Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Lula reclama: mídia
só dá notícia ruim

 

Leia abaixo os textos de quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 14 de junho de 2007


GOVERNO LULA
Tânia Monteiro


Para Lula, imprensa inibe turismo por só dar notícia ruim


‘Ao lançar ontem o Plano Nacional de Turismo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a imprensa. Disse que os meios de comunicação só noticiam coisa ruim – fato que desestimula as pessoas a sair de casa, na opinião dele. ‘O que a gente vê de bonito na imprensa brasileira? Não tem’, afirmou ele, em discurso de improviso.


‘Se fala de Pernambuco, é morte, se fala do Ceará é morte, se fala da Bahia, é morte. Ou seja, ele fala: peraí, eu não vou sair daqui não, vou ficar dentro de casa. E ainda olha se tem uma fresta pra não vir uma bala perdida’, continuou.


Lula também recomendou aos governadores para que divulguem seus Estados em outras partes do País: ‘Tem de botar propaganda do Acre em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais. Não basta ficar falando bem do Acre dentro do Acre. Os acreanos já sabem.’


Nesse ponto do discurso, o presidente voltou suas baterias contra o Ministério Público e a oposição: ‘Agora, se fizer isso vão dizer que estão gastando dinheiro. E lá vai o Ministério Publico fazer um protesto, já vai um deputado da oposição criticar.’ E acrescentou: ‘Neste País ainda há um tipo de gente que precisa ter muita desgraça para poder existir.’


A censura do presidente Lula à ação da imprensa não é novidade. Ele já repetiu várias vezes que os jornais só gostam de ‘coisa ruim’, agem como ‘ave de mau agouro’ e passam o tempo todo apegados a ‘denuncismos’.


Mas não foram só ataques verbais. Em dois momentos seu governo já tentou criar limitações à liberdade expressão. O primeiro foi apresentação da proposta de criação do Conselho Federal de Jornalismo.


O governo chegou a enviar o projeto â Câmara, alegando que o objetivo seria ‘orientar, disciplinar e fiscalizar’ o exercício da profissão e atividade de jornalista. Houve forte reação da sociedade à proposta e o governo acabou recuando.


Mas não desistiu: a segunda tentativa veio com outro projeto, de criação da Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (Ancinav). Ela teria poderes para regulamentar e controlar atividades no cinema, na TV, rádio e outras modalidades de comunicação audiovisual.


Mais uma vez a sociedade reagiu, causando novo recuo.


Também se falou na dificuldade de Lula com a liberdade de expressão no episódio de Larry Rohter, correspondente do New York Times. Em maio de 2004, três dias depois da publicar uma reportagem afirmando que o consumo de bebidas pelo presidente estava afetando sua capacidade de governar, Rohter teve seu visto de jornalista cancelado pelo governo. O caso teve repercussão internacional e Lula, de novo, recuou. COLABOROU ROLDÃO ARRUDA’


PUBLICIDADE
Marili Ribeiro


Festival de publicidade de Cannes já tem seus favoritos


‘Todos os anos, a maior expectativa dos publicitários em relação ao Festival de Publicidade de Cannes, que começa no sábado, é saber quem serão os premiados na categoria filmes, que engloba os comerciais para televisão e cinema. E, mesmo com o número de inscrições caindo – este ano o festival registra uma queda de 8% no número de filmes inscritos em relação ao ano passado -, essa categoria mantém seu apelo entre os profissionais do ramo.


Essa expectativa levou a agência Leo Burnett a organizar um evento para apontar os filmes com maiores possibilidades de serem premiados em Cannes. O evento é realizado em 84 países. No Brasil, tem também o patrocínio do jornal O Estado de S.Paulo, representante oficial do Festival Internacional de Publicidade de Cannes.


De uma lista de 50 filmes globais com chances de vitória, previamente elaborada pela Leo Burnett a partir dos mais de 4 mil inscritos este ano, os júris ao redor do mundo escolhem três potenciais vencedores. Aqui, o júri se reuniu ontem à noite na Cinemateca, em São Paulo, e fez suas escolhas. Os eleitos no Brasil foram os filmes Dangerous Liaisons, feito pela agência britânica Bartle Bogle Hegarty para a Levi’s; Backseat, feito pela BBDO da Alemanha para o Smart, da DaimlerChrysler; e Taking the piss, feito pela sul-africana Black River FC para a 1st. for Women.


A criação publicitária brasileira na categoria não apareceu na seleção global, assim como já tinha acontecido no ano passado. A seleção global tem por base os filmes que já se destacaram em outros festivais que ocorrem antes de Cannes. E, o índice de acerto gira em torno de 70% dos escolhidos que, depois, são efetivamente premiados em Cannes.


Além da votação nessa seleção global, o júri brasileiro também escolheu os representantes locais que consideram com chances de premiação a partir de uma lista de dez filmes, entre os mais votados no site criado especialmente para o evento. Há 175 filmes brasileiros inscritos em Cannes este ano. Os três brasileiros com maiores chances de voltar com um Leão são o filme Forrest Gump, feito pela AlmapBBDO para o Golf, da Volkswagen; um filme feito pela McCann Erickson para a Fundação Dorina Nowill e outro feito pela AlmapBBDO para o Greenpeace.


O Cannes Predictions 2007, evento que é promovido há 21 anos pela Leo Burnett, sofre adaptações em cada país onde é realizado. No Brasil, este ano, houve uma votação especial para anúncios impressos. As agências que enviaram peças para Cannes foram convidadas a expor seus trabalhos no site do evento para que os internautas votassem. Um peça feita pela agência Famiglia para a Schincariol foi a vencedora dessa votação, e será publicada pelo Estado.


A Leo Burnett Brasil festeja o bom desempenho registrado no ano passado. Entre as vinte maiores agências de publicidade do País, foi a que obteve o maior crescimento real – 56% na comparação com o ano anterior. ‘Acredito que o Brasil vai surpreender em Cannes’, diz Renato Loes, presidente da empresa no País.’


TV CULTURA
Jotabê Medeiros


Markun assume de olho no América Latina


‘Será nesta manhã, às 9h30, a cerimônia de posse do novo diretor-presidente da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da Rádio e TV Cultura. Eleito no dia 7 de maio por assembléia do Conselho Curador da emissora (38 dos 41 conselheiros presentes votaram nele), o jornalista Paulo Markun assume para exercer um mandato de três anos, substituindo Marcos Mendonça, na função desde 2004.


Desde março já se sabia que Markun seria o eleito, por indicação direta do governador José Serra, que não via com bons olhos a gestão de Marcos Mendonça (indicado pelo seu antecessor, Geraldo Alckmin). ‘Ele é a cara da TV Cultura, já que é o encarregado do (programa) Roda Viva’, disse ao Estado, em abril, o secretário de Estado da Cultura, João Sayad. ‘Qual é a tarefa da TV pública? Ele é um nome que tem condições de discutir isso.’


A emissora confirmou ontem que Âmbar de Barros (ex-Unesco) será a nova diretora de Infantis da emissora. O nome de Elói Gertel não foi confirmado como novo Diretor de Jornalismo.


Markun é figura consensual entre funcionários da emissora, onde é muito popular: iniciou sua carreira ali como repórter de TV em 3 de setembro de 1975, levado por Vladimir Herzog, o Vlado. Markun pouco falou desde sua indicação, esperando completar-se o rito legal de sua eleição.


Em seu livro mais recente, Meu Querido Vlado, Paulo Markun dedica um capítulo inteiro aos primórdios de sua carreira na TV Cultura. Lembra de um estudo de Herzog, Considerações Gerais sobre a TV Cultura, que buscava mudar a forma de relacionamento da emissora com o governo e os espectadores.


‘Um telejornal de emissora do governo também pode ser um bom jornal e, para isso, não é preciso ‘esquecer’ que se trata de uma emissora do governo. Basta não adotar uma atitude servil’, diz o documento. Outras preocupações daquele grupo, àquela época, era contrariar certa tendência da emissora ao ‘elitismo, que levava a índices de audiência praticamente nulos’. Entre as recomendações, fazer com que a TV Cultura passasse a representar ‘um canal de diálogo que permitisse à população manifestar aos governantes seus problemas, apreensões, queixas e sugestões’.


Na única nota que soltou à imprensa, Markun comentou que as prioridades da TV continuarão sendo o eixo educação e jornalismo, mas sinalizou para novas metas. ‘Somos um espaço diferenciado para a valorização e a promoção da arte e da nossa música, e continuaremos a sê-lo, levando em conta que os valores representativos da identidade e da criatividade brasileira não devem impedir a abertura para o universo cultural das outras nações.’


Essa abertura cultural deve se dar em direção à cobertura sistemática da geopolítica latino-americana, segundo ele demonstrou já em sua primeira ação programática. A partir desta semana, uma equipe especialmente referendada por Markun (leia texto ao lado) passa a cobrir e produzir documentários e notas sobre os conflitos na Colômbia.


O ex-deputado e ex-secretário de Estado da Cultura Marcos Mendonça deixa a emissora, aparentemente, de forma elegante, sem sair atirando. ‘É público, tendo inclusive sido amplamente divulgado na imprensa, a predileção por outro nome para a direção’, afirmou, também em nota recente.


Mas analisa-se que ele deixa alguns ‘pepinos’ para seu sucessor. Um exemplo é o contrato com a produtora Cellcast, empresa de telessorteios. Paulo Markun assume a Cultura vendo-se obrigado a aceitar um contrato pré-assinado de um ano com a Cellcast, que já coordena programa na emissora, o Sumo TV (que promete R$ 20 mil em prêmios aos melhores vídeos enviados pelo público).’


TELEVISÃO
Etienne Jacintho


Procura-se modelo


‘O canal Sony vai lançar ainda este ano a versão nacional do reality show de Tyra Banks, o America’s Next Top Model. O canal ainda não sabe quem será a apresentadora da atração e também não definiu os jurados.


America’s Next Top Model é uma competição em que 13 garotas comuns e aspirantes a modelos passam por provas de passarela, fotografia e vídeo para se tornarem uma modelo completa. Além das disputas nas provas, as meninas ainda têm de lidar com os problemas de convivência, já que elas passam a morar juntas.


A versão brasileira do reality show será ambientada em São Paulo e as meninas ficarão hospedadas em uma casa de luxo.


As inscrições para as interessadas em participar da atração serão abertas no dia 1º de julho e se estenderão até o dia 31. As gravações do reality começarão em agosto e as fichas de inscrição deverão ser preenchidas no hotsite que o canal vai lançar ainda este mês.


O canal Sony já fez co-produções nacionais – como o game show Roleta Russa, com a Record -, mas America’s Next Top Model marca a primeira produção brasileira da emissora.’


Cristina Padiglione


Globo fica em 3º lugar


‘A estréia da microssérie A Pedra do Reino deixou a Globo em terceiro lugar na terça-feira. A emissora obteve 12 pontos de média num horário que costuma lhe render pelo menos o dobro disso. E não há notícia, desde que a medição do Ibope funciona com os métodos atuais, de resultado tão pífio nessa faixa.


A liderança no horário, entre 22h33 e 23h30, coube à Record, que obteve 16,1 pontos, com parte da novela Vidas Opostas e de O Aprendiz 4. Na vice-liderança, o SBT teve 13,8 pontos com o filme Lara Croft – Tom Raider. Os dados são do Ibope na Grande São Paulo, onde 1 ponto vale 54,4 mil domicílios com TV.


Com Hoje é Dia de Maria, Luiz Fernando Carvalho alcançou 34 pontos de média. Já Maria: Segunda Jornada estreou na casa dos 25 pontos. Um consenso entre quem viu A Pedra do Reino é que a microssérie é esteticamente um espetáculo, mas hermética demais, especialmente para televisão, onde não se pode exigir do espectador a mesma concentração que se tem numa sala de cinema.


Maria também tinha sua história auxiliada por uma narradora (Laura Cardoso), papel ausente agora. E, por mais empenho que Carvalho tenha dispensado à mixagem, houve problemas com o áudio: alguns diálogos se mostraram incompreensíveis.’


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 14 de junho de 2007


GOVERNO LULA
Pedro Dias Leite e Catia Seabra


Mídia não vê nada bonito no país, diz Lula


‘O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou ontem em Brasília que não vê nada ‘de bonito’ na imprensa brasileira e disse ainda que ‘neste país há um tipo de gente que precisa ter muita desgraça para poder existir’. A mais recente crítica do presidente à imprensa vem num momento em que as últimas operações da Polícia Federal atingiram ministros de seu governo e seu irmão Genival da Silva, o Vavá, investigado por suposta prática de lobby.


Lula fazia discurso no lançamento do Plano Nacional de Turismo quando fez as críticas. ‘O que a gente vê de bonito na imprensa brasileira? Quais são as mensagens que nos provocam a viajar no final de semana? Não tem’, exemplificando que: ‘Se fala de Pernambuco, é morte; se fala do Ceará, é morte, se fala da Bahia, é morte. Aí a pessoa diz: ‘Espera aí, não vou sair daqui não, vou ficar dentro de casa’. E ainda olha, vê se não tem uma fresta, para não vir bala perdida’.


Apontando a redemocratização dos meios de comunicação como uma prioridade, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu também escolheu a imprensa como alvo. Disse, durante congresso nacional de metalúrgicos da CUT, que a imprensa conservadora é ‘o verdadeiro partido hoje de oposição’.


‘Nunca foi tão possível como agora’ democratizar os meios de comunicação, introduzindo regulação e concorrência no setor’, disse, acrescentando: ‘Tem uma profunda divisão dos formuladores de comunicação no Brasil. Há uma possibilidade real de aproveitarmos esse momento’.


Segundo ele, ‘um dos grandes erros’ do primeiro mandato de Lula da Silva foi ‘subestimar o poder da mídia’.


‘Essa aliança política da oposição de direita conservadora, com os meios de comunicação conservadores, que são o verdadeiro partido hoje de oposição no Brasil, junto com interesses internacionais, é que se opõe a nós’, discursou.


Na saída, Dirceu endossou as críticas de Lula à atuação da PF. ‘A Polícia Federal não é Ministério Público, não é Poder Judiciário. Está submetida ao presidente da República.’


Cobranças


Lula também cobrou ontem dos governadores que façam publicidade de seus Estados e criticou setores políticos e do Judiciário. ‘Não basta ficar falando bem do Acre dentro do Acre, os acreanos já sabem. Agora, se fizer isso, vão dizer: ‘Está gastando dinheiro’. Já vai o Ministério Público abrir um processo, já vai um deputado de oposição criticar, já vai fazer um monte de coisa. Porque neste país ainda há um tipo de gente que precisa ter muita desgraça para ele poder existir’, reclamou Lula.


O presidente levou a platéia, formada por políticos e empresários, às gargalhadas ao citar situações do cotidiano e associá-las as dificuldades para o brasileiro viajar. ‘Sair de casa é efetivamente um estado de espírito (…) Tem que estar com humor, a mulher tem que acordar: ‘Amorzinho, vamos, amorzinho’, porque, se ela começar xingando, o marido já não vai, já bota o cuecão, fica deitado ali mesmo e não sai’, disse.


Em outra descrição do cotidiano, disse que ‘o cidadão fica em casa vendo televisão, brigando com a mulher’. ‘Aí a mulher vai fazer a limpeza no pé dele e ele já dá um coice. Aí chega o genro, já toma a cerveja gelada dele. (…) Então, nós precisamos, como diz o bom companheiro, bulir com o estado de espírito do povo brasileiro.’’



Eliane Cantanhêde


O inocente e os culpados


‘‘O que a gente vê de bonito na imprensa brasileira? Quais são as mensagens que nos provocam a viajar no final de semana? Não tem’, disse Lula ontem, num evento em Brasília sobre turismo, conforme relato do repórter Pedro Dias Leite.


Ainda de Lula: ‘Se fala de Pernambuco, é morte; se fala do Ceará, é morte; se fala da Bahia, é morte. Aí a pessoa diz: ‘Espera aí, não vou sair daqui não, vou ficar dentro de casa’.


E ainda olha, vê se não tem uma fresta, para não vir bala perdida’.


Ou seja, gente: quem é culpado pelo Vavá, pelos mensaleiros, pelos aloprados do dossiê, pelo crescimento econômico haitiano, pelo fracasso do Fome Zero e do Primeiro Emprego, pelo caos aéreo, pela queda do Boeing, pela violência em Pernambuco, pelos atentados em São Paulo, pelas balas perdidas no Rio? A imprensa! A imprensa brasileira!


Enquanto isso, Lula continua sem ter culpa em nada, nunca.


Aconteça o que acontecer, doa a quem doer, investigue-se quem se investigar, Lula estava, está e estará acima de qualquer coisa. A imprensa é culpada sempre. Lula é inocente sempre. Sem discussão.


E ele também pode falar o que bem entender, na hora em que bem entender, do jeito que bem entender. O que soaria absurdo na boca de alguém, na dele é ‘capacidade de comunicação’. O que seria pura e simplesmente errado na boca de alguém, ainda mais de um presidente da República, na dele é apenas engraçadinho, talvez esperteza. O resto, o Bolsa Família apaga.


Foi extemporâneo, portanto, criticar a ministra Marta Suplicy ontem por ter recomendado a todos que viajem à vontade, ‘relaxem e gozem’. Se o chefe fala sem cerimônia sobre o ‘ponto G’ num encontro público com Bush, por que Marta não pode falar o que quiser num evento no próprio ministério? Cada governo tem o palavreado e o linguajar que merece.’


VENEZUELA
Folha de S. Paulo


Crítica de Chávez ao Senado foi ‘inoportuna’, diz embaixador


‘As críticas do presidente Hugo Chávez ao Senado brasileiro, no episódio da não-renovação da concessão da RCTV, foram ‘inoportunas’, disse ontem o secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães.


Para ele, o comentário de Chávez sobre o Senado agir ‘como um papagaio’ do Congresso norte-americano ‘prejudica as relações’ entre Brasil e Venezuela, segundo informou a agência de notícias France Presse.


Em 30 de maio, o Senado aprovou requerimento para que Chávez devolvesse a concessão à RCTV, que faz oposição a seu governo.


Ontem, na Universidade de Brasília, Pinheiro lembrou que o presidente Lula já expressou repúdio às críticas de Chávez. ‘Mas o fato é que (…) é algo inoportuno’, disse o embaixador, para depois ressaltar que o venezuelano foi eleito democraticamente e que a não-renovação da RCTV ocorreu dentro da lei.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Ausência absoluta


‘Em meio à teledramaturgia do grampo de Vavá, dia após dia no ‘Jornal Nacional’, vem ontem o relator do processo de suposta quebra de decoro parlamentar de Renan Calheiros, e encaminha o arquivamento por ‘ausência absoluta de provas’.


O presidente do Senado, que fez o atual ministro das Comunicações, tomou as manchetes da Folha Online e demais sites e portais, a partir do meio da tarde. Um ou outro integrante do Conselho de Ética ameaçou ‘adiar a votação’, nada mais.


Aqui e ali, por outro lado, o registro de que a CPI da Navalha vai acabar caindo.


ENQUANTO ISSO


Tem também a reforma política. Os blogs de Josias de Souza e Fernando Rodrigues faziam esforços de última hora, ontem, dia da votação, para jogar luz sobre os problemas do projeto -que vai garantir R$ 1,7 bi aos partidos, a cada quatro anos, e dar as ‘vagas de cima’ das listas de candidatos a deputado ‘para quem já exerce mandato’.


Ricardo Amaral, no site da Reuters Brasil, noticiava esperançosamente uma divisão na Câmara dos Deputados, para a votação.


‘JAQUE MATE’


Quanto a Vavá, ele vai chegando ao exterior, por agências e uma primeira reportagem do argentino ‘Clarín’, ‘Já são dois os irmãos de Lula envolvidos’. O texto se alonga nas ‘conversas telefônicas grampeadas pelos investigadores’ da operação vertida como ‘Jaque Mate’.


No final, ‘não deixa de chamar a atenção que, com o ex-presidente FHC, a mídia tenha evitado e ocultado situações dessa magnitude que teriam se mostrado extremamente incômodas’.


PF CONTRA O BICHO


Mas o que ecoa mais, em jornais do exterior, é a investigação pela Polícia Federal do último desfile de Carnaval no Rio e a suposta compra da vitória pelo jogo do bicho.


Ontem foi o espanhol ‘El País’, sob o título ‘Samba em ritmo de máfia’. ‘A investigação sobre a influência da máfia na festa, a ponto de fraudar o resultado e designar a escola vencedora’, diz o jornal, ‘caiu como uma pedra na cidade do futebol mágico e das praias de sonho’.


Dias antes foi o ‘New York Times’ de Larry Rohter, destacando que ‘as operações da Polícia Federal descobriram grandes subornos para juízes, policiais, promotores e advogados pelos chefes do jogo do bicho’.


Bom Dia São Paulo’


A QUADRILHA QUE…


Saiu no ‘Bom Dia São Paulo’, ‘Desconhecidos atearam fogo a ônibus na Zona Leste’. Pouco depois, no G1, presos, eles ‘disseram em depoimento que pertencem à quadrilha que age a partir dos presídios’. Aquela.


MODA CAZAQUE


No ‘Times’ de Londres, ontem, um primeiro sinal da repercussão, do ‘hype’, que acompanha as edições da São Paulo Fashion Week. Nesse texto, porém, a atenção maior é com a semana de moda do Caribe, bem como aquela do Cazaquistão, também a de Sidney, na Austrália. São Paulo entra no meio.


RUM, NÃO


Em meio ao esforço brasileiro de desvincular a cachaça do rum, para exportação, a coluna de bebidas do ‘Washington Post’ tratou ontem da ‘cachaça, não ‘ho-hum’ rum’. Foi para celebrar o Dia Nacional da Cachaça, e o colunista tratou de diferenciar e louvar a bebida, bem como a ‘caipirinha’, a ‘batida’.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Obra-prima da Globo perde para Record e SBT


‘Foi um fiasco no Ibope a estréia de ‘A Pedra do Reino’, o programa mais ousado já exibido no horário nobre da Globo. O primeiro capítulo da microssérie deu apenas 12 pontos na Grande São Paulo, contra 16 da Record (‘Vidas Opostas’ e ‘O Aprendiz 4’) e 14 do SBT (reprise do filme ‘Lara Croft’).


Apesar do terceiro lugar, a direção da Globo se deu por satisfeita. Executivos da rede diziam ontem que esperavam essa audiência, pois trata-se de um ‘produto de arte’, experimental, sem concessões.


O primeiro dos cinco episódios de ‘A Pedra do Reino’ foi um show de virtuose técnica. Mas o programa, que foi filmado durante quase três meses no sertão da Paraíba e levou outros cinco para ser finalizado, é de dificílima compreensão, principalmente para o telespectador que nunca viu um filme de Glauber Rocha.


A narrativa é labiríntica, alternando vários tempos, espaços e personagens. É preciso muita atenção para conseguir entender o que se passa. Para alguns telespectadores, foi ‘uma experiência sensorial’, como queria o diretor-geral, Luiz Fernando Carvalho.


A maioria dos telespectadores, no entanto, preferiu fugir. No primeiro minuto, ‘A Pedra do Reino’ tinha 26 pontos. Menos de meia hora depois, já afundava em 9. Primeiro produto da série ‘Quadrante’, cada episódio de ‘A Pedra do Reino’ custou cerca de R 800 mil.


ESTRUTURA 1


Um dos primeiros atos do jornalista Paulo Markun, que toma posse hoje na presidência da Fundação Padre Anchieta, com transmissão ao vivo pelo site da TV Cultura (www.? tvcultura.com.br) a partir das 10h, será mudar a estrutura da cúpula da emissora pública paulista _na qual continuará apresentando o ‘Roda Viva’.


ESTRUTURA 2


Das atuais nove diretorias, Markun só manterá quatro (produção, técnica, marketing e vendas e administrativa-financeira). A programação será gerada por nove núcleos (educação, música, arte e cultura, cidadania e serviços, jornalismo, infanto-juvenil, rádio, teledramaturgia e eventos e publicações). Haverá um coordenador chefiando todos esses núcleos, o jornalista Pola Galé.


ESTRUTURA 3


Entre os nomes já confirmados na nova cúpula, estão os de Hélio Goldsztejn (para o núcleo de arte e cultura, que englobará o ‘Metrópolis’, ‘Vitrine’ e ‘Entrelinhas’), o do crítico de teatro Jefferson Del Rios (teledramaturgia), o da jornalista Âmbar de Barros (infanto-juvenil) e o do também jornalista Paulo Roberto Leandro (cidadania e serviços). Os documentários serão englobados pelo núcleo de jornalismo.


SUBIU


A volta de Márcia Goldschmidt à programação da Band levantou a audiência vespertina da emissora e alavancou a do ‘Brasil Urgente’. Anteontem, o ‘Márcia’ marcou 4 pontos. Já o programa de José Luiz Datena cravou 7 de média e pico de 10. Ficou 25 minutos em segundo lugar no Ibope, um feito.’


CASO ROBERTO CARLOS
Luiz Fernando Vianna


Após vários anos, Roberto Carlos volta a cantar que ‘o mal existe’


‘Antes do show, fãs se queixavam da vitória do ídolo na luta para suspender as vendas da biografia ‘Roberto Carlos em Detalhes’, de Paulo Cesar de Araújo. Depois, porém, o clima era de euforia: ele venceu mais um round contra o seu TOC (transtorno obsessivo-compulsivo) e voltou, após muitos anos, a dizer ‘mal’ no verso ‘Se o bem e o mal existem’, de ‘É Preciso Saber Viver’.


‘Eu pensei que ninguém ia notar’, brincou ele, anteontem, após a segunda vez em que cantou a palavra e, portanto, após a segunda ovação da platéia -na qual estava o ministro da Cultura, Gilberto Gil. Em seguida, à guisa de pedido de perdão ou não, cantou ‘Jesus Cristo’. Distribuiu rosas para o público -ritual que foi mais caloroso por ser Dia dos Namorados- e recebeu presentes como um urso de pelúcia azul-turquesa.


Foi seu primeiro show no Brasil após o acordo feito em 27 de abril com a editora Planeta que levou ao recolhimento do livro. Também foi o primeiro no Canecão após 15 anos, sendo que há 24 ele não fazia uma temporada na casa carioca.


‘Pensaram que eu não vinha mais. Quando cheguei aqui, encontrei tudo marrom. Ainda bem que estou melhor’, disse, antes de ‘É Preciso Saber Viver’. Roberto selecionou números que vem fazendo há anos: ‘Detalhes’ ao violão; ‘Acróstico’ ao piano; ‘O Cadillac’ e ‘O Calhambeque’ diante de constrangedores carros infláveis, entre outros. No início do show, depois de ‘Emoções’, ele fez outra brincadeira: ‘No dia em que eu escrever meu livro… Ih, caramba! Quem mandou improvisar?’.


No entanto, mesmo fãs não gostaram da proibição da biografia. ‘É uma palhaçada. Ele adora falar em Maria Rita [mulher de Roberto, morta em 1999], ganha dinheiro em cima dela, mas não quer que um livro fale’, disse a bibliotecária Hilda Navarro, 60. Sua amiga Maria Thereza Freitas, 62, embora contra a proibição, acha ‘a perda da perna uma questão íntima’, que poderia ser omitida. Para a aposentada Maria Elisa Padovani, 58, Roberto ‘foi muito radical’: ‘Ficou deselegante’. ‘Não gosto dele como homem. Para cama não serve’, opinou. Já a vendedora Mira Lima, 64, ‘morreria feliz’ se pudesse ver o Rei no camarim, mas diz que ‘ele fez bobagem. Todo mundo sabe da vida dele’.


Para a fisioterapeuta Ana Paula Dias dos Santos, 42, um livro autorizado seria ‘mais fiel à realidade’. ‘Acho que biografia deve ser sempre autorizada’, afirmou ao lado da mãe, nascida, como Roberto, em Cachoeiro do Itapemirim (ES). A advogada Verônica Bezerra de Melo, 35, não fez concessão: ‘Sou contra censura. Vivemos num país democrático, com liberdade de expressão, e ele poderia exprimir seu descontentamento de outra forma’.


ROBERTO CARLOS


Quando: hoje e amanhã, às 22h; dias 22 e 23/6, às 20h; e 24/6, às 19h


Onde: Canecão (av. Venceslau Brás, 215, Botafogo, RJ, tel. 0/xx/ 21/2105-2000)


Quanto: de R$ 20 a R$ 500′


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