Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Laura Mattos


‘Apenas 32% da população está satisfeita com os programas de televisão. Para a maior parte dos telespectadores, a TV exagera em violência e sexo, deveria ser mais educativa, se preocupar com a conseqüência do que transmite e ser mais controlada pelo governo.


Os dados foram apresentados anteontem por Derli Pravato, gerente do Ibope Mídia, no congresso da ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura), em São Paulo (veja quadro ao lado).


A pesquisa (chamada Target Group Index) demonstrou ainda que apenas 10% das pessoas se identificam com personagens das novelas. No caso de assinantes de canais fechados, isso cai para 6%.


Quem tem televisão paga também está mais descontente com a programação do que a média geral dos telespectadores: apenas 25% declararam estar satisfeitos com a maioria dos programas.


No debate sobre audiência da ABTA, a Globosat (programadora de canais pagos das Organizações Globo, como GNT, Multishow, SporTV e Sexy Hot) revelou a preferência de seus assinantes.


O ranking dos ‘dez mais’ mostra que os ‘reality shows’ são os campeões no Ibope, seguidos, nessa ordem, por conteúdo erótico, shows, esportes, musical, séries, jornalismo, debates, biografias e programas sobre turismo.’



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‘Canais fechados querem audiência em tempo real ‘, copyright Folha de S. Paulo, 05/08/05


‘A tela que mostra a audiência em tempo real e minuto a minuto pode chegar à TV por assinatura. A ferramenta, largamente utilizada pelas redes abertas, já foi apontada como co-responsável pelo aumento da baixaria na televisão.


A implantação do dispositivo na TV paga depende da ampliação da amostra (hoje são 519 domicílios em seis capitais) e está sendo estudada pelo Ibope e por canais fechados.


A TV paga recebe resultados no Ibope semanalmente. Tem, assim, menos agilidade para alterar a programação conforme o comportamento do telespectador. Com o tempo real, programas costumam prolongar entrevistas se a audiência estiver alta ou cortá-las quando o número cai. ‘O tempo real seria interessante. Em alguns programas, uma semana para saber a audiência é muito tempo’, disse Giani Scarin (Globosat) à Folha, em congresso da ABTA.’



TV PAGA / PROGRAMAÇÃO


Luiz Carlos Merten


‘A grande arte de uma apaixonada pelo Brasil ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 05/08/05


‘Na Europa, ela é tão conhecida que o canal Arté, numa emissão de fim de ano, exibiu um especial com o sugestivo título de Line Renaud – Retrato da França. Line quem? Nem se preocupe em quebrar a cabeça para tentar identificá-la. Line é a homenageada do mês no Eurochannel, que começa a exibir hoje os quatro episódios que compõem a série O Espelho d’Água.


Em entrevista por telefone, de Paris, Line fala do seu encanto por esse trabalho e também por Suzie Berton, que o canal europeu exibe em duas partes, dias 19 e 26. Em ambos ela interpreta papéis de composição, como diz. ‘São personagens muito diferentes de mim. Mulheres duras, autoritárias, que foram feridas e revidam ferindo a todos ao redor.’ O Espelho d’Água é aquilo que se chama de ‘folhetim do verão’, cheio de subtramas que se abrem em torno a uma garota que tenta descobrir o mistério do suicídio (ou assassinato) da irmã, que morreu afogada no lago do título.


Line só tem palavras de carinho pela atriz que faz sua filha. É a brasileira, radicada na França, Cristiana Réali. ‘Ela é linda, mas eu posso lhe assegurar que a beleza é só o retrato do seu interior. Cristiana é muito sensível, muito talentosa. Foi um prazer trabalhar com ela, que, ainda por cima, alimentou minha fascinação pelo Brasil.’ Pois é essa, aos 77 anos, a frustração assumida de Line Renaud. Ela nunca esteve no Brasil. Nascida Jacqueline Ente, em Pont-De-Nieppe, no norte da França, em 1928, virou Line por obra de seu Pigmalião, como ela chama o guitarrista de jazz e compositor Loulou Gasté, com quem se casou.


‘Tinha 16 anos e ele já era um mito na França, um ídolo dos jovens, o meu ídolo.’ Jacqueline cantava e Gasté não apenas lhe trocou o nome. Esculpiu a artista que, nos anos 1950 e 60, triunfou na TV e no palco, estrelando revistas no Cassino de Paris ou dividindo a cena com Dean Martin, Frank Sinatra e Louis Armstrong nos cassinos de Las Vegas. O momento mais emocionante da entrevista é quando conta. ‘Sabe por que o Brasil me atrai tanto? Loulou compôs uma música que ficou famosa – Carnaval à Rio (e ela acentua o Ô final).’ Quando canta, surgem na mente do repórter os versos – ‘Madureira chorou/ Madureira chorou de dor…’ O Espelho d’Água. 4 episódios, sempre sextas, 22h. Eurochannel (TVA, 31; Directv, 657; Sky, 84)’