Saturday, 11 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Luis Fernando Verissimo


‘Morreu no último dia 19, aos 90 anos de idade, de causa ignorada, a paulista conhecida como ‘a Velhinha de Taubaté’, que se tornou uma celebridade nacional há alguns anos por ser a última pessoa no Brasil que ainda acreditava no governo. O fenômeno, que veio a público durante o governo Figueiredo, o último do ciclo dos generais, levou multidões a Taubaté e transformou a Velhinha numa das maiores atrações turísticas do estado. Além de estandes de tiro ao alvo e de venda de estatuetas da Velhinha e de uma roda-gigante, ergueram-se tendas para vender caldo de cana e pamonha em volta da pequena casa de madeira onde a Velhinha morava sozinha com seu gato, e não era raro a própria Velhinha sair de casa e oferecer seus bolinhos de polvilho a curiosos que chegavam em ônibus de excursão para serem fotografados com ela e pedirem seu autógrafo. A Velhinha sempre acompanhou a política e acreditou em todos os governos desde o de Getúlio Vargas, inclusive em todos os colaboradores dos governos militares, ‘até’, como costumavam dizer muitos na época, com espanto, ‘no Delfim Netto!’ O presidente Sarney telefonava freqüentemente para Taubaté para saber se a Velhinha, pelo menos, ainda acreditava nele, e Collor foi visitá-la mais de uma vez para pedir que ela não o deixasse só.


As circunstâncias da morte da Velhinha de Taubaté ainda não estão esclarecidas. Sua sobrinha Suzette, que tem uma agência de acompanhantes de congressistas em Brasília embora a Velhinha acreditasse que ela fazia trabalho social com religiosas, informou que a Velhinha já tivera um pequeno acidente vascular ao saber da compra de votos para a reeleição do Fernando Henrique Cardoso, em quem ela acreditava muito, mas ficara satisfeita com as explicações e se recuperara. Segundo Suzette, ela estava acompanhando as CPIs, comentara a sinceridade e o espírito público de todos os componentes das comissões, nenhum dos quais estava fazendo política, e de todos os depoentes, e acreditava que como todos estavam dizendo a verdade a crise acabaria logo, mas ultimamente começara a dar sinais de desânimo e, para grande surpresa da sobrinha, descrença. A Velhinha acreditara em Lula desde o começo e até rebatizara o seu gato, que agora se chamava Zé. Acreditava principalmente no Palocci. Ela morreu na frente da televisão, talvez com o choque de alguma notícia. Mas a polícia mandou os restos do chá que a Velhinha estava tomando com bolinhos de polvilho para exame de laboratório. Pode ter sido suicídio.


O ambiente no parque de diversão em torno da casa da Velhinha de Taubaté é de grande consternação.’



FSP CONTESTADA


Painel do Leitor, FSP


‘Justiça ‘, copyright Folha de S. Paulo, 25/08/05


‘‘Daniel Castro publicou nota na Ilustrada no dia 23/8 dizendo que Jorge Reis da Costa, vulgo ‘Kajuru’, recorrerá de condenação a ele imposta pela Justiça, em nova ação vitoriosa de Milton Neves, contra seu desafeto obsessivo, sob a alegação de que ‘o juiz não levou em consideração as provas que Kajuru teria apresentado’. Tivesse ido aos autos, onde despacharam três juízes de direito e três promotores de Justiça, em vez de só ouvir um dos lados, Daniel veria que Kajuru não apenas não apresentou prova nenhuma como se negou a ser interrogado, não se dignou de ser ouvido em juízo, faltou deliberadamente a audiências, teve sua revelia decretada (depois suspensa), até advogado dativo foi-lhe indicado, fugiu de oficiais de Justiça ‘n’ vezes, ocultando-se no interior da Rede Bandeirantes, omitiu, como de praxe, o endereço de sua residência, teve citação sob vara com oficial de Justiça escoltado por policiais, arrolou testemunhas ‘não-encontráveis’ e ainda teve Sílvio Luiz, sua testemunha de defesa, denunciado por falso testemunho na sentença. Daniel Castro, assim, contribui mais uma vez para que se dê razão ao grande magistrado e ministro brasileiro Marco Aurélio de Mello, do STF, que, em lapidar texto dessa mesma Folha, em 21/5/ 02 (pág. A8), assim lecionou: ‘Jornal não é tribunal, repórter não é juiz de direito e editor não é desembargador’ (seminário ‘Imprensa e Dano Moral’, promovido pela ANJ -Associação Nacional de Jornais).’ Antonio Carlos Sandoval Catta-Preta, advogado de Milton Neves (São Paulo, SP)


Resposta do jornalista Daniel Castro – O missivista distorce a nota, que apenas reproduziu uma declaração. Quem disse que o juiz não levou provas em consideração foi Jorge Kajuru, não o colunista.’



BLOG DO MAIA


Alexandre Rodrigues


‘Repercussão anima Maia a investir em blog’, copyright O Estado de S. Paulo, 25/08/05


‘Adepto da informática, o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), ficou ainda mais animado com o seu blog depois da repercussão das acusações de omissão que fez ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Desde o fim do mês passado, ele se dedica a colocar no ar, diariamente, comentários sobre a crise política no endereço www.cesarmaia.blogspot.com.


Segundo assessores, esse tem sido o assunto preferido do prefeito nos últimos dias.


A idéia foi do grupo de universitários da Juventude Cesar Maia (JCM), tendência da ala jovem do PFL carioca. Os ajudantes também fazem pesquisas para o prefeito, mas o conteúdo é dele, garantem seus assessores.


Logo no início da manhã, o prefeito insere os primeiros textos. Ontem, ele pedia aos leitores que voltassem ao blog depois das 11h30 porque prometia informações novas sobre a suposta ação da máfia do lixo em Ribeirão Preto. Fez comentários sobre o depoimento do ex-deputado Valdemar Costa Neto à CPI do Mensalão e, à tarde, alertava que Rogério Buratti ainda não tinha sido encontrado pela polícia para ser notificado.


O entusiasmo do prefeito pelo blog, que recentemente apontou a conservação da cidade como o ponto fraco de sua administração, tem recebido críticas. Para o vereador Eliomar Coelho (PT), o blog do prefeito ‘passa para qualquer pessoa que este cidadão é um desocupado, não cuida da administração da cidade’. Para o vereador, ‘blogar’ é incompatível com a postura do prefeito de uma cidade como o Rio. Além disso, Coelho vê no instrumento ‘falta de seriedade com a coisa pública’.


A população também tem manifestado desaprovação. Em cartas ao jornal O Globo, eleitores dizem que a função de Maia é ‘governar a cidade e não se manifestar sobre assuntos fora da sua esfera de atuação’ e ainda ‘o prefeito, que está preocupado com a administração de Palocci, deveria se preocupar mais com sua própria administração’.


Na base aliada, o vereador Márcio Pacheco (PSDB) defende: ‘Maia pode muito bem se comunicar na internet e administrar a cidade. Ele tem experiência para emitir pareceres e continua enfrentando da mesma forma os problemas do Rio’.


‘Faço o que fazia antes, só que com um instrumento novo: blog, em vez de rede (de e-mails)’, justificou Maia, por e-mail. Ele argumenta que cumpre seu papel de político da oposição: critica a situação. Para ele, o blog é uma maneira de tornar públicos os comentários de políticos para pessoas que acham sua opinião relevante. ‘É um instrumento novo de ação política no Brasil. Nos EUA há várias experiências do tipo.’’