Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Microsot promete busca
melhor do que a do Google


Leia abaixo os textos de quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


************


O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 2 de março de 2006


INTERNET
David Lawsky


Microsoft desafia Google e promete melhor site de buscas em 6 meses


‘REUTERS, PARIS – Agora a briga parece ter ficado realmente séria. Ontem, a Microsoft informou que planeja lançar um mecanismo de busca melhor que o Google nos Estados Unidos e na Inglaterra, em seis meses. Segundo Neil Holloway, presidente da Microsoft para a Europa, o Oriente Médio e a África, o serviço deve ser lançado na Europa. ‘Estamos dizendo que, num período de seis meses, seremos mais relevantes no mercado americano que o Google’, disse Holloway, durante o Encontro Global de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da Reuters. ‘A qualidade de nossa busca, sob o ponto de vista do consumidor, será mais relevante.’


Com seu crescimento explosivo, o Google tem feito vários inimigos na indústria de tecnologia. Bill Gates, fundador da gigante do software, chegou a dizer que o Google é a empresa mais parecida com a Microsoft ‘que qualquer outra empresa com que competimos’. O Google vem criando vários serviços via internet, que podem fazer com que o usuário não precise instalar software em seu computador para usá-los. A primeira medida da Microsoft contra esta tendência foi anunciar o Windows Live e o Office Live, em novembro do ano passado, em que tornou pública sua estratégia de serviços para a internet.


INTEGRAÇÃO


Em 1995, na época da bem-sucedida abertura de capital de sua empresa, Marc Andreeseen, co-fundador da Microsoft, já dizia que o sistema operacional (leia-se Windows) não importava, já que tudo iria rodar no navegador de internet. A reação da Microsoft foi integrar um navegador próprio, o Explorer, ao Windows, o principal motivo para a rival Netscape ter desaparecido do mercado.


A decisão de integrar o navegador ao sistema operacional, e pressionar os fabricantes a não aceitarem distribuir o Navigator, da Netscape, pré-instalado nos computadores, fez a empresa enfrentar ações antitruste em seu país. Na Europa, a empresa sofre ação antitruste por ter integrado o Media Player, software de música e vídeo, ao Windows, o que prejudica competidores como a RealNetworks.


No caso do Google, no entanto, a estratégia de integrar produtos é mais difícil, porque os serviços da empresa estão na internet, e não rodam direto no Windows, como os de outros competidores. Holloway disse que a Microsoft não planeja integrar seu mecanismo de busca ao Vista, nova versão do Windows, que tomará lugar do XP até o começo do próximo ano. Apesar disso, uma das características do novo sistema operacional é um serviço de busca integrado, que procura, ao mesmo tempo, informações no computador do usuário e na internet.


‘Deveríamos acrescentar um mecanismo de busca como o Google, mas com um núcleo duas vezes melhor, no Windows? Adivinhe. Se fizéssemos isso, acho que uma companhia chamada Google não ficaria muito feliz’, afirmou Holloway. ‘É preciso dar um passo atrás e dizer onde será integrado.’ A Microsoft planeja integrar o serviço de busca aos seus serviços de comunicação Windows Messenger e HotMail.


O lançamento na Europa deve se seguir ao dos Estados Unidos. ‘Na Inglaterra, provavelmente será ao mesmo tempo. Na França, talvez três meses depois. Na Alemanha, talvez depois de mais três meses. Não será dois anos depois’, disse o executivo da Microsoft.


De acordo com ele, o objetivo da Microsoft, ainda que não no lançamento do serviço, é ir além da busca de endereços na internet, e focar informações específicas buscadas por usuários da web.


‘Geralmente, o que as pessoas conseguem hoje são endereços de internet e, tendo como base pesquisas, 50% do tempo em que as pessoas fazem uma busca não encontram o endereço que procuram.’


De acordo com Holloway, a Microsoft quer oferecer a capacidade de procurar mais profundamente. Por exemplo, quem quiser comprar uma casa poderá encontrar um grupo de imóveis dentro da faixa de preço em que procura, e com as características em que estão interessados. Ou um internauta poderia encontrar um restaurante com o tipo de menu que procura, numa área geográfica particular.


O cenário descrito pelo presidente da Microsoft para a Europa descreve também a estratégia do Google. A gigante da internet criou serviços como Google Earth (com imagens de satélites), Maps (mapas), Base (anúncios e outras informação) e Froogle (preços), que podem levar a este tipo de cenário. O Google escolheu, como missão corporativa, ‘organizar a informação mundial e torná-la universalmente acessível e útil’.’


MEMÓRIA / OTIS CHANDLER
O Estado de S. Paulo


Otis Chandler, o homem que mudou o ‘LA Times’


‘O jornalista e empresário Otis Chandler, que morreu na segunda-feira, na Califórnia, era um crente no mais democrático dos instrumentos democráticos, uma imprensa livre e imparcial – o único negócio mencionado na Constituição – e herdeiro dessa mais retrógrada das instituições, uma monarquia absoluta.


Chandler integrava a quarta geração de uma dinastia de empresários da comunicação. O reino dele foi o sul da Califórnia. Como proprietários e operadores do Los Angeles Times, sua família governou virtualmente por quase 100 anos, enriquecendo à medida que a região prosperava sob suas ordens.


Otis Chandler foi fruto do seu sobrenome, mas também foi da sua época. Tornou-se diretor responsável pelo jornal em 1960, o ano em que John F. Kennedy foi eleito presidente. O país estava em busca de novas fronteiras e o mesmo estava fazendo esse Chandler. O jornal herdado por ele era tão ruim que os humoristas faziam muita graça.


Para seus antepassados, o jornal era apenas um meio para um fim – um clube, um estímulo, uma recompensa. Esse Chandler transformou o jornal no próprio objetivo e na sua própria missão. E elevou a reputação da cidade à medida que elevou seu jornal, colocando-o entre os melhores dos Estados Unidos e respeitado mundo afora.


Para alguns de seus contemporâneos, Otis Chandler foi o homem certo, no lugar certo, no momento certo, com as ferramentas certas. Ele profissionalizou o jornal, contratando redatores com formação superior que conseguiram cobrir os setores – ciência, política, as ousadas mudanças sociais e raciais da década de 1960 – com sofisticação e discernimento. As massas e a classe, dizia ele, eram a missão do jornal.’


PUBLICIDADE
Carlos Franco


Na propaganda, o paraíso das celebridades é a Ásia


‘As celebridades estão presentes em 12% das grandes campanhas publicitárias veiculadas em todo o mundo, porcentual que cai para 8% no Brasil. O uso do recurso é maior no Japão, onde 23% das campanhas exibem celebridades. Essa é uma característica dos países asiáticos, como a China, onde 20% dos comerciais têm celebridades, e Taiwan, onde esse porcentual é de 18%. Os dados são de estudo elaborado pela Millward Brown Brasil, do Grupo Ibope, para o jornal especializado Meio & Mensagem, e analisa vantagens e desvantagens no uso de celebridades na comunicação publicitária das empresas.


A principal vantagem, para os analistas da Millward Brown Brasil, está no fato de que a celebridade tem uma espécie de cumplicidade com os consumidores. Eles a admiram e acreditam na mensagem que veiculam. Foi o que levou, por exemplo, a Johnson & Johnson a fechar contrato com a apresentadora Ana Maria Braga para promover seus produtos. Segundo a diretora de marketing da Johnson & Johnson, Maria Eduarda Kertesz, essa cumplicidade foi fundamental para o acordo que passa a valer a partir deste mês.


Em outras casos, o que se busca é a admiração que a celebridade desperta e o conceito que transmite. Foi o que levou a C&A a recorrer à modelo Gisele Bündchen para sua campanha quando queria mostrar que suas roupas, apesar do preço mais baixo que os das grifes, era fashion. As sandálias Ipanema, da Azaléia, seguem a mesma trilha. Já a operadora de celulares Vivo encontrou em Gisele Bündchen a comunicação ideal para falar com o público jovem, enquanto a alemã Nivea, que também tem na modelo a sua garota-propaganda, se vale das origens alemãs da família de Gisele.


Na outra ponta, a desvantagem em usar celebridades e, campanhas publicitárias, segundo a Millward Brown, está no preço e no risco de uma escolha inadequada, que venha a comprometer a imagem da empresa ou do produto. É o alto custo de celebridades com presença em todo o país o que leva os Estados Unidos a terem porcentual de uso menor que o Brasil. Contratar Nicole Kidman, por exemplo, chega a custar 10 vezes mais que astros de seriados. Só que estes são vistos por públicos específicos, de nichos.


Para os realizadores da pesquisa, ante um banco de dados de 30 mil propagandas e comparando os filmes que usam figuras famosas com os que não usam, a conclusão é que as celebridades agregam valor aos produtos e às marcas. Citam o caso de Carlos Moreno, garoto-propaganda de Bombril, que está no Guinness Book como o de mais tempo de estrada de imagem associada a um único produto. Para a Millward Brown, um exemplo de perfeita adequação de celebridade e produto é o caso do jogador inglês David Beckham, do time de futebol Real Madrid, da Espanha, com a Gillette. ‘Tanto os fãs de Beckham quanto os consumidores próximos da marca Gillette são muito mais conscientes da sua imagem.’


A pesquisa mostra também que celebridades têm forte influência em segmentos como os de higiene e produtos de uso pessoal.’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Record tira da gaveta Troca de Esposas


‘Comprado em 2004 pela Record, o reality show Trading Spouses (Troca de Esposas) pode sair da gaveta este ano. Produção original da Fox, Trading Spouses promove a troca de famílias entre duas mulheres – uma assume as atribuições do lar da outra. A idéia da Record era estrear o reality no ano passado, mas a rede não conseguiu bons parceiros comerciais.


Se Trading Spouses vingar na Record, Eliana é a mais cotada para apresentar a cena.


Enquanto isso, o People&Arts exibe uma edição do original gravada com casais brasileiros na próxima quarta-feira, às 10 da noite.’


Luiz Carlos Merten e Cristina Padiglione


Cultura prepara festa para 500 pessoas


‘Na página que o Estado dedicou anteontem aos filmes de Peter Weir lançados em DVD, em edições para colecionadores – Gallipoli, A Testemunha e O Show de Truman -, faltou esclarecer que, se a habilidade do diretor consiste em tornar os temas espinhosos palatáveis para o grande público, o que o torna estimável para os críticos é o fato de que o cineasta australiano consegue fazer isso sem se mediocrizar. Quando precisam atender a muitos, os cineastas terminam ficando numa faixa média. Não é o caso de Weir como você pode confirmar vendo Sociedade dos Poetas Mortos, com Robin Williams, no HBO, às 14h15. Talvez seja o filme de Weir com mais concessões, mas você não vai esquecer o ‘carpe diem’. Nem o valor libertário da poesia.Homem exclusivo da TV Globo no que se refere ao uso de imagem para a TV, Roberto Carlos dará o ar da graça na TV Cultura – em tese, o fato de se tratar de um canal público facilita a generosidade da Globo, mas até para esse gênero a Globo tem feito lá suas restrições. Afinal, canal público já se rende às malhas publicitárias e faz tempo.


O cantor de tantas emoções gravou depoimento breve em tributo aos 18 anos do Metrópolis, programa que completa sua maioridade agora em abril, com edição especial de uma hora e meia de duração. RC diz que acha o programa ‘ótimo’ – ‘todo mundo precisa de Cultura’. ‘E tudo aquilo que é dirigido à cultura é importante. Metrópolis está de parabéns por tudo aquilo que tem feito nestes 18 anos.’


Agendada para a noite de 12 de abril, a edição de aniversário do Metrópolis ocupará dois estúdios da TV Cultura com um evento que pretende reunir coisa de 500 convidados – gente de cinema, teatro, literatura, artes plásticas, música e, claro, algumas figuras do cenário político.


Entre os convidados para fazer a festa bombar, o time do Barão Vermelho já fechou questão. Estará lá.’


************


Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 2 de março de 2006


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


A bandeirinha


‘Dois dias antes, o ‘Jornal Nacional’ descrevia laconicamente como a Unidos de Vila Isabel ‘cantou as belezas da América Latina, lhamas, sombreiros mexicanos’.


Nada de Hugo Chávez, nem mesmo de Símon Bolívar.


Ontem, ao terminar a apuração, a emissora carioca não parecia acreditar que ‘a escola que cantou a latinidade leva o título de campeã do Carnaval carioca’. Do comentarista:


– Olha, eu diria que, se não foi surpreendente, a vitória é inesperada.


Entram imagens da quadra e finalmente o locutor percebe:


– A gente consegue ver até bandeirinha da Venezuela, ali, que apoiou e muito o desfile.


Entra o repórter:


– A quadra encheu cedo. A Vila acreditava na vitória.


Mas o comentarista só dizia:


– A magia do Carnaval se resume aí: a surpresa.


O locutor insiste:


– A bandeirinha da Venezuela. Muita gente da comunidade latino-americana, aqui do Rio e de outros Estados, veio participar do Carnaval da Vila.


E seguiu por aí o diálogo, com o comentarista:


– É verdade, fora algumas delegações que vieram especialmente para desfilar.


– Estava sendo até esperada a presença do presidente da Venezuela, mas ele não veio.


– Talvez venha para o desfile da campeã, quem sabe.


O que o ‘JN’ não quis ver o ‘Guardian’ de ontem ressaltou, antes da apuração.


O jornal londrino mencionou os presidenciáveis que no ano eleitoral fizeram ‘spin’ com as escolas de Rio e SP -e destacou o venezuelano:


– Mas o auge na exibição política veio com a grande imagem de Bolívar com a espada dourada no ar e asas de anjo saindo de suas costas.


Tudo bancado pela ‘Venezuela de Hugo Chávez’.


O resultado foi manchete nos telejornais e sites brasileiros e não tardou para chegar à versão em espanhol do Google Notícias -com manchetes na linha ‘Vencedora do Carnaval carioca recebeu apoio de Chávez’.


No ‘JN’ de ontem, foi a sexta manchete, após ‘Um templo da antigüidade ressurge debaixo de mercado no Egito’:


– No último dia de Carnaval em Salvador e no Recife, a Unidos de Vila Isabel conquista o título de escola campeã do Carnaval carioca.


E não, nada de Hugo Chávez, nem na reportagem.


NA QUADRA Ao se encerrar a apuração, ontem na Globo, ‘a gente consegue ver até uma bandeirinha da Venezuela, ali’


A FESTA


Enquanto Hugo Chávez comemorava o investimento e Lula se dizia, segundo o Globo Online, surpreso com a vitória da Unidos de Vila Isabel, agências como a Dow Jones e a Associated Press noticiavam:


– Líderes de Venezuela, Brasil e Argentina assinam pacto para gasoduto.


O encontro dos três para o acordo será depois da festa de posse da presidente eleita do Chile, socialista Michelle Bachelet, na semana que vem.


E tome antiamericanismo. Ontem o ‘Financial Times’ destacou o ‘efeito Humala’, a reação dos investidores contra a eventual eleição de Ollanta Humala no Peru, em abril. Ele caiu a segundo, mas já se recupera e ‘muitos analistas falam de um voto oculto’.


Segundo as agências, ele visita Lula ainda hoje.


Agüenta


O blog de Claudio Weber Abramo notou primeiro, ‘o mensalão não pintou na passarela’. Mas foi Ricardo Noblat, cujo blog se estabeleceu com o escândalo, quem sublinhou, ontem num título:


– Ninguém agüenta mais.


Comentava a agenda de depoimentos da CPI dos Correios para os próximos dias, que inclui Duda Mendonça.


Josias de Souza, de sua parte, reagiu à frase do relator Osmar Serraglio ‘na quarta-feira de Cinzas’, de que ‘realmente dá para fazer muito pouco’ com os dados da conta do publicitário. O blog prevê aí um relatório de ‘pouquíssima serventia’.


Marasmo


Para Noblat, a CPI caiu no ‘marasmo’ das sessões vazias, à ‘exceção’ daquela de Dimas Toledo, de Furnas.


O problema é que, comentou o blog de Helena Chagas dias atrás, a CPI dos Correios ‘não está com a menor, a mínima vontade de investigar esse caso, sobretudo o relator’.


Ainda assim, registre-se que, como postou ontem o blog de Fernando Rodrigues, ‘o lobista Nilton Monteiro sugeriu que vai liberar algum papel original’, talvez a tempo de abrir a semana que vem já com os parlamentares em Brasília.’


PRÊMIO FOLHA
Folha de S. Paulo


Revelação do ‘mensalão’ ganha Prêmio Folha


‘As duas entrevistas com o então deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), que tornaram conhecido o esquema do ‘mensalão’ e detonaram a pior crise política do governo Lula, renderam à editora do Painel, Renata Lo Prete, o Grande Prêmio Folha de Jornalismo de 2005.


Publicadas em 6 e 12 de junho, sob os títulos ‘PT dava mesada de R$ 30 mil a parlamentares, diz Jefferson’ e ‘Dinheiro do ‘mensalão’ vinha de estatais e empresas, diz Jefferson’, as entrevistas revelaram a existência de pagamentos feitos pelo PT a parlamentares da base aliada em troca de apoio político no Congresso Nacional.


Além disso, tornaram públicas as ações do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, responsável por pagamentos a parlamentares. Jefferson também deu detalhes da participação do então tesoureiro do PT e amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Delúbio Soares, na operação.


Os recursos, segundo Jefferson, vinham de ‘operações com empresas do governo e com empresas privadas’.


Posteriormente, em uma terceira entrevista, publicada em 30 de junho, Jefferson acusou a existência de um sistema de arrecadação ilegal para políticos em Furnas, que, segundo ele, funcionava desde o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e continuou sob a gestão petista.


As acusações deram fôlego e pautaram o trabalho de três CPIs: dos Correios, do Mensalão e dos Bingos. Também deram início a um processo que levou à queda de toda a cúpula do PT, à saída de José Dirceu da Casa Civil e sua posterior cassação pela Câmara e à abertura de processos em curso contra outros parlamentares.


Outras categorias


O Prêmio Folha foi criado em 1993 e é entregue anualmente como reconhecimento aos melhores trabalhos produzidos por profissionais da Empresa Folha da Manhã S/A, que edita a Folha e o ‘Agora’. Há premiações bimestrais e uma seleção final, na qual são anunciados, além do Grande Prêmio, os vencedores de seis categorias. No ano passado, concorreram 371 trabalhos.


O ganhador do Prêmio Folha na categoria Reportagem foi o colunista Guilherme Barros, com uma série de textos publicada ao longo do ano sobre a disputa comercial entre o controlador do Opportunity, Daniel Dantas, de um lado, e os fundos de pensão e o Citigroup, do outro. As reportagens mostraram a batalha dos fundos e do Citigroup, ambos com participações em empresas de telefonia, para retomar o controle das companhias do Opportunity.


O Prêmio Folha na categoria Edição foi dado aos jornalistas Vinicius Mota e Marcos Guterman, com ‘Atentados matam 37 em Londres’. O trabalho premiado foi publicado em 8 de julho, com imagens e textos sobre ataques no metrô e contra um ônibus.


Na categoria Serviço, os premiados foram as jornalistas Laura Capriglione, Fernanda Mena, Tereza Novaes e Fátima Fernandes, com o caderno especial ‘Colégios’, publicado em 29 de abril. O trabalho, baseado em pesquisa Datafolha, revelou as escolas de São Paulo que tinham maior número de alunos aprovados nos cursos mais disputados da USP.


O conjunto de capas na cobertura da morte do papa, de Massimo Gentile e Fabio Marra, venceu o prêmio na categoria Arte.


Na categoria Fotografia, Fernando Donasci foi o premiado com o conjunto de imagens ‘Tristes Trópicos, 50 anos’, publicado em 22 de maio no caderno Mais!. As fotografias mostram a vida dos índios nhambiquara 50 anos depois da visita do antropólogo Claude Lévi-Strauss à aldeia, que deu origem ao livro ‘Tristes Trópicos’, publicado em 1955.


Com o caderno ‘A longa viagem de D. Quixote’, os jornalistas Sylvia Colombo, Alcino Leite Neto, Marcos Flamínio Peres e Cássio Starling Carlos venceram o Prêmio Folha na categoria Especial. O trabalho, publicado em 18 de junho, abordou o 400º aniversário da publicação do livro escrito por Miguel de Cervantes.


O Prêmio Folha também destaca a cada bimestre os melhores trabalhos publicados pelo jornal. Além do trabalho vencedor do Grande Prêmio Folha de Jornalismo e dos que ganharam nas categorias de Reportagem e Edição, foram premiadas nos bimestres as reportagens ‘Cana mantém sobrevida de 125 mil em MG’, de Rogério Pagnan e Joel Silva, ‘Sem julgamento, idosa agoniza na cadeia’, de Gilmar Penteado, e ‘Um ministro em maus negócios’, série de reportagens de Rubens Valente, Josias de Souza e Marta Salomon sobre as denúncias envolvendo o então titular da Previdência, Romero Jucá (PMDB-RR).


A comissão julgadora de 2005 foi composta por Suzana Singer, secretária de Redação, Marcelo Beraba, ombudsman da Folha, Márion Strecker, diretora de Conteúdo do UOL, e Luiz Carlos Bresser Pereira e Demétrio Magnoli, colunistas da Folha.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Banda larga e VoIP alavancam TV paga


‘Subprodutos de telefonia, a internet de banda larga e o VoIP (sigla em inglês para voz sobre plataforma de internet) estão alavancando o crescimento da TV paga.


Nos próximos dias, a Pay-TV Survey (empresa que monitora o mercado) divulga estudo apontando que o setor cresceu 8,18% em 2005, atingindo 4,1 milhões de domicílios assinantes no país. No final de 2004, eram 3,790 milhões residências com TV paga.


Para Otavio Jardanovski, diretor da Pay-TV Survey, os serviços de banda larga das operadoras de cabo estão atraindo novos clientes. Maior operadora do país, a Net lançou no final de 2005 banda larga (com a marca Vírtua) de alta qualidade, com até 8 Mbps (megabits por segundo), a preços competitivos. Além disso, o Vírtua passou a ser vendido independentemente dos canais de TV.


A Net fechou 2005 com 1,540 milhão de assinantes de TV paga, 121 mil a mais que em 2004, um aumento de 8,5%. Mas seu serviço de banda larga disparou: cresceu 94%, fechando o ano com 366,5 mil assinantes. O Vírtua já representa 12,5% de sua receita bruta.


‘A oferta de banda larga pelas operadoras sem dúvida alavancou o negócio’, diz Jardanovski. Segundo ele, apesar de atrativos como a Copa do Mundo, o que deve impulsionar a TV paga em 2006 será o VoIP, ainda não disponível. ‘Neste ano, as operadoras vão entrar no mercado de VoIP e crescerão 10%’, estima.


OUTRO CANAL


Balanço 1 O Carnaval de São Paulo, na Globo, fez bonito no Ibope (da Grande SP). Na sexta (a partir das 23h21) e no sábado (após as 22h41), a média foi de 15 pontos até às 6h. Depois das 6h, a média foi de 12 pontos no sábado (até 8h47) e de 10 no domingo (até 7h51).


Balanço 1 Já o primeiro dia de desfiles do Rio marcou média de 14 pontos das 20h56 às 6h e de 8 das 6h às 7h47. No segundo dia, o desempenho foi melhor: 17 pontos das 21h11 às 6h e 8 das 6h às 7h45. A apuração de SP, na manhã de terça, cravou média de 24 pontos.


Balanço 2 No SBT, a programação de Carnaval marcou cinco pontos. Os ‘Bastidores’ da Rede TV! não passaram de dois pontos. O longo Carnaval da Bahia na Band registrou também dois pontos.


Fidelidade 1 A coordenadora comercial Fernanda Alves Silva escreve para a coluna para informar que não é mais namorada de João Kléber, que agora segue carreira de apresentador de TV em Portugal. ‘João Kléber voltou para sua ex-mulher, Wânia de Barros, e me deixou à beira do altar. Estávamos noivos, com casamento marcado para 28 de julho’, diz.


Fidelidade 2 Fernanda afirma que está revoltada porque João Kléber a expôs ‘para toda a imprensa de Portugal’, onde estampou capas de revistas de fofocas. ‘Ele não me deu nenhuma explicação’, reclama. João Kléber não foi localizado até a conclusão desta edição.’


Eduardo Simões


Os segredos de ‘Lost’


‘Lançado em 1987 pela editora L&PM, o livro ‘O Terceiro Tira’, do irlandês Flann O’Brien (1911-1966), pode conter pistas para compreender os mistérios na trama de ‘Lost’, seriado americano de sucesso nos EUA e febre também no Brasil -por aqui, a segunda temporada será exibida no canal AXN a partir de segunda, às 21h, enquanto a Globo mostra a primeira temporada, de segunda a sexta, após o ‘Jornal da Globo’.


Quem sustenta a relação entre ‘Lost’ e o ‘Terceiro Tira’ não é nenhum fã, mas Craig Wright, roteirista da série, que num episódio da segunda temporada, exibido em outubro nos Estados Unidos, faz uma menção ao livro, escolhido ‘muito especialmente por uma razão’, segundo ele.


A simples aparição do livro provocou uma corrida de fãs às livrarias americanas, num curioso fenômeno de vendas ‘por tabela’: mais de 15 mil cópias foram comercializadas nas três semanas seguintes à exibição do programa, um volume igual ao total dos últimos seis anos.


Aviso aos perdidos querendo se achar: no Brasil, o título está esgotado e fora de catálogo, mas é possível rastrear exemplares em sebos online, como o www.estante virtual.com.br, e ferramentas de busca. Ou encomendar a edição de 1999, em inglês, em livrarias como a Cultura.


Iniciada nos EUA em 2004, a série acompanha o desassossego de um grupo de sobreviventes de um acidente aéreo numa ilha aparentemente deserta, que se revela cada vez mais perigosa, com um suposto monstro, apelidado pelos fãs de ‘Lostzilla’, de quem só se ouve os barulhos. O presente é alternado com flashbacks da vida de cada personagem antes de ir parar lá. Muitos deles têm ligação entre si no passado.


‘O Terceiro Tira’ acrescenta mais um capítulo à novela ‘o código ‘Lost’. O livro de O’Brien é descrito na edição brasileira como uma alegoria do absurdo comparável a ‘Alice no País das Maravilhas’, que mistura uma ‘história de suspense criminal’, em que o assassino é perseguido tanto por sua vítima quanto por sua alma, e uma visão surrealista da realidade, na qual o Paraíso é alcançado por um elevador.


‘O Terceiro Tira’ aparece no episódio ‘Orientation’, o terceiro da segunda temporada, levado ao ar nos EUA no dia 5 de outubro e programado para o dia 20 de março na AXN, no Brasil. Segundo o site www.epguides.com, o personagem De Selby, um filósofo de teorias heterodoxas no livro, seria uma alusão ao cientista envolvido com o Dharma, projeto científico fictício que aparece na série.


E mais: ao longo de ‘O Terceiro Tira’, o leitor é apresentado a vários conceitos, artefatos e locações irracionais, como uma vasta câmara subterrânea chamada ‘eternidade’, uma possível alusão ao surrealismo da própria ilha, à misteriosa escotilha etc.


‘Quem quer que compre o livro terá muito mais munição no bolso para teorizar sobre o seriado. Muito mais sobre o que especular’, afirmou Wright ao jornal ‘Chicago Tribune’.


Perdidos na selva


Perdidos, os fãs não sabem mais em que pistas acreditar. Para o goiano Lucas Resende, 19, moderador do site Lost Brasil, ‘O Terceiro Tira’, em cujo final se descobre que um dos personagens está morto, daria munição para quem acredita na teoria de que os sobreviventes, na verdade, já passaram desta para melhor. No entanto…


‘É pouco provável que seja algo do tipo, porque os produtores já descartaram a hipótese de que os personagens estejam mortos no fim da série, pois a revolta dos fãs seria muito grande’, sustenta Resende. ‘Por outro lado, os produtores gostam de deixar coisas em aberto, dão dicas que confirmam essa ou aquela teoria, para deixar o fã mais confortável.’


Resende também tem sua própria teoria. Não pode ser normal uma ilha tropical onde aparece um urso polar e um personagem paralítico [Locke] volta a andar depois de um acidente aéreo. E o mais intrigante: o grupo sobrevive ao acidente de avião.


‘Como o Locke, acho que eles estão ali por um motivo. Não estou certo de que a queda do avião realmente aconteceu. Até o fim, a segunda temporada mostra como foi o acidente. Vamos ver.’’


Lúcio Ribeiro


‘Ano 2’ resolve alguns mistérios e traz novos


‘Para uma parte dos fãs da série-coqueluche ‘Lost’, vem a grande notícia: a angústia da espera acabou, e a aguardada segunda temporada estréia na próxima segunda, após cruéis seis meses do fim do primeiro ano. Sim, porque aqui no Brasil há três grupos de fãs do seriado enigmático, uma espécie anos 00 de ‘Arquivo X’ encenado numa ilha paradisíaca.


O primeiro time de atormentados pelos mistérios de ‘Lost’ é esse atingido direto pela boa-nova acima, que vê a série na TV paga e volta a acompanhar a história dos sobreviventes de um acidente aéreo que, pelo que passam na ilha onde estão perdidos, talvez preferissem ter morrido no desastre.


O segundo grupo é o dos que vêem o seriado na Globo, e não têm nem a menor noção do que vai acontecer com o menino Walt, o que tem naquela escotilha emperrada no solo da ilha e por que TUDO tem a ver com os malditos números 4, 8, 15, 16, 23 e 42.


A terceira brigada de fãs, essa não teve que esperar a janela de seis meses entre a primeira e segunda temporadas imposta pelo AXN. Nem sofrem ao sabor dos horários e da dublagem da Globo. São viciados no seriado, baixado da internet horas depois que ele é visto nos EUA, pegam a legenda em português do site Lost Brasil e vêem a série como um americano.


Agora, no entanto, é a hora e a vez do primeiro grupo.


A segunda temporada de ‘Lost’, com o mote ‘Eles não são os sobreviventes que eles achavam que eram’, foi ao ar nos EUA em setembro do ano passado, com uma audiência de 23,5 milhões de pessoas. Todo esse barulho porque todo mundo queria desesperadamente saber por que na ilha tropical tem urso polar, os sobreviventes ouvem vozes do além, há um grupo de pessoas chamado ‘Os Outros’, e que o bunker científico era… Ops! Este texto está indo longe demais.


A segunda temporada de ‘Lost’ traz um núcleo de novos personagens, que na trama estaria na parte detrás do avião e conseguiu sobreviver à queda da nave, quando essa partiu no meio ainda no ar.


O seriado, filmado no Havaí, está fazendo a fama estelar do ator Matthew Fox, que era o irmão mais velho de ‘O Quinteto’ (‘Party of Five’) e depois sumiu da tela, até aparecer como o médico galã que seria o mocinho perfeito de ‘Lost’, não fosse seu passado sombrio. Comenta-se que chovem papéis grandes em Hollywood para Fox, que só aceita conversar quando ‘Lost’ acabar.


Quem foi do nada absoluto ao estrelato é a atriz canadense Evangeline Lilly, a fora-da-lei Kate Austen, que vive uma tensão romântica com Jack. Em pouco tempo, Lilly foi de um comercial de namoros por telefone ao papel feminino principal de ‘Lost’. E já disputa quem vai encarnar a superprodução ‘Mulher Maravilha’ no cinema, em 2007.


‘Lost’ é mesmo uma febre. No Orkut, várias comunidades discutem teorias que podem explicar a série. Há grande procura por DVDs piratas com episódios baixados da internet.


E antes que este texto possa estragar qualquer surpresa da segunda temporada, para qualquer grupo de fãs de ‘Lost’, é bom pará-lo por aqui. Mas não se engane: uns mistérios serão solucionados, outros aparecerão. E quem já viu até o 14º episódio da segunda temporada diz: o ‘Lost’ do título, mais do que os sobreviventes, continuará sendo o telespectador.’


************


O Globo


Quarta-feira, 2 de março de 2006


INTERNET
O Globo


Empresa pode demitir por mau uso de e-mail


‘A empresa pode vasculhar os computadores usados por seus funcionários e usar arquivos nele guardados para produzir provas contra eles, caso seja necessário. A decisão é da 1 Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2 Região (TRT-SP), que considerou direito e dever do empregador manter vigilância sobre tudo o que acontece no local de trabalho.


A funcionária de uma empresa de comércio exterior entrou na Justiça sustentando que seriam ilícitas as provas apresentadas pela empresa para justificar sua dispensa por justa causa. O TRT, no entanto, aceitou como prova válida de falta grave e-mails e documentos encontrados no computador da empresa que demonstravam que ela havia repassado informações sigilosas a outro ex-empregado da companhia, que trabalhava numa concorrente.


Segundo o juiz Plínio Bolívar de Almeida, do TRT-SP, a vigilância e eventual punição pelo empregador é aceitável porque o direito individual, nesse caso, se choca contra o direito coletivo. Em maio de 2005, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) considerou legal a fiscalização moderada de mensagens dos empregados. A ação havia sido movida por um funcionário do HSBC, demitido por ter enviado imagens pornográficas por e-mail.’


***


Netsky-P foi o pior vírus de fevereiro no mundo


‘BOSTON. A praga eletrônica que mais afetou computadores de todo o mundo em fevereiro foi o Netsky-P, que circula na internet há dois anos, informou ontem a empresa de software de segurança Sophos. Esse verme (que se auto-reproduz, enviando a si próprio para os e-mails cadastrados na máquina) afetou 13,9% dos computadores.


Em segundo ficou o verme Nyxem-D, detectado pela primeira vez em 18 de janeiro, que vem em e-mails com o assunto ‘Kama Sutra’. Ele afetou 9,3% das máquinas, o que mostra seu rápido avanço.


Entrou na lista um vírus do tipo cavalo-de-tróia, o Clagger-G, que ficou em 8 lugar. Todas as demais pragas compiladas pela Sophos eram vermes, incluindo outro tipo de Netsky (D), variantes do Mytob e o Bagle.


A Sophos também compilou os boatos – e-mails inofensivos, com histórias falsas sobre eventos na internet, incluindo alertas de vírus. Em primeiro lugar (15,5%) ficou uma mensagem sobre problemas no serviço de e-mail Hotmail, seguido de ‘Um cartão virtual para você’, com 9,4%.


Surgiram ontem rumores de uma nova praga. A Associação de Pesquisa de Antivírus para Portáteis (Mara, na sigla em inglês) disse ter recebido o código de um vírus chamado Crossover, que passaria dos computadores para portáteis como palmtops. Mas a Microsoft, cujo software seria afetado, disse não ter recebido qualquer queixa de consumidores. A empresa prometeu investigar as denúncias sobre o Crossover.’


************