais um dia, o que os blogs paulistanos expressaram melhor. De Xico Sá, no iG:


– Não há uma nova onda. Os ataques não cessaram desde maio. O terrorismo parece ter vindo para ficar. Endêmico e banalizado, nem causa pânico. Fala-se dele como se comenta São Paulo e Inter na quarta.


E de Marcelo Coelho na Folha Online, após falar de Geraldo Alckmin jogando malha em bairro da cidade:


– O melhor seria que adotassem coletes à prova de bala… Na terceira onda, dois postos de gasolina perto da minha rua foram atingidos. Já está virando rotina.


NA PAREDE


Entre sorrisos, William Bonner e Fátima Bernardes atiraram perguntas sobre a crise da segurança em São Paulo, as CPIs engavetadas, Eduardo Azeredo, FHC -sem trégua. Entre sorrisos, Alckmin escorregou


INFLUÊNCIA


Sites, portais e blogosfera brasiliense, em contraste com telejornais e blogs paulistanos, abriram destaque para os esforços do ex-governador, do governador e do secretário de repassar o problema adiante -e do ministro de devolver.


Registre-se que o jornal ‘Valor’ noticiou dias atrás, em título, que ‘Saulo retoma influência na campanha de Alckmin’. Ele participa da ‘elaboração do programa de combate à violência urbana’.


COMANDO


No exterior, não demorou e os despachos surgiam no NYT.com, WP.com etc. No título da Reuters, ‘Gangue em São Paulo ataca de novo’. No texto, ‘a violência levantou dúvidas sobre a capacidade do governo estadual de controlar as prisões superpopulosas’.


No dia anterior, domingo, os mesmos e outros sites traziam longa reportagem da Associated Press, sob o título ‘Gangue brasileira comanda as ruas desde as prisões’.


ZÉ DIRCEU, O BLOGUEIRO


Na home do site, ao longo do dia, destaque para estréia do blog, com posts sobre Fidel Castro, a violência em SP etc.


Estava no ar há dias, mas o iG só abriu ontem para a ‘estréia’. Com atualização constante, no correr do dia o ex-ministro reproduziu o recado de ‘um amigo de 50 anos’ de Fidel (‘posso assegurar que o pior já passou, não há mais perigo’); reproduziu conversa com o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, com críticas à política monetária; e, sobre o PCC, perguntou em título ‘cadê o gabinete de gestão integrada?’. Nos posts anteriores, defendeu uma reforma política ‘já’, mas não Constituinte, e questionou ‘a oposição e seus prepostos na mídia’ sobre o suposto ‘auge do esquema de sanguessugas em 2002’, dizendo:


– Não se trata de disputar campeonato de corrupção com os tucanos, mas de colocar as coisas no devido lugar.


50 MILHÕES E DOBRANDO


Saiu ‘O Estado da Blogosfera’, o relatório de David Sifry com números do Technorati, o serviço de busca em blogs que ele fundou. Os blogs brasileiros de mídia Blue Bus e Tiago Dória destacaram, respectivamente, que 2% dos posts em blogs do mundo são em português e que os blogs monitorados já chegam a 50 milhões. Do relatório de Sifry, um outro destaque de impressionar: a blogosfera dobra de tamanho no mundo a cada seis meses e meio.


PHOTOSHOP


A blogosfera fez de novo. Após expor erros do ‘NYT’ à rede CBS, chegou a vez da Reuters. O blog Little Green Footballs postou no dia 5 que a agência havia manipulado a foto de um ataque no Líbano, acrescendo fumaça. Demorou, mas a Reuters admitiu.


BONO E FORBES


O ‘NYT’ destacou ontem que Bono, do U2, ‘comprou um pedaço da ‘Forbes’, revista que é um ícone do capitalismo americano. Steve Forbes, o ‘publisher’, deu entrevista e disse que o modelo empresarial foi ‘atingido pela web’, daí a abertura do capital.’


BONO NA FORBES
Folha de S. Paulo


Fundo do cantor Bono compra ações da Forbes


‘O fundo de investimentos Elevation Partners, de Bono, vocalista do grupo de rock U2, comprou uma participação na Forbes Media, grupo que tem a revista ‘Forbes’, site na internet e outros propriedades de mídia.


Os termos do negócio não foram revelados. ‘Esse investimento da Elevation Partners irá agora acelerar nossa busca por diversas oportunidades bastante estimulantes de crescimento’, disse o executivo-chefe da Forbes e editor-chefe da revista do grupo, Steve Forbes.


‘Elevation’ é o nome de uma das faixas do CD ‘All That You Can’t Leave Behind’, de 2000.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Record contrata repórter especial da Globo


‘Depois de um ano de tentativas, a Record finalmente está conseguindo contratar um repórter especial da Globo, peça que faltava ao seu ‘projeto’ de jornalismo espelhado no da principal concorrente.


A Record já tem uma carta em que Arnaldo Duran, repórter especial da Globo no Rio de Janeiro, se compromete a trabalhar para ela a partir de 1º de outubro. Na emissora, Duran será repórter especial baseado em São Paulo e não terá uma área específica de atuação.


Embora menos ‘estrelado’ do que Caco Barcelos e César Tralli, que a Record já tentou seduzir com salários bem maiores que os pagos pela Globo, Arnaldo Duran está sendo considerado pela rede do bispo Edir Macedo como o ‘supernome’ que procurava.


Na Globo, Duran se destacou em transmissões ao vivo do Carnaval carioca e na cobertura dos ataques terroristas às torres do World Trade Center, em 2001, quando era correspondente nos Estados Unidos. Antes, ele trabalhara para o SBT e para a CBS Telenotícias, canal jornalístico produzido em Miami, mas voltado para o Brasil e que não vingou. Seu atual contrato com a Globo vence em 30 de setembro.


No início deste ano, a Record quase contratou Carlos Dorneles, outro repórter especial da Globo. A emissora, no entanto, desistiu de bancar multa de R$ 2 milhões que o repórter teria que pagar à Globo.


DEMITIDO 1 O desempenho de ‘O Aprendiz 3’ em sua estréia, anteontem, não agradou à cúpula da Record. O programa de Roberto Justus levou uma surra de Silvio Santos no Ibope. Deu média de oito pontos, contra 15 do novo ‘Topa ou Não Topa’.


DEMITIDO 2 Na média, ‘O Aprendiz’ foi o terceiro programa mais visto, mas chegou a ficar em quarto lugar durante 20 minutos, perdendo para o ‘Pânico na TV’. Na Record, já há quem defenda que o ‘reality’ saia dos domingos e volte para as quintas.


ANUNCIE AQUI O SBT finalizava ontem negociações com o Bradesco pelo patrocínio de ‘Topa ou Não Topa’ _que deverá ser exibido às quartas-feiras, mas só depois da final da Libertadores.


ZONA CINZENTA 1 Seguranças que trabalharam no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, onde foram gravados os shows do ‘Criança Esperança’, fizeram um ‘rapa’ nos cinzeiros colocados em uma área ao ar livre no acesso VIP pouco antes de Xuxa Meneghel chegar ao local, no sábado.


ZONA CINZENTA 2 Xuxa, que não tolera cigarro, teria proibido fumarem em um raio de 30 metros dela.


ALERTA ROSA CHOQUE Ontem, Xuxa ficou 50 minutos atrás ou empatada com o ‘Hoje em Dia’ (Record).


TOP OF MIND A cúpula da Globo não escondeu o constrangimento ao ver o cantor Daniel, no ‘Criança Esperança’, dizer que era um prazer ‘estar aqui no Teleton’.


NO AR Se os novos ataques do PCC persistirem, a Record estreará hoje, na ‘hora do almoço’, seu novo telejornal local, o ‘SP Record – 1ª Edição’, que inicialmente só estava previsto para entrar no ar na próxima segunda.’


Thiago Ney


MTV no divã


‘A adolescente cresceu. Emissora que se propõe a falar com o jovem, a MTV completa 25 anos de vida neste mês. Nesse relacionamento com a música pop, a data ilumina a encruzilhada vivida pelo casal -aquele momento conhecido e temido por muitos: a hora de discutir a relação.


Em 1º de agosto de 1981, ‘Video Killed the Radio Star’, dos Buggles, inaugurava as transmissões da MTV nos EUA. Menos pelas qualidades artísticas, a canção foi escolhida por simbolizar a chegada da nova era. A partir de então, gravadoras, artistas e público teriam que se adaptar à realidade do clipe.


Mas, aos poucos, a emissora foi mudando. Paulatinamente, os clipes foram sumindo para dar lugar a programas variados. Estratégia para conservar a audiência jovem. ‘A MTV sempre procurou permanecer jovem e evoluir de acordo com sua audiência. Para isso, é importante espelhar nossa audiência deste momento, e não a audiência do passado.’ Assim Marnie Black, porta-voz da MTV norte-americana, justificou a tímida (ou falta de) comemoração da chegada desses 25 anos.


Se nos anos 80 e nos 90 a MTV permanecia como principal veículo de divulgação de artistas pop, há alguns anos ela se vê obrigada a dividir atenções com outras TVs e internet.


‘A última grande revolução da própria MTV, a ponto de influenciar comportamento, moda etc., foi com o grunge. A MTV não foi responsável pelo advento do grunge, mas a bandeira dela estava lá na frente quando o grunge apareceu’, diz o ex-VJ Fábio Massari, que esteve na MTV entre 1991 e 2003.


‘Num contexto de You Tube, MySpace e dos sites dos próprios artistas, a MTV precisa se reinventar’, opina o videoartista Lucas Bambozzi. Para o pop, a MTV perdeu importância.


‘É a referência principal de comportamento jovem. Mas, em relação à música, não mais’, analisa o apresentador da TV Globo Zeca Camargo, que trabalhou na MTV entre 1990 e 1994. ‘Assiste-se a um clipe onde você quiser, ele está disponível todos os lugares. Sou de um tempo em que ia para casa para assistir à estréia de ‘Like a Prayer’, da Madonna, em 1989. Era um evento. Hoje você dá uns toques no computador e assiste ao novo clipe da Madonna.’


Ao olhar para a MTV, tanto a dos EUA como sua irmã brasileira, nascida em outubro de 1990, nota-se que a ‘Music Television’ está cada vez menos música. Para alguns, isso é inevitável. ‘Deve-se elogiar que não é mais a mesma. A MTV não pode falar com a mesma pessoa que assistia à emissora no início dos anos 90, alguém que tenha 40 anos. Tem de falar com quem tem 15 anos. E se depender só de música, vira uma TV velha’, aponta Camargo.


Já André Vaisman, ex-executivo da MTV entre 1993 e 1998 e hoje diretor de programação e produção da Play TV, afirma que a rival teve, no Brasil, o papel de afirmar o pop nacional.


‘A MTV soube trabalhar bem com as gravadoras durante os anos 90. Agora, você nunca viu a MTV fazer uma crítica negativa sobre um artista brasileiro. Não é uma TV em que caiba a crítica musical. A MTV teve a missão, nos anos 90, de criar um universo pop no brasil. Não havia isso, o mercado brasileiro era quase nada. O pop dos anos 80 foi sumindo. Quantas bandas dos anos 80 sobreviveriam efetivamente sem a MTV? Umas três. Paralamas, Barão e Legião, talvez. Com o apoio da MTV, outros artistas puderam prosseguir carreira.’


Mas Vaisman critica a atual grade de programação da emissora. ‘A MTV emburreceu. Olhando para o próprio umbigo, se cativou demais em fazer TV e deixou de lado o que tinha de mais importante, que era a música. Ao abandonar isso, corre o risco de virar uma emissora voltada para o auditório. Hoje, ela é quase um SBT jovem fingindo que é classe AB.’


Ainda que esteja exibindo menos clipes, a MTV continua a atrair artistas e diretores para sua órbita. ‘A MTV ainda é o principal canal. É um atestado de qualidade. É uma certeza de que o clipe foi bem feito’, afirma Mauricio Eça, 36, diretor de mais de cem videoclipes.’


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‘Música não segura audiência’, afirma executivo da emissora


‘O diretor de programação Zico Góes diz à Folha que a MTV precisa criar ‘formatos de televisão’. Para ele, canal aproximou público do artista e ‘Ídolos’ é cafona.


FOLHA – Qual a importância da MTV dentro da música pop?


ZICO GÓES – A MTV aproximou música e artista do público. Além disso, deu oportunidade ao público de conhecer novos artistas. Sem falar na revolução da TV. A MTV não é uma televisão apenas de música, mas uma televisão diferente.


FOLHA – A MTV passou de emissora musical para emissora de programas jovens. Só música não segura audiência?


GÓES – Isso mesmo. A música não é suficiente para segurar audiência, e queríamos fazer algo mais relevante. Não nos conformaríamos em apenas exibir clipes e shows. Queremos criar formatos de televisão. A MTV inventou o ‘reality show’.


FOLHA – Quem assiste à MTV? A emissora sempre afirmou não se preocupar com Ibope…


GÓES – Basicamente o público vai de 15 a 29 anos. O Ibope não é ferramenta para medir o sucesso em uma TV segmentada. Nós somos segmentados, falamos com público pequeno. No dia em que começarmos a falar não apenas com o jovem, mas com o pai dele, a avó dele, deixaremos de ser a MTV para sermos uma TV generalista.


FOLHA – ‘Ídolos’ fez sucesso tanto lá fora quanto aqui. Não foi uma comida de bola da MTV não ter feito um programa desse tipo?


GÓES – A MTV é uma TV musical e do jovem, mas ela não é de toda música nem de todo jovem. Tem de haver identidade. Não tocamos pagode, por exemplo. O ‘Ídolos’ é um programa cafona, é um formato cafona. Dá audiência, mas não combina com o nosso jeito. Somos mais transgressores.


FOLHA – Mas a MTV se apóia em fórmulas antigas, como programas de auditório, de namoro…


GÓES – Na MTV, tem desde o programa mais ousado, que ninguém pensou em fazer, até a adaptação de programas clássicos, mas do jeito MTV de ser.


FOLHA – Muito se fala em jabá nas rádios. Na MTV existe jabá?


GÓES – Na MTV não existe jabá. Pressão sempre vai ter, porque as gravadoras, bem ou mal, são parceiras nesse negócio ou parte da parceria tem a ver com elas. Os videoclipes são dos caras, os artistas são deles. Mas a MTV manda nela mesma.’


Lucas Neves


Na internet, programação fica mais musical


‘Pelo menos na internet, a MTV pretende reviver os tempos de emissora musical. É o que indica o lançamento do MTV Overdrive, site que entra no ar no próximo dia 25 tendo como maior atrativo uma videoteca de 6.000 títulos, que vão de clássicos dos 80 a hits atuais. Segundo o diretor de programação, Zico Goes, a idéia é chegar a 12 mil até dezembro.


Além dos filmetes, os internautas assistirão gratuitamente a episódios dos desenhos ‘Fudêncio’ e ‘Mega Liga de VJs’, compilações de programas como ‘Gordo Freak Show’ e ‘Ponto Pê’ e trechos dos shows do ‘Acústico’ e do ‘Ao Vivo’. Também será possível fazer ‘upload’ de vídeos caseiros -à imagem do que acontece no YouTube. Para tanto, bastará ter conexão de banda larga. Em breve, diz Goes, será oferecido conteúdo ‘que não cabe na TV’, como reuniões de pauta e erros de gravação.’


Laura Mattos


Globo libera Santoro para participar de ‘Lost’


‘A TV Globo liberou Rodrigo Santoro para atuar na famosa série norte-americana ‘Lost’. A decisão foi tomada pela cúpula da rede na semana passada.


O ator foi convidado a participar da terceira temporada do seriado, que narra a saga de sobreviventes de um acidente aéreo em uma misteriosa ilha deserta. Como seu contrato com a Globo vence no final deste ano, o ator teve de pedir autorização para assinar o contrato com os produtores. Santoro deverá entrar na segunda fase da exibição dos capítulos nos EUA, a partir de fevereiro de 2007. No Brasil, a transmissão se dá com atraso de cerca de seis meses no canal AXN e de aproximadamente um ano na Globo.


A assessoria de imprensa do ator não confirmou ontem a assinatura do contrato e afirmou que ele continua ‘resolvendo algumas pendências’, como compromissos publicitários.


Santoro, 30, namorado da modelo e repórter do ‘Vídeo Show’ Ellen Jabour, terá de se mudar para os Estados Unidos durante as filmagens.


De acordo com a agência Reuters, os produtores de ‘Lost’ já até escalaram uma atriz para viver um romance com o personagem do ator brasileiro. Será, segundo a nota divulgada, a bela norte-americana Kiele Sanchez, 28, com algumas atuações em séries televisiva e longas-metragens na carreira. O papel que caberá a Santoro ainda é um mistério.


TELEVISÃO: GLÓRIA MARIA PASSA BEM APÓS CIRURGIA


Submetida ontem a uma cirurgia para retirada da vesícula, a jornalista e apresentadora Glória Maria, 56, passa bem, segundo o boletim médico. Glória deve permanecer internada por alguns dias no Hospital Pró-Cardíaco (RJ). A jornalista foi internada na quinta-feira com dores abdominais.’


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