Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Luiz Zanin Oricchio

‘Fahrenheit – 11 de Setembro coloca problemas para o crítico.

Analisado apenas como cinema, tem pouco a oferecer. No entanto, como se coloca na condição de filme-evento, capaz de influir na realidade, torna-se incontornável. O filme é cheio de problemas, um panfleto, e, na verdade, destina-se aos já convertidos. Bate-se por uma boa causa, já que existe o consenso civilizado de que Bush é uma ameaça para o mundo e para seu próprio país. Mas, como Fahrenheit também é uma crítica de fundo ao capitalismo, vai irritar profundamente a quem ama de paixão esse sistema econômico. A imagem que Moore passa é que os Estados Unidos são uma plutocracia, em que ricos governam em proveito próprio e usam os pobres como buchas de canhão.

Manipulador, panfletário confesso, catártico e talvez simplista, reserva duas ou três passagens memoráveis – no sentido estrito do termo, isto é, cenas que talvez sejam lembradas no futuro. Uma delas, a maneira como Moore ‘narra’ o ataque às torres gêmeas do World Trade Center. Ele evita mostrar as imagens que se tornaram as mais conhecidas deste início de século 21, os aviões mergulhando nos prédios, e detém-se na fisionomia das pessoas que, atônitas e apavoradas, assistiam ao ataque terrorista. O off, a elisão de imagens poderosas mas surradas, tem por efeito amplificar no público o terror do ataque, despido enfim da aura de espetáculo.

Mas o espírito desta seqüência é a exceção e não a regra em Fahrenheit. Ao longo do filme o que temos é a insistência no uso mais óbvio de todo o material reunido por Moore – sim, boa parte do seu trabalho se deu na coleta e não na produção de imagens. Por exemplo, pode ser interessante observar que Bush demorou alguns minutos antes de reagir à notícia, trazida por um assessor, de que o país fora atacado. Estava em visita a uma escola e, enquanto raciocinava, continuou a ler com as crianças a história de My Pet Goat. Mas talvez seja menos feliz a construção, feita por Moore, de um suposto fluxo de pensamentos do presidente naquele hiato de tempo entre o conhecimento da notícia e o início de algum tipo de reação. O que se ‘ouve’ seria a confissão de uma série de supostas ligações perigosas com a Arábia Saudita e com a família Bin Laden, ligações que teriam levado Bush a subestimar os avisos da CIA de que um inédito ataque terrorista se preparava em território americano.

Claro, esse monólogo mental imaginário é um recurso barato. No entanto necessário, na lógica do filme, para que Moore dê partida à construção conspiratória que retrata Bush não apenas como presidente vacilante e pouco inclinado ao trabalho mas até mesmo conivente com o atentado. Dado esse primeiro passo, Moore leva literalmente o espectador pela mão, tentando provar que todas as peças se ajustam, da recusa em acreditar na ameaça até a invasão do Afeganistão e depois do Iraque. Toda a política interna e externa do governo de George W. Bush estaria assim a serviço dos negócios de família Bush e do seu círculo de relações. Como qualquer teoria conspiratória, esta também se monta a partir de fatos comprovados que se mesclam a suposições.

Nos Estados Unidos esse tipo de argumentação semeia em solo fértil, que o próprio governo não deixa de irrigar e adubar. Afinal, as armas de destruição em massa não foram encontradas, o Iraque transformou-se em atoleiro sem fim, as mortes de soldados americanos se sucedem, aparecem os casos de torturas de prisioneiros de guerra, etc. Enfim, são fatos e, como em qualquer panfleto ou diatribe, as acusações se sucedem, somam-se e potencializam-se. Cada prova exibe não apenas valor em si mas constitui-se em peça particular que ilumina o todo e ajuda a completar o quebra-cabeças.

E, assim, a assustadora figura do governo de George W. Bush vai tomando forma diante dos olhos do espectador. Como todo panfleto, esse também procura convencer pela retórica e não pode, por sua natureza, ser ambíguo, atento a contradições ou tolerante com o adversário. Precisa professar certeza total, e portanto deve ser totalizante, e – por que não dizer? – totalitário. Essa, a sua estrutura retórica.

Como reafirma algo que é consenso entre a parte civilizada da humanidade – a ameaça representada pelo unilateralismo do governo Bush -, essa característica totalitária do filme corre o risco de passar despercebida.

Mas convém prestar atenção a ela. Está inscrita no próprio DNA do projeto. E por quê? Por insuficiência cinematográfica de Michael Moore? Não.

Simplesmente porque ele desejou – e realizou – uma obra de intervenção política, uma peça de retórica destinada a causar o máximo de estragos possível na campanha de Bush pela reeleição. E, a julgar pelo interesse despertado, que se reflete nos resultados de bilheteria nos Estados Unidos, tem se saído muito bem. Certo, não se sabe ainda no que tudo isso vai dar.

Mas, qual outro filme – ou melhor, qual outra obra de arte de qualquer natureza – pode se gabar de ter influído tanto num processo que interessa a todos os habitantes do planeta? Por isso, a importância imensa desse filme-evento não pode ser subestimada.

E então eis-nos aqui de volta ao nosso problema. Será que um filme pode ou deve ser julgado por suas características extra-cinematográficas, por grandiosas que elas sejam? Ou, no caso específico de Fahrenheit, não por suas qualidades em si, intrínsecas, mas pelos efeitos práticos que se propõe causar? Porque, não tenhamos ilusão: um discurso panfletário não precisa ser grande coisa para mostrar-se eficaz e produzir efeitos. (Em breve no ar, o horário eleitoral brasileiro se encarregará de ilustrar essa afirmação).

No fundo, cabe a cada um de nós decidir sobre a resposta a ser dada a esse tipo de questão. Moore se colocou como missão ajudar a derrotar Bush. Se fez um filme maniqueísta, sempre pode se justificar dizendo que os fins justificam os meios. Mas esta afirmação um tanto simplista – fruto de uma leitura rasa de Maquiavel – também é discutível. Não sabemos de fato se há separação entre fins e meios, ou se estes, finalmente, terminam por contaminar aqueles.

Daí que só podemos nos decidir sobre o filme de Moore e sobre outros tantos que contêm ‘mensagens’ acima de qualquer suspeita, mas cuja forma deixa muito a desejar, invocando uma ética da imagem. E então traríamos a discussão, de volta, para o âmbito estético e cinematográfico.

O cineasta argentino Fernando Birri, autor de uma obra-prima do cinema latino-americano chamada Tire-Die, costuma dizer que faz filmes para deixar seu espectador comovido, mas sempre lúcido. Falta a Moore essa grandeza ética, que é também estética.’



Paulo Eduardo Nogueira

‘Preste atenção…’, copyright O Estado de S. Paulo, 30/07/04

‘…. quando o filme trata das polêmicas eleições presidenciais da Flórida em 2000. Moore deixa implícito que elas foram roubadas pela dupla de irmãos George e Jeb Bush. Mas uma recontagem manual independente de 64.248 votos duvidosos em 67 condados da Flórida, feita cinco semanas após a votação, a pedido do jornal USA Today e da cadeia Knight Ridder, indica que Bush venceria também com nova apuração. Sua vantagem até se ampliaria de 537 votos para 1.665 (num total de quase 6 milhões). Após as eleições de 5 de novembro, a Flórida foi obrigada por lei a recontar manualmente os votos, pois a vantagem de Bush sobre Al Gore era inferior a 0,5%. Os republicanos desfecharam então uma batalha política e jurídica que chegou à Suprema Corte. E no início de janeiro, pela primeira vez na história dos EUA, a mais alta corte do país ordena a suspensão da recontagem manual ordenada por um tribunal da Flórida, garantindo a vitória de Bush.

…no trecho em que Moore deixa a forte impressão de que o FBI autorizou a liberação, a pedido da embaixada da Arábia Saudita, de nove vôos charter levando cerca de 160 importantes sauditas, incluindo parentes de Bin Laden, ainda durante a interdição do espaço aéreo americano após os atentados de 11 de setembro. Segundo a investigação feita por uma comissão bipartidária do Senado americano divulgada na semana passada, porém, os parentes de Bin Laden só foram autorizados a deixar os EUA no dia 20 de setembro, uma semana depois do levantamento da proibição de vôos e após serem interrogados ‘em detalhes’ pelo FBI. Após a divulgação do relatório da comissão, Joanne Doroshow, produtora associada de Farenheit 9/11, disse que Moore não pretendeu dizer que os Bin Laden teriam saído do país durante a proibição de vôos. Mas ela ainda põe sérias dúvidas sobre a profundidade dos interrogatórios do FBI.

…na reação de Bush ao ser informado por seu assessor Andrew Card na escolinha de Sarasota, na Flórida, sobre os ataques em Nova York. Card disse posteriormente que Bush saíra da sala ‘poucos segundos depois’ de ouvir a notícia. Mas Moore obteve um vídeo caseiro, feito pelos professores da escola, mostrando que Bush ficou ainda sete longos minutos sentado na mesma posição, olhando para o infinito ou lendo um livro infantil, antes de tomar uma atitude. É uma das cenas mais eloqüentes de todo o documentário, obtida casualmente por meio de um telefonema da produção do filme à diretoria da escola, que gentilmente cedeu as históricas imagens.’



Lauro Lisboa Garcia

‘Canções comentam cenas com eficácia’, copyright O Estado de S. Paulo, 30/07/04

‘Ainda que de maneira um tanto apelativa, Michael Moore faz bom uso da música pop para obter efeitos cômicos ou dramáticos em Fahrenheit – 11 de Setembro. O alvo da maioria, obviamente, é George W. Bush, a piada ambulante. Tem country de western tocado no banjo, folk triste à moda de Lambchop, pop árabe, rock pesado, eletrônica, som de caixinha de música, minimalismo, canções natalinas, temas de seriados de tevê, como Peter Gunn, Dragnet e The Greatest American Hero (Believe it or not). Nas cenas mais dramáticas, manipula a emoção, é opressiva, angustiante, provoca sensação de sufoco. Nesses momentos se alternam os temas da partitura original composta por Jeff Gibbs e o melancólico Cantus in Memory of Benjamin Britten, de Arvo Part. No entanto, há seqüências tão desconfortáveis que a ausência de música nelas por longos minutos perturba mais.

Uma das passagens mais incômodas tem como protagonistas soldados enviados ao Iraque. Eles comentam que ouvem CDs com coisas como Bodies, do grupo Drowning Pool, cuja letra diz: ‘Isto é o fim/ Pele contra pele, sangue e osso (…) Agora você está aqui/ Levado pelo ódio, consumido pelo medo/ Deixe os corpos atingirem o chão.’ Em seguida, um deles grita o refrão ‘burn, motherfucker, burn’ (queima, fdp, queima), de Fire Water Burn, do Bloodhound Gang, com sorriso sarcástico e bombas explodindo ao fundo. Não é efeito visual de videoclipe. É real e impressionante.

Em contraste, há segmentos hilariantes pautados pelas letras das canções.

Quando Bush tira folga logo depois de assumir a Presidência, as cenas em que aparece pescando ou jogando golfe é ilustrada com Vacation (férias), das Go-Go’s, com bom efeito cômico. Numa montagem tosca de Bush e seus aliados sobre animação de western, como xerifes de Bonanza, o tema do comercial do cigarro Marlboro (The Magnificent Seven) é usado para ironizar a decisão de invadir o Afeganistão.

Em seqüência das mais impagáveis, Moore reúne flagrantes em que Bush e sua turma (políticos e família) aparecem adulando os taliban, com quem mantêm altos negócios. A música é a ensolarada Shinny Happy People, do R.E.M. A letra diz: ‘Gente radiante e feliz apertando as mãos, rindo…/ Onde o amanhã irradia, ouro e prata brilham…’ E por aí vai. Quando os parentes de Osama bin Laden são expulsos dos Estados Unidos, depois do atentado de 11 de setembro, a cena é embalada por We Gotta Get out of This Place (temos de cair fora deste lugar), dos Animals.

Noutra alfinetada das mais contundentes, nem precisa de letra. Moore exibe documentos para provar que Bush se esquivou de servir o Exército. Mas qual o motivo que o fez fugir do exame médico? Bastam míseros segundos do conhecidíssimo riff de guitarra de Cocaine (Eric Clapton/J.J. Cale) para induzir a resposta e levar a platéia às gargalhadas. Chega num ponto em que as piadas sonoras perdem a graça e – como de resto as seqüências finais – derrapam no exagero e na redundância. A melhor canção da trilha, a tocante Rockin’ in the Free World, do canadense Neil Young, surge nos créditos.

Impossível tirar o refrão-título da cabeça na saída. Por conta desse destaque no filme, o álbum Freedom, de 1989, que abre com essa música, vai ser relançado. A propósito, o clipe deve ser dirigido por Moore.’



O Estado de S. Paulo

‘Com a palavra, os convidados especiais do ‘Estado’’, copyright O Estado de S. Paulo, 30/07/04

‘Um professor iraquiano da USP, americanos em destaque no cenário cultural do País, artistas, intelectuais e políticos opinaram sobre o filme de Moore, a pedido do ‘Caderno 2’. Nesta página, uma seleção desses depoimentos

MAHIR HUSSEIN, iraquiano, professor do Departamento de Física da USP: ‘A opinião pessoal que Michael Moore expressa no filme deve ser muito parecida com a de bilhões de pessoas sobre a administração atual dos EUA. Está muito claro no documentário que os planos de invadir o Iraque eram antigos e que só foi possível colocá-los em prática após os atentados de 2001. A maioria da população iraquiana queria o fim do governo de Sadam, mas não por meio da matança após as invasões, e isso não ficou claro no filme. Michel Moore, como razões comerciais e o propósito de não permitir a reeleição de Bush, concentra sua atenção nos aspectos negativos de sua gestão, mas não mostra o sofrimento do povo iraquiano, apenas destaca a tristeza das famílias norte-americanas. Farenheit 9/11 só poderá ajudar a população iraquiana se auxiliar a derrubar o governo, o que mudaria o encaminhamento político no Iraque. Atualmente, o país é governado por pessoas ligadas à CIA, ao serviço secreto inglês, e por filhos de famílias muito ricas, colaboradores do governo anterior à Revolução de 1958. Levar o Iraque à democracia é um processo delicado, com certeza não se faz dessa maneira. O modelo de governo adotado atualmente não é autêntico e a população não confia nele. O ideal seria optar pela democracia plena e respeitar a vontade da maioria. Também acho que a permanência das tropas por um determinado período é importante, até o país obter a estabilidade completa. Creio que este filme deve ter um impacto grande para a população dos Estados Unidos, não sei o que é mostrado ali é muito claro para os americanos, principalmente para aqueles da região central, que históricamente seguem as orientações dos presidentes. As pessoas que vivem em regiões com mais imigrantes e efervecência, como Nova York, Boston, no geral têm consciência e acesso às informações. Para mim, talvez a única novidade foi o fato do governo americano ter retirado do país os sauditas e parentes de Bin Laden.’

MATTHEW SHIRTS

Norte-americano, brasilianista, cronista do ‘Estado’

‘Gostei bastante do filme. A produção é extremamente bem organizada, o diretor apresenta sua visão de forma eficiente. Particularmente, como americano, estou acompanhando as prévias das eleições ainda com mais interesse. E o filme faz parte da história dessas eleições. Mostra algumas imagens chocantes e situações das quais eu não sabia, como a relação próxima entre as famílias Bush, e dos republicanos em geral, e de Bin Laden. O filme é, de fato, novo na ligação que faz entre diferentes informações, muitas delas conhecidas, mas nunca antes costuradas de forma coerente. Quanto ao fato de a imprensa não se aprofundar nas questões que levaram à Guerra do Iraque, isso aconteceu e foi absurdo. Na verdade, havia um clima a favor da guerra, o país ficou tão chocado com os atentados do 11 de Setembro que todos queriam sangue. O problema é que os terroristas estavam mortos e os líderes, difíceis de serem encontrados. Bush se aproveitou disso para invadir o Iraque. Michael Moore tem um quê de mau gosto, acho isso interessante. Embora agora esteja rico, tem a figura da classe operária.

Mostra crianças mortas, mãe chorando, mas acho que esse mau gosto, de certa forma, o torna atraente. Nos EUA, há pouca zona de indecisão, o país está muito decidido. Impossível prever o resultado das eleições. Para os republicanos, esse filme é propaganda liberal do partido democrático. Eu sou democrata de carteirinha.’

MAUREEN BISILIAT

Fotógrafa inglesa, morou nos EUA durante a 2.ª Guerra e vive no Brasil

‘Esse filme mostra que há reações internas muito fortes nos EUA. Lembro que nos anos 60, 70 falava-se que a revolução viria do jovem americano. O mundo todo perdeu uma certa fé e é importante que o filme tenha sido realizado agora. Vai ser uma luta desigual, já que Bush e as pessoas que o circundam são gângsters, não tem limites. Sabemos que todos os imperialistas não são flor que se cheire, mas agora é mais descarado. Não é mais guerra, é pornografia. Impressiona também a capacidade de Michael Moore de achar esses milhares de pedaços. O sarcasmo, a ironia funcionam. Ele conseguiu gravar as mudanças emotivas das pessoas – suas ‘re-ações’ diante das ações que os envolvem. De um lado, desespero, indignação, fúria de vingança e a fé inabalável num Allah guerreiro e protetor. Do outro:

cansaço, desgaste, desânimo, e o descalabro da fé diante dos rumos incompreensíveis e equívocos de seu país.’

GREGORY STREET

Consultor financeiro, brasileiro, filho de americanos

‘Achei ótimo, todos deveriam ver. A mídia americana é controlada, o americano é privado de muitas informações. O fato de Michael Moore ser americano dá a ele maior credibilidade: ele sabe do que está falando. O fato de o filme existir já é um serviço prestado e, mesmo naqueles americanos mais relutantes, deve criar uma interrogação, um questionamento. Havia lido que o filme apelava para o lado do sentimentalismo. É verdade, mas isso não tira o mérito do documentário.

Exagerado ou não, é útil, necessário para os americanos: eles são mais isolados e precisam reavaliar valores nos quais sempre acreditaram. Michael Moore foi a melhor coisa que saiu dos EUA nos últimos 20 anos. O filme é importante para abrir os olhos dos americanos, mostra que os erros de Bush representam um risco para o país, levando a mortes, tragédias de famílias e descrença no mundo.’

PATRICIA GONZALEZ-POWELL

Americana, assistente jurídica residente no Brasil há 4 anos, membro do Democrats Abroad

‘Há quem diga que as informações divulgadas por Michael Morre não são novas, mas a verdade é notícia nos EUA.

Nos Brasil tem-se mais acesso às informações relacionadas à guerra do que lá, onde o governo Bush instituiu a censura. Lá, por exemplo, proibe-se a divulgação de imagens dos caixões cobertos com a bandeira dos EUA, carregando os soldados americanos mortos no Iraque. No início do filme, Bush diz que a luta contra o terror é uma nova cruzada, uma guerra religiosa. Mas não, é uma guerra pelo petróleo. Se fosse para libertar o povo iraquiano de um ditador, por que não fazer o mesmo com o povo cubano? Creio que o filme vai influenciar muitos eleitores nas eleições de novembro, é mais polêmico do que o filme A Paixão de Cristo, de Mel Gibson. No site de Michael Moore, há depoimentos de várias pessoas que assistiram ao filme, e li o de um senhor republicano que relatou ter ido ver o filme com o intuito de criticá-lo, desmentir as informações divulgadas, e que diz ter saído em lágrimas do cinema, certo de que votará no partido democrata. Muitas pessoas nos EUA não votam, não exercem esse direito civil. No entanto, creio que depois desse filme e da Guerra do Iraque, aumentará o número de pessoas que participarão dessas eleições. Os EUA estão muito polarizados.’

JOSÉ GENOINO

Deputado federal, presidente do Partido dos Trabalhadores (PT)

‘Fahrenheit – 11 de Setembro é muito forte, estou impactado. Espero que o povo americano acorde com este documentário.’

DERRICK GREEN

Norte-americano, vocalista do Sepultura

‘O filme é muito importante porque mostra que muitas pessoas nos EUA não gostam do Bush. Sou americano e não gosto dele. Não tenho uma posição política, mas acho a situação toda muito triste. O filme retrata um Bush perigoso, maluco e burro. Eu o acho burro mesmo. As músicas da trilha sonora, suas letras, são perfeitas e combinam com o visual forte. Acho que o filme pode mudar a cabeça das pessoas sim. Agora, todo mundo está acordando.’

GERO CAMILO

Brasileiro, ator

‘Eu ainda não tenho palavras para descrever o filme. Michael Moore mostra o que é óbvio, o que é evidente e isso é justamente o mais lamentável. O choque vem mesmo da comprovação, da força que a fotografia tem para mostrar todo esse jogo de poder.’’