Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Marcelo Auler

‘A foto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lado do mega-empresário multinacional Bill Gates, que tinha tudo para gerar críticas entre os defensores do software livre no Fórum Social Mundial, acabou exercendo papel inverso, quase servindo como um troféu a favor do governo brasileiro. O pedido de um encontro com o presidente – que acabou não sendo atendido – foi encarado em Porto Alegre quase como uma capitulação do dono Microsoft, por conta da posição clara que o Governo Lula a favor do software livre. O que Bill Gates não deveria estar sabendo é que enquanto Lula o evitava, em Porto Alegre, o ministro da Cultura Gilberto Gil propunha ‘a constituição imediata, a partir deste encontro, de uma convocação global pela liberdade digital da humanidade, complementar à convocação global pela erradicação da pobreza lançada por diversas ONGs neste Fórum e abraçada pelo presidente Lula’.

O Brasil já tem papel de destaque na luta contra os programas proprietários, como foi frisado nos debates. ‘A longo prazo, o controle que a Microsoft quer exercer é o mais perigoso, e o único lugar onde se está lutando contra este controle da Microsoft, defendendo a implantação do software livre, é o Brasil. Por conta disto é que Bill Gates solicitou o encontro com o presidente Lula’, justificou ontem o norte-americano John Perry Barlow, um dos principais nomes internacionais na defesa do software livre.

Encontro filmado

As tentativas da Microsoft de buscar um entendimento com o governo Lula não se limitaram ao pedido de audiência por Bill Gates. No Brasil, a direção da filial da empresa quer conversar com os assessores do ministro Gilberto Gil, em especial Cláudio Prado, responsável pela política digital do ministério. O encontro poderá acontecer ainda em fevereiro, mas se depender de Prado, como ele anunciou no Fórum, será totalmente filmado para depois ser reproduzido em público. ‘Se eles não concordarem, não a faremos, mas vamos divulgar a recusa e tornar pública toda a conversa que tivermos’, explicou Prado à Carta Maior.

No Fórum ficou claro que a discussão do software livre é apenas parte de um embate maior. O próprio ministro da Cultura, muito aplaudido no debate de sábado (29) – ‘Revolução Digital: software livre , liberdade do conhecimento e liberdade de expressão na Sociedade da Informação’ – foi claro ao anunciar este embate. ‘A batalha do software livre, da Internet livre e das conexões livres vão muito além delas, de seus interesses. É a mais importante, e também a mais interessante, e a mais atual das batalhas políticas. Claro que há uma revolução francesa, ou várias revoluções francesas, a fazer no planeta, seja dentro dos países, seja no comércio internacional. Ainda nos defrontamos não apenas com discursos do Século 19, mas também com realidades do Século 19. Mas não podemos secundarizar o presente. E o futuro’, anunciou Gil.

‘Não se trata de um movimento ‘anti’, mas de um movimento ‘pro’, ou seja, a favor da valorização e da disseminação de uma nova cidadania global, da capacidade de autodeterminação das pessoas, de novas formas de interação e articulação, da liberdade real de produção e difusão da subjetividade, da busca do saber, da informação, do exercício da sensibilidade e da coletividade. E como estou valorizando o lado ‘pro’ do Fórum, quero propor a vocês a constituição imediata, a partir deste encontro, de uma convocação global pela liberdade digital da humanidade, complementar à convocação global pela erradicação da pobreza lançada por diversas ONGs neste Fórum e abraçada pelo presidente Lula. Sejamos corajosos e substantivos em relação a isso’.

Esta foi, de uma forma em geral, a visão predominante nos debates do Fórum Social. A questão do software livre se insere numa mudança muito maior de comportamento social. Sérgio Amadeu, presidente do Instituto de Tecnologia da Informação, por exemplo, associa a questão do software livre à ‘defesa da necessidade da distribuição do conhecimento. O software livre altera a geopolítica do poder na medida em que o conhecimento deixa de ser propriedade de alguém ou um grupo e passa a ser compartilhado em rede’.

Direito autoral

A idéia, ‘compartilhada’ por todos os participantes do debate é que a discussão acaba por envolver o próprio direito autoral e a forma como ele hoje é usado limitando a circulação de idéias e de produções artísticas. Ronaldo Lemos, da Fundação Getúlio Vargas, especialista em Direito Digital, citou o exemplo das editoras que, com o advento da internet, deixaram de ter o controle do que pode o não ser editado e veiculado. ‘Qualquer texto pode circular livremente pela rede. Assim também, na industria fonográfica se perde o controle sobre a reprodução musical, daí o interesse em campanhas constante na grande imprensa contra a chamada indústria da pirataria’.

Outro dos debatedores de sábado, Manuel Castells, insistiu no fato de a era da informação não combinar um processo de limitação e proibição. ‘A internet – exemplificou – é uma tecnologia construída com uma arquitetura libertária, suas principais aplicações foram desenvolvidas pelos próprios usuários, sem direito proprietário’. Por isto, para ele, não cabe se falar em controle da internet, como alguns países têm procurado fazer’.’



Pilar Rahola

‘Porto Alegre no bebe Coca-Cola’, copyright El País, 31/01/05

‘El espíritu de sacrificio de los luchadores de la utopía es encomiable. Hace un calor de 30 grados oficiales, sumados a unas cuantas docenas de grados más que nadie sabe de dónde salen, pero que se agarran a la piel como una lapa. Y sin embargo, en ningún local del Foro de Porto Alegre se puede comprar la malvada Coca-Cola. ‘Está prohibida en todo el recinto’, se apresta a decirme orgullosa una linda muchachita salida de mi adolescencia de póster de Che Guevara, pero ahora transmutada en guerrera antimundialización. Vamos bien, pues: el foro de la libertad empieza prohibiendo. Forcejeo inútilmente y me espeta un barbudo profesor con carnet no caducado de viejo maoísta: ‘Este foro lucha contra las multinacionales y contra la opresión americana’. ¿Contra las multinacionales? Pero si todos han llegado en aviones de grandes multinacionales. Pero si usan Internet como locos, que es un invento yanqui. Y los móviles para llamar al compañero… Y Michael Moore, que se hincha de Coca… Aún con espíritu provocador, y atisbando uno de esos pañuelitos palestinos que conforman el paisaje de fondo del foro, balbuceo tímidamente uma acotación. ‘¿Sabes que la fábrica de Coca-Cola en Ramala da trabajo a 10.000 palestinos? Como hagan allí el boicoteo…’. Pero me he ganado a pulso el desprecio del viejo revolucionario y sus iluminados alumnos, y decido matar mi pena con un guaraná antiglobalización que, si no suaviza mis contradicciones, al menos despista mi calor.

La verdad es que el foro da para mucho, y sería injusto no señalar la cantidad de conferencias, debates y proyectos que intentan dar la vuelta a la injusticia y encontrar otras fórmulas. Especialmente interesantes son los vinculados al medio ambiente y a los derechos de la infancia. Modestamente, el debate Dos pueblos, dos Estados. El camino de la negociación en el conflicto palestino-israelí, organizado por la Unesco, en el que yo participo junto con el profesor palestino Manuel Hassassian y su amigo israelí Edward Kaufman, conocidos pacifistas, puede ayudar a una visión un poco serena del conflicto. Pero la serenidad no es precisamente el sustantivo del foro, y ahí están los abucheos y los gritos de ‘¡traidor! contra Lula; la prohibición de que el prefecto de Porto Alegre, José Fogaça, visite el foro, a pesar de ser el alcalde democráticamente escogido, y la invitación a que Hugo Chávez sea una de las grandes estrellas. No han invitado a Gaddafi de milagro. El lema que acompaña pomposamente al foro, Otro mundo es posible, empieza pues boicoteando la libre circulación de productos, prohibiendo la entrada a representantes legítimos e invitando a presidentes populistas, exponentes del peor socialismo medieval. A partir de aquí, el fórum es patrimonio de los sectores más ruidosos de la extrema izquierda, cuya incapacidad para tener resultados electorales no les impide erigirse en propietarios exclusivos de los grandes conceptos de solidaridad. No sé si otro mundo es posible, aunque creo posible soñarlo, pero de lo que estoy segura es de que no lo veo en el foro. No lo veo en las pintadas en los murales a favor de la ‘heroica resistencia iraquí’, convirtiendo a los locos asesinos que degollan personas en héroes románticos. No lo veo en los textos que equiparan a la Alemania nazi a Estados Unidos o Israel, minimizando hasta la perversión lo que significó el nazismo, ¡y lo leo el mismo día en que el mundo recuerda el 60º aniversario de la liberación de Auschwitz. No lo veo en la nula existencia de un mínimo recuerdo, un mínimo homenaje a las víctimas del exterminio. En el foro donde otro mundo es posible, el desprecio a las víctimas judías de la Shoá es más que evidente. No, no veo ese nuevo mundo en la simpatía con que son acogidos países víctimas de la maldad americana, como esa bonita democracia sobrecargada de derechos humanos llamada Irán. Y continúo. Inexistencia de un mínimo discurso crítico con las dictaduras del petrodólar, pero odio feroz a Israel. Por supuesto, ninguna duda de que todos los locos de atar que van suicidándose matando decenas de personas por el planeta son unos milicianos que luchan por la libertad. Ningún análisis sobre la ideología totalitaria del integrismo islámico, pero consideración general de que el único causante del problema del mundo habla inglés. Y quizá lo que más me duele es la absoluta ausencia de una pancarta, un papelito, una frasecita para recordar los millones de mujeres esclavizadas en nombre de Alá. Si lo fueran en nombre de Estados Unidos…, pero el Foro de Porto Alegre, y tantos otros de su estilo, sólo se preocupa de las víctimas cuando los malos llevan barras y estrellas o la estrella de David en la pechera. Ahí está, mírenlo, el totalitario presidente del Sudán, asesino de miles de personas, que no tiene quien le silbe, quien le señale, quien le ataque en el foro de la solidaridad. ¿Existe el Sudán en el imaginario del foro? Un día de estos lo van a invitar para que hable del Tercer Mundo…

Decía el famoso anuncio que había otros mundos, pero que todos estaban en éste. Paseando por el Foro de Porto Alegre, rodedada de toda la estética cheguevarista al uso, sudando la gota gorda de un calor abrasador antimultinacional, acompañada del coro de consignas de la extrema izquierda -la que siempre traicionó a la libertad-, tengo la impresión de que otro mundo existe y es posible, pero no está en éste. Si éstos de aquí, con sus tópicos, sus dogmatismos antilibertarios, su maniqueísmo, su desprecio a los valores de la democracia, sus héroes terroristas y sus fobias, tienen que cambiarnos el mundo, habrá que volver a las viejas ideas del 68. Si ustedes cambian el mundo, paren el mundo, que me bajo.’



O Estado de S. Paulo

‘Mídia alternativa tenta aproveitar crise jornalística’, copyright O Estado de S. Paulo / Efe, 29/01/05

‘Os meios de comunicação tradicionais sofrem uma ‘grave crise’, acossados pelas novas tecnologias e pela perda de credibilidade, e isso abre um espaço para democratizar a informação, afirmaram ontem participantes do Observatório Mundial da Imprensa, durante o Fórum Social Mundial.

Os defensores de uma imprensa alternativa propuseram que essa crise seja aproveitada para conquistar novos espaços e consolidar um velho sonho de quebrar o que chamam de monopólio da ‘informação dominante’, controlada por grupos vinculados a grandes interesses econômicos.

O Observatório nasceu há dois anos, no terceiro Fórum Social Mundial, para defender os interesses do público, mas hoje os próprios militantes reconhecem que avançaram pouco. ‘Devemos aproveitar a crise da informação dominante para promover uma alternativa mais séria e mais profissional; assim nos imporemos’, afirmou o presidente do Observatório, Ignacio Ramonet, diretor do Le Monde Diplomatique.

Para ele, em 2004 vários casos que afetaram grandes e tradicionais meios escritos e audiovisuais evidenciaram o alcance da crise, enquanto as novas tecnologias disputam cada vez mais o interesse do público.

‘A concentração dos meios se acentuou’, disse Ramonet no seu discurso e deu vários exemplos de aquisição de meios tradicionais por grupos externos. Grandes meios em vários países demonstraram ‘não saber proteger sua credibilidade’ e incorreram em escândalos de informação mal manuseada e até inventada, lembrou. Enquanto isso, avançam as novas formas de comunicação, em especial as ligadas à internet, como os blogs, e à telefonia celular.

Nos países desenvolvidos, o tempo máximo destinado à leitura de jornais caiu para 20 minutos per capita, comparado com várias horas dedicadas à navegação na internet. Nesse contexto, segundo Ramonet, o Observatório tem seu papel e deve mobilizar-se para evitar que a crise se agrave.

MAIS AÇÃO

Já o presidente emérito da agência Inter Press Service e secretário-geral do Observatório, Roberto Savio, pediu mais ações e menos palavras. ‘Peço que comecemos as atividades. Não atuamos e, se continuarmos assim, não vamos mudar nada’, disse. Ele propôs várias ações para ‘socializar a informação’, entre elas um intercâmbio permanente de informações entre jornalistas e a criação de um banco de dados na internet que possa ser consultado por qualquer um. Além disso, pediu a criação de um site novo para o Observatório, mais proveitoso e útil, e de uma escola de jornalismo virtual para a sociedade civil.

Para enfrentar os problemas da comunicação atual, disse, é necessário incentivar a pluralidade informativa com o uso de várias fontes, mais contexto na informação e mais cuidado com a arte da comunicação. De acordo com ele, as notícias ficaram menores e pobres, por isso ‘estamos fazendo um leitor estúpido, que a cada dia usa menos vocabulário’.’

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‘Aplauso de 2002 deu lugar à decepção, diz ‘LA Times’’, copyright O Estado de S. Paulo, 26/01/05

‘Numa das mais duras críticas que já fez ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o jornal Los Angeles Times comparou ontem os dois momentos do presidente no Fórum Social Mundial: o sucesso de sua estréia, em janeiro de 2002, e a decepção dos militantes que hoje o recebem, na mesma Porto Alegre. ‘Que diferença fazem dois anos’, diz o enviado do jornal ao Fórum, Henri Chu.

Na primeira vez, assinala o autor, Lula ‘arrancou entusiasmados aplausos de uma platéia de ativistas ao prometer acabar com a fome nos países pobres’. E hoje, ‘as vaias podem tomar o lugar dos aplausos’, que partiam ‘de quem antes o apoiava fielmente como o homem que ia, enfim, colocar suas causas no topo da agenda presidencial’.

Na comparação entre o que essa platéia esperava de Lula e o que ele de fato fez, a reportagem desfila críticas e decepções de líderes de favelados, de vítimas da violência, militantes do MST, defensores do meio ambiente irritados com o desinteresse pelos índios e a autorização para fazendeiros plantarem soja transgênica. Os militantes, ressalta, estão decepcionados porque ‘o antigo líder sindical adotou políticas iguais às do governo de centro-direita que o precedeu’. O autor, Henri Chu, menciona um comentário do cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília – a confissão do deputado Fernando Gabeira, diz disse ‘ter sonhado o sonho errado’. Depois de ouvir as justificativas de auxiliares do Planalto, que pedem mais tempo para que o programa prometido seja cumprido e festejam o crescimento em 2004, a reportagem apresenta críticos que perguntam ‘a que custo essa recuperação aconteceu, e quem foi por ela beneficiado’.’



Agência Estado

‘Gil defende ‘portunhol’ como língua’, copyright Agência Estado, 28/01/05

‘O ministro da Cultura, Gilberto Gil, quer ver o ‘portunhol’ fluindo no Brasil e na América do Sul, sem preconceitos, assim como o técnico do Real Madri, Vanderlei Luxemburgo, tem feito em Madri.

Gil, que participou hoje da conferência América do Sul: Integração, Soberania e Desenvolvimento, no 5.º Fórum Social Mundial (FSM), em Porto Alegre, entende que o portunhol é uma língua ‘em gestação, que está nascendo’.

‘Tem de deixar fluir, sem preconceitos. Não deixar fluir é impedir os fluxos das trocas e das linguagens e dos entendimentos que se dão dessa forma’, avaliou. Ele diz ter aderido à ‘nova língua’, em 2004, durante encontro mundial de ministros de Cultura em Xangai, na China. ‘Pedi permissão para me pronunciar em portunhol’, contou, ao garantir ter sido plenamente compreendido tanto por aqueles que dominam a língua portuguesa, como também pelos nativos da língua espanhola.

‘O portunhol é uma manifestação espontânea, natural, vinda dos corpos e das almas culturais dos nossos povos. Nós precisamos nos entender, não sabemos um a língua do outro e temos, ao mesmo tempo, certos resíduos das línguas do português entre eles e do espanhol entre nós, o que nos propicia falar palavras’, analisou. ‘Temos trocas, uma comunicação histórica que, ainda que incipiente, vem sendo feita ao longo desses anos e que propiciou exatamente o fato que tenhamos que falar um pouco as duas línguas, e isso criou uma outra língua que é uma mistura das outras duas, o portunhol.’ O ministro acredita que, como o processo de integração dos países latino-americanos, e principalmente, sul-americanos, tem sido acelerado, é natural que cada vez mais o portunhol faça parte do cotidiano dos povos.

‘O fato de podermos ensinar formalmente mais português nos países hispanos e mais espanhol no Brasil vai fazer com que dominemos melhor as nossas línguas e estimulemos o aperfeiçoamento e o desenvolvimento da terceira língua, o portunhol’, projetou.

Ele enfatizou que, no México e em Cuba, o ensino da língua portuguesa foi intensificado como forma de garantir uma maior comunicação com brasileiros, ao passo que, no Brasil, o Ministério da Educação estabeleceu que o ensino de espanhol também seja expandido e intensificado nas escolas públicas.

‘O portunhol tende a crescer no continente sul-americano. No turismo, por exemplo, as praias de Camburiú são locais naturais para proliferação do portunhol, para o laboratório dessa língua. Os turistas brasileiros que vão para Chile e Argentina também encontram laboratórios para essa língua porque precisam se comunicar’, justificou. ‘O brasileiro diz ‘Yo quiero falar con usted’, embora não se lembre do hablar, mas lembra que usted significa você. E o argentino vai entender quando ele falar isso. A mesma coisa quando o argentino chega aqui e diz ‘Yo quiero hablar con você’. É a mesma coisa e é assim que nasce a língua e o entendimento.’ Defensor do novo idioma, o ministro não deseja, entretanto, ver nenhuma influência acadêmica ou de normatização gramatical para o incipiente idioma, muito menos um ensino sistematizado do portunhol. ‘Deixa a língua nascer, crescer, deixa ela no lexo natural, na gramática natural. Ela é uma língua livre e precisa ser uma língua livre’, opinou, acrescentando ser o portunhol ‘uma língua das ruas, dos negócios, das trocas, dos hotéis, dos motéis, dos estádios, do futebol, do nosso tempo, da nossa diversidade cultural’. Talvez no futuro, ‘daqui uns 50 anos’, o portunhol seja uma língua que venha a ter a necessidade de uma gramática, ‘e coisas desse tipo’, nas palavras do ministro.

Gil também não vê nenhum mal em o exame de inglês para a carreira de diplomacia, no Itamaraty não ser mais eliminatório. ‘Não acho que seja necessário saber inglês para teste de nada, num país em que se fala português. A não ser para alguma coisa que se refira especificamente, como para uma cadeira de inglês (na universidade)’, avaliou.’