Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Jornais homenageiam
o locutor Fiori Gigliotti


Leia abaixo os textos de sexta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Globo


Sexta-feira, 9 de junho de 2006


MEMÓRIA / FIORI GIGLIOTTI
O Globo


Morre Fiori Gigliotti, ícone do rádio esportivo brasileiro por cinco décadas


‘Uma das lendas do rádio esportivo brasileiro, Fiori Gigliotti abria suas transmissões com o bordão: ‘Abrem-se as cortinas do espetáculo.’ Durante mais de cinco décadas e dez Copas do Mundo, as quais transmitiu como locutor esportivo, Fiori Gigliotti, de 77 anos, repetiu essa e outras tantas frases, chavões que marcaram gerações que acompanhavam pelo rádio jogos de futebol de seus clubes preferidos, principalmente numa época em que a televisão não transmitia os jogos ao vivo.


Como radialista esportivo, Fiori Gigliotti trabalhou na Rádio Pan-Americana (atual Jovem Pan), na Bandeirantes e na Record. Nos últimos meses, vinha trabalhando como comentarista esportivo na rádio Capital, de São Paulo.


Fiori pode ter sido o maior narrador de gols de Pelé


Há uma semana, Fiori foi internado no Hospital Alvorada de São Paulo, com problemas de úlcera e, depois, na próstata. Ontem, por volta de meia-noite e quarenta, morreu por falência múltipla de órgãos em decorrência de complicações pós-operatórias, segundo o filho Marcelo Gigliotti.


Torcedor do Palmeiras, ele tinha também um programa de rádio chamado ‘Cantinho da saudade’. Ao comentar a morte do colega em seu blog, o jornalista Juca Kfouri disse: ‘Fiori Gigliotti morreu. Com ele morre também um estilo de narrar futebol. Algodão entre cristais, sempre fez questão de se dar bem com todos, até ser covardemente traído pouco tempo atrás no episódio que redundou em sua saída da Rádio Record, no crepúsculo do jogo’.


Para ele, Fiori foi o locutor que mais gols de Pelé transmitiu em toda a sua carreira. ‘Agora, quando se fecham as cortinas e termina o espetáculo, Fiori deixa órfã toda uma geração que se acostumou a ouvi-lo numa ‘beleeeza’ de carreira, repleta de gols’, completou. Por ironia do destino, Fiori morreu dois dias antes de a Copa da Alemanha começar.


O presidente Lula também comentou a morte do radialista, em nota oficial divulgada ontem à tarde. ‘Foi com grande pesar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu a notícia do falecimento do locutor esportivo Fiori Gigliotti. Com seu estilo alegre e característico, Fiori levou a gerações de torcedores de futebol a emoção do esporte, desenhando na mente de cada um as imagens inesquecíveis e pessoais de cada lance narrado. Fiori criou uma escola no radio-jornalismo esportivo e deixa muitos seguidores. Cala-se a voz de Fiori, mas na memória dos torcedores apaixonados continuam abertas as cortinas que ladearam todos os momentos mágicos narrados por ele’.


Seu corpo foi velado e enterrado ontem no cemitério do Morumbi, mesmo local onde está enterrado Ayrton Senna.’


COPA 2006
João Ubaldo Ribeiro


A dura vida do Aspone


‘Sim, finalmente cheguei à Alemanha, da forma já ameaçada há dias. Acho que ninguém acreditava, nem mesmo no jornal e muito menos na delegação da Copa. Tanto assim que, quando apareci pela primeira vez no hotel, declarou-se surpresa geral entre os colegas.


Mas, afinal, não era brincadeira esta minha vinda a uma nova Copa, um trote para o pessoal especializado?


Não, não era. Acautelassem-se todos, porque eu vinha para empanar o brilho dos outros comentaristas, até os que já foram jogadores, porque, como se sabe, também sou craque do passado, que, sob a alcunha de Delegado, defendeu durante anos a aguerrida equipe do São Lourenço de Itaparica, hoje extinta, mas que devia estar entre as melhores que o Brasil já viu. Acredito que, se houvesse um bom olheiro da seleção em Itaparica, naqueles áureos tempos, eu poderia ter barrado Nilton Santos na Copa de 58. Quanto a meu gabarito de comentarista esportivo, deixo isto ao critério dos milhões de ávidos seguidores que obtive nas Copas a que já compareci nessa condição.


Como jornalista disciplinado, apresentei-me imediatamente ao coordenador dessa nossa embaixada esportiva. Não bati continência, mas me perfilei e me declarei pronto para iniciar o cumprimento de meus deveres. Iria logo ao treino da seleção? Treino da seleção? – espantou-se ele. Então eu era homem de ir ver treininhos, como qualquer outro, além de tudo inibindo os colegas menos tarimbados? Não, senhor, nada de treino, eu seria designado para missões importantes, destinadas a fazer História.


Melhor eu me sentar, para receber a notícia. O jornal se preparava para ser o primeiro a incorporar um Aspone em sua delegação. Isso mesmo que eu estava ouvindo. Meus assuntos e minhas missões eram especiais. Enchi-me de brios e declarei-me pronto para cumprir a primeira incumbência. Ele ainda devia estar sob o impacto emocional de minha chegada, porque pareceu atrapalhar-se um pouco. Bem, por enquanto eu podia ficar ali mesmo na recepção do hotel, sentado numa poltrona, para ouvir atentamente o que se comentava e depois vir contar a ele. Mas somente isso?


Ele se espantou por eu ter achado pouco, mas logo recuperou-se. Isso era só no primeiro dia. No segundo, eu, como já se previa, ia tentar uma entrevista inédita com os gandulas da Copa. E, no dia seguinte, seria mandado a um comitê de botânicos, que me daria o nome científico da grama dos campos de treino, para esclarecimento dos leitores. Com o crachá de Aspone, sentei-me logo no meu posto de trabalho. E até agora estou aqui, eles talvez tenham esquecido de minha importante entrevista com os gandulas. É bom, porque me dá tempo para estudar gramologia (neologismo meu) e trazer ao leitor as informações que ele não dispensa. Nós, Aspones, não temos descanso.’


CASO SUZANE
Luiz Garcia


Novela ruim


‘Virou novela o julgamento dos assassinos do casal von Richthofen, em São Paulo. Do tipo que o espectador não sabe quando ou como vai acabar. Só torce para que seja o mais cedo possível.


É certo que nenhum bom autor brasileiro assinaria o roteiro: a história da menina rica, Suzane, orquestrando o assassinato dos pais pelo namorado pobre (Daniel Cravinhos, assessorado pelo irmão, Cristian), parece coisa de antigas novelas caribenhas.


Mas os capítulos mais recentes merecem atenção: mostram como uma tragédia familiar pode desembocar num processo judiciário com episódios de mistificação e deboche. É extraordinário – pela confusão, pelos bate-bocas, pelo desfecho – o capítulo sobre o dia marcado para o julgamento, que não aconteceu porque um advogado não apareceu e os outros dois foram embora, depois de intermináveis discussões de baixo nível e alto volume. O promotor definiu a confusão como uma ‘homenagem ao deboche’. E foi isso mesmo.


Adiamentos não são raros em nossos tribunais: processos criminais contra quem pode pagar advogados espertos marcham com a velocidade de lesmas com artrite. Principalmente quando o cliente fica em liberdade até o julgamento.


Em tese, bastaria mudar as leis, determinando que, como em outros países, réus de crimes graves aguardassem na cadeia o dia da prestação de contas. Desapareceria a vantagem de manobras protelatórias.


Na prática, não basta mudar a lei. Só será realista fazê-lo quando o sistema penal tiver celas em quantidade suficiente. Estamos longe disso: hoje, há lugar nas penitenciárias apenas para uma fração do total de criminosos com sentenças passadas em julgado.


No caso Richthofen, só Daniel e Cristian, os réus pobres, estão na cadeia, e ainda é possível que haja dois julgamentos: um mais cedo, para os dois, e outro, sabe-se lá quando, para a moça que está em prisão domiciliar – ou seja, no bem-bom.


Por enquanto, não há desdobramento e o julgamento dos três está marcado para 17 de julho (depois da Copa do Mundo: prioridades são prioridades). O trio será com certeza condenado. Mas Suzane, a pobre órfã, com certeza cumprirá apenas um sexto da pena na cadeia (é o que acontece, praticamente sem exceções, com condenados da classe média para cima).


E é possível que os advogados da trinca escapem sem castigo algum – mas mereciam pelo menos um puxão de orelhas da OAB. Os de Suzane tentaram mostrá-la como quase-criança, ingênua e sofredora, numa entrevista ao ‘Fantástico’. A tentativa de fraude fracassou porque a TV Globo capturou e pôs no ar suas instruções à moça durante a gravação: mentir, chorar etc. E no dia do julgamento abandonaram o tribunal depois de, literalmente, ofender o juiz e o promotor, num bate-boca de baixo nível. Já o advogado dos rapazes sequer apareceu, alegando que fora proibido de visitar seus clientes. Na verdade, tivera dez dias para isso antes da data marcada para o julgamento; nesse prazo, os pais da dupla visitaram-nos duas vezes sem problema algum.


Apesar de tudo isso, a OAB de São Paulo já decretou que a trinca ‘agiu dentro da legalidade’. É provável, portanto, que esses mestres da esperteza estejam com filas de clientes na porta. Não faltam indiciados precisando de advogados que conheçam bem os buracos do queijo suíço que é a nossa legislação sobre processo penal.’


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 9 de junho de 2006


COPA 2006
Márcia de Chiara


Já falta TV de plasma nas lojas


‘Às vésperas da abertura da Copa do Mundo, faltam modelos de televisores de plasma e de tela de cristal líquido (LCD)nas lojas. Há indústrias que até decidiram despachar os aparelhos por avião para aproveitar o crescimento explosivo das vendas e chegar às lojas antes dos concorrentes.


‘Esta semana começamos a trazer de avião os televisores montados na Zona Franca de Manaus para o Centro-Sul do País’, conta o vice-presidente de Multimídia da Gradiente, Eugênio Staub Filho. De caminhão e por transporte de cabotagem, gasta-se entre 12 e 20 dias para trazer o produto de Manaus. Staub Filho diz que o custo do frete aéreo está sendo absorvido pela empresa, que decidiu agilizar as entregas para ganhar mercado.


A coreana Samsung é outra fabricante que fretou aviões para retirar os televisores de Manaus. ‘O mercado cresceu mais do que se previa e de forma atípica nos últimos 15 dias’, afirma o vice-presidente executivo, José Roberto Campos. Sem revelar números, ele diz que para as TVs de 40 polegadas de LCD há uma demanda que é o dobro da prevista pela companhia. Nas TVs de plasma de 42 e 50 polegadas, esse diferencial é de 50%.


A Semp Toshiba, por exemplo, já esgotou a venda de TVs de plasma. Segundo a empresa, só há disponibilidade de produto para depois da Copa.


A queda rápida dos preços e as promoções impensadas de alguns fabricantes deixaram o consumidor confuso. Muitos adiaram as compras na expectativa de que o preço cairia ainda mais, observa Campos. O resultado foi uma bolha de consumo nas últimas semanas. No fim de 2005, uma TV de plasma de 42 polegadas custava R$ 10 mil, e hoje é possível encontrá-la por menos de R$ 7 mil.


Diante dessa explosão de consumo, o mercado já projeta que entre TVs de plasma e LCDs, as vendas neste ano poderão chegar a 500 mil unidades. Só no primeiro trimestre foram vendidos cerca de 60 mil aparelhos, mais do que foi comercializado no ano passado inteiro, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros).


A greve na Receita Federal poderá piorar o abastecimento, segundo a Eletros. De acordo com a diretoria da entidade, os estoques de componentes importados atingiram o limite mínimo e são suficientes para garantir a produção até o início da próxima semana.


ALTO ESTILO


Pelo menos o ministro das Comunicações, Hélio Costa, vai assistir aos jogos da seleção com qualidade digital. Foi instalada nesta semana, ao lado do prédio do Ministério, uma antena parabólica que vai captar os sinais digitais das transmissões das partidas de futebol, diretamente da Alemanha, via satélite. A antena será ligada a uma TV digital, no auditório do ministério. A idéia inicial era que o aparelho fosse instalado no gabinete do ministro.


Tanto a antena quanto o televisor são um ‘oferecimento’ da TV Globo, segundo a assessoria do Ministério, e não vão custar nada para as Comunicações, já que o equipamento será retirado depois da Copa. O auditório estará aberto ao público nos dias de jogos da seleção.


Colaborou Gerusa Marques’


MEMÓRIA / FIORI GIGLIOTTI
Gabriel Manzano Filho


O tempo passa. E leva Fiori Gigliotti


‘‘Torcida brasileira, carinhosamente, boa tarde.’ Assim ele começava sempre o seu trabalho e já ia avisando se o céu estava ‘carrancudo’ e se ia atrapalhar. A bola rolava e ele começava a desfiar seus famosos bordões: ‘Abrem-se as cortinas e começa mais um espetáculo…’ era o primeiro, imutável. Para lances dramáticos, como a espera para se bater um pênalti, ele sacava um ‘Agueeeeeenta coração!’ E, ao longo dos 90 minutos, ‘o teeeeeempo passa!’, para informar o tempo de jogo.


Ele mesmo, Fiori Gigliotti, um digno sucessor da grande linhagem de locutores esportivos paulistas, como Edson Leite ou Pedro Luiz, escolheu a véspera de uma Copa do Mundo para dizer adeus ao futebol, ao rádio e aos milhares de torcedores que se acostumaram, desde os anos 50, a ouvir suas transmissões sempre carregadas de emoção, que ele derramava à vontade nas crônicas do seu ‘Cantinho da Saudade’. Foram 59 anos de microfone, primeiro na Rádio Panamericana, depois na Bandeirantes e, recentemente, na Record e na Capital.


Internado no Hospital Alvorada, no bairro paulistano de Moema, Fiori foi submetido a uma cirurgia de intestino em decorrência de complicações de um câncer na próstata. Levado à UTI na segunda-feira, morreu aos 40 minutos de ontem. Foi sepultado ontem mesmo, às 16 horas, no cemitério do Morumbi. Tinha 77 anos e deixa, além da mulher, Adelaide, dois filhos e duas netas.


‘Trabalhei com o Fiori em seu último jogo na Rádio Bandeirantes, um jogo do Santos na Vila. Foi uma grande pessoa e um grande narrador’, diz Leandro Quesada, repórter da Bandeirantes. ‘Ele se caracterizou por uma linha mais coloquial. Explorava aquela coisa de caipira, era mais íntimo do ouvinte’, compara o colunista Alberto Helena Jr., seu amigo e colunista do Diário de S. Paulo.


Nascido em Barra Bonita, no interior paulista, Fiori começou a carreira em Lins e Araçatuba, mas destacou-se na Bandeirantes ao cobrir o campeonato sul-americano de 1953. Foi titular das narrações entre 1963 e 1995 – e esteve presente em dez Copas do Mundo.


Fiori Giglioti falou ao ‘Estado’ em 29 de janeiro


‘Sinceramente, sob o aspecto emocional, a minha Copa preferida foi a do Chile, em 1962, a primeira que eu fiz. Foi o Mundial do Garrincha. Mas a maior Copa foi a de 1970. Sob todos os aspectos. Nunca vi um elenco tão disciplinado como aquele. Tinha Tostão e Pelé juntos. Duas situações me marcaram muito naquele Mundial. Zagallo deu liberdade aos jogadores para sair atrás de mulheres na cidade. O grupo rejeitou a oferta, dizendo que eles não tinham ido até ali (no México) para ficar atrás de mexicanas, tinham ido para ganhar a Copa. Foi assim que o Brasil jogou tão bem e conquistou a torcida mexicana.’


Este é um trecho do depoimento’


TELEVISÃO
Renato Cruz


Net muda pacote de canais


‘A Net, maior empresa de televisão por assinatura do País, resolveu este mês tirar o canal inglês BBC e o francês TV5 do pacote analógico, passando-os para o digital. No lugar, colocou dois outros: History Channel e A&E. No Rio de Janeiro, tirou do pacote o italiano RAI. Para assistir aos canais, agora só no pacote digital, que custa mais caro.


‘Para quem ficou insatisfeito, fazemos a troca para o digital, sem custo’, afirmou Fernando Magalhães, diretor de Programação da Net. ‘É só ligar para a central de atendimento. Estamos tratando caso a caso.’ Ele acrescentou que a empresa considera que os canais novos atendem um público maior que os internacionais. ‘Já trocamos o decodificador para o público cativo, que passou para o digital.’


Quem não reclamar, no entanto, pode se sentir obrigado a mudar para o pacote digital. O sistema digital, lançado pela Net no fim de 2004, traz vantagens para a empresa de TV paga, pois os canais ocupam capacidade menor da rede.


‘Eles não podem fazer isso’, afirmou o gerente jurídico do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Marcos Diegues. ‘O Código de Defesa do Consumidor já tem 15 anos e não permite mudança unilateral do contrato.’ Segundo Diegues, o certo seria a empresa consultar sua base de assinantes e mudar os canais somente daqueles que optassem por isso.’


Keila Jimenez


Carmem sofre troca de autores


‘Uma minissérie sobre Carmem Miranda, o mais novo projeto da Globo, causou certa saia-justa nos bastidores da rede. Carlos Manga, que encabeça o projeto, havia convidado meses atrás Maria Adelaide Amaral para assumir o roteiro da trama. A autora, que ficou de pensar e negociar com a Globo, perdeu a vaga misteriosamente para Silvio de Abreu, que assumiu a produção após ser convidado pelo próprio Manga.


Na época do convite, Maria Adelaide disse ao Estado que precisava apenas acertar os ponteiros como o diretor Mário Lúcio Vaz, chefe artístico-mor na Globo, antes de tocar a idéia. Agora, procurada novamente, informa apenas o seguinte: ‘não sei nada sobre isso’.


O criador de Belíssima parece ter sido pêgo de surpresa com o convite anterior a Adelaide. Abreu fala que conversa sobre esse projeto com Manga há mais de 30 anos. O diretor, que era amigo da cantora, vem sendo homenageado em Belíssima, onde fará o espetáculo de encerramento da trama com as vedetes Mary Montilla (Carmem Verônica) e Guida Guevara (Íris Bruzzi).


‘Na década de 70, quase fizemos o filme com uma co-produção entre a 20th Century Fox e Oswaldo Massaini, em Hollywood… Altas do dólar e desencontro de agendas, na época, fizeram com que o projeto não tomasse forma. Mas ficou a vontade e já falamos sobre isso há muito tempo’, explica o autor.


‘Ele me convidou para adaptar para uma minissérie que comemorará os 100 anos de Carmem Miranda em 2009. Estou muito animado com o convite, porque tenho certeza de que vamos fazer um bonito trabalho.’


A trama será baseada no livro de Ruy Castro – direitos comprados pela Globo – que traz, além da biografia da cantora, um passeio pelo Rio de Janeiros dos anos 20 e 30 e por Nova York e Hollywood dos anos 40 e 50.’


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 9 de junho de 2006


COPA 2006
Juca Kfouri


O avesso da festa


‘A SELEÇÃO brasileira é uma festa aonde quer que vá. E em Offenbach não foi diferente, ao contrário. Um simples treino virou um megaacontecimento. Também, pudera. Com exceção de Ronaldo, popstars dos mais variados estavam ali, à vista de olhos que talvez nunca mais os vejam de perto. E o aconchegante estádio da cidade tingiu-se de amarelo. A tal ponto que alguém desavisado acharia que estava no Pacaembu ou que o Brasil tinha invadido a Alemanha. Mera ilusão, mas não de ótica. Porque de fato as camisas da seleção eram esmagadora maioria, com mães levando seus filhos pequenos pela mão, quase todas as crianças com a camisa canarinho. Ou com as camisas de Ronaldo e de Ronaldinho, as do Real Madrid e do Barcelona. Fiquei com a mesma sensação que tive no dia 4 de julho de 1994, no Independence Day, em Sttanford, quando Brasil e Estados Unidos jogaram pelas oitavas-de-final da Copa. Ao entrar no estádio, achei que os norte-americanos não davam mesmo bola para o futebol e que os brasileiros tinham tomado a casa deles. Mera ilusão, mas não de ótica. Porque quando começou a tocar o hino do Tio Sam nenhuma ilusão auditiva ignoraria que a maioria cantou-o a plenos pulmões. Estavam de amarelo sim, porque é a grife do futebol, mas para torcer pelos azuis e vermelhos. Infelizmente, e sempre tem o avesso, não se viu ninguém com as camisas do Corinthians, do São Paulo, do Palmeiras, do Santos. Porque a seleção virou um fim em si mesmo para encher as burras da CBF e vampirizar times. Em vez de ser meio para demonstrar o poderio do futebol nacional, o resultado reunido da força técnica dos clubes, a seleção reflete dramaticamente a política de exportação desmedida de pé-de-obra. Desperta indiscutível simpatia pela planeta afora e, ao mesmo tempo, embute uma mentira. Ao contrário do que se vê na Espanha, que tem uma seleção de fantasia, mas que é palco do que há de melhor no futebol. O que você prefere?’


MEMÓRIA / FIORI GIGLIOTTI
Neivaldo José Geraldo


‘Fiorês’ dava magia ao espetáculo


‘Pelo radinho de pilha de meu pai, conheci Fiori Gigliotti nos anos 70. Fã de futebol como 10 entre 10 garotos da rua, seguia as transmissões por aquela caixinha, sempre com meu irmão mais novo.


Fiori conseguia, de forma mágica, nos transportar para a arquibancada. ‘Abrem-se as cortinas, começa o espetáculo.’ Era a senha do início de transmissões que, mais do que relatos, eram dramatizações da luta nas ‘quatro linhas da cancha verde’.


E como ele carregava nas tintas. ‘Crepúsculo de jogo’, em ‘fiorês’, era de arrepiar. Queria dizer que a partida ia acabar e, naqueles casos, nós iríamos perder, mesmo com Pelé no time, para a ‘Academia de Parque Antarctica’.


‘Agüenta, coração!’ era outra pérola. O meu de 13 anos até que agüentava bem, mas às vezes parecia que iria saltar pela boca.


Há muito já não o ouvia, pois o ‘tempo passa’, e o garoto ficou lá trás. Mas é pena que ‘fechem-se as cortinas e termine o espetáculo’ para esse autor de dramas de 90 minutos, que apresentou a magia do futebol a várias gerações.’


Folha de S. Paulo


Locutor Fiori Gigliotti, 77, morre em São Paulo


‘Um dos narradores esportivos mais populares do país, Fiori Gigliotti morreu na madrugada de ontem, no Hospital Alvorada, em Moema (zona sul de São Paulo) onde estava internado há mais de uma semana. Tinha 77 anos.


Fiori teve falência múltipla de órgãos à 0h40 de ontem, segundo divulgado pelo boletim médico. O locutor e comentarista enfrentava complicações decorrentes de cirurgias feitas na semana passada, devido a problemas no intestino e complicações na próstata.


Velado no Cemitério do Morumbi, o corpo do radialista foi enterrado na tarde de ontem.


Uma das vozes mais conhecidas do rádio brasileiro, Fiori era famoso pelo estilo dramático com que narrava as partidas, com bordões criativos e pela paixão com que via o futebol. Sua popularidade lhe rendeu mais de 160 títulos de cidadania honorária pelo país.


Natural do município paulista de Barra Bonita, Fiori nasceu em 27 de setembro de 1928, era torcedor do Palmeiras e fã ardoroso do santista Pelé.


Estreou no rádio em 1947 pela Rádio Clube de Lins (SP), com ‘Alô Gurizada’, um programa de variedades. Só em 1952, quando foi trabalhar na Rádio Bandeirantes, passou a integrar equipes de transmissões esportivas, imprimindo seu estilo poético à narração.


Ao todo, cobriu dez Copas do Mundo em sua carreira, com passagens pelas rádios Pan-Americana (atual Jovem Pan), Tupi e Record. Mais recentemente, admitiu sentir o peso da idade para narrar jogos pelo rádio. Seu último trabalho era o de comentarista da rádio Capital, de São Paulo.


Em novembro do ano passado, Fiori recebeu uma das suas últimas homenagens em vida, na sede da Federação Paulista de Futebol. Na ocasião, o radialista ganhou uma placa no Pátio das Bandeiras -que foi rebatizado com seu nome- e a medalha da Ordem Nacional do Mérito Futebolístico, por seus serviços prestados ao esporte.


Com a notícia da sua morte, a Federação Paulista lhe rendeu uma última homenagem em seu site oficial. Assim como o Palmeiras e o Santos.


Fiori era casado com Adelaide e deixa dois filhos, Marcelo e Marcos, além de duas netas.’


CASO DO MENSALÃO
Folha de S. Paulo


STJ arquiva ação de Valério contra ex-secretária


‘O STJ (Superior Tribunal de Justiça) mandou encerrar, em julgamento por unanimidade, na terça, a ação penal que tramitava na Justiça de Minas Gerais em que o publicitário Marcos Valério de Souza, apontado como o operador do mensalão, acusava a ex-secretária Fernanda Karina Somaggio de crime de extorsão.


No auge do escândalo, ela entregou a agenda do ex-chefe, na qual constava os nomes de mensaleiros, à Polícia Federal.


Marcos Valério a acusava de exigir dinheiro para não revelar informações sobre a empresa SMPB à imprensa. Hoje, a ex-secretária é pré-candidata a deputada federal pelo PMDB de São Paulo.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


‘Senhor presidente’


‘Nos canais de notícias e portais, depois telejornais, rádios, sites noticiosos -a poucas horas da abertura da Copa, lá estava Lula ao vivo com Cafu, Ronaldinho, Kaká. Em pleno ‘oba-oba futebolístico’, no dizer da blogosfera brasiliense.


Não sem constrangimento, arrancou de Zagallo, com quem dividiu a home da Folha Online:


– Vamos estrear no dia 13. É o 13 do PT, presidente, rumo à vitória.


Sem o descaramento ou a franqueza de Zagallo, Carlos Alberto Parreira se lançou, como Lula, nas metáforas de futebol e política, por Globo News, Band News e portais como Terra.


Lula citou o gesto de Didi na Copa de 1958, quando o meia foi buscar a bola ao tomar um gol, e comentou:


– Foi gesto de um cidadão que dizia, ‘temos time para ganhar, vamos recomeçar o jogo e vamos ganhar’. E nós ganhamos.


Parreira, de volta, falando ao ‘senhor presidente’ em tom de preleção:


– Esquecemos favoritismo, temos que provar a cada jogo! E nós estamos mentalmente prontos para esse desafio -enfrentar o mundo que quer bater o Brasil! Vamos vender caro qualquer coisa que não seja o hexa.


Ao final, palmas, gritos.


Nos dois canais de notícias, aplausos e sorrisos de campanha


ALTERNATIVA


Onda recente na web, um ‘mashup’ mistura o Google Maps com notícias da Copa da Alemanha


O blog de mídia de Tiago Dória, no portal iG, segue na busca da ‘cobertura alternativa da Copa’, em meio aos 186 mil novos sites que já teriam sido criados sobre o evento. Entre blogs brasileiros e do exterior, tópicos na Wikipedia, ‘mashups’ com fotos, entrou naquilo que mais chama a atenção e indicou:


– O Live Footy promete transmitir ao vivo os jogos, via streaming. O Medinalia dá acesso a diversos canais com transmissão. E o brasileiro Batendo Bola promete lances.


MÃO À PALMATÓRIA


Ao meio-dia no UOL, do blog de Fernando Rodrigues:


– Marco Aurélio Mello recua em 100% de sua decisão sobre verticalização.


O presidente do Tribunal Superior Eleitoral avisou que teria coragem de ‘dar a mão à palmatória’, porque decidiu ‘de vapt-vupt’.


William Bonner abriria o ‘Jornal Nacional’, depois, anunciando que ‘os partidos questionam as mudanças nas regras para as alianças nas eleições, e o TSE decide rever a decisão’.


Comentário de Rodrigues, ainda ao meio-dia:


– É uma desmoralização, bem no início do processo eleitoral…


ALÔ? É DO PRESÍDIO?


Nos canais de notícias e nos telejornais -a começar da primeira manchete do ‘JN’- os deputados policialescos Arnaldo Faria de Sá, Moroni Torgan e outros da CPI das Armas posavam com Marcola no ‘presídio de segurança máxima’.


De Matheus Leitão, no Blog Brasil, da revista ‘Época’, na nota intitulada ‘Alô? É do Presídio?’:


– Há pouco conversei por telefone com um deputado da CPI. Ele falou rapidamente, porque estava participando do depoimento de Marcola. Pelo jeito, os bloqueadores de celulares já não funcionavam no presídio de Presidente Bernardes.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


‘Páginas’ terá depoimentos para reflexão


‘‘Páginas da Vida’, a próxima novela das oito da Globo, terminará todos os dias com um depoimento de personagem real sobre algum tema abordado no capítulo que se encerra. As falas, de até um minuto, abordarão assuntos como síndrome de Down, gravidez, Aids e até traição amorosa.


‘Se o capítulo tiver uma história de traição, a gente mostrará o caso de uma mulher que foi traída. Mas será sempre alguém que deu a volta por cima, para o telespectador refletir’, disse Jayme Monjardim, diretor de ‘Páginas da Vida’, durante apresentação da novela, ontem, em um restaurante do Leblon (Rio), principal cenário da trama de Manoel Carlos.


Moradores do Leblon, aliás, aparecerão em cenas ‘para dar maior verossimilhança’.


Além disso, ‘Páginas da Vida’ trará nos capítulos iniciais 17 clipes feitos em campos de refugiados na África. O único ator que aparecerá nessas imagens será Marcos Paulo. Seu personagem, o infectologista Diogo, terá a função de denunciar o descaso com a Aids. Ao longo da novela, ele fundará ou se associará a uma ONG.


O real também marcará uma passagem de tempo. A primeira fase da novela terminará em 11 de setembro de 2001, com imagens dos ataques ao EUA.


Por fim, em janeiro, ‘Páginas’ homenageará os 80 anos de Tom Jobim. O compositor terá duas músicas na novela -’Wave’, na abertura.


SBT ESCONDE ‘SEXO’


Planejado para ser um programete diário, das 21h45 às 22h, ‘Aprendendo sobre Sexo’ já não foi ao ar anteontem pelo SBT. Passará a ser semanal, aos domingos, a partir da meia-noite. Apesar de a atração ter caráter educativo, diretores do SBT ficaram com medo de serem acionados judicialmente pelo Ministério Público devido ao horário de exibição.


NOVO BAILADO


O cancelamento da produção de ‘Dançando com as Estrelas’, determinado na semana passada por Silvio Santos, não significa que o SBT desistiu de investir em ‘reality show’ com famosos tentando dançar. O dono do SBT perdeu o interesse pelo formato original de ‘Dancing with the Stars’. Mas analisa outros formatos de programas semelhantes.


MINISSÉRIE TROPICAL


Silvio de Abreu já tem trabalho após a ‘Belíssima’: uma minissérie sobre Carmem Miranda, com direção de Carlos Manga. O projeto, na verdade, é bem antigo. Nos anos 70, Abreu e Manga estiveram prestes a fazer um filme sobre a cantora.


COPA REDONDA


A Band não tem o direito de transmitir a Copa, mas não deixará de lucrar com o evento. Fez uma parceria em que fornecerá conteúdo do Mundial (como mensagens de jogadores, notícias e músicas) para celulares.


JORNALISMO PAGO


O SBT exibe no dia 13, às 6h, uma mesa-redonda sobre a Copa estrelada por Pelé, que receberá convidados como Platini. A produção é de uma administradora de cartões de crédito.’


Lucas Neves


TV a cabo terá cardápio ‘off-Copa’


‘O torcedor cujo apetite por Copa do Mundo se restringe aos jogos da seleção canarinho conta com algumas ‘trincheiras’ para se esquivar do bombardeio monotemático dos próximos 30 dias. Na TV a cabo, os ‘abrigos antiaéreos’ incluem filmes nacionais recentes, shows, minisséries e até um ‘Por Trás da Fama’ com o deputado Fernando Gabeira.


O escritor desfiará reminiscências sobre sua carreira e impressões sobre o Brasil atual no dia 21, quando gatos pretos provavelmente desfilarão na frente da TV para azarar a Argentina, que enfrenta a Holanda.


Quatro dias antes, se não lhe apetecer ‘secar’ a Itália contra os EUA, há ‘Viva Sapato!’, comédia protagonizada por uma mãe-de-santo cubana que se embrenha pelas ruelas de Havana na busca por calçados milionários. Já em ‘Bendito Fruto’ -premiado no Festival de Brasília-, cartaz do dia 24, o bairro carioca de Botafogo é cenário para vários qüiproquós.


No mesmo dia, Jamie Foxx incorpora o autor de ‘Georgia on My Mind’ na cinebiografia ‘Ray’, que o Telecine passa às 22h, e Keanu Reeves enfrenta a cria do Diabo no suspense ‘Constantine’, às 21h.


Na seara musical, se o duelo deste domingo entre México e Irã não parece dos mais promissores, a opção é o especial do Eurochannel ‘Demon Days’, com entrevistas, clipes e trechos de shows da banda Gorillaz. No dia 26, The Cure mata a saudade dos oitentistas de carteirinha com uma apresentação gravada em Berlim.


Em 8 de julho, um dia antes da final da Copa, o Hallmark Channel estréia a minissérie ‘Supernova’, sobre o esforço de um grupo de cientistas para evitar que o Sol exploda. Supersticiosos certamente passarão longe da pedida apocalíptica se os comandados de Parreira tiverem chegado à decisão…’


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