Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Larry Rohter

‘O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca escondeu sua inclinação por um copo de cerveja, uma dose de uísque ou, melhor ainda, um copinho de cachaça, o potente destilado brasileiro feito de cana-de-açúcar. Mas alguns de seus conterrâneos começam a se perguntar se sua preferência por bebidas fortes não está afetando suu performance no cargo.

Nos últimos meses, o governo esquerdista de Da Silva tem sido assaltado por uma crise depois da outra, de escândalos de corrupção ao fracasso de programas sociais cruciais.

O presidente tem ficado longe do alcance público nesses casos e tem deixado seus assessores encarregarem-se da maior parte do levantamento de peso. Essa atitude tem levantado especulação sobre se o seu aparente desengajamento e passividade podem de alguma forma estar relacionados a seu apetite por álcool. Seus apoiadores, entretanto, negam as acusações de excesso de bebida.

Apesar de líderes políticos e jornalistas falarem cada vez mais entre si sobre o consumo de bebidas de Da Silva, poucos estão dispostos a expressarem suas suspeitas em público ou oficialmente. Uma exceção é Leonel Brizola, líder do esquerdista PDT, que foi companheiro de Lula na eleição de 1998, mas agora está preocupado que o presidente esteja ‘destruindo os neurônios de seu cérebro’.

‘Quando eu fui candidato a vice-presidente de Lula, ele bebia muito’, disse Brizola, agora um crítico do governo, em um discurso recente. ‘Eu o avisei que bebidas destiladas são perigosas. Mas ele não me escutou e, de acordo com que estão dizendo, continua a beber.’

Durante uma entrevista no Rio de Janeiro em meados de abril, Brizola argumentou sobre a preocupação que ele havia expressado a Da Silva e que o que ele dissera ter sido desconsiderado. ‘Eu disse a ele: ‘Lula, eu sou seu amigo e camarada, e você precisa controlar isso’, ele lembra.

‘Não, não há perigo, eu tenho isso sob controle’, Brizola lembra da resposta de Da Silva, imitando sua voz rouca. ‘Ele resistiu, ele é um resistente’, Brizola continuou. ‘Mas ele tinha aquele problema. Se eu bebesse como ele, estaria frito.’

Os porta-vozes de Da Silva recusaram-se a discutir oficialmente os hábitos de beber do presidente, afirmando que não iriam dar crédito a acusações infundadas com uma resposta oficial. Em uma breve mensagem por e-mail que respondia a um pedido de comentário, afirmaram que a especulação que Da Silva bebe em excesso como ‘uma mistura de preconceito, desinformação e má-fé’.

Da Silva, um metalúrgico de 58 anos, mostrou ser um homem de apetites e impulsos fortes, o que contribui para seu apelo popular. Com um misto de compaixão e simpatia, os brasileiros têm assistido a seus esforços para não fumar em público, a seus flertes com atrizes em eventos públicos e à sua batalha contínua para evitar comidas gordurosas – que fizeram seu peso aumentar muito em pouco tempo desde que assumiu o cargo em janeiro de 2003.

Além de Brizola, líderes políticos e a mídia parecem preferir lidar com isso de forma mais sutil e indireta, mas com com um certo apetite. Sempre que possível, a imprensa brasileira publica fotos do presidente com os olhos avermelhados e as bochechas coradas e constantemente fazem referências tanto aos churrascos de fim de semana na residência presidencial, onde a bebida corre solta, como aos eventos oficiais onde Da Silva parece nunca estar sem um copo de bebida nas mãos.

‘Eu tenho um conselho para o Lula’, escreveu em março o crítico mordaz Diogo Mainardi, colunista da ‘Veja’, a revista mais importante do país, enumerando uma lista de reportagens contendo referências ao hábito do presidente. ‘Pare de beber em público’, ele aconselhou, acrescentando que o presidente tornou-se ‘o maior garoto-propaganda para a indústria da bebida’ com seu notório consumo de álcool.

Uma semana depois, a mesma revista publicou uma carta de um leitor preocupado com o ‘alcoolismo de Lula’ e seu efeito na habilidade do presidente de governar.

Apesar de alguns sites estarem reclamando de ‘nosso presidente alcoólico’, foi a primeira vez que a grande imprensa nacional referiu-se a da Silva desta maneira.

Historicamente, os brasileiros têm razão para estarem preocupados com sinais de hábitos de abuso do álcool de seus presidentes. Jânio Quadros, eleito em 1960, foi um bebedor manifesto que um dia declarou: ‘Bebo porque é líquido’.

Sua inesperada renúncia, menos de um mês após ter assumido – período considerado uma maratona de excessos – iniciou um período de instabilidade política que levou a um golpe de Estado, em 1964, e a 20 anos de uma rígida ditadura militar.

Independentemente se Da Silva tem um problema com bebida ou não, o tema tem se infiltrado na consciência pública e se tornado alvo de piadas.

Quando o governo gastou US$ 56 milhões no início do ano para comprar um novo avião presidencial, por exemplo, o colunista Claudio Humberto, uma espécie de Matt Drudge da política brasileira, fez um concurso para dar um apelido à aeronave. Uma das escolhas vencedoras, em alusão de que o avião presidencial americano é chamado de Força Aérea Um, sugeriu que o nome do jato de Da Silva deveria ser ‘Pirassununga 51’ -nome de uma marca popular de cachaça no Brasil.

Outra sugestão foi ‘Movido a Álcool’, um trocadilho com o plano governamental de incentivar o uso de etanol em carros.

Especulação sobre os hábitos de bebida do presidente tem sido alimentada por várias gafes e passos em falso que ele tem feito em público. Como candidato, ele uma vez se referiu aos moradores de uma cidade considerada uma abrigo para os gays chamando-a de ‘pólo exportador de veados’. Como presidente, suas escorregadas em público continuaram e se tornaram parte do folclore político brasileiros.

Numa cerimônia aqui em fevereiro para anunciar um grande investimento, por exemplo, Da Silva duas vezes se referiu ao presidente da General Motors, Richard Wagoner, como presidente da Mercedes-Benz. Em outubro, num dia em homenagem aos idosos do país, Da Silva disse a eles: ‘Quando vocês se aposentarem, não fiquem em caso aborrecendo sua família. Encontrem alguma coisa para fazer’.

No exterior, Da Silva também tropeçou ou foi mal aconselhado. Em visita ao Oriente Médio no ano passado, ele imitou um sotaque árabe falando em português, inclusive com pronúncias erradas. Em Windhoek, na Namíbia, o presidente disse que a cidade parecia tão limpa que ‘não parece que está num país africano.’

A equipe de Da Silva e seus simpatizantes respondem que esses escorregões são apenas ocasionais e previsíveis para alguém que gosta de falar de improviso e não tem nada a ver com seu consumo de álcool, que eles descrevem como sempre moderado. Para eles, Da Silva é visto de um padrão diferente -e injusto- com relação a seus antecessores porque ele é o primeiro presidente brasileiro vindo da classe trabalhadora e estudou apenas até a quinta série.

‘Qualquer um que já tenha estado em recepções formais ou informais em Brasília testemunhou presidentes bebericando uma dose de uísque’, escreveu recentemente o colunista Ali Kamel, no diário carioca ‘O Globo’. ‘Mas sobre o fato nada se leu a respeito dos outros presidentes, somente de Lula. Isso cheira a preconceito.’

Da Silva nasceu em uma família pobre, num dos Estados mais pobres do país e passou anos liderando sindicatos de trabalhadores, um ambiente famoso pelo alto consumo de álcool. Relatos da imprensa brasileira têm repetidamente descrito o pai do presidente, Aristides -o qual ele pouco conheceu e morreu em 1978- como um alcólatra que maltratava suas crianças.

Histórias sobre episódios de beber envolvendo Da Silva são abundantes. Depois de uma noite na cidade onde ele fora membro do Congresso, no final dos anos 1980, Da Silva saiu do elevador no andar errado do prédio onde morava na época e tentou arrombar a porta de um apartamento que ele imaginava ser o seu, de acordo com políticos e jornalistas aqui, incluindo alguns que moravam no mesmo edifício.

‘Sob Lula, a caipirinha virou ‘bebida nacional’ por decreto presidencial’, escreveu o diário Folha de S. Paulo no mês passado, em artigo sobre a associação de Da Silva com álcool e em alusão a um coquetel feito com cachaça.’





Agência Brasil

‘Confira a nota divulgada pelo Palácio do Planalto’, copyright Agência Brasil (www.radiobras.com.br), 8/05/04

‘‘O governo brasileiro recebeu com profunda indignação a reportagem caluniosa sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicada hoje pelo jornal norte-americano The New York Times. O correspondente dessa conceituada publicação no Brasil simplesmente inventou uma suposta ‘preocupação nacional’ com hábitos do Presidente da República para dar vazão a um amontoado de afirmações ofensivas e preconceituosas contra o chefe do Estado brasileiro, boa parte delas pinçadas em fontes obscuras e de nenhuma confiabilidade.

O resultado final é um texto digno da pior espécie de jornalismo, o marrom. Por isso, causou-nos surpresa que o tradicional The New York Times tenha acolhido peça tão destituída de fundamento e ao arrepio das mais elementares normas da ética jornalística.

O embaixador brasileiro em Washington já foi orientado a entrar em contato com a publicação com vistas a transmitir a indignação e a surpresa do governo brasileiro pela veiculação de insultos gratuitos ao Presidente da República.

O presidente Lula conduz-se na Presidência da República com absoluta, extenuante e responsável dedicação aos problemas do país. A jornada de trabalho do Presidente amiúde se estende por mais de 12 horas, como é fácil comprovar por todos os que acompanham a rotina do Palácio do Planalto, o que inclui os jornalistas lotados no Comitê de Imprensa da Presidência da República.

O Presidente acompanha pessoalmente os principais programas do governo e, como não poderia deixar de ser, comanda todas as grandes decisões do Poder Executivo. Todo o Brasil é testemunha do grau de responsabilidade e seriedade com que o governo do presidente Lula tem conduzido os difíceis problemas do país desde que tomou posse há um ano e quatro meses.

Os hábitos sociais do presidente são moderados e em nada diferem da média dos cidadãos brasileiros. Apenas o preconceito e a falta de ética podem explicar essa tentativa esdrúxula de colocar em dúvida o profundo compromisso com as instituições e a credibilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O governo brasileiro estudará as medidas cabíveis para a defesa da honra do Presidente da República e da imagem do Brasil no Exterior.

Brasília, 9 de maio de 2004’

André Singer

Porta-voz da Presidência da República’



Merval Pereira

‘Deu no ‘The New York Times’’, copyright O Globo, 11/05/04

‘O correspondente do ‘New York Times’ Larry Rohter não tirou do vazio o tema de sua reportagem polêmica sobre o hábito de bebericar do presidente Lula. É a mais pura verdade e há muito tempo circulam boatos, especialmente em Brasília, de que o presidente Lula anda exagerando na bebida, e este é um assunto recorrente nas conversas entre políticos e empresários.

É verdade, também, que o operário Lula habituou-se a beber conhaque nas madrugadas frias do ABC paulista. Mas nada disso forma um quadro de ‘preocupação nacional’ que bote em dúvida a capacidade de Lula governar.

A reportagem dificilmente seria considerada caluniosa, pois apenas relata impressões e declarações de políticos e jornalistas, uns mais, outros menos confiáveis, já publicados anteriormente em jornais brasileiros. Todos se referindo a supostas situações não comprovadas.

Rohter teve o cuidado de botar na reportagem declarações de representantes do governo e do jornalista Ali Kamel, aqui no GLOBO, refutando as insinuações de que Lula anda bebendo demais. Trata-se do que, em gíria jornalística, chamamos de uma ‘recortagem’, uma reportagem escrita com uma seleção de declarações e notas publicadas em diversos jornais e revistas.

A ‘recortagem’ do ‘The New York Times’ não é caluniosa, é simplesmente irresponsável, pois se baseia em boatos e fofocas políticas, mais parece uma daquelas reportagens de revistas sensacionalistas com fofocas sobre artistas que invariavelmente resultam em processos milionários.

O que espanta na matéria de Rohter é ela ter sido publicada pelo ‘The New York Times’, tido como um paradigma da imprensa mundial pela seriedade com que selecionava ‘todas as notícias que merecem ser publicadas’, como diz seu pretensioso slogan.

Esta, certamente, não era uma notícia que merecesse ser publicada pelo ‘Times’. Se saísse num tablóide popular, não provocaria qualquer estrago na imagem pública do Brasil nem seria de surpreender. Mas, depois do caso Jason Blair, o mentiroso que inventou várias reportagens e acabou provocando um terremoto no até então mais respeitável jornal americano, era de se supor que o ‘The New York Times’ tivesse montado um esquema de filtragem que impedisse uma irresponsabilidade dessas de ser publicada.

Pelo jeito, o ombudsman, figura criada depois do escândalo para fazer a autocrítica do jornal e servir de alerta interno, vai ter muito trabalho. O mais grave é a edição, que demonstra que o corpo do jornal, e não apenas seu correspondente no Rio de Janeiro, tem culpa na divulgação de boatos e fofocas atingindo o presidente.

A foto publicada para ilustrar a reportagem mostra o presidente Lula com um chapéu de tirolês levantando um copo de chope na Ocktoberfest em Blumenau, Santa Catarina. Ora, se o presidente estivesse em outro lugar, seria inusitado o chapéu e a caneca de chope. Mas, na festa da cerveja ?

Ilustrar uma reportagem sobre o suposto hábito de beber além da conta do presidente Lula com uma foto dessas, ou é desinformação completa ou é má-fé.

Eu já participei de vários jantares e almoços em que o presidente Lula esteve presente, e já o vi beber diversos tipos de bebida, inclusive ‘bebidas fortes’ como cachaça. Mas nunca o vi bêbado, e nada indica nos seus atos que esse gosto pela bebida seja um empecilho à sua atuação na Presidência. Nunca também ouvi um relato de primeira mão de alguém que o tenha visto bêbado.

O hábito de fazer improvisos, criticado por muitos, inclusive por mim, nada tem a ver com a bebida, e não tenho notícia de que alguma vez Lula tenha errado num improviso por ter bebido demais. Pode ser inadequado para um presidente dizer a um grupo de políticos que acordou ‘invocado’ e resolveu telefonar para o Bush. Mas isso nada tem a ver com a bebida, pois naquela noite, segundo os relatos, o presidente bebeu apenas uma dose de uísque.

Não me lembro de jornais sérios, como o ‘The New York Times’, terem publicado algum tipo de boato envolvendo o presidente Bush e bebidas. Como se sabe, o atual presidente americano se tratou de alcoolismo, e ele mesmo se encarrega de fazer a apologia de sua vitória sobre o vício, declarando-a uma obra divina.

O ex-primeiro ministro português Mario Soares conta uma história que o impressionou negativamente, e o fazia temer a guerra com o Iraque, que acabou acontecendo. Segundo o relato de Mario Soares, ao receber um enviado do Papa com um apelo para que não invadisse o Iraque, Bush teria feito um resumo de sua vida, contando que fora alcoólatra e drogado. E encerrou a conversa com a seguinte argumentação: ‘O senhor acha que eu estaria aqui hoje se não fosse vontade de Deus?’

Relato semelhante está no livro de um ex-assessor de Bush, David Frum, chamado ‘O homem certo: a surpreendente Presidência de George W. Bush’. Segundo ele, Bush, ao receber um grupo de reverendos protestantes, saiu-se com essa: ‘Vocês sabem, eu tive um problema com bebida. Eu deveria estar agora em um bar do Texas, e não no Salão Oval. Só existe uma razão para eu estar aqui no Salão Oval e não em um bar: eu encontrei a fé. Eu encontrei Deus. Eu estou aqui pelo poder das preces’.

Não me consta que algum jornal sério como o ‘The New York Times’ tenha levantado dúvidas sobre a sanidade do presidente Bush com base nesses e em outros relatos, muito mais confiáveis do que alguns em que se baseou Larry Rohter para escrever sua matéria.

Houve também uma ocasião em que o presidente Bush levou um tombo em sua fazenda no Texas, e boatos sobre uma recaída no vício da bebida circularam o mundo. Não me lembro de que um jornal sério como o ‘The New York Times’ tenha feito alusões a essa suposta recaída.

O fato é que, como disse o porta-voz da Presidência, jornalista André Singer, a reportagem do ‘The New York Times’ beira o jornalismo marrom, e só foi escrita e publicada devido a um preconceito social e político. O correspondente do ‘The New York Times’ deveria ser punido não por ter caluniado o presidente Lula, pois tecnicamente não o fez. Mas por ser irresponsável e preguiçoso.’



Ricardo Galhardo

‘‘É uma forma muito baixa de fazer jornalismo’’, copyright O Globo, 11/05/04

‘O diretor do Departamento de Jornalismo da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), José Coelho Sobrinho, classificou de ‘baixa’ a reportagem do ‘The New York Times’ sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o álcool.

– É uma forma muito baixa de fazer jornalismo. O repórter (Larry Rohter) sabia que estava lidando com um assunto que pode ter repercussão diplomática mas não ouviu pessoas próximas do presidente, que poderiam comprovar o que ele escreveu, e só falou com a oposição – disse o professor, ressaltando que não questiona a veracidade das informações publicadas pelo ‘NYT’, mas apenas aspectos técnicos da reportagem.

Com base na falta de critérios jornalísticos da reportagem, Coelho Sobrinho critica os motivos da publicação:

– A reportagem é totalmente tendenciosa. Parece ter sido feita por encomenda.

Coelho Sobrinho lembrou que nas últimas semanas o Brasil e o governo Lula foram objetos de reportagens positivas na grande mídia internacional. Lula foi incluído numa lista das cem pessoas mais influentes do mundo pela revista ‘Time’ e o próprio ‘The New York Times’ publicou reportagem na qual diz que o presidente George W. Bush deve enfrentar dificuldades eleitorais graças à decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) que declarou ilegais os subsídios aos produtores de algodão dos EUA em ação movida pelo governo Lula.

Já o professor de Ética Jornalística Carlos Alberto Di Franco, diretor para o Brasil da Universidade de Navarra, um dos principais centros de estudos da mídia na Europa, disse que a reportagem é mais um de uma série de erros do jornal americano.

– Posso estar errado, mas acho que esta reportagem vai desencadear uma grande discussão sobre o comportamento ético – disse Di Franco.

Para o professor, porém, o governo brasileiro está errado ao dizer que o ‘The New York Times’ pratica jornalismo marrom.

– Não dá para comparar o ‘NYT’ com o ‘The Sun’, por exemplo – disse Di Franco, referindo-se ao famoso tablóide sensacionalista britânico.

Segundo ele, o ‘NYT’ atravessa uma crise de credibilidade não por orientação editorial, mas por falta de controle de editores que permitem a publicação de trabalhos de qualidade duvidosa ou verdadeiras fraudes, como as que foram escritas pelo jornalista Jason Blair, demitido do jornal no ano passado.

– O ‘The New York Times’ virou notícia. Esse artigo nos leva a refletir sobre um problema grave que existe no jornalismo impresso: a confusão entre informação e entretenimento – disse Di Franco.

Segundo ele, existem espaços apropriados nos jornais para especulações e textos descontraídos, que não devem, no entanto, ser publicados juntamente com o noticiário.’