Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Keila Jimenez


‘Se você está acostumado a esperar horas ao telefone, ouvindo aquela musiquinha institucional chata para ser atendido pela sua operadora de TV paga, pode comemorar. Em breve você terá de ser atendido após no máximo 60 segundos de espera, segundo o novo plano de metas de qualidade do serviço.


Pelo menos é isso o que prevêm as metas da TV por assinatura, criadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e que devem ser publicadas nos próximos dias no Diário Oficial da União. As novas regras, elaboradas em parceria com o Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional, estabelecem um prazo de até um ano para passarem a ser seguidas pelas operadoras oficialmente.


Entre as metas relacionadas estão os serviços de atendimento aos usuários da TV por assinatura, prazo de instalação e desligamento do serviço e cobrança do mesmo.


A qualidade das operadoras, segundo o plano de metas, será medida por índices mensais, como o número de reclamações recebidas, número de instalações do serviço, atendimento pessoal, índice de reclamações por erro em conta, número de interrupções de serviço solucionadas, índices de reparos técnicos atendidos, entre outras. As próprias operadoras terão de enviar todos os meses os dados relativos a esses índices à Anatel. Esses dados deverão alimentar o Sistema de Acompanhamento das Prestadores de TV por Assinatura (Satva), que estará disponível no site da Anatel.


PUNIÇÃO


As prestadoras serão punidas todas as vezes que esses dados ficarem abaixo das metas estabelecidas pela agência ou caso a Anatel perceba alguma irregularidade na contabilização desses índices. Caso algum índice fique abaixo das metas estabelecidas, a operadora terá de explicar-se à Anatel, relatando os motivos do problema e as providências que estão sendo tomadas para solucioná-lo.


24 HORAS


Além do tempo de espera do atendimento telefônico aos usuários, outra meta estabelecida é que o número de reclamações não pode superar 3% do total do número de assinantes do serviço e que as operadoras terão de atender aos prazos prometidos para os seus consumidores – na solução de problemas – em 90% dos casos de reclamações.


Cancelamento do serviço deve ocorrer no máximo 24 horas depois do pedido do assinante, assim também como um assinante em situação regular não pode ficar mais de 24 horas com o serviço interrompido.’


 


BRIGA EVANGÉLICA


Ancelmo Gois


‘Briga evangélica’, copyright O Globo, 21/7/05


‘A TV Record tem feito campanha contra Garotinho.


A ponto de ter cortado, na edição, as cenas em que Elimar Santos e Agnaldo Timóteo tiravam o chapéu para o ex-governador naquele quadro do programa de Raul Gil.’


 


AUTRAN NO RÁDIO


Laura Mattos


‘‘Nunca mais faço TV; enjoei’, diz Paulo Autran’, copyright Folha de S. Paulo, 21/7/05


‘Aos 82, Paulo Autran é direto ao responder sobre seus planos para a televisão: ‘Nenhum, não vou fazer TV nunca mais’. Cansou? ‘Enjoei.’ Por quê? ‘Não quero falar mal da televisão. Me poupe.’


Em almoço anteontem em São Paulo, em comemoração do lançamento de seu quadro na Bandnews FM, o ator encerrou o assunto com resposta à pergunta sobre o que vê na televisão: ‘Não vejo TV há muitos anos’.


Autran queria mesmo era falar sobre ‘Quadrante’ (de seg. a sex., às 17h17 e às 22h17, nos 96,9 MHz). O quadro, com leitura de obras literárias, é um ‘revival’ de um programa apresentado por ele nos anos 60, na rádio Ministério da Educação e Cultura, no Rio.


‘É um prazer levar literatura ao rádio. Quem sabe não conseguimos resgatar a emoção dos ouvintes’, disse Autran, que no dial prefere notícia e ‘músicas boas’.


Citou com ânimo seus projetos para o cinema (‘A Máquina’, estréia em 7/10), teatro (‘Adivinhe Quem Vem para Rezar’, 11/8) e literatura (biografia ‘Paulo Autran Sem Comentários’, sem data).


Na TV, fez uma participação como ele mesmo na série ‘Um Só Coração’ (2004). Seu último personagem havia sido em ‘Hilda Furacão’ (1998). Autran está fora das novelas desde ‘Sassaricando’ (87). Mas diz estar disposto a atuar ao lado de Fernanda Montenegro na versão cinematográfica de ‘Guerra dos Sexos’ (83), que está nos planos da Globo.


Na Bandnews, além de seu quadro, estrearam ontem os colunistas José Simão (humor), da Folha, István Wessel (gastronomia) e Chico Barbosa (automobilismo).’


 


A GUERRA DOS MUNDOS


Luis Fernando Veríssimo


‘Um trem em chamas’, copyright O Estado de S. Paulo, 21/7/05


‘Neoconservadores de outro planeta decidem invadir a Terra atrás dos seus recursos naturais, só por maldade ou para livrar o mundo do Tom Cruise. Qualquer uma destas hipóteses serve para explicar o ataque dos extraterrestres no extraordinário novo filme do Spielberg. Nunca ficamos sabendo de onde eles vêm e o que eles querem, além de nos pulverizar. Não há ultimatos, eles já chegam atirando. Não há cenas do ataque no restante do mundo ou de autoridades internacionais reunidas para planejar a resistência. O filme concentra-se nos Estados Unidos, ou na pequena parte do país representada por Cruise, sua família e sua circunstância. Spielberg sempre faz isso. Nos seus filmes, coisas fantásticas ou aterradoras acontecem ao redor de uma situação doméstica que nunca deixa de ser o centro da narrativa, e que no fim sempre se impõe ao resto. Em A Guerra dos Mundos ele consegue, ao mesmo tempo, destruir a Terra na nossa cara com o melhor uso de efeitos especiais digitalizados já feitos no cinema, e nos dar a impressão de que o caos está acontecendo nas margens da experiência familiar, mais entrevisto do que visto. Clarões atrás de um morro são os únicos sinais de uma batalha terrível com as máquinas invasoras da qual carros de combate emergem semidespedaçados, em fuga. A própria movimentação do Exército americano enfrentando os extraterrenos não merece muita atenção da câmera. É apenas mais um detalhe de fundo, e da impotência generalizada. Quase sempre vê-se mais a conseqüência da ação do que a ação. De repente, um trem em alta velocidade e totalmente em chamas atravessa a tela durante uma cena de horror, dando-nos uma visão impressionante de um horror ainda maior em outro lugar.


O filme testa nossa capacidade de agüentar o Tom Cruise permanentemente em cena – a câmera não o abandona por um segundo – e tem seus aborrecimentos, como uma longa seqüência num porão que poderia ter sido podada. Mas é um ótimo Spielberg, o que significa cinema no mais alto grau de invenção visual e emoção. Até sua ausência de sentido, a não ser para os mais diligentes caçadores de mensagens, funciona a favor do filme e do nosso prazer juvenil em vê-lo. Os extraterrestres não nos trazem nenhuma lição: nos liquidam, aparentemente, de nojo gratuito. Não provocam nenhuma resistência inspiradora num mundo unido contra um inimigo comum: nos comportamos abjetamente sob ataque. Estamos de volta aos bons tempos em que os raios da morte eram raios da morte, não metáforas, e o terror acabava na saída do cinema.’