Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Juíza rejeita ação de Lulinha contra a Veja


Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 4 de dezembro de 2009


 


MÍDIA NA JUSTIÇA


Juíza rejeita ação de filho de Lula contra revista ‘Veja’


‘A juíza Luciana Novakoski de Oliveira, da 2ª Vara Cível de Pinheiros, na capital, indeferiu ação de indenização por danos morais movida por Fábio Luís da Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula, contra a Editora Abril e o repórter Alexandre Oltramari, da revista Veja. A juíza indeferiu ainda outra ação contra os mesmos réus, além do lobista Alexandre Paes dos Santos, que, em conversa com o repórter, cuja transcrição foi anexada a processo judicial, se referiu a Fábio Luís da Silva com termos ofensivos.


A primeira ação foi movida após publicação, pela revista, da reportagem O Ronaldo de Lula, sobre a atuação de Lulinha na empresa Gamecorp. O texto, segundo a juíza, ‘traça um paralelo entre o sucesso profissional do autor (da ação), filho do presidente da República, com o jogador de futebol Ronaldo, já que ambos seriam considerados ‘fenômenos’ em suas respectivas áreas’. A juíza acrescenta que ‘a matéria insinua que tal sucesso decorre de sua filiação e das facilidades de acesso’ a pessoas influentes.


‘O fundo da reportagem é verdadeiro e aborda assunto de relevante interesse público’, diz ela. As sentenças determinam que Lulinha arque com despesas processuais e honorários advocatícios de R$ 20 mil. Cabe recurso.’


 


 


LIBERDADE DE IMPRENSA


Moacir Assunção


‘Constituição é taxativa contra censura’


‘O jornalista e escritor Audálio Dantas, presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo durante os anos de chumbo, sabe bem o que é censura e tem ojeriza a ela. Contra esse instrumento de ditaduras de todos os naipes, relembra, insurgiram-se jornalistas, intelectuais, escritores e democratas em geral, durante a ditadura militar e em vários outros momentos. Agora, mais de 20 anos depois dos tempos de arbítrio, ele se espanta ao ver de volta o fantasma que julgava banido por causa de sentença do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF). A mordaça impede o Estado de noticiar reportagens da Operação Boi Barrica da Polícia Federal, que investigou e indiciou por vários crimes o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).


‘Não deixa de ser curioso que exatamente o Estadão, um dos poucos jornais da chamada grande imprensa que conviveu com censores em sua redação, seja mais uma vez vítima da mordaça’, disse. Ele se refere ao período entre 1968 e 1975, quando o jornal publicava poemas de Camões – e o Jornal da Tarde, receitas de bolo – em suas páginas para mostrar à sociedade que estava sob censura da ditadura.


‘Lutamos muito contra a mordaça à livre opinião e ao livre pensamento e construímos uma Constituição que é taxativa, ao banir a censura do País. De repente, vemos esse instrumento de volta com o Judiciário fazendo o triste papel de censor no lugar dos militares.’


SURREAL


Para Audálio, a situação só pode ser classificada como surreal. ‘O caso do Estado, apesar de grave, não é o único e diariamente temos tido notícia de jornais censurados.’ Levantamento da Associação Nacional de Jornais (ANJ) constatou 12 casos de censura a veículos de informação em várias partes do País somente a partir de julho deste ano.


Uma agravante no caso específico do Estado, na opinião do jornalista, é o tempo que tem demorado para haver uma resolução – desde 31 de julho, quando o desembargador Dácio Vieira, do TJ-DF, determinou a censura. ‘A Justiça é muito rápida em alguns casos como, por exemplo, ao conceder, em meras 24 horas, liminar para os donos de shoppings em relação à lei do estacionamento grátis, mas a censura ao Estado se arrasta, sem solução.’


A reclamação do jornal contra a decisão do TJ-DF será julgada pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 9. No pedido de liminar pela derrubada da mordaça, os advogados do Estado sustentam que a decisão do TJ-DF contraria sentença na qual o STF revogou a Lei de Imprensa e reforçou o pleno direito à liberdade de informação, ao derrubar a legislação da ditadura.’


 


 


TV PAGA


Renato Cruz e Mônica Ciarelli


Empresas temem impacto de projeto de lei na internet


‘A Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara aprovou na quarta-feira o projeto de lei 29, que abre o mercado de TV paga às operadoras de telecomunicações. Os pontos mais polêmicos do projeto, como a criação de cotas para conteúdo nacional, devem ser votados em destaque na próxima semana. Um ponto do texto aprovado, no entanto, está preocupando as empresas, pois pode ter impacto nos vídeos transmitidos via internet.


As empresas temem que, do jeito que está, o texto impeça a transmissão gratuita de eventos ao vivo via internet, como jogos de futebol e shows. O inciso 23 do artigo 2º do projeto, que define o que é o ‘serviço de acesso condicionado’ (como é chamada a TV paga), diz que a recepção de canais na modalidade ‘avulsa de conteúdo programado’ é condicionada à ‘contratação remunerada por assinantes’. Um evento ao vivo, no caso, se encaixa na definição de canal (inciso 4 do mesmo artigo), que é ‘arranjo de conteúdos audiovisuais organizados em sequência linear temporal com horários predeterminados’.


Dessa forma, a transmissão dos jogos da Copa de 2010 pela internet, por exemplo, poderia ser feita somente a clientes pagantes, e o portal que os transmitisse precisaria de licença de TV paga. Essa redação foi vista, por algumas fontes do mercado, como uma forma de circunscrever a atuação das teles à TV paga, sem criar concorrentes potenciais (porque gratuitos) à TV aberta.


‘O projeto é tão mal escrito e deixa tantas dúvidas que existe o perigo de pegar a internet’, afirmou o advogado Marcos Bitelli, especialista em Direito da Comunicação. Ele criticou o poder de intervenção do governo na atividade de televisão por assinatura, criado pelo projeto. ‘O assinante é o único que não foi ouvido. Esse nacionalismo barato não ajuda a ninguém.’


Para Guilherme Ieno Costa, advogado especializado em telecomunicações, uma leitura ‘bastante cautelosa’ do projeto pode levar à interpretação de que tem um impacto na internet. ‘Mesmo que a intenção seja essa, acho que, na prática, não será assim.’ Ele citou o artigo 61 da Lei Geral de Telecomunicações, que define o que é serviço de valor adicionado (como é classificada a internet) e o caso da telefonia pela rede mundial. Quando uma ligação começa e termina num computador, ela não está sujeita às regulamentações da telefonia.


NET


No Rio, o presidente da Net, José Antônio Félix, disse que as operadoras de telefonia fixa terão de investir pesado na modernização de suas redes de cabeamento caso queiram ganhar espaço no mercado brasileiro de TV por assinatura. ‘Elas querem pegar a rede que já existe e fazer TV. As redes são muito velhas. Para fazer TV tem de ter uma rede adequada. Elas vão ter de investir muito.’


Durante um encontro com jornalistas, o presidente da Net se mostrou preocupado com o andamento da discussão no Congresso do sistema de cotas para a produção nacional. Segundo ele, o modelo apresentado pode se tornar um grande problema para o setor. ‘Esse é o tema que mais me desagrada nesse projeto’, disse. Segundo ele, a empresa fez simulações que apontaram que, pelo modelo apresentado no projeto, nenhum dos canais oferecidos pela companhia estaria atendendo às novas normas.


O presidente da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA), Alexandre Annenberg, também criticou o sistema de cotas. ‘É uma política ineficaz e retrógrada’, disse o executivo. ‘Não é isso que vai viabilizar uma indústria nacional.’ A política de cotas ficou para ser votada nos destaques, nas próximas semanas. Segundo Annenberg, o departamento jurídico da associação ainda analisa o texto aprovado.


MUDANÇAS


Abertura: O projeto aprovado na quarta-feira pela comissão da Câmara permite que as operadoras de telecomunicações tenham 100% do capital na distribuição de conteúdo de TV paga, e limita a 30% a participação no capital de produtoras de conteúdo


Polêmica: Para que o projeto fosse aprovado, a criação de cotas de conteúdo nacional ficou para ser votada em destaque na próxima semana. O projeto está há três anos em discussão, e principal ponto de discórdia são essas cotas para conteúdo’


 


 


INTERNET


Ricardo Gandour


Jornais atacam Google e cobram cooperação


‘A Associação Mundial de Jornais (WAN) voltou a atacar duramente o Google e reclamou da falta de cooperação em resolver a questão dos direitos autorais no uso de notícias pelos chamados ‘agregadores’ na internet, entre os quais o Google News é o líder absoluto. ‘Temos tentado sentar para negociar, mas o Google não tem colaborado. Enquanto isso, continua com sua cleptomania’, disse ontem Gavin O’Reilly, presidente da WAN, na sessão de encerramento do 62º congresso mundial do setor. O’Reilly se dirigia a David Drummond, vice-presidente de assuntos jurídicos do Google, que participou do painel.


Segundo O’Reilly, o Google tem sido ‘insistentemente convocado’ a colaborar com a implantação de um software, criado pela WAN, denominado ACAP, e que permite a um site noticioso controlar o uso de seu conteúdo por terceiros. ‘Vocês conversam aqui e ali, mas se recusam a sentar à mesa com a associação’, disse.


‘Vim a esse debate em missão de paz e desarmado’, amenizou Drummond. ‘O Google não é o culpado. Os jornais é que não estão aproveitando todo o nosso potencial, e deveriam trabalhar mais próximos a nós’, defendeu-se .


Visivelmente irritado, O’Reilly mencionou que recentemente o presidente mundial do Google, Eric Schmidt, disse em entrevista que ‘é um imperativo moral ajudar os jornais’. E rebateu: ‘Ninguém aqui está falando em caridade, nem de certo ou errado. Estamos falando de leis, de copyrights de conteúdos que, sejamos honestos, custa caro produzir.’


‘O Google sempre fala no tráfego que gera para os sites dos jornais. Mas não seria um direito das empresas escolher o que querem pelo seu conteúdo, se é tráfego, pagamento ou algo diferente?’, disse O’Reilly. ‘Se o Google reconhece a legitimidade dos direitos autorais, pelo menos deveria ser a favor da implantação do ACAP. Não estamos falando de algo abstrato, é só a lei.’


Drummond procurou contemporizar, afirmando que, na visão de sua empresa, o buscador não está infringindo direitos. ‘Temos uma diferença fundamental aí. Não consideramos que pesquisar e organizar links seja quebra de direitos.’ Segundo ele, tem havido ‘decisões favoráveis’ de alguns tribunais pelo mundo. ‘Não queremos dar uma mãozinha, queremos que todo mundo ganhe dinheiro.’ Mas Drummond admitiu que o Google ‘ainda não fez tudo o que está ao seu alcance’.


A Coréia do Sul é um raro caso de não dominância do Google, que tem no país uma participação de mercado que não chega a 5%, enquanto 73% das buscas se dividem entre cinco buscadores locais. Ao apresentar esse quadro, Dae-Whan Chang, presidente da associação de empresas jornalísticas, procurou moderar: ‘Vocês deviam aproveitar que estão na capital indiana da alta tecnologia, e fazer aqui o Manifesto de Hyderabad pelo respeito aos direitos autorais. Temos de nos preocupar também em consolidar conceitos e valores para os mais novos, para as gerações que virão.’’


 


 


POLÍTICA CULTURAL


Jotabê Medeiros


Revistas eróticas no Vale Cultura?


‘Uma emenda ao projeto que cria o Vale Cultura, de autoria do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), criou polêmica anteontem no Senado. Flexa Ribeiro conseguiu aprovar um texto que inclui na proposta a aquisição de periódicos – o que foi considerado, por senadores da situação, como Ideli Salvatti (PT-SC), como um desvirtuamento do propósito original. Com essa emenda, ponderou Ideli, o trabalhador poderia incluir em sua ‘cesta básica de cultura’ revistas eróticas, como Sexy e Playboy, ou gibis como os da Mônica e do Pato Donald.


‘Mas a preocupação é a mesma também em relação a livros, filmes e peças teatrais’, rebateu o senador Flexa Ribeiro. ‘O trabalhador poderá também ir ver um filme erótico ou comprar um livro pornográfico. Por outro lado, você não pode querer vetar o acesso a um canal de informação à cultura, que são as revistas e os jornais. O propósito do Vale Cultura também é o de informar’, ponderou.


Segundo o senador da oposição, a tarefa de definir o caráter cultural dos produtos e serviços do ‘cardápio’ do Vale Cultura será do Ministério da Cultura. ‘Diferentemente do Bolsa-Família, o Vale Cultura será um gasto feito com cartão magnético em empresas autorizadas. É tarefa do MinC aprovar esses credenciados como sendo de fundo cultural, mas impedir a compra de periódicos não é correto. O governo está sendo muito restritivo.’


O projeto, oriundo do Ministério da Cultura, foi aprovado anteontem em três comissões no Senado – Educação, Cultura e Esportes (CE), Assuntos Sociais (CAS) e Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Mas só deverá ir a plenário em fevereiro, segundo informou Flexa Ribeiro (PSDB-PA). Ele disse que um acordo de lideranças de governo e oposição postergou a decisão, que deveria ser tomada até o dia 12 – o projeto tramita em regime de urgência, e protelar sua votação poderia bloquear as votações no Senado.


O Vale Cultura concede R$ 50 mensais a trabalhadores com renda de até cinco salários para gastos com cinema, teatro, museus e shows, além de livros, CDs e DVDs. Até 10% do valor do Vale Cultura poderão ser descontados do salário. Terá caráter pessoal e intransferível. As empresas de lucro real podem deduzir o gasto com o Vale em até 1% do Imposto de Renda devido.


Fuzuê Na Escola


Em São Paulo, pais de centenas de alunos da Escola Municipal de Iniciação Artística (EMIA) estão em pé-de-guerra contra a decisão da Prefeitura de mudar os rumos da instituição. Eles criaram o Movimento Pró EMIA, que fez uma manifestação no vão livre do Masp na semana passada e tenta impedir que seja aprovado na Câmara o projeto de lei 0433/2009, que delega a uma Oscip a condução da escola. Os pais veem ‘risco de aniquilar um valoroso projeto artístico-pedagógico desenvolvido ao longo de 30 anos e comprometer o atendimento público de incontestável qualidade prestado a mais de 1.500 crianças na faixa etária de 5 a 12 anos.’ A Secretaria Municipal de Cultura argumenta que as mudanças na EMIA são necessárias. ‘Não se trata de extinção e sim de regulamentação da EMIA, que não conta com uma legislação para disciplinar seu funcionamento’, informou sua assessoria.’


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Acelerada pelo ibope


‘Apesar de estar melhor que sua antecessora no horário, Viver a Vida ainda não deslanchou em audiência. Segundo medição na Grande São Paulo, nos primeiros 67 capítulos exibidos, a trama de Manoel Carlos registra média de 35,6 pontos de ibope, quase 1 ponto a mais que Caminho das Índias, que em seus 67 capítulos iniciais registrou saldo de 34,6 pontos.


A média do drama da Helena da vez passa longe da sonhada pela emissora. O levantamento mostra que A Favorita (2008), no mesmo período, registrou média de 37 pontos, enquanto Duas Caras (2007), também em 67 capítulos, bateu em 38,2.


Mas o sonho de consumo da Globo continua sendo a faixa dos 39 pontos. A última novela a alcançar esse patamar foi Paraíso Tropical (2007).


Uma das explicações para esse desempenho de Viver a Vida é o ritmo arrastado da trama até agora. A partir do acidente de Luciana (Alinne Moraes), as coisas parecem estar mudando, e a recuperação da personagem deve ser mais rápida do que o programado na sinopse. A chegada dos personagens de Thiago Lacerda e Rodrigo Hilbert, que viverão uma série de romances na trama, deve agilizar ainda mais a história.’


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 4 de dezembro de 2009


 


PUBLICIDADE


Luiz Lara


Todo dia é dia da propaganda


‘HOJE É comemorado o Dia Mundial da Propaganda, instituído em 4 de dezembro de 1936, quando, na Argentina, a Asociación de Jefes de Propaganda convocou um de seus mais importantes congressos com o objetivo de promover o ensino formal da publicidade. A partir da década de 70, outros países adotaram o significado da data e ela passou a ser comemorada em todos os lugares onde se respeita a liberdade de expressão.


Muito mais, no entanto, do que no 4 de dezembro, ocasião festiva que reúne profissionais, a publicidade no Brasil é comemorada no cotidiano dos milhões de brasileiros.


Porque, sabiamente, incorporamos a ideia de que a presença vigorosa da publicidade em nossas vidas evidencia uma produção em ritmo forte. Significa oferta de emprego, ocasião para empreender e maior acesso a bens e serviços para todos. Podemos dizer que a publicidade alimenta sonhos, estabelece metas e estimula o empenho honesto na construção do futuro.


Não por acaso, nos países desenvolvidos e naqueles em franco desenvolvimento, a expressão comercial pública e promocional é parte indispensável de um mercado moral e eticamente saudável. Afinal, não há nada de verdadeiro que se possa dizer da publicidade que ela, por si só, já não tenha dito de si mesma. Às claras.


Para ser eficaz, precisa obedecer a padrões ditados pelos consumidores, ao contrário do que afirmam aqueles que defendem o cerceamento da liberdade de expressão comercial.


Por compreender e confiar nesse regramento elementar -a liberdade de escolher, experimentar, avaliar, adotar ou desprezar e denunciar anunciantes-, o Brasil foi o pioneiro na instituição da autorregulamentação da publicidade como instrumento de proteção do consumidor.


Há 29 anos, o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) é fórum legítimo a que o mercado recorre, por meio de consumidores ou marcas concorrentes, para reclamar, reparar e ajustar os procedimentos da publicidade. Seus resultados ao longo de quase três décadas são expressão de maturidade e civilidade da sociedade brasileira. É, portanto, num magnífico ambiente de comunhão de interesses, objetivos e sonhos entre a massa consumidora e a vocação produtiva de nossos empreendedores que viceja a publicidade brasileira, uma das mais respeitadas e admiradas do mundo.


Emotiva, criativa e absolutamente identificada com os valores e os sentimentos de nossa gente, mais do que simples manifestação comercial, é expressão legítima da nossa cultura. Não surpreende que no Brasil se goste tanto de propaganda. Aprovada e apreciada pelos consumidores, a publicidade contribui, ainda, para que a indústria da comunicação brasileira movimente números do maior significado socioeconômico.


Dados do IBGE mostram que, em 2007, foram movimentados R$ 47,3 bilhões em receitas de produtos e serviços e recolhidos R$ 11,9 bilhões em impostos e taxas. Foram empregadas nas agências de publicidade, veículos de comunicação e seus demais fornecedores cerca de 612 mil pessoas.


São números que se enquadram perfeitamente no momento vivido pelo Brasil, sob todos os aspectos. Temos segurança jurídica, estabilidade econômica, mercado interno forte e pleno exercício da democracia e dos direitos individuais. Alcançamos esse estágio com alternância de poder, imprensa livre, eleições regulares, Congresso e Judiciário funcionando.


A propaganda teve papel singular nessa etapa da história brasileira ao impulsionar com o talento de seus profissionais a roda da economia e alimentar com a convicção de seus ideais o discurso da liberdade.


Olhando para a frente, vemos que os aspectos mais favoráveis para a construção do nosso melhor futuro não combinam, definitivamente, com as ameaças que rondam a propaganda e o ambiente estimulante para os negócios que o Brasil estabeleceu para si e que tanto interesse tem despertado no mundo.


A Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap) gostaria que este 4 de dezembro inspirasse uma profunda reflexão sobre o encadeamento entre publicidade, consumo, produção, geração de empregos, a real habilitação do Brasil como competidor global, liberdade de expressão, independência econômica dos meios de comunicação e a segurança da democracia. E assumíssemos todos a nossa responsabilidade com a consolidação do país que queremos desfrutar o quanto antes e que pretendemos legar para as próximas gerações.


LUIZ LARA, 47, é presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap) e CEO da agência Lew’Lara/TBWA.’


 


 


MÍDIA E POLÍTICA


Clóvis Rossi


Para jornal alemão, ‘superstar’ Lula vai ‘salvar o clima’


‘Quem diria que o filho de dona Lindu, mais conhecido mundialmente como Lula ou, na versão mais longa, Luiz Inácio Lula da Silva, viraria ‘superstar’ (ou ‘zuperstar’, já que os alemães pronunciam todo ‘esse’ como ‘zê’)? Virou já no título do jornal ‘Süddeutsche Zeitung’, o de maior número de assinantes na Alemanha, editado em Munique e lido por 1,1 milhão de pessoas.


No texto, o filho de Eurídice Ferreira de Mello, a dona Lindu, é tratado como ‘o político mais popular do planeta’, ‘adorado por 80% dos brasileiros’ e diante de quem ‘os poderosos do planeta fazem fila’. Para o jornal, Lula não visita Berlim (ontem) e Hamburgo (hoje), ‘honra Berlim e Hamburgo’, a caminho de Copenhague, para ‘ajudar a salvar o clima’.


Angela Merkel (pronuncia-se ‘Anguela’, embora Lula tenha ido de Angela mesmo) pode não ter feito fila para ficar frente a frente como Lula, mas tratou-o como ‘amigo’ e até, no final da entrevista coletiva que ambos deram na Chancelaria alemã (a sede do governo), usou o ‘du’ que é tu, rara intimidade de um alemão, que usualmente prefere o ‘sie’, de você, mas também de senhor.


Lula parecia absolutamente à vontade com Merkel. Enquanto eram assinados vários convênios, pelos respectivos ministros, os dois líderes ficaram conversando animadamente, com a intermediação de Sérgio Ferreira, o intérprete que acompanha Lula desde os tempos do sindicalismo. Merkel falava em inglês, idioma que Lula não domina, mas no qual Ferreira é um craque.


De alemão, brincou Lula, só aprendeu ‘auf Wiedersehen’ (até logo), nos tempos em que ia à Alemanha como dirigente sindical e recebia a solidariedade de seus colegas, que aproveitou para agradecer ontem.


Antes da conversa com Merkel, o presidente não hesitou em voltar aos tempos de filho de dona Lindu. Foi quando chegou ao ‘Neue Wache’, o antigo memorial para as vítimas das guerras napoleônicas, semidestruído durante a 2ª Guerra Mundial (1939/45) e refeito, no fim dos anos 60, pela antiga Alemanha Oriental, agora como memorial das vítimas do fascismo e do militarismo.


O que chamou a atenção de Lula foi uma barraquinha de venda de salsicha, outro fenômeno bem alemão, nas quais se deliciava quando as pompas das visitas de Estado estavam longe de seu alcance.


Pediu para um assessor comprar um sanduíche, deu uma leve beliscadinha e levou o resto para o hotel Ritz-Carlton, em que se hospedou, embrulhado em papel-alumínio, como o faria o filho de dona Lindu. Lamentou não poder comer mais.


À porta do Ritz-Carlton, meia dúzia de jovens de caderno em punho esperavam. Não, não era por Lula, mas por um certo Paul McCartney, um ‘pop-star’ ainda mais conhecido do que o filho de dona Lindu.’


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Mensalão do PSDB


‘Nos sites e telejornais, há dias, ‘mensalão do PT’ e ‘mensalão do DEM’.


O ex-presidente do PSDB virou réu por esquema que precedeu os dois e foi destacado em manchetes, ontem nos portais UOL, Terra e G1, como ‘mensalão mineiro’. Na Globo propriamente, nem ‘mensalão’. Fátima Bernardes descreveu um ‘esquema que ficou conhecido como valerioduto de Minas’.


Já o site do jornal ‘O Estado de S. Paulo’ postou a manchete ‘Supremo decide processar Azeredo por mensalão tucano’.


MENSALÃO? QUE MENSALÃO?


A newsletter de Cesar Maia, pai do presidente do DEM, abordou o escândalo que envolve o único governador do partido sem citar uma única vez a expressão ‘mensalão’. No final, após notas sobre outros assuntos, mencionou o ‘mensalão’ do PT.


José Dirceu reagiu postando que o adversário ‘escreve como se não fosse com ele’. No título, ‘Nunca vi tamanho cinismo e hipocrisia!’.


INIMIGOS…


Cesar Maia recorreu a Churchill para questionar o PSDB ou parte dele:


‘A Câmara dos Comuns dispõe governo e oposição de forma confrontante. Um estreante sentou ao lado de Churchill: ‘Ali na frente, nossos inimigos’. Churchill sorriu: ‘Ali na frente, nossos adversários. Aqui atrás, nossos inimigos’.’


SOLIDÁRIOS


A BBC Brasil ouviu o filho de Maia, Rodrigo, e o UOL deu submanchete para a cobrança de solidariedade do PSDB: ‘A impressão é que faltou um pouco de solidariedade, no momento de crise do aliado, que vivemos hoje e o PSDB viveu no passado’.


Quanto à aliança, lembrou que ‘o tempo de TV deles é igual ao nosso’.


FILA


O ‘Sueddeustsche Zeitung’ apresentou Lula destacando que ‘Os brasileiros amam seu presidente, os poderosos do planeta fazem fila e agora o ‘político mais popular do mundo’ visita a chanceler Merkel’


SEM SONHOS


No alto das buscas via Yahoo News, ‘Brasil e Alemanha esperam passo à frente nas conversas de Copenhague’. Porém na manchete da Reuters Brasil ao longo da tarde, ‘Brasil e Alemanha não veem ‘acordo dos sonhos’ em Copenhague’, que abre segunda.


Na escalada do ‘Jornal Nacional’, nada de Copenhague, só as divergências sobre o Irã.


RICOS & POBRES


Com a ilustração ao lado, a nova edição da ‘Economist’ dá capa para o encontro sobre mudança climática e cobra, em suma, que ‘países ricos e pobres precisam ceder terreno para conseguir acordo em Copenhague’


NEM EUA NEM BRASIL


A ‘Economist’ dá o episódio do ‘golpe’ hondurenho por encerrado, sob o título ‘Honduras desafia o mundo’ e, logo abaixo, ‘Reconheçam o vencedor das eleições -e repensem como defender a democracia’. Avalia que ‘ninguém se salva no pântano hondurenho’. Obama ‘poderia ter acertado as coisas se tivesse agido com força desde o início’. E o ‘Brasil também agiu mal’, ao ‘deixar Zelaya transformar a embaixada em sede de campanha e ao fracassar em obter sua reinstalação’.


Diz que o problema maior é a ‘autocracia’ representada por Hugo Chávez, que polariza a região e inviabiliza as ações dos EUA e do Brasil.


JARDINS


No ‘Jornal Nacional’, a imagem do cruzamento da avenida Rebouças com a avenida Brasil (acima) foi o destaque, mas os noticiosos populares de Record e Band se concentraram nas crianças mortas do Jardim Ângela’


 


 


FUSÕES E AQUISIÇÕES


Janaina Lage


Rede de TV a cabo dos EUA compra NBC e muda setor


‘A maior provedora de serviços de TV a cabo nos EUA, a Comcast, anunciou ontem a compra do controle da NBC Universal, que inclui, além do canal de TV aberta, canais de TV a cabo, estúdio de cinema e parques temáticos.


A operação foi vista nos EUA como o primeiro passo para um novo modelo no setor audiovisual ao reunir em uma única empresa a distribuição e a produção de conteúdo.


A NBC tinha como acionistas a GE, com 80%, e o grupo francês Vivendi, com 20%. O primeiro sinal de que o negócio, discutido há meses, seria concluído foi o anúncio nesta semana de que a GE fechou acordo para comprar a parte da Vivendi por US$ 5,8 bilhões.


A Comcast terá participação de 51% na empresa. A GE ficou com 49% e, no futuro, poderá vender o resto para a Comcast. Na venda, a NBC teve seu valor estimado em US$ 30 bilhões.


Para ter ideia da dimensão dessa nova empresa, uma joint venture entre Comcast e GE, a Comcast vai administrar ativos com receita de US$ 51 bilhões em 2008, mais que TimeWarner, Walt Disney ou NewsCorp.


A NBC é a quarta das redes de TV aberta, setor que, nos EUA, sofre com queda de anunciantes e de audiência. Já as TVs a cabo seguem crescendo impulsionadas pelas mensalidades.


O negócio ainda depende de aprovação de órgãos reguladores. No comunicado ao mercado, a empresa estima obter a aprovação em um ano. No Congresso, a operação foi recebida com preocupação. O senador democrata John Kerry, de Massachusetts, disse que a combinação levanta algumas questões complexas. ‘Quando grandes empresas de mídia controlam conteúdo e distribuição, precisamos ter certeza de que os consumidores não serão deixados com menos conteúdo e preços mais altos.’


A operação é o primeiro grande desafio para os reguladores no governo Obama.


O presidente da Comcast, Brian Roberts, afirmou que o acordo era ‘perfeito para a Comcast e permitirá que a empresa se torne líder em desenvolvimento e distribuição de mídia multiplataforma do tipo ‘a qualquer hora, em qualquer lugar’, uma demanda dos consumidores americanos’.


Não é a primeira tentativa da Comcast de estender sua atuação ao conteúdo. Em 2004, tentou comprar a Walt Disney Company, mas não teve sucesso. Depois, passou a fazer investimentos mais modestos em conteúdo com a compra de canais esportivos e de TV a cabo.


Na prática, alguns dos principais ativos da NBC Universal estão justamente nos canais a cabo, como USA, Bravo e SyFy, entre outros, além do estúdio de cinema Universal.


Para viabilizar a operação, a NBC tomará emprestados US$ 9,1 bilhões com um grupo de bancos e distribuirá os recursos para a GE. A contribuição da Comcast para a operação é a inclusão dos negócios de programação e outros ativos, como sites na internet, que, somados, chegam a US$ 7,25 bilhões. Além disso, pagará cerca de US$ 6,5 bilhões em dinheiro.


Uma das áreas que devem receber atenção especial é a esportiva. A nova empresa deverá combinar os canais de esportes da Comcast com a operação de transmissão da NBC. O foco está nos direitos sobre eventos como as Olimpíadas e os jogos de futebol americano.


A aquisição da NBC também representa proteção para a Comcast caso as operadoras de cabo passem a pagar taxas para acessar o conteúdo da TV aberta, em discussão no país.’


 


 


John Gapper, Financial Times


Sucesso de acordo entre TVs é improvável


É assim que acaba a sinergia na mídia: não com uma explosão, mas com um gemido. Nos velhos dias, as empresas que adquiriam grupos de mídia costumavam descrever cintilantes perspectivas de sinergia a ser conquistada pela combinação entre diferentes ativos. A fusão entre a America Online e a Time Warner, em 2000, foi o ápice dessas bravatas.


Desta vez, a ambição da Comcast quanto a adquirir a NBC Universal foi dirigida a um alvo mais administrável. Além de um estúdio de cinema de fraco desempenho e uma rede de TV aberta em dificuldades, a NBC controla redes de TV paga lucrativas e em crescimento, tais como CNBC, Bravo e Weather Channel.


O motivo alegado pela empresa para combinar ativos de mídia e de distribuição é tão complicado quanto a estrutura do acordo. As redes de cabo da NBC podem ajudar a compensar o declínio nas assinaturas de serviços básicos de TV a cabo; ou o controle de um estúdio de cinema pode acelerar a chegada de filmes aos canais de cabo; ou a empresa poderá economizar o dinheiro que paga pelo conteúdo das redes a cabo.


Leo Hindery, um financista que no passado dirigiu o sistema de cabo da AT&T, argumenta que a Comcast chegou mais ou menos ao limite do crescimento de seu negócio básico (ela serve a 24 milhões de domicílios nos Estados Unidos) e tem de ou estender atividades a outro segmentos ou começar a restituir dinheiro aos acionistas na forma de dividendos ou recompras de ações.


‘Brian [Roberts, o presidente-executivo da Comcast] está diante de um desafio de crescimento típico. O que fazer a seguir?’, diz Hindery.


A melhor aposta, se bem que menos divertida, seria devolver mais dinheiro aos acionistas e aceitar que o segmento em que a empresa opera esgotou seu crescimento, e agora se tornou uma simples fonte de receita mais ou menos constante.


Enquanto isso, outras empresas vêm abandonando a ideia de que combinar negócios de mídia pode resultar em total maior que a soma das partes envolvidas. A Time Warner transformou sua divisão de cabo -a maior concorrente da Comcast- em uma companhia independente. E em breve fará o mesmo com a America Online, enquanto Viacom e CBS reverteram sua fusão.


As possíveis sinergias na nova transação parecem modestas ou demoradas, o que nos leva a considerar por que, exatamente, a Comcast deseja adquirir a NBC. A explicação menos caridosa é que Roberts, como empresas de petróleo, fundos de hedge e outras companhias precedentes, deixou-se atrair pelo glamour de Hollywood.


Há uma explicação mais caridosa, no entanto, ainda que não justifique a transação aos olhos dos acionistas. Redes de TV a cabo são um bom negócio, sob os padrões da TV aberta, da música e da mídia, e as operadoras de cabo estão enfrentando competição mais aguçada das operadoras de telecomunicações e de TV via satélite.


As redes de cabo que atendem a nichos, como Nickelodeon, Fox News e ESPN, continuam a conquistar publicidade antes direcionada à TV aberta. O problema é que o todo continua a não ser maior que a soma de suas partes -ou seja, não existe sinergia.


As grandes companhias de mídia já tentaram conquistar sinergias com ativos divergentes, no passado, e fracassaram. Ao tomar o controle da NBC, a Comcast tenta algo de mais modesto do que as visões grandiosas do passado. Mas a probabilidade de que a transação funcione é igualmente baixa.


Tradução de PAULO MIGLIACCI’


 


 


Negócio é aposta em audiência fragmentada


‘A aquisição da NBC pela Comcast consolida a noção de que as redes de TV aberta terão de buscar novos formatos para obter rentabilidade. Nos últimos anos, a audiência dos canais de TV aberta está em baixa, e o interesse do anunciante, também.


A tradicional cena da família reunida para assistir à novela (ou ao seriado preferido) no canal de TV aberta já está caindo, aos poucos, em desuso. O consumidor quer agora assistir ao programa de seu gosto no horário e na plataforma que desejar. As redes de TV por assinatura têm sido menos afetadas por contarem com a mensalidade paga às provedoras, como a própria Comcast.


O negócio é uma aposta na audiência fragmentada. Dona da distribuição, com serviços de internet, telefone e TV a cabo, a Comcast terá espaço para promover a NBC em diversas plataformas.


A NBC já foi líder de audiência e exibiu seriados de sucesso como ‘ER’, ‘Friends’ e ‘Seinfeld’. Nos últimos anos, amarga um quarto lugar entre as grandes redes de TV. Seu último movimento digno de nota foi justamente substituir a exibição de seriados na faixa das 22h pelo programa de entrevistas de Jay Leno -que tem produção mais em conta.


Os sinais de que a maneira de ganhar dinheiro com a TV aberta está mudando não são poucos. Até a famosa apresentadora Oprah Winfrey anunciou que sai do ar, em 2010, para cuidar de seu canal a cabo. Até ela enfrentava queda de audiência.


A mudança não está restrita à TV. O estúdio de cinema Universal Pictures, responsável por sucessos como ‘O Ultimato Bourne’ e ‘O Segredo de Brokeback Mountain’, também enfrenta a queda nas receitas de DVDs.’


 


 


ASSINATURA


Elvira Lobato


Ancine perde poder no projeto sobre TV paga


‘A Ancine (Agência Nacional de Cinema) perdeu poder na versão do projeto de lei 29 aprovado anteontem na Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara. O projeto autoriza as companhias telefônicas a oferecer TV paga por suas redes.


O projeto ainda pode sofrer mudanças na semana que vem, quando a mesma comissão votará cinco destaques, que não foram examinados anteontem.


Poder excessivo


O relator do projeto, deputado Paulo Lustosa (PMDB-CE), modificou o texto horas antes da votação porque alguns radiodifusores consideravam que o projeto dava poder excessivo à Ancine sobre a produção e a comercialização de conteúdo nacional para a TV paga.


‘O poder atribuído à Ancine virou foco de reclamações’, disse Lustosa. Duas semanas atrás, na busca por consenso com as operadoras de TV por assinatura, ele havia feito mudanças, como no artigo que dava à agência poder para definir o tempo de publicidade nos canais pagos.


Para atender as emissoras, notadamente a Globo, segundo o relator, foi retirada do texto a previsão de que a Ancine faria a classificação da faixa etária dos programas -a atribuição volta para o Ministério da Justiça.


Segundo o relator, foram feitas dez modificações relativas à Ancine para viabilizar a aprovação, anteontem.


Dois destaques, apresentados pelo deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC), modificarão substancialmente o projeto se forem aprovados, na semana que vem.


Um propõe a supressão do capítulo 5, que estabelece o sistema de cotas para exibição de conteúdos produzidos no Brasil. O outro propõe a eliminação do capítulo 6, que trata do fomento à produção de audiovisual nacional.


Um destaque que irá à votação, apresentado pelo deputado Sandes Júnior (PP-GO), propõe que a União compense as operadoras de TV paga por exibirem os canais públicos, como TV Senado, TV Justiça e canal comunitário.


Ele propõe que as empresas possam deduzir no Imposto de Renda o custo da exibição, como ocorre com o horário eleitoral gratuito na TV aberta.


O deputado Sandes Júnior disse à Folha que apresentou o destaque a pedido da ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura).


Reação


O PL 29 tramita na Câmara desde fevereiro de 2007 e sua aprovação na Comissão de Ciência e Tecnologia foi considerada um passo importante pelas empresas.


O presidente da Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão), Daniel Slaviero, disse que todos os pontos defendidos pela entidade e de consenso entre os radiodifusores foram atendidos.


A ABTA ainda considera excessivo o papel atribuído à Ancine. ‘Ela pode interferir em questões substantivas, como a regulação das empacotadoras de canais e programadoras’, afirma Alexandre Annemberg, presidente-executivo da entidade.


As companhias telefônicas, principais interessadas, avaliam que o texto ‘é o mais próximo possível do que seria adequado para atrair novos investidores’, mas que há questões a serem resolvidas no Senado, segundo declara João de Deus, vice-presidente da Abrafix (associação das teles fixas).’


 


 


INTERNET


Sérgio Dávila


Reportagens são publicadas 4 vezes pela web sem autorização


‘Cada reportagem original feita por um jornal americano é reproduzida, parcialmente ou em sua totalidade, 4,4 vezes em média na internet por sites que não têm autorização de autores e empresas. O número salta para até 15 vezes no caso de conteúdo criado por grandes títulos, como o ‘New York Times’.


A conclusão é de estudo encomendado por um grupo de editores, que analisou a disseminação do noticiário na rede durante um mês. O levantamento teve como base 101 mil textos publicados por 157 jornais ao longo de 30 dias, terminados em 15 de novembro.


Essa massa noticiosa deu origem a 112 mil reproduções na íntegra e 520 mil reproduções parciais em 75 mil sites que não tinham autorização para tal. Menos de 10% dos sites que mais reproduziram artigos sem autorização são blogs.


Quem mais lucrou com a prática foi o Google, empresa que administrou 53% dos anúncios encontrados nas páginas com noticiário não autorizado, seguido de Yahoo!, com 19%, e Microsoft e Audience Science, com 5% cada uma.


Embora o levantamento não quantifique a perda das companhias noticiosas com essa prática, outro estudo, feito em janeiro entre as 25 maiores empresas de mídia dos EUA, estima que esse grupo tenha deixado de faturar US$ 250 milhões com o uso indevido de conteúdo, diz o ‘Financial Times’.


O primeiro estudo foi encomendando pelo Fair Syndication Consortium (consórcio por uma republicação justa, em tradução livre), grupo criado em abril que reúne mais de 1.500 empresas jornalísticas e tem como meta defender ‘uma economia de conteúdo on-line justo e aberto’.


Vem a público num momento em que os grupos de mídia começam a se mexer contra o uso de conteúdo noticioso original, que tem custo alto e leva tempo para ser produzido, por sites que nada pagam por isso e lucram com anúncios veiculados junto das reportagens reproduzidas sem autorização.


A ideia do Fair Syndication não é tanto impedir a reprodução dos artigos, e sim cobrar uma porcentagem de empresas como o Google, que lucram com ela. Isso ajudaria a pagar pela operação da apuração de notícias, que, no ‘New York Times’, por exemplo, custa mais de US$ 200 milhões por ano.’


 


 


TELEVISÃO


Sílvia Corrêa


‘Verão MTV’ vai cobrir Carnaval e lançar VJ


‘A MTV se rendeu: vai cobrir um pouquinho do Carnaval 2010. A emissora colocará no ar 14 programetes de 1 minuto, entre os dias 1º e 16 de fevereiro, batizados de ‘Bloco MTV’. Os dropes mostrarão os preparativos para a folia no Rio de Janeiro e em Florianópolis.


Floripa, aliás, será pelo segundo ano seguido a sede do ‘Verão MTV’ -uma programação especial de 11 de janeiro a 28 de fevereiro. Além de Bia e Branca -as gêmeas do nado sincronizado, que estarão à frente do ‘Dicas de Verão’- a emissora lançará uma jovem VJ no comando do ‘MTV Lab Verão’ -uma parada musical diária. Até agora, a moça foi a que mais agradou nos pilotos.


O ‘MTV Lab’ estreia na programação, junto com ‘Delírios de Verão’, ‘Viva!MTV’ e ‘Tem Uma Banda na Nossa Casa’.


O ‘Delírios’ será semanal, com os humoristas Bento e Fábio Rabin delirando nas areias de Jurerê Internacional. O ‘Viva!’, de Marina Person, falará de vida saudável, alimentação e malhação -’sem exageros’, segundo a emissora.


O ‘Banda’, também semanal, terá cara de reality. A emissora escolheu seis grupos adolescentes que estarão em suas casas de praia para mostrar quais são suas bandas favoritas, influenciadas pela internet.


O programa já tem três episódios gravados. Primeiro, ele apresenta os amigos -como vivem, quem são, o que pensam. Depois, mostra a rotina da banda. No final, os músicos farão um show na casa dos fãs.


DÁ-LHE PICA-PAU


A Record desistiu de colocar um compacto de ‘A Fazenda’ no lugar de ‘Geraldo Brasil’. A avaliação é que a época é crítica para a audiência. O projeto, para o qual Babi Xavier é cotada, fica para janeiro e dá lugar a enlatados -’Pica-Pau’, é claro.


SOBROU GERAL


O diretor do ‘Pânico’ (RedeTV!), Alan Rapp, disse no Twitter que quer ‘aniquilar os amadores, principalmente os que estão mais próximos, com teorias furadas que derrubam a produção’. Diz que são ‘burocratas incompetentes’ que estão atrás das câmeras. Rapp prefere não dar mais detalhes. Avalia que o recado está dado.


NA MOITA


João Gordo não fala sobre o futuro na Record. O contrato com a MTV só vence no dia 31.


DUELO AOS SÁBADOS


O ‘Caldeirão do Huck’ mudará de horário a partir de amanhã. A Globo tirou o programa das 14h15 e colocou das 16h15 às 18h15. Vai enfrentar o ‘Show da Gente’ (SBT) e a primeira hora de ‘Melhor do Brasil’ (Record). A guerra de audiência do domingo à noite pode passar a ter um round no sábado.


FESTA DO CHAVES


Os fãs do mexicano Chaves se reúnem amanhã, na esquina da rua da Consolação com a al. Jaú, para comemorar os 25 anos das séries no Brasil. Vão projetar num telão episódios clássicos e raridades do seriado.


APOSTA INTERATIVA


O número de acesso ao site de ‘Malhação ID’, com recursos exclusivos para a internet, já supera em 53% o mesmo período da temporada anterior.’


 


 


 


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